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domingo, dezembro 15, 2019
  O DESAFIO DOS ENIGMAS - edição de 20 de dezembro de 2019
UM NOVO ANO SE AVIZINHA COM NOVAS INICIATIVAS 
Às portas de um novo ano, quando então se abrirá a “caixa de correio” para a receção dos textos dos concorrentes ao concurso de contos “Um Caso Policial em Gaia” que já tenham os seus originais concluídos ou em fase última de escrita, aqui ficam a solução oficial da prova nº. 6 do torneio de decifração “Solução à Vista!” e as pontuações alcançadas pelos nossos “detetives”:

TORNEIO “SOLUÇÃO À VISTA!”         
Solução da Prova nº. 6                     
“Crime Leaks”, de Daniel Falcão
Na opinião de Gustavo Santos, estava-se perante um crime passional. Mais um casal desavindo cuja relação teria terminado, com Alexandre Miguel Duarte a assassinar Manuel José Carvalho. 
Possivelmente, tudo teria começado com mais uma discussão, com ameaças mútuas, em que o homicida ao ser ameaçado pelo companheiro com a espátula que ele segurava na mão, poderia ter agarrado no pisa-papéis e desferido o golpe fatal. Ou, talvez, quem sabe, com o homicida a agarrar no pisa-papéis para ameaçar o companheiro, este tenha pegado na espátula para se defender, mas infrutiferamente. 
Seja como for, o resultado estava à vista: Manuel José Carvalho morrera em resultado do golpe que apresentava na cabeça. Mas ainda viria a recuperar a consciência. O tempo suficiente para, aproveitando a espátula que ainda segurava na mão, deixar uma mensagem para os investigadores policiais, acusando o companheiro. 
O homicida, por seu lado, ao ver o companheiro inanimado no chão e parecendo-lhe que este estava sem pulsação, apressou-se para sair, como se nada tivesse acontecido, ao encontro dos amigos que o esperavam. Seria este o seu álibi. 
Pouco passava da meia-noite quando Alexandre Miguel Duarte regressou a casa. Assim que entrou em casa, dirigiu-se ao escritório. Lá estava Manuel José Carvalho, no mesmo local onde caíra horas antes. Aproximou-se e viu os rabiscos no soalho. Parecia ser um número com três algarismos: 942. Pensou um pouco e, inteligente como era, percebeu que se tratava de algo que o incriminava. 
O que fazer? Deve ter pensado. Lembrou-se então de percorrer o arquivo de clientes, onde encontrou o nome de dois clientes que o podiam ajudar a, pelo menos, confundir os investigadores: Francisco João Sá e Isidro Diogo Baganha. Tudo iria depender de como seria interpretado aquele 942. 
Se, por um lado, 942 fosse interpretado como o número de letras de cada nome do homicida, as suspeitas recairiam sobre Francisco João Sá: Francisco = 9 letras, João = 4 letras e Sá = 2 letras. 
Por outro, se 942 fosse interpretado como a posição no alfabeto da primeira letra de cada nome do homicida, as suspeitas recairiam sobre Isidro Diogo Baganha: Isidro = I na 9ª posição, Diogo = D na 4ª posição e Baganha = B na 2ª posição. 
A esperança de Alexandre Miguel Duarte era que os investigadores, perante estas duas possibilidades, não se lembrassem das notícias que, quase diariamente, surgiam nos meios de comunicação social: o protesto dos professores com o slogan 942 = 9 anos, 4 meses e 2 dias; o tempo de serviço que pretendiam recuperar. 
Pois, se tal acontecesse, perceberiam que o 942 significava o número de anos, de meses e de dias, e que as primeiras letras de cada uma destas palavras correspondiam às primeiras letras de cada um dos seus nomes: Alexandre = A de anos, Miguel = M de meses e Duarte = D de dias.
Pontuação/Classificação (após a 6ª. Prova)
Eram três as interpretações possíveis dos algarismos (942) deixados pela vítima no soalho do escritório, mas a esmagadora maioria dos nossos “detetives” apenas indicou uma ou duas e não descortinou o autor do homicídio. Os mais atentos, ou menos apressados na leitura, foram mais além e resolveram com sucesso o enigma assinado por Daniel Falcão. E assim vai a classificação geral:     
1ºs. Búfalos Associados (61+13) e Detetive Jeremias (62+12): 74 pontos;
3ºs. Inspetor Moscardo (52+10) e Tempicos & Tempicas (51+11): 62 pontos; 
5º. Ego (51+9): 60 pontos;
6ºs. Rigor Mortis (50+9) e Zé de Mafamude (49+10): 59 pontos;
8º. Ma(r)ta Hari (48+9): 57 pontos;
9ºs. Donanfer II (48+8) e Inspetor Mucaba (48+8): 56 pontos;
11ºs. Bernie Leceiro (46+8) e Carlota Joaquina (46+8): 54 pontos; 
13ºs. Bota Abaixo (43+8), Detetive Bruno (42+9), Holmes (44+7), Mancha Negra (44+7), Mosca (43+8), Necas (42+9) e Pena Cova (43+8): 51 pontos;
20ºs. Chico da Afurada (42+8), Detetive Vasoff (42+8), Dragão de Santo Ovídio (41+9), Haka Crimes (42+8), Mascarilha (43+7) e Príncipe da Madalena (42+8): 50 pontos; 
26ºs. Charadista (43+6), Faina do Mar (42+7), Inspetor Guimarães (41+8), Inspetor Madeira (42+7), Martelo (43+6) e Talismã (42+7): 49 pontos; 
32ºs. Beira Rio (40+8), Inspetor Mostarda (41+7) e Tó Fadista (41+7): 48 pontos;
35ºs. Amiga Rola (40+7), Broa de Avintes (40+7) e Vitinho (39+8): 47 pontos;
38ºs. Arc. Anjo (40+6), Santinho da Ladeira (38+8) e Solidário (39+6): 46 pontos;
41ºs. Agata Cristas (39+6), Pequeno Simão (39+6): 45 pontos;
43ºs. Abrótea (40+0) e O Madeirense (30+10): 40 pontos;
45ºs. Moura Encantada (28+9) e Oluap Snitram (28+9): 37 pontos;
47º. Airam Semog (26+0): 26 pontos.

