O DESAFIO DOS ENIGMAS - edição de 20 de setembro de 2019
TRÊS NOVOS “DETETIVES” ENTRAM AGORA EM COMPETIÇÃO
Findas as férias, que a maioria dos portugueses tem por tradição gozar
entre os meses de junho e agosto, o país estaria agora num período de
normalidade se não vivêssemos um ano de quase todas as eleições. Primeiro, o
país foi a votos a 26 de maio para escolher os seus representantes no
Parlamento Europeu e no próximo dia 22 deste mês a população madeirense decide
o futuro da governação na Região Autónoma da Madeira. Entretanto, decorre a
campanha eleitoral para um novo mandato de legislatura dos deputados à
Assembleia da República, de onde emanará a formação de um novo Governo. No meio
de toda esta azáfama político-partidária, que visa sobretudo evitar que se
repita nos próximos atos eleitorais a larga percentagem de abstenção e de votos
nulos e brancos registados em maio passado, os concorrentes ao “Torneio Solução
à Vista!” conseguiram arranjar nos seus tempos de ócio algumas horas para se debruçarem
sobre o enigma de que publicamos hoje a solução do autor. E a estes juntaram-se
três novos “detetives”.
Como temos vindo a referir, a todo o momento qualquer dos nossos leitores
pode integrar o pelotão de participantes no torneio, bastando para isso que
envie as suas propostas de solução das provas dentro dos prazos estipulados.
Foi o que aconteceu com os novos “detetives” O Madeirense, Moura Encantada e Oluap
Snitram, que apresentaram soluções de bom nível técnico e dedutivo à prova nº.
3, da autoria de Bigode. Sublinhe-se, aliás, que a prestação de um dos novos
“detetives” esteve no grupo das soluções candidatas aos pontos suplementares
atribuídos “às melhores”, acabando por ser destronada nos mais ínfimos
pormenores pelas performances de três dos mais respeitados policiaristas
nacionais. Registe-se, entretanto, que este enigma trouxe alguns dissabores a
diversos “detetives” com excelentes provas dadas nos anteriores torneios e que
se mantinham até agora no grupo de totalistas na edição deste ano, perdendo
pontos preciosos na corrida aos primeiros lugares da classificação geral. Mas
tudo continua em aberto até ao final…
TORNEIO
“SOLUÇÃO À VISTA!”
Solução da Prova nº. 3
“O Estranho Caso da Falsa
Mobilidade”, de Bigode
a) - O dia 2 de abril de 2018 foi feriado municipal em Cuba, o que
acontece todos os anos sempre na segunda-feira seguinte ao Domingo de Páscoa. A
Maria tem razão. Nesse dia no concelho de Cuba, repartições públicas e comércio
em geral não funcionaram.
b) - O cônjuge de Maria fala do escritor Fialho de Almeida, que viveu e
faleceu em Cuba e do qual há um monumento na Vila. Quando o cônjuge
desaparecido diz que iria ver “o Fialho”, referia-se ao busto do escritor.
c) - Incongruências:
1 - A queixa é apresentada em 2019 e o posto de subchefe foi extinto dez
anos antes, sendo criado então o posto de chefe principal.
2 - O posto de subchefe, quando existia, era hierarquicamente superior ao
posto de agente (e não o contrário) – o posto de agente é ainda hoje o mais
baixo na hierarquia da PSP (única força policial portuguesa que mantém o posto
de agente).
Pontuações/Classificação
(após a 3ª. Prova)
Apenas 7 concorrentes não foram penalizados na decifração desta prova
aparentemente simples. Dos restantes 40 concorrentes, uns não assinalaram uma
das incongruências presentes no enigma (mesmo as não elencadas pelo autor), enquanto
outros acabaram também por não relacionar Cuba com o escritor Fialho de
Almeida, cuja casa onde viveu foi classificada como monumento de interesse
público em 2014. Pior ainda: houve
“detetives” que não descortinaram todos estes factos e ainda por cima não
indicaram que em Cuba, a 2 de abril de 2018, foi feriado municipal, razão por
que os funcionários públicos (como o marido de Maria!) não trabalharam nesse
dia. Ou seja, os primeiros perderam um ponto, os segundos dois pontos e os
últimos três pontos. E é isso que revela a tabela classificativa atual, onde se
constata também uma animada luta entre alguns dos “detetives” mais experientes.
