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segunda-feira, julho 30, 2018
  O DESAFIO DOS ENIGMAS - edição de 30 de julho de 2018 O POLICIÁRIO DE FERNANDO PESSOA EM TEMPO DE FÉRIAS Quando estamos apenas a dez dias do final do prazo para o envio das propostas de solução da prova nº. 3 do torneio de decifração “Solução à Vista!”, da autoria do confrade Rigor Mortis, lembramos quais os meios ao dispor dos leitores para o efeito: podem fazê-lo por email, através do endereço eletrónico salvadorpereirasantos-hotmail.com, ou por correio, para a morada do jornal AUDIÊNCIA GP (O Desafio dos Enigmas, rua do Mourato, 70-A – 9600-224 Ribeira Seca RG – São Miguel – Açores). E enquanto os nossos leitores ultimam as suas respetivas soluções, voltamos a falar do vocábulo “policiário” e do seu criador – o Poeta Fernando Pessoa. PESSOA E O POLICIÁRIO “Um dos poucos divertimentos intelectuais que ainda restam ao que ainda resta de intelectual na humanidade é a leitura de novelas policiárias” – disse um dia Fernando Pessoa. Há um certo exagero na afirmação do Poeta, mas esta é reveladora da importância que ele dava à escrita policiária, género de literatura que desde muito jovem começou a desenvolver. Ainda estava em Durban, na África do Sul, quando escreveu os seus primeiros contos policiários, com pseudónimos ingleses. Eram casos estranhos e bastante curiosos, influenciados pela obra de Edgar Allan Poe e Arthur Conan Doyle, e de outros autores famosos à época. Nessas histórias em inglês, Fernando Pessoa tinha criado o ex-sargento William Byng; em Portugal, em 1912/13, inventaria um “raciocinador” chamado Abílio Fernandes Quaresma, “decifrador de charadas”. Descrito como um “asceta da Baixa”, de fisionomia deprimida e fraca, um homem abatido, apagado, amarrotado, “gauche”, alcoolizado, fumando charutos baratos, Abílio Quaresma tem uma personalidade de grande afinidade com o próprio autor e a cidade onde decorre a atenção confunde-se com a Lisboa de Bernardo Soares, antiépica e baça. Os desassossegos estão por lá, em sentimentos exteriorizados que revelam “o excesso de vida interior que não permanece interior” em que vivia Pessoa no momento em que criou “o raciocinador”, exatamente na mesma altura em que se aproxima da elaboração das múltiplas personalidades dos seus heterónimos mais conhecidos. Os próprios textos sobre Abílio Quaresma acabariam, aliás, por ser assinados também por um heterónimo, um tal Pero Botelho. Estes textos policiários de Fernando Pessoa estão reunidos nos volumes “Quaresma, Decifrador – As Novelas Policiárias” (2008) e “Histórias de Um Raciocinador e o ensaio História do Policiário” (2012), editados por Ana Maria Freitas e publicados pela Assírio & Alvim, cuja leitura se aconselha vivamente. E para aguçar o apetite do desfrute destas obras, aqui deixamos (com a devida vénia) um breve resumo de uma apreciação crítica do poeta Pedro Mexia sobre as incursões de Fernando Pessoa na escrita policial (ou policiária, como ele sempre a preferiu qualificar) e a personagem principal desta sua menos conhecida faceta literária: O “RACIOCINADOR” QUARESMA Excerto de texto de Pedro Mexia “Os contos policiais de Fernando Pessoa parecem-se com muitos dos seus outros textos: são estrangeirados, cerebrais, fragmentários, inquietos. A diferença especifica consiste na conceção do ato criminoso como uma espécie de ato poético: uma exasperação dos nossos impulsos e contradições, com existência plausível no mundo e existência categórica na cabeça. (…) Os «inquéritos» de Quaresma não têm os «factos» em grande conta, e atêm-se sobretudo aos «raciocínios». Quaresma, que se diz um «médico sem clínica», encara os «casos» como se fossem «estudos de caso». Interessa-se pela «sintomatologia dos acontecimentos», mais do que pelos acontecimentos, e propõe um «diagnóstico», mais do que uma cura. Em vez de esmiuçar o caso concreto, como Holmes, teoriza veridicamente o caso abstrato, como o nosso contemporâneo doutor House. Quaresma é um homem «sozinho com a análise». E orgulha-se de ser desatento. Ele não precisa daquela atenção científica ou positivista às coisas que aconteceram factualmente; prefere conceber ou que pode ou não acontecer às pessoas, a norma mas também a exceção, a lógica mas também a patologia, o deliberado e o inconsciente, o óbvio e o incongruente. Um célebre conto de Edgar Alan Poe, «A Carta Roubada», baseado na ideia de que aquilo que não se encontra