O DESAFIO DOS ENIGMAS - edição de 20 de outubro de 2019
NOVIDADES
DO POLICIÁRIO NA IMPRENSA NACIONAL
O mais importante espaço,
na imprensa nacional, dedicado à escrita e decifração de enigmas policiais
transita do jornal Público para a revista Sábado. Depois de quase 27 anos nas
páginas dominicais do periódico criado por Belmiro de Azevedo, a secção
Policiário, orientada por Luís Pessoa/Inspetor Fidalgo, surge agora na principal
revista do grupo Cofina, com edição semanal à quinta-feira. A notícia foi
saudada pela generalidade dos amantes deste passatempo, que viram subitamente interrompida
a “vida” do Policiário no final do ano passado, aquando da mudança de direção no
jornal onde nasceu em 1 de julho de 1992, após uma caminhada que juntou até ao
momento do “despejo” mais de dois mil participantes ativos e inúmeros outros seguidores.
Entretanto, a modalidade
prossegue aqui, no AUDIÊNCIA GP, o caminho iniciado a 1 de junho de 2016, com a
publicação da solução oficial de mais uma prova do torneio “Solução à Vista! -
2019” e respetivas pontuações alcançadas pelos “detetives” em competição, de
onde resultam algumas mudanças nos dez lugares cimeiros da classificação,
quando estão cumpridas apenas quatro das dez etapas previstas. Por outro lado, a
fechar esta edição, surge a pontuação atribuída ao enigma “O Estranho Caso da
Falsa Mobilidade” do confrade Bigode, que ocupa agora o segundo lugar da classificação,
liderada por Rigor Mortis. A verdade é que, em qualquer das competições, é cedo
para se tirarem conclusões porque ainda há muito caminho a percorrer.
TORNEIO
“SOLUÇÃO À VISTA!”
Solução da Prova nº. 4
“O Caso do Capitão Venâncio”, de
A. Raposo
Na biblioteca do capitão temos tudo para parecer suicídio. A porta da
biblioteca fechada, com a chave na secretária, parece ter sucedido que o
capitão se fechou na sala, foi buscar a arma e disparou na sua cabeça.
Acontece que a bala foi aparecer alojada no quadro que estava fora da
sala, no patamar na escada…
Ora, suicídio só se a porta estivesse aberta!
E nós sabemos que a porta estava fechada porque as duas criadas, que
estavam na cozinha, ao subir a escada deram com a porta fechada à chave.
Tiveram que descer e ir buscar a chave mestra que estava no chaveiro.
Foi portanto crime. Quem poderia ter praticado o crime? Alguém, da casa,
para além das duas criadas que têm alibi. Estavam juntas na cozinha quando
ouviram o tiro e estavam com o patrão há muito tempo.
Quem poderá ser incriminado será o jardineiro que – sabendo onde estava a
arma – poderia ter subido a escada sem ser visto pelas criadas, chegado à
biblioteca, retirado a pistola do sítio e morto o capitão, tendo ficado a porta
aberta e permitindo a bala fazer o percurso de ficar no quadro do patamar. O
jardineiro fechou a porta da biblioteca, retirou a chave da porta e colocou-a
na secretária, para sugerir suicídio. Saiu pela porta que dava para o jardim e
ninguém o viu.
Pensaria ele ficar com os “popós” do patrão, legados por este, antes do
tempo…
Quanto à solução do enigma temos que fazer uma ligação com o facto do seu
antepassado, que o terá influenciado na sua atitude anarquista, ter andado na
companhia de Garibaldi, um republicado anticlerical e difusor de ideias
liberais, que dominava a escrita cifrada da Carbonária onde foi figura grada.
Assim e de acordo com alfabeto carbonário a “frase” das quinze letras (FEFOABAREGEOLEA)
terá a seguinte tradução: VIVA O POLICIÁRIO.
No alfabeto carbonário, que se encontra facilmente na Wikipédia, prevê-se
que uma letra substitua outra, segundo a seguinte regra de conversão:
A (O); B (P); C
(G); D (T); E (I); F (V); G (C); H (H); I (E); J (J); L (R); M (N); N (M); O
(A); P (B); Q (Q); R (L); S (Z); T (D); U (U); V (F); X (X); Z (S).