1º. Detetive Jeremias (25+12):
37 pontos;
2º. Búfalos Associados (23+13): 36 pontos;
3º. Inspetor Moscardo (22+10): 32 pontos;
4ºs. Rigor Mortis (22+9) e Tempicos & Tempicas (20+11): 31
pontos;
6º. Ego (20+10): 30 pontos;
7ºs. Donanfer II (19+10), Zé de Mafamude (20+9): 29 pontos;
9ºs. Inspetor Mucaba (20+8) e Ma(r)ta Hari (20+8): 28 pontos;
11ºs. Bernie Leceiro (18+9), Carlota Joaquina (20+7), Holmes
(20+7) e Pena Cova (19+8): 27 pontos;
15ºs. Abrótea (19+7), Airam Semog (17+9), Broa de Avintes (19+7),
Charadista (19+7), Chico da Afurada (18+8), Detetive Bruno (18+8), Haka Crimes
(17+9), Inspetor Guimarães (19+7) e Mancha Negra (19+7): 26 pontos;
24ºs. Arc. Anjo (18+7), Beira Rio (17+8), Detetive Vasoff (18+7),
Dragão de Santo Ovídio (17+8), Faina do Mar (16+9), Martelo (17+8), Príncipe da
Madalena (18+7) e Talismã (17+8),: 25 pontos;
32ºs. Amiga Rola (17+7), Bota Abaixo (16+8), Pequeno Simão (17+7),
Mascarilha (16+8), Mosca (15+9), Necas (16+8),
Santinho da Ladeira (17+7) e Tó Fadista (17+7): 24 pontos;
40ºs. Agata Cristas (15+8), Inspetor Madeira (16+7), Inspetor
Mostarda (16+7) e Solidário (16+7): 23 pontos;
44º. Vitinho (15+7): 22 pontos;
45º. O Madeirense (0+10): 10 pontos;
46ºs. Moura Encantada (0+9) e Oluap Snitram (0+9): 9 pontos.
CONCURSO “MÃOS
À ESCRITA!”
As avaliações feitas pelos solucionistas em prova e pelo orientador da
secção ao enigma “Whisky Fatal”, do confrade Rigor Mortis, resultaram na
seguinte pontuação média final: 8,40 pontos. Desta forma, quando ainda são apenas
conhecidas as pontuações atribuídas a dois dos nove enigmas a concurso, a tabela
classificativa está assim ordenada:
1º. “Whisky Fatal”, de Rigor Mortis: 8,40 pontos;
2º. “Abílio Vai à Bola”, de Daniel Gomes: 6,20 pontos.
O DESAFIO DOS ENIGMAS - edição de 5 de setembro de 2019
A MORTE DO CAPITÃO
VENÂNCIO: UM CASO COM DOIS ENIGMAS
Um amante de enigmas e de literatura policial, autor de uma coluna sobre
enigmas e cifras num jornal semanário, sucumbe sobre a secretária no seu escritório
após o almoço. É este o ponto de partida para o desafio que nos deixa o
confrade A. Raposo, numa altura em que a maioria dos nossos leitores retoma a
rotina das suas obrigações profissionais. As férias de verão deste ano chegaram
ao fim e tudo voltou à normalidade. E dentro dessa normalidade está a resolução
de mais uma prova do torneio “Solução à Vista!”, que irá ocupar as “células
cinzentas” dos nossos “detetives” até à próxima primavera. Neste momento são 44
(quarenta e quatro!) os leitores que arriscam partilhar os seus dotes
detetivescos com o orientador da secção, mas são muitíssimos mais os que se
limitam a decifrar mentalmente os enigmas do torneio sem se atreverem a
submeter as suas capacidades dedutivas a quem tem a difícil e ingrata tarefa de
fazer a respetiva avaliação.
Recordamos, por isso, que a todo o momento qualquer leitor pode integrar
o pelotão de concorrentes do torneio, bastando para isso que envie as suas
propostas de solução desta prova ou das futuras nas datas aprazadas. É certo
que os leitores que só agora (ou mais tarde) se juntem aos concorrentes que
estão em prova desde o início terão menos hipóteses de chegar ao topo da
classificação até ao momento de todas as decisões, mas não é de todo impossível
que venham a ocupar um honroso lugar (até com direito a prémio!). Se bem que o
mais importante da participação neste nosso passatempo seja o prazer da leitura
dos enigmas, a sua interpretação e consequente decifração, mesmo que isso seja
apenas feito isoladamente ou de forma partilhada com amigos. De qualquer forma,
confessamos que gostaríamos que todos os que seguem regularmente a nossa secção
viessem, nos próximos tempos, a engrossar a lista de concorrentes…
TORNEIO “SOLUÇÃO À VISTA!”
