XVI CONVÍVIO DA TERTÚLIA POLICIÁRIA DA LIBERDADE
Passamos a transcrever uma convocatória da Tertúlia Policiária da Liberdade, dirigida a todos os policiaristas nacionais:
“Caríssimos amigos policiaristas.
É com o maior prazer que a Tertúlia Policiária da Liberdade, fiel a uma tradição que se repete há já alguns anos, convida todos os amigos policiaristas a participarem no nosso XVI CONVÍVIO que se vai realizar durante um almoço que irá ter lugar no DOMINGO 19 DE MAIO DE 2019, no restaurante SABORES DE SINTRA, na rua 1.o de Dezembro, 16/18, Chão de Meninos, em S. Pedro de Penaferrim, SINTRA, exactamente o mesmo local onde nos reunimos há um ano.
O tempo não pára, coisas boas e coisas más acontecem, mas nada nem ninguém nos pode retirar o prazer de conviver e conversar. O respeito e a saudade pelos queridos amigos que nos deixaram, a revolta pelas agruras das nossas actividades interrompidas no Público, são razões de sobra para nos continuarmos a reunir em saudável camaradagem, convictos da nossa devoção ao policiarismo. E, felizmente, ainda há outras formas, na internet ou ao vivo, para nos contactarmos e conviver.
Teremos a receber-nos em Sintra a simpatia do dono da casa, o músico Fernando Pereira, que nos atende sempre com as suas incansáveis amizade e competência.
A concentração será como habitualmente a partir das 12 horas, o almoço, cuja qualidade podemos desde já assegurar, a partir das 13.00, e o custo será de16 euros, incluindo gratificação.
Podemos desde já anunciar o lançamento de um espectacular “BORDA D'ÁGUA DO CONTO CURTO 2019”, escrito por doze conceituados autores convidados, e ainda uma edição de quatro publicações de homenagem ao nosso confrade NOVE / VERBATIM, amigo querido que há pouco tempo tristemente nos deixou. Também assuntos como o lamentável desaparecimento da secção POLICIÁRIO das páginas do jornal Público não deixará de ser abordada, bem como outros temas à escolha dos convivas.
Terá ainda lugar de destaque a distribuição dos prémios relativos à competição “O DESAFIO DOS ENIGMAS”, da responsabilidade do nosso confrade Salvador Santos.
Estes e outros motivos julgamos serem razões suficientes para uma participação numerosa. As inscrições podem (e devem...) ser feitas até às 19 HORAS de 6a FEIRA, dia 17 DE MAIO, pelos telefones 213548860 ou 966173648 (António Raposo), ou 965894986 (Rui Mendes).
Solicita-se mesmo aos amigos que já anunciaram a sua adesão com antecedência, que reconfirmem entre os dias 10 e 17 de Maio a sua presença. Obrigado.”
O DESAFIO DOS ENIGMAS - edição de 20 de abril de 2019
ALARGADO O PRAZO DE ENVIO DE ENIGMAS PARA O CONCURSO “MÃOS À ESCRITA!”
Expirado que está o prazo inicial de envio de enigmas para o concurso “Mãos à Escrita! – 2019”,
registámos até ao momento a receção de apenas seis originais, pelo que decidimos conceder mais trinta dias para o efeito. Ou seja,
os produtores interessados em participar nesta iniciativa podem enviar os seus problemas até 15 de maio. Em consequência desta prorrogação do prazo,
o arranque do torneio de decifração “Solução à Vista! – 2019”, acontece apenas no dia 5 de junho. Entretanto, aproveitamos este compasso de espera para publicar o conto do confrade Rigor Mortis que obteve um honroso segundo lugar no concurso “Um caso policial em Gaia” (2017):
CRUZEIRO NO DOURO, de Rigor Mortis
I - Parte
Tempo maravilhoso. Céu quase limpo, nuvens esparsas que não cobriam o sol. Uns vinte e poucos graus excelentes, convidando à manga curta sem incomodar pelo calor…
Assim tinha decorrido o cruzeiro, nos seus quase oito dias pelo Douro!
Paisagens de deleite, encostas verdejantes polvilhadas de casas lindas. Várias paragens e excursões para visitar a Régua, Pinhão, Castelo Rodrigo e, claro, um par de produtores de vinho do Douro e do Porto. Com provas, naturalmente.
Agora, já no fim do cruzeiro, os viajantes davam por bem empregue a semana, já um pouco cansados de tanta movimentação em tão poucos dias.