Pontuações/Classificação
(após a 4ª. Prova)
A maioria dos pontos perdidos neste enigma resulta do facto de alguns dos
“detetives” não terem associado ao alfabeto carbonário as ideias politicas do
capitão Venâncio, muito influenciado pelas leituras de livros herdados de um
seu antepassado do século XIX, amigo de Garibaldi e seguidor do seu pensamento
político. Mas houve também quem tenha “deitado dois pontinhos fora” ao admitir
ter ocorrido suicídio. Vejamos, então, como está a tabela classificativa
ordenada:
1ºs. Búfalos Associados
(36+13) e Detetive Jeremias (37+12): 49 pontos;
3º. Inspetor Moscardo (32+10): 42 pontos;
4ºs. Ego (30+11) e Tempicos & Tempicas (31+10): 41 pontos;
6º. Rigor Mortis (31+9): 40 pontos;
7º. Zé de Mafamude (29+10): 39 pontos;
8ºs. Donanfer II (29+9), Inspetor Mucaba (28+10) e Ma(r)ta Hari
(28+10): 38 pontos;
11ºs. Bernie Leceiro (27+9) e Carlota Joaquina (27+9): 36 pontos;
13ºs. Abrótea (26+9), Holmes (27+8) e Mancha Negra (26+9): 35
pontos;
16ºs. Chico da Afurada (26+8), Faina do Mar (25+9), Martelo
(25+9), Pena Cova (27+7), Príncipe da Madalena (25+9) e Talismã (25+9): 34 pontos;
22ºs. Arc. Anjo (25+8), Bota Abaixo (24+9), Broa de Avintes
(26+7), Charadista (26+7), Detetive Bruno (26+7), Detetive Vasoff (25+8), Haka
Crimes (26+7), Inspetor Guimarães (26+7), Mascarilha (24+9), Mosca (24+9) e
Necas (24+9): 33 pontos;
33ºs. Amiga Rola (24+8), Beira Rio (25+7), Dragão de Santo Ovídio
(25+7), Tó Fadista (24+8), Inspetor
Madeira (23+9) e Inspetor Mostarda 9 (23+9): 32 pontos;
39ºs. Pequeno Simão (24+7), Santinho da Ladeira (24+7) e Solidário
(23+8): 31 pontos;
42ºs. Agata Cristas (23+7) e Vitinho (22+8): 30 pontos;
44º. Airam Semog (26+0), 26 pontos;
45º. O Madeirense (10+10): 20 pontos;
46ºs. Moura Encantada (9+9) e Oluap Snitram (9+9): 18 pontos.
CONCURSO “MÃOS
À ESCRITA!”
As avaliações feitas pelos solucionistas em prova e pelo orientador da
secção ao enigma “O Estranho
Caso da Falsa Mobilidade” do confrade Bigode, resultaram na seguinte
pontuação média final: 7,60 pontos. Desta forma, quando ainda são apenas
conhecidas as pontuações atribuídas a três dos nove enigmas a concurso, a
tabela classificativa está assim ordenada:
1º. “Whisky Fatal”, de Rigor Mortis: 8,40 pontos;
2º. “O Estranho Caso da Falsa
Mobilidade”, de Bigode: 7,60 pontos;
3º. “Abílio Vai à Bola”, de Daniel Gomes: 6,20 pontos.
O DESAFIO DOS ENIGMAS - edição de 5 de outubro de 2019
UM ENIGMA COM
VÁRIOS DESAFIOS À INTELIGÊNCIA E À LÓGICA
O inspetor Garrett, personagem criada pela dupla Búfalos Associados,
regressa com mais um enigma de dedução lógica. Será que os nossos “detetives”
estão à altura do desafio? Veremos…
TORNEIO
“SOLUÇÃO À VISTA!”
Prova nº. 5
“… E Também não é uma Cebola”, de
Búfalos Associados
(Dedicado
ao Amigo que nos deixou Pedro Paulo Faria, NOVE / VERBATIM)
O inspetor Garrett não perdia uma oportunidade
de conversar com os seus dois amiguinhos Cesário e Eugénio sobre os enigmas de
lógica que tanto os entusiasmavam. Os dois jovens, sempre que chegavam da
escola e depois de terem resolvido os respetivos trabalhos para casa, corriam a
casa do vizinho Garrett para trocar impressões sobre algum tema interessante. E
até já tinham conseguido alargar a paixão pelos desafios à inteligência e ao
raciocínio, junto do professor de matemática que, na escola, nas aulas e nos
intervalos, agora também os acompanhava no entusiasmo. - “Se há coisa que tem
de fazer parte de uma completa aprendizagem é a capacidade de pensar.” – dizia com
frequência o professor.
Um dia os dois miúdos chegaram radiantes a casa
do inspetor Garrett com dois novos desafios que o professor lhes tinha
ensinado. Segundo ele eram dois problemas clássicos, já bastante conhecidos dos
amantes destas coisas, mas que constituíam um excelente treino para
principiantes.
- “Inspetor – principiou o Eugénio – trouxemos
uma caixa de fósforos da cozinha. Eu vou colocar 31 fósforos em cima da mesa.
Cada um de nós dois vai ter de retirar, alternadamente, fósforos da mesa. Atenção
que, de cada vez, só podemos tirar um, dois ou três fósforos. Ganha aquele que
tirar o último fósforo (ou dois, ou três, claro). Combinado? Começo eu,
inspetor.”