está afinal à vista de todos, é uma influência decisiva, e várias vezes citada. Quer investigue roubos ou desaparecimentos, assassinatos inexequíveis ou envolvimentos com sociedades secretas, Quaresma põe hipóteses, a que chama «palpites», e que o distinguem dos métodos usados pelos polícias, advogados ou juízes com quem se cruza. Porque as hipóteses de Quaresma não precisam verdadeiramente de trabalho de campo ou de produção de prova, ou seja, daquilo a que comummente se chama «investigação». Ele parece-se menos com um detetive do que com um génio da rubrica policiária de um jornal, raciocinando com generalizações sobre a natureza humana, com casos-tipo e casos atípicos, com probabilidades e implausibilidades, e com a consciência de que a alma humana é um abismo, por isso nunca a encontraremos na ponta do bisturi. Só um homem com um entendimento extrapolicial das matérias policiárias podia protagonizar estas histórias, e não é por acaso que somos informados que Quaresma se dedicou a estudar a verdadeira identidade de Shakespeare: assunto de um biógrafo, de um bibliófilo, de um académico, de um ficcionista, assunto conjetural, baseado em nada ou quase nada, uns documentos escassos, umas datas, umas bizarrias, umas suposições”. O POLICIÁRIO NA PRAIA Com a maioria dos nossos leitores a banhos, iremos aliviar os prazos de envio das propostas de soluções nas próximas provas do torneio “Solução à Vista!”. Assim, os prazos de resposta às provas nºs. 4 e 5, que manterão a data de publicação regulamentarmente prevista, decorrerão até aos dias 18 de setembro e 18 de outubro, respetivamente. Ou seja, os concorrentes terão mais oito dias para elaborar as suas respetivas soluções. Posto isto, aproveitamos o ensejo para desejar umas excelentes férias aos nossos “detetives” que ainda as não gozaram, recordando os cuidados a ter com a exposição ao sol. E, por último, uma sugestão: na praia ou na esplanada, devidamente protegidos dos raios ultravioletas, aproveitem as pausas da diversão com a família para a leitura de um bom livro, por exemplo um dos que acima são referidos, assinados por um dos maiores poetas lusos de sempre, e descubram os “raciocínios” de Quaresma, o Decifrador.  
sexta-feira, julho 20, 2018
  O DESAFIO DOS ENIGMAS - edição de 20 de julho de 2018 A ORIGEM DO VOCÁBULO POLICIÁRIO NA LÍNGUA PORTUGUESA Alguns dos leitores que só agora tomaram contacto com esta secção questionaram-nos sobre a existência do vocábulo “policiário” no nosso idioma, uma vez que não o encontraram em nenhum dos dicionários de língua portuguesa consultados. Assim, e antes de passar à publicação da solução do autor do enigma que constitui a segunda prova do torneio de decifração “Solução à Vista!”, e respetiva pontuação das performances dos “detetives” em competição, transcrevemos um texto do nosso confrade Luís Pessoa, com a promessa de desenvolvermos este assunto na próxima edição, o que nos levará à prosa de um dos nossos maiores poetas: Fernando Pessoa. O POLICIÁRIO SEGUNDO FERNANDO PESSOA Texto de Luís Pessoa A língua portuguesa não é, felizmente, um amontoado de palavras que compõe um dicionário. E não abona em favor daqueles que, num assomo de virilidade linguística, correm de fio a pavio sucessivos dicionários, à procura daquilo que os seus cultores já adotaram. Vem isto a propósito de uma polémica antiga em torno do vocábulo “policiário”, que muitos teimam em considerar inexistente por não figurar em dicionários. Mas há um fator decisivo. Um dia alguém afirmou que a sua pátria era a língua portuguesa e esse alguém foi Fernando Pessoa… E ninguém contesta tal afirmação, de tal forma entra pelos olhos dentro!... Mas disse mais esse senhor, nomeadamente numa carta (segundo Fernando Luso Soares, escrita em 13 de fevereiro de 1935 ou, segundo a edição das obras em prosa de Fernando Pessoa, do Círculo dos Leitores, e dos textos de “Crítica e Intervenção”, da editora Ática, escrita em 13 de janeiro do mesmo ano de 1935): “Quando às vezes pensava na ordem de uma futura publicação de obras minhas, nunca um livro do género de Mensagem” figurava em número um. Hesitava entre se deveria começar por um livro de versos grande – um livro de umas 350 páginas –, englobando as diversas sub personalidades de Fernando Pessoa ele mesmo, ou se deveria abrir com uma novela policiária, que ainda não consegui completar.” E em 20 de janeiro do mesmo ano de 1935, retomando essa carta, em