Não tinham sido apenas as vistas e as visitas. A convivência dentro do excelente barco, as refeições em conjunto, as pernoitas todos num mesmo local tinham levado a que os viajantes se tivessem conhecido em pouco entre si, eles que, à partida, se desconheciam completamente.
O encanto dos locais visitados, aliado à natural predisposição de todos para passarem uma semana agradável, facilitou o estabelecimento de amizades ou, pelo menos, de uma convivência bem para além de simples “compagnons de route”. A ponto mesmo de gerar alguns flirts ocasionais… Ou, quem sabe, talvez não tão ocasionais assim…
De entre todos os viajantes, três casais se destacaram naturalmente. Sempre juntos, sempre entusiastas por mais uma “aventura”, eram os primeiros a aparecer cada dia, e os últimos a recolherem-se às suas cabinas, sempre depois de um par de horas de jogatana no Bridge no salão do barco, a seguir ao jantar. Ficaram bem conhecidos também pelo entusiamo que dedicavam ao jogo, e pela forma como discutiam acaloradamente cada mão jogada, quase sempre discordando do que o parceiro tinha feito… Os seis conheciam o Bridge, uns melhor, outros pior, pelo que as parceiras iam rodando. Mas, seguindo conselhos sábios, nunca formando uma parceria entre marido e mulher…
Dois dos casais eram portugueses, Miguel e Ângela, Marcelo e Teresa. O terceiro era multinacional: Erika norueguesa, Vassili russo. Os portugueses tinham a sua residência em Lisboa e em Coimbra, os outros habitavam normalmente em Paris, mas passavam mais tempo a viajar que em casa.
Miguel e Marcelo eram portugueses típicos, bem constituídos, um tudo nada sobre o excesso de peso. Marcelo, uns centímetros mais alto, era o mais simpático, sempre sorridente. Bem dispostos mas nunca dispostos a dar de barato qualquer discussão. Eram quase sempre os mais teimosos à volta da mesa de Bridge, mas também os mais tagarelas nas excursões e visitas que o grupo tinha feito, entabulando conversa fácil com todos os outros viajantes.
Vassili era ensimesmado, passando mais tempo calado do que qualquer outro. Não porque não fosse relativamente fluente em português, pelo contrário, mas pela sua natureza algo soturna. Quando se envolvia nalguma das discussões habituais à mesa de jogo, notava-se facilmente que tinha pouca paciência, atingindo rapidamente uma atitude abrupta, a roçar a violência. De compleição atlética, as feições duras combinavam bem com os olhos cinzento-metálico.
Era sem dúvida um personagem estranho. Dotado de uma cultura invulgar – falava fluentemente inglês e norueguês, a par do russo natal, além de um razoável domínio do francês, português e italiano – quem quer que estivesse com ele alguns minutos não conseguia conter uma sensação indefinível de que era um homem violento por natureza, capaz de atos extremos por razões mínimas.
Ângela e Teresa eram bem parecidas, mas apenas isso. Erika, pelo contrário, era dotada de uma beleza extraordinária. Corpo escultural, feições delicadas e perfeitas emolduradas por uma cabeleira platinada cujos longos caracóis lhe chegavam aos ombros. Olhos azuis esverdeados, tristes mas inquisitivos.
Erika despertara desde o primeiro dia o interesse dos outros viajantes, sem surpresa com bem maior intensidade por parte dos homens… Não se podia dizer que ela de alguma forma provocasse esse interesse, mas a verdade é que também nada fazia para o evitar, nem quanto ao traje, nem quanto à sua postura, nem quanto à forma como, quando observada por alguém, devolvia a mirada com um olhar intenso não desprovido de alguma provocação…
De todos, Marcelo foi o que maior perseverança exibiu nas suas aproximações a Erika, criando algum desconforto inicial a Teresa que foi evoluindo para uma evidente e não escondida sobranceria e despeito. Diariamente Marcelo questiona Erika sobre a sua disposição, sobre o que tinha apreciado mas na véspera, o que pensava que iria ver nesse dia, o que tinha gostado mais na última refeição… Durante a excursão a Castelo Rodrigo, Marcelo notou uma pequena mancha escura no malar esquerdo de Erika, não completamente disfarçada pela maquilhagem. Tocando-lhe com a mão, perguntou o que era. A resposta foi um leve encolher de ombros e um misterioso “Vassili…”, dito em surdina.