O jogo começou. As regras foram rigorosamente
respeitadas e a verdade é que o Eugénio ganhou com toda a facilidade.
- “Muito bem, – disse Garrett – parabéns ao
vencedor. Mas desconfio que vocês devem conhecer um truque que faz com que o
primeiro a jogar ganhe sempre, não será assim?”
- “Bom, inspetor, então comece agora o senhor.
Mas para tornar o jogo ainda mais difícil, vamos usar desta vez 32 fósforos.”
E pela segunda vez o inspetor voltou a perder.
- “Pois, meus amigos, acho que já percebi qual
é o truque! Sim senhor, é muito bem visto.”
- “Agora é a vez do meu problema – atacou o
Cesário. Em tempos remotos, numa ilha distante lá no Pacífico, viviam três
tribos de indígenas muito especiais. Uma delas, era a dos VERK que diziam
sempre a verdade, outra a dos FALK que mentiam sempre, e ainda a dos ALTERN que
depois de dizerem uma frase verdadeira, a seguinte era sempre falsa e
vice-versa.
Uma vez, um estrangeiro deparou-se com três
desses indígenas reunidos e, sabendo que era um de cada uma das tribos,
perguntou-lhes de que tribo eram. O primeiro respondeu: “Eu sou FALK”. O segundo
disse: “Eu sou ALTERN”. O terceiro nem falou, porque o estrangeiro nem precisou
de o ouvir porque já os tinha identificado a todos.
E vendo ainda outro grupo de três indígenas com
as mesmas características do anterior, ou seja, um de cada tribo, fez a mesma
pergunta, tendo obtido como respostas: o quarto disse “Eu sou ALTERN”. O mesmo
disse o quinto: “Eu sou ALTERN”. E o sexto: “O quarto, que falou antes do
anterior, é ALTERN”. Pergunta-se: como é que o estrangeiro conseguiu apenas por
estas respostas identificar qual a tribo de cada um dos seis indígenas?”
- “Meus amigos, vou ter que pensar um pouco,
mas estou certo de que vou encontrar a solução.” – respondeu Garrett. – “Mas
hoje ainda vou deixar-vos outro tipo de enigma. Trata-se de descobrir quais são
os pontos que estão errados, ou que serão de todo impossíveis numa determinada
afirmação ou relato. Por vezes é necessária uma investigação que pode incluir
consultas na internet. Muitos problemas policiais precisam disto para se
encontrar a solução, mas não são aqueles que eu mais aprecio. Chamo a estes
problemas “de caça à mentira”. E vou dar-vos um exemplo aparentemente simples.
O vosso professor de História já vos falou da viagem de circum-navegação
ocorrida no século XVI e que tornou célebre o navegador português Fernão de
Magalhães?”
- “Sim, inspetor. Acabámos mesmo de abordar o
assunto nas aulas e até se falou da atual celeuma entre Portugal e Espanha
sobre qual teria sido o país com importância mais determinante nessa espantosa
viagem.”
- “Ora ainda bem. Desculpem a piada, mas quem
sabe se não foi um navegador português do século XVI que, nas suas viagens,
encontrou essa estranha ilha do Oceano Pacífico dos VERK e dos FALK de que fala
o vosso enigma? Mas imaginem agora que encontravam num jornal a seguinte frase:
“No dia 6 de Outubro de 1582, regressava ao
porto de Lisboa, comandada por Fernão de Magalhães, a frota de cinco embarcações
que daí partira alguns anos antes para a maravilhosa viagem de circum-navegação
que honrou o nome de Portugal, e que tinha tido como principal objetivo provar
que a terra era redonda.”
Ora esta pequena afirmação contém, na sua
aparente simplicidade várias mentiras. Os meus amigos agora vão para vossa casa
e dou-vos 24 horas para descobrir quantas e quais são as falsidades. Amanhã
todos nós temos de apresentar as nossas soluções para os problemas que hoje
aqui levantámos, vocês e eu. De acordo? Então até amanhã, meus amigos. Bom
trabalho e bom descanso.”
DESAFIO
AO LEITOR
Quer o leitor juntar-se a esta tertúlia do
inspetor Garrett e resolver os desafios aqui propostos e provar mais uma vez
que a lógica não é uma batata... E TAMBÉM NÃO É UMA CEBOLA?... Para o efeito,
deve enviar a sua proposta de solução até ao próximo dia 30 de outubro,
juntamente com a pontuação atribuída à prova nº. 4, de A. Raposo, através dos
seguintes meios:
- por correio postal, para AUDIÊNCIA GP / O Desafio
dos Enigmas, rua do Mourato, 70-A – 9600-224 Ribeira Seca RG – São Miguel –
Açores;
- por correio eletrónico, para
salvadorpereirasantos@hotmail.com.
E, já sabe, não se esqueça de identificar a solução enviada com o seu
nome (ou com o pseudónimo adotado).