CONCURSO “MÃOS À ESCRITA!”       
As avaliações feitas pelos solucionistas em prova e pelo orientador da secção ao enigma “…E Também não é uma Cebola” de Búfalos Associados, resultaram na seguinte pontuação média final: 8,30 pontos. Desta forma, quando ainda são apenas conhecidas as pontuações atribuídas a cinco dos nove enigmas a concurso, a tabela classificativa está assim ordenada:
1º. “Whisky Fatal”, de Rigor Mortis: 8,40 pontos;
2º. “…E Também não é uma Cebola”, de Búfalos Associados: 8,30 pontos;
3º. “O Caso do Capitão Venâncio”, de A. Raposo: 8,20;
4º. “O Estranho Caso da Falsa Mobilidade”, de Bigode: 7,60 pontos;
5º. “Abílio Vai à Bola”, de Daniel Gomes: 6,20 pontos.
 
terça-feira, dezembro 03, 2019
  O DESAFIO DOS ENIGMAS - edição de 5 de dezembro de 2019
NA QUADRA DE NATAL HÁ MAIS UM ENIGMA PARA DECIFRAR

A magia do Natal está a chegar. A família reunida em volta da mesa, o pinheiro enfeitado, os presentes escolhidos, as estrelas a iluminar a noite e... um enigma para decifrar. Aqui está ele:

TORNEIO “SOLUÇÃO À VISTA!”         
Prova nº. 7            
“A Estranha Morte do Barão”, de Abrótea
            O Barão da Fonte Nova já era...
          Bom, já há muito tempo que devia ter partido. Não que lhe desejasse a morte, mas o homem era persistente. Andava atrás de mim, não ele é claro, mas os seus capangas. Sempre que me encontravam lá ia meia dúzia, ou mais, de ameaças para pagar as rendas que tinha em atraso. Apenas ameaças, pois os fiéis lacaios sabiam bastante bem quem eu era...
Partiu numa noite escura, tal como o seu coração.
Fui acordado de madrugada. Para mim era madrugada. Ainda não eram oito horas e se havia alguém a quem eu odiasse, esse alguém era o inventor do “telelé”, porque este simplesmente não parava de tocar. E quando não eram chamadas, havia sempre recurso às mensagens. 
O “meu patrão” não me deixava descansar, nem que estivesse morto, e ele bem sabia que tinha marcado no calendário a próxima semana, quando a lua estivesse em quarto crescente para tirar férias. Bem, serviço é serviço e conhaque é conhaque, então vamos lá mexer esses pés, dar corda aos sapatos e olear os patins, ala que se faz tarde. Próxima paragem: o palacete do Barão Trindade, há muitos anos radicado na Fonte Nova. De Barão apenas tinha o apelido, porque o facínora era barão sim, mas de outra coisa. Digo era, porque alguém lhe limpou o sebo, já não fumava nem tossia mais, e já agora esperava que os seus “cães” deixariam de andar atrás de mim por causa dos tais atrasos. 
No “palacete”, encontravam-se dois “mastodontes” a guardar a entrada da porta. Fizeram cara feia quando me viram, decerto que esperavam outro inspetor que não eu. Fiz uma careta sarcástica e nem esperei que me convidassem para franquear a entrada. 
Depois de passar pelo enorme hall entrei no gigantesco salão onde se encontrava a viúva “inconsolável”; uma criadita, por sinal bastante jeitosa; um dos meus conhecidos, Marco António, apelidado de “Coxo”, já que tinha uma perna mais curta que outra, resultado de uma rixa por causa de “batatas” (anafado e baixo, mais parecia uma bola de futebol, e se não tivesse o apelido de “Coxo” ficaria bem o “Bolinhas”); o “Baixinho”, que com os seus dois metros e pouco nada tinha de baixinho; o advogado Pinto, homem de estatura média mas pesadão, conhecido por “Mãos-sujas” (este até tinha direito a dormida no palacete, mas eu desconfiava que tinha direito a algo mais); e o irmão da vítima. Deste último, Carlos, apenas se sabia que passava a vida pelas esquinas dos cafés, de madrugada a madrugada, daí a alcunha “Limpa-paredes”. 
A chorosa veio ao meu encontro e com voz entrecortada pelos soluços ia contando que a meio da noite ouviu um estrondo, seguido de um grito agudo, dirigiu-se para o escritório onde sabia que o seu marido estava, e de onde calculava ter vindo o barulho, mas a porta nem sequer se movia. «Parecia estar trancada por dentro. Como não obtive qualquer resposta do meu marido, corri a gritar por todos quantos vivem aqui. Até fui lá fora à casa dos seus assistentes, pois estes dormem no pavilhão que fica a poucos metros daqui. Apenas me lembro depois que o Doutor Pinto, o meu cunhado e o Jorge foram os primeiros a chegar. O Jorge como é alto e forte tentou arrombar a porta, mas não obteve sucesso, depois… depois não sei mais, até que me disseram que desmaiei.» 
Jorge confirmou em parte as palavras da patroa, em parte porque ainda disse que quase deslocara o ombro para rebentar com a porta. Acreditei, porque esta era de madeira boa, já quase não existiam portas assim. Pouco tempo depois, continuava o Jorge a contar: «ouvi barulho no quarto, e a porta abriu-se, o Doutor Pinto tinha partido o vidro da janela exterior, que dava para um pequeno jardim. E foi aí que demos com o corpo estendido no chão, ao lado do cofre que estava aberto. Não sei o que falta porque isso era coisa do patrão.» 
O “Coxo” fala: «Demorei-me um pouco a vestir, mas cheguei a tempo de ver o doutor Pinto abrir a porta, tentei ajudar na medida do possível e ouvi ainda o Jorge dizer para a patroa não entrar. O resto já o “senhor doutor inspetor” sabe.»
Julguei notar uma ponta de ironia nestas últimas palavras, mas …, entrei no escritório e fui deitando uma vista de olhos pelo interior, ao transpor a porta já aberta e desviando-me para o lado de dentro reparei na chave colocada na fechadura, quase junto à parede. Do lado direito, encontrava-se o corpo. Perpendicularmente havia a tal janela que dava para o pequeno jardim, da qual me aproximei e notei poucos pedaços de vidro espalhados pelo chão. Como não era nenhum C.S.I., decidi, antes de falar com o Doutor Pinto, dar uma olhadela no jardim. Chegado aqui e olhando minuciosamente reparei que existiam pegadas bem visíveis, uma mais funda que a outra, e enormes, e estas … bem, estas dirigiam-se para fora. Olhando melhor, duas ou três apenas iam em direção contrária, e estranho… muitos pedaços de vidros, e aqui e ali um ou outro pé de plantas partidos. Não podia fazer mais nada por ali, tinha de esperar pelos meus colegas, mas ainda tinha de ouvir duas possíveis testemunhas. 
Já no palacete chamei o Doutor Pinto, que disse: «ao ouvir os gritos, como tenho sono leve, levantei-me de imediato, o Jorge já estava na porta do escritório e foi aí que me lembrei de entrar pela janela. Quando corri lá para fora, e ao dar a volta para o jardim que dá acesso à janela do escritório, pareceu-me ouvir um ruído abafado de passos e quando o luar apareceu entre as ramadas das árvores na alameda que dá acesso à entrada principal notei um vulto que se escapulia vertiginosamente». 
Antes de sair, chame o senhor Carlos por favor – pedi eu, pensativo. 
Carlos, como sempre acontecia, ainda nem sequer tinha chegado casa, mas o que ele tinha para me dizer já não interessava muito … 
E os meus caros amigos o que acham? 
Tenho razão? 
Porquê?