resposta a outra de Casais Monteiro, reafirma: “Até à data que indico como provável para o aparecimento do livro maior, devem estar publicados ‘O Banqueiro Anarquista’ (em nova forma e redação), uma novela policiária (que estou escrevendo e não é aquela a que me referi na carta anterior)…” Fernando Pessoa e as novelas policiárias, que não acabou nunca, traduzem uma faceta quase desconhecida do poeta, mas a sua Série Quaresma, que engloba “O Caso Vargas”, “O Roubo do Quarto Fechado”, “A Morte de D. João”, “A Carta Mágica”, “O Roubo da Quinta das Vinhas”, “O Triplo Fecho” e “A Janela Estreita”, em que o seu herói e investigador é o Dr. Abílio Fernandes Quaresma, bem como outras novelas inacabadas, como “O Desaparecimento do Dr. Reis Dores”, “O Crime Arnot” e “O Caso do Banco Viseu”, traduzem, no seu conjunto, um marco importante na definição do policiário em Portugal. E se a língua não é viva, redescoberta em cada momento por todos os que acham que ela é a sua pátria, então, para que serve? Policiário existe, assim determinou o “mestre”. TORNEIO “SOLUÇÃO À VISTA!” Solução da Prova nº. 2 “Camarada Tempicos”, de A. Raposo Tempicos inicialmente pensou que as russas que tinham chegado a Portugal de manhãzinha, vindas do Rio de Janeiro, onde aprenderam uns rudimentos de português, durante a sua estadia no Brasil, deviam logicamente desconhecer o linguajar lisboeta. Mas acontece que elas utilizaram duas palavras que não são usadas no Brasil: “bica” e “elétrico”, que no Rio se transformam em “cafezinho” e “bonde”. Tempicos que de burro tem pouco pensou que estaria a ser enganado pelas manas russas e que até os nomes delas fossem falsos. Espreitou a respetiva lingerie quando de noite se levantou para ir à casa de banho. No regresso, viu que a calcinha da Nádia tinha bordado um “H” e a da Galina um “L”. E depois de ter verificado na net, Tempicos concluiu que os nomes delas não eram falsos porque no alfabeto cirílico, utilizado na Rússia, a letra N escreve-se com H e a letra G escreve-se com um L invertido. No que respeita à dúvida dos nomes ficou esclarecido, mas alguma coisa o levava a pensar que elas conheciam muito mais de Lisboa do que demonstravam. Se fosse anticomunista primário diria que elas eram aquelas espias que davam a injeção atrás da orelhinha dos portugueses… Pontuação e Classificação (após a 2ª. Prova) Surpreendentemente, apenas cinco “detetives” conseguiram obter a classificação máxima na segunda prova do Torneio “Solução à Vista!”. A esmagadora maioria dos concorrentes ficou “presa” nas letras inscritas nas calcinhas das duas gémeas russas, descurando as razões que levaram o detetive Tempicos a desconfiar das manas. E curiosamente houve também quem chamasse a atenção para o facto de as duas irmãs usarem as palavras “bica” e “elétrico”, em vez de “cafezinho” (ou “expresso”) e “bonde” – expressões utilizadas no Brasil –, não se referindo, porém, às letras insertas nas calcinhas das manas, iniciais dos seus nomes no alfabeto cirílico… 1º. Detetive Jeremias (13+11): 24 pontos; 2º. Inspetor Mucaba (10+13): 23 pontos; 3º. Madame Eclética (10+12): 22 pontos; 4º. Daniel Falcão (12+9): 21 pontos; 5ºs. Ma(r)ta Hari (10+10) e Zé de Mafamude (10+10): 20 pontos; 7ºs. Arc. Anjo (10+9), Bernie Leceiro (11+8), Carlota Joaquina (10+9), Gomes (10+9) e Martelo (10+9): 19 pontos; 12ºs. Abrótea (10+8), Ariam Semog (10+8), Bigode (10+8), Broa de Avintes (9+9), Charadista (10+8), Chico de Laborim (10+8), Haka Crimes (10+8), Holmes (10+8), Inspetor Guimarães (10+8), Inspetor Madeira (10+8), Necas (10+8), Pena Cova (10+8), Rigor Mortis (10+8) e Talismã (10+8): 18 pontos; 26ºs. Beira Rio (10+7), Chico da Afurada (9+8), Detetive Bruno (10+7), Santinho da Ladeira (10+7) e Solidário (10+7): 17 pontos; 31ºs. Mascarilha (8+8) e Vitinho (9+7): 16 pontos; 33º. Bota Abaixo: (7+8): 15 pontos. Nota: Por lapso, não foi considerada na classificação anterior a pontuação obtida pelo “detetive” escalabitano Bigode (10 pontos) na primeira prova do torneio, situação que foi agora corrigida. TORNEIO “MÃOS À ESCRITA!” As avaliações feitas pelos 33 solucionistas e pelo orientador da nossa secção ao enigma “Camarada Tempicos”, de A. Raposo, concorrente aos prémios em disputa no torneio de produção policiária “Mãos à Escrita!”, resultaram na seguinte pontuação média final: 6,90 pontos. Com esta pontuação, A. Raposo assume a liderança do torneio, com mais uma décima que Daniel Gomes.  