Se a viagem tinha já sido marcada por inúmeras ocasiões em que os passageiros tinham tido oportunidade de gozar vistas magníficas, a aproximação a Gaia, ao fim da tarde do último dia, tinha sido memorável!
Todos os viajantes se tinham postado no deck superior do barco, para melhor poderem observar ambas as margens do rio.
As pontes de São João e do Infante, sem características arquitetónicas muito notáveis, não fizeram brotar grandes comentários. Mas a ponte Maria Pia, entre aquelas duas, e sobretudo a D. Luís, pelo contrário, mereceram rasgados elogios.
À aproximação daquela extraordinária obra de engenharia que era a ponte D. Luís, com as Fontainhas à direita e a serra do Pilar à esquerda, com o magnífico mosteiro no cimo, os viajantes estavam extasiados! E os intrincados casarios quer do lado do Porto, quer de Gaia, logo a seguir, ainda mais contribuíram para o seu deleite!
Todos se mantiveram nos seus postos de observação durante as manobras de acostagem no Cais de Gaia, incansáveis a observar e comentar aquela casa ali, aquele aglomerado acolá, as esplanadas ao longo do cais, o colorido dos edifícios, a vida que borbulhava por todo o lado.
Quando a sineta tocou na sala de refeições, ouvida facilmente em todo o barco, relativamente pequeno, foi a contragosto que os passageiros desceram ao deck, dirigindo-se lentamente para o último jantar a bordo.
Nessa noite, já acostado ao cais de Gaia, os nossos três casais não tinham dispensado uma última sessão de Bridge, como sempre no salão do barco. Mas nessa noite Vassili não jogou. Deixou-se ficar sentado no sofá ler revistas, apenas interessado no jogo quando despontava alguma discussão, mas a meio da sessão retirou-se para a cabina.
Os outros cinco recolheram aos seus camarotes, por fim, por volta da uma hora da madrugada, todos no mesmo corredor.
Quando os dois casais portugueses se aprestavam a entrar nas suas cabinas, ouviram o grito estridente de Erika. Em sobressalto, correram à porta do camarote de Erika e Vassili. Erika estava de pé, meio metro dentro, mãos na boca abafando o grito. Olhando para o interior, os quatro viram a cama, em cima da qual jazia Vassili com o rosto ensanguentado.
O grito chamou a atenção de outros passageiros que, abrindo as portas dos seus camarotes procuraram também saber o que se passava. Alguns minutos depois o próprio comandante do navio chegou ao local.
(continua)
O DESAFIO DOS ENIGMAS - edição de 5 de abril de 2019
O PRAZO DE ENVIO DE ENIGMAS TERMINA NO PRÓXIMO DIA 15
O prazo de envio de originais para o concurso de produção de enigmas policiários “Mãos à Escrita! - 2019”, aberto a todos os que se queiram “aventurar” na escrita deste género de ficção, termina no próximo dia 15 de abril. Sem temática definida, tendo apenas como condição o limite máximo da dimensão do enunciado (duas páginas A4, com o tipo de letra Times New Roman, corpo de letra 12 e espaçamento de 1,5 linhas) e da solução (página e meia A4, com o mesmo espaçamento e idêntico tipo e corpo de letra), os textos concorrentes devem ser enviados para o e-mail do orientador da secção (salvadorpereirasantos@hotmail.com). Após concluído o processo de receção dos originais a concurso, será então anunciado o número de provas que constituem o torneio de decifração “Solução à Vista! - 2019”, com arranque previsto para o próximo mês. Estão assim lançadas todas as peças para o recomeço de ambas as competições!
O Desafio dos Enigmas no Convívio da TPL
Recordamos, entretanto, que se realiza no dia 19 de maio, com início às 12h00, o XVI Convívio da Tertúlia Policiária da Liberdade (TPL), tendo por palco o Restaurante Sabores de Sintra, situado na rua 1º. de Dezembro, 16/18, em São Pedro de Sintra, do músico Fernando Pereira, que não deixará de brindar os convivas com alguns temas do seu vasto repertório. Essa atuação não consta para já na “ementa” desta jornada de amizade e camaradagem do universo policiário nacional, sendo provavelmente um dos grandes segredos da organização, que nos fez chegar a seguinte mensagem: “Brevemente daremos mais pormenores sobre o programa do evento, mas podemos desde já anunciar o lançamento de publicações como “Borda d´Água do Conto Curto – 2019”, escrito por doze autores convidados, e uma edição de homenagem ao nosso confrade e fraterno amigo Nove/Verbatim que há pouco tempo tristemente nos deixou”.