DESAFIO AO LEITOR
Caro leitor. Desenvolva a sua teoria, sustentando-a com os factos disponíveis, e envie depois a proposta de solução, até ao próximo dia 30 de dezembro, através dos seguintes meios:
- por correio postal, para AUDIÊNCIA GP / O Desafio dos Enigmas, rua do Mourato, 70-A – 9600-224 Ribeira Seca RG – São Miguel – Açores;
- por correio eletrónico, para salvadorpereirasantos@hotmail.com.
E, já sabe, não se esqueça de identificar a solução enviada com o seu nome (ou com o pseudónimo adotado), nem de remeter juntamente a pontuação atribuída ao enigma “Crime Leaks“, de Daniel Falcão, para efeitos de classificação do concurso “Mãos à Escrita!”
 
segunda-feira, dezembro 02, 2019
  FALECEU M. CONSTANTINO

Faleceu no passado dia 30 de novembro, no Hospital de Santarém, onde estava internado, o nosso confrade Manuel Botas Constantino, para nós simplesmente M. Constantino, Zé da Vila ou Mário Campino. O seu corpo foi trasladado nesse mesmo dia para Almeirim, sua terra natal, onde as cerimónias fúnebres se realizaram ontem, dia 1 de dezembro. 
Figura maior do policiarismo português na vertente da produção de enigmas, para além de profundo estudioso e grande colecionador de literatura policial e de mistério, fantástico e ficção científica, com mais de setenta e cinco anos de dedicação ao policiário, Mestre Constantino deixou-nos aos 94 anos. As nossas mais sentidas homenagens.
 
enigmas e contos policiais

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