terça-feira, julho 10, 2018
  O DESAFIO DOS ENIGMAS - edição de 10 de julho de 2018 O ESTRANHO CASO DA MORTE DE LUÍS DA MATA Sem mais demoras, passamos a desvendar a terceira prova do nosso torneio de decifração, assinada por um dos nossos mais fiéis leitores e dedicado participante nas iniciativas que têm animado esta secção, distinguido com prémios na decifração de enigmas e na produção de contos. Prova nº. 3 “As Três Poltronas”, de Rigor Mortis João Velhote dirigiu-se à porta da enorme vivenda vitoriana, onde o esperava um homem alto, vestido de cinzento-escuro, na casa dos sessenta anos. – Boa tarde – disse o homem. – É o senhor inspetor da Polícia? – Inspetor João Velhote. Foi você que chamou a Polícia? – Sim, inspetor, fui eu. Sou Antero Rodrigues, o curador desta mansão, sede do War Veterans British Club. Acompanhe-me, por favor. Atravessando o hall de entrada e percorrendo um longo corredor, chegaram a uma sala ampla, com mobiliário escasso mas rico. Cada uma das paredes laterais tinha duas portas, uma delas marcada com um discreto sinal WC. À frente, uma portada de enormes proporções, de painéis de vidro, virada para o não menos magnífico jardim das traseiras. No centro da sala, a uns dois metros da porta para o jardim, três poltronas de cabedal de espaldar alto e amparos de cabeça, uma de frente para o jardim, as outras paralelas a este, uma de cada lado da primeira, sobre um espesso tapete oriental. À direita de cada poltrona, uma mesa de apoio, cada uma delas com um copo cheio e uma tacinha com amendoins, duas delas com revistas e jornais em cima. Na poltrona da esquerda estava um corpo de homem, ensanguentado, com o tronco caído sobre os joelhos. No chão, à frente, uma pistola com silenciador. Atrás, aos pés da mesa de apoio, duas revistas e folhas soltas de jornais, meio amarrotadas e espalhadas no chão. Bastante sangue no tapete, ao centro entre as três poltronas. Observando o cadáver, Velhote notou um orifício de bala na testa, logo acima dos olhos. Na nuca, também ao centro, outro orifício. Intrigado, o inspetor não encontrou nenhum projétil incrustado nessa poltrona. Mas, levantando os olhos para a que estava em frente, viu logo o buraco deixado pela bala, à altura da cabeça. – Conte-me lá, senhor Rodrigues… – convidou o inspetor. – Bom… Aquele é o senhor Luís da Mata, um dos quatro sócios fundadores do clube. Os outros foram os senhores António de Carvalho, Carlos dos Santos e Lord George Kelvin, barão de Windlecroft. Lord Kelvin faleceu há quatro meses. Milionário, solteiro e sem descendência, foi ele quem adquiriu este terreno e mandou construir esta mansão, há uns cinquenta anos, para ser sede do clube. Ao falecer, deixou toda a sua fortuna ao clube, garantindo a sua preservação com os padrões que lhe conferiu. Os quatro combateram na 2ª Guerra Mundial, no mesmo Regimento, tendo sido condecorados por atos heroicos no Extremo Oriente, na luta contra os Japoneses. Segundo sei, os três portugueses salvaram a vida de Lord Kelvin numa terrível batalha na Indochina. – O clube tem agora dez membros, hoje nonagenários. Todos vêm cá regularmente, mas os três senhores que mencionei estão cá todos os dias. Chegam a meio da manhã e sentam-se nesta sala, lendo os jornais e revistas do dia até à hora de almoço. Almoçam aqui no clube, rigorosamente às 13h, e só saem a seguir, pelas três ou quatro da tarde. O senhor António senta-se sempre precisamente na poltrona onde está o corpo do senhor Luís, que se costuma sentar na poltrona oposta. A do meio, virada para a porta, é sempre ocupada pelo senhor Carlos. – Embora tenham sido no passado grandes amigos, certamente por terem estado juntos em situações muito difíceis, não se falam desde que o barão morreu. Travaram-se de razões, julgo que por cada um deles