Prova nº. 4
“O Caso do Capitão Venâncio”, de
A. Raposo
O capitão Venâncio era um amante de enigmas e da literatura policial.
Republicano e anticlerical, defendia os ideais liberalistas: um potencial
anarquista moderno muito influenciado pelas leituras de livros que um seu
antepassado lhe encheu parte da sua grande biblioteca, um antepassado do século
XIX, amigo de Garibaldi e do seu pensamento político.
Escrevia num semanário, regularmente, uma coluna com o título “enigmas
& cifras”. Numa semana colocava o problema, na seguinte novo problema e
solução da semana anterior.
O capitão tinha perdido a mulher, de doença, no ano anterior e o único
filho deles tinha partido numa expedição para o Congo e nunca mais dera sinais
de vida. Já lá iam dez longos e desesperados anos.
Venâncio não tinha qualquer outro parente e resolvera fazer há meses o
testamento a favor das suas duas velhas criadas – que ficariam com a habitação
– e do jardineiro-motorista que entrara recentemente ao serviço, um rapaz ainda
bastante novo, que fora barbeiro lá na terra e se adaptava a qualquer serviço.
Este último ficaria com todos os veículos que estavam na garagem de boa marca e
alto valor.
Naquela tarde, como habitualmente, Venâncio após o almoço subiu os vinte
degraus até ao primeiro piso onde tinha variadas estantes de livros e uma
grande secretária. Era o seu escritório.
Antes de meter a chave na porta, olhava sempre saudoso o quadro que sua
mulher lhe oferecera um pouco antes de falecer, uma cópia a óleo, da famosa
última ceia de Cristo.
O quadro ficava na parede no topo do patamar da escada, à direita de quem
subisse a escada.
Segundo a opinião das suas velhas empregadas, que terminavam a arrumação
da cozinha, após o almoço, passado um tempo depois de o sr. capitão ter subido,
ouviram um estampido, que mais parecia um tiro.
Sabiam que o sr. capitão tinha a arma junto às estantes. Sempre
operacional.
Largaram as tarefas e subiram as escadas. Porém a porta estava fechada –
o que não era habitual – e uma delas veio cá abaixo buscar ao chaveiro o
duplicado da porta do escritório. Voltaram, abriram a porta e depararam com o
cenário.
A vítima tinha a cabeça caída na secretária e mais veio a descobrir-se a
bala, incrustada no quadro da última ceia de Cristo, após ter atravessado a
cabeça do capitão.
No chão a arma do capitão e a cápsula e na secretária o bloco de notas,
um envelope com o enigma que iria enviar para o semanário, a caneta, a chave da
porta e muito sangue.
No interior do envelope um conjunto de quinze letras que era mister
descobrir:
FEFOABAREGEOLEA.
Havia no escritório uma outra porta raramente usada, que dava ligação a
uma espécie de escada de salvação que terminava no jardim.
As criadas, aflitas, chamaram o jardineiro que fora bombeiro e não dera
por nada, pois estava a cortar lenha com a moto-serra.
O jardineiro subiu ao piso superior e apalpando o pescoço verificou que
nada havia a fazer, tendo ligado para a polícia.
A polícia chegou, colheu depoimentos, fotografou, levou o corpo e fez a
autópsia.
O caso foi encerrado pela polícia e consta que no relatório se indicava
suicídio na falta de outras provas.
Para o leitor pedimos duas coisas: que decifre o enigma e que explique o
que sucedeu na casa do capitão Venâncio.
Nota de rodapé: Este problema foi congeminado após a notícia da morte
anunciada do policiário, mas não confirmada, num pasquim lisboeta.
DESAFIO
AO LEITOR
Caro leitor, o que lhe pedimos é que dê resposta ao pedido feito pelo
autor do enigma, elaborando um relatório completo das suas deduções, que deverá
enviar para o orientador da secção, até ao próximo dia 30 de setembro, através
dos seguintes meios:
- por correio postal, para AUDIÊNCIA GP / O Desafio
dos Enigmas, rua do Mourato, 70-A – 9600-224 Ribeira Seca RG – São Miguel –
Açores;
- por correio eletrónico, para salvadorpereirasantos@hotmail.com.
Recordamos entretanto que, juntamente com a solução desta prova, deve
enviar a pontuação atribuída ao enigma “O Estranho Caso da Falsa Mobilidade”,
de Bigode, que constituiu a terceira prova do torneio.
E, já sabe, não se esqueça de identificar a solução enviada com o seu
nome (ou com o pseudónimo adotado).