Os leitores interessados em participar neste Convívio da TPL devem fazer a sua inscrição até às 19h00 do dia 17 de maio, através dos telefones 213548860, 966173648 (António Raposo) e 965894986 (Rui Mendes). O orientador da secção O Desafio dos Enigmas, por seu lado, não deixará de marcar presença, aproveitando aliás o evento para divulgar as iniciativas em curso e proceder à entrega dos prémios relativos às últimas competições. Justifica-se, por isso, a participação de todos os premiados no torneio de decifração “Solução à Vista! - 2018” e no concurso de enigmas policiário “Mãos à Escrita! - 2018”. Aos “detetives” residentes a norte do país sugere-se o uso do primeiro comboio Alfa Pendular (partida do Porto 06h40) até Lisboa (estação de Santa Apolónia), onde serão recolhidos e transportados até São Pedro de Sintra, desde que comuniquem essa intenção através do email salvadorpereirasantos@hotmail.com.
Não é, portanto, por falta de transporte que qualquer dos leitores do jornal AUDIÊNCIA GP ou seguidores do blogue Local do Crime com vontade de viver a experiência deste convívio da TPL poderá alegar impossibilidade de o fazer. O momento difícil que atravessa o policiarismo nacional justifica, aliás, uma participação massiva neste evento, onde o estúpido desaparecimento da secção Policiário das páginas do jornal Público, espaço-charneira da modalidade durante mais de 17 anos, não deixará de ser abordado. Por outro lado, esta é uma importante oportunidade para conhecer o rosto e a verdadeira identidade dos “detetives” premiados nas competições organizadas pela nossa secção, cujas classificações ficaram assim ordenadas:
Torneio “Solução à Vista!”
1º. Detetive Jeremias: Troféu Audiência Grande Porto;
2º. Daniel Falcão: Taça Natércia Leite’;
3º. Bernie Leceiro: Taça Severina;
4º. Ariam Semog: Taça Medvet;
5º. Zé de Mafamude: Medalha de Participação;
6ºs. Inspetor Mucaba, Madame Eclética e Ma(r)ta Hari: Medalha de Participação;
9º. Rigor Mortis: Medalha de Participação;
10º. Bigode: Medalha de Participação.
Concurso “Mãos à Escrita!”
1º. “A Lógica não é uma Batata”, de Búfalos Associados: Taça M Constantino;
2º. “O Dia em que Méno Rock Morreu”, de Bernie Leceiro: Taça Zé da Vila;
3º. “Contas Desajustadas”, de Verbatim: Taça Mário Campino.
Enigma de Abertura do Torneio “Solução à Vista! – 2019”
Os enigmas participantes no concurso de produção policiária “Mãos à Escrita! – 2019” constituirão os problemas do torneio de decifração “Solução à Vista! – 2019”, que ambicionamos venha a ser composto por 9 provas. Até ao momento apenas estão garantidos dois enigmas. Um deles é da autoria de Rigor Mortis, e o outro, que marcará o arranque da competição é um original do confrade Gomes, que também teve honras de abertura na edição iniciada em 2018. Gomes (Daniel Gomes) é um leitor que nos acompanha desde a primeira hora, participando em todas as provas de decifração até hoje realizadas e no concurso de contos levado a cabo em 2017, onde conquistou uma menção honrosa do Júri com o original “Viagem de Teleférico”. Nascido e criado em Vila Nova de Gaia, na freguesia de Santa Marinha, Daniel Gomes despertou para a problemística policiária através da leitura desta nossa secção, na sequência lógica da sua paixão pela literatura policial. Devorador compulsivo dos grandes clássicos de Agatha Christe a Arthur Conan Doley, de Patricia Hamilton a Georges Simenon, de Raymond Chandler a Lisa Gardner, de Edgar Allan Poe a Ruth Rendell, apesar de ligado profissionalmente ao mundo informático, onde é comum fazer-se a defesa da desmaterialização da literatura, o autor do enigma que assinala a abertura das nossas competições do ano em curso não dispensa o prazer da leitura de um bom romance policial em suporte físico, trazendo sempre como companhia um desses exemplares. Ao mesmo tempo que também deita “mãos à escrita”!...