entender que Lord Kelvin não lhes deixou a sua fortuna devido aos conselhos que os outros dois lhe tenham dado. – Luís da Mata sentava-se por vezes na poltrona onde está o corpo? – perguntou o inspetor. – Nem por sombras! Nenhum deles se sentaria noutra que não fosse a “sua” poltrona! Nem toleraria sequer que qualquer dos outros se sentasse na “sua” poltrona! Ou que tocasse num objeto “seu”! – Têm sido pessoas saudáveis? – Nunca os vi doentes, nem mesmo com uma gripe. São fisicamente muito fortes e mantêm toda a sua lucidez e inteligência, apesar dos noventa e tal anos que têm! – A pistola que ali está, era do senhor Luís da Mata? – Não senhor. É do senhor Carlos, que a tem guardada, bem como o silenciador, no seu armário privado aqui no clube. Antes que me pergunte… Cada membro tem um armário privado no clube, fechado com cadeado, onde pode guardar o que bem entender. Todos os armários estão no corredor para onde dá aquela porta – Antero apontou para o lado esquerdo. – Os cadeados são normais, mas as chaves estão todas na posse do membro proprietário. Acontece que o senhor Carlos, tal como o senhor António, costuma por vezes praticar tiro num local que temos para o efeito e, por isso, vi muitas vezes um e outro com a respetiva arma. O uso do silenciador é uma imposição, para não perturbar os outros membros do clube. – Hoje, estavam aqui os três? – Chegaram pelas 10h, como sempre, e sentaram-se nas suas poltronas, onde passaram a manhã. Servi-lhes os aperitivos habituais às 12h30, como faço todos os dias – Gin e tónica, nunca bebiam outra coisa. Nesse momento o senhor António levantou-se e foi à casa de banho, àquela ali à esquerda. Uns minutos depois, quando eu regressava à cozinha, foi o senhor Carlos que se levantou e foi também à casa de banho, mas àquela ali do lado direito. O senhor Luís manteve-se sentado, a ler o jornal em silêncio. Devo dizer que este cerimonial era repetido todos os dias, sem exceção – os dois senhores ficavam um bom quarto de hora na casa de banho. – Às 13h voltei para os chamar para o almoço e deparei com esta cena… Fiquei tremendamente chocado, como compreenderá! – E os outros dois senhores? – Quando aqui cheguei não estavam na sala, nem nas casas de banho. Encontrei-os na varanda da sala de jantar e contei-lhes da morte do senhor Luís, logo antes de telefonar para a Polícia. – Muito bem… Obrigado pela sua minuciosa descrição… Chame lá os outros dois senhores, porque quero falar com eles, naturalmente. Ainda que julgue já saber o que aqui aconteceu… DESAFIO AO LEITOR Caro Leitor, é a sua vez! Baseado na minuciosa descrição do Antero Rodrigues, curador do War Veterans British Club, qual é a sua conceção do que aconteceu naquele dia, naquela sala? Terá Luís da Mata cometido suicídio? Ou terá sido morto por algum dos seus dois ex-amigos? E se foi um homicídio, quem o terá cometido? Justifique o seu raciocínio, pormenorizadamente, através de relatório a enviar para o orientador da secção, até dia 10 de agosto, por um dos seguintes meios: - por correio, para AUDIÊNCIA GP / O Desafio dos Enigmas, rua do Mourato, 70-A – 9600-224 Ribeira Seca RG – São Miguel – Açores; - por email, para salvadorpereirasantos@hotmail.com. E, já sabe, não se esqueça de identificar a solução enviada com o seu nome (ou com o pseudónimo adotado), nem de indicar a pontuação que atribui ao enigma proposto pelo confrade A. Raposo (entre 5 a 10 pontos, em função da sua originalidade, qualidade e grau de dificuldade). Recordamos mais uma vez que o vencedor do concurso de produção de enigmas policiários “Mãos à Escrita!” será encontrado através da pontuação média atribuída pelos participantes do torneio de decifração “Solução à Vista!” e pelo orientador desta secção.  
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