O DESAFIO DOS ENIGMAS - edição de 20 de dezembro de 2019
UM NOVO ANO SE AVIZINHA COM NOVAS INICIATIVAS
Às portas de um novo ano, quando então se abrirá a “caixa de correio”
para a receção dos textos dos concorrentes ao concurso de contos “Um Caso
Policial em Gaia” que já tenham os seus originais concluídos ou em fase última
de escrita, aqui ficam a solução oficial da prova nº. 6 do torneio de decifração
“Solução à Vista!” e as pontuações alcançadas pelos nossos “detetives”:
TORNEIO
“SOLUÇÃO À VISTA!”
Solução da Prova nº. 6
“Crime Leaks”, de Daniel Falcão
Na opinião de Gustavo Santos, estava-se perante um crime passional. Mais
um casal desavindo cuja relação teria terminado, com Alexandre Miguel Duarte a
assassinar Manuel José Carvalho.
Possivelmente, tudo teria começado com mais uma discussão, com ameaças
mútuas, em que o homicida ao ser ameaçado pelo companheiro com a espátula que
ele segurava na mão, poderia ter agarrado no pisa-papéis e desferido o golpe
fatal. Ou, talvez, quem sabe, com o homicida a agarrar no pisa-papéis para
ameaçar o companheiro, este tenha pegado na espátula para se defender, mas
infrutiferamente.
Seja como for, o resultado estava à vista: Manuel José Carvalho morrera
em resultado do golpe que apresentava na cabeça. Mas ainda viria a recuperar a
consciência. O tempo suficiente para, aproveitando a espátula que ainda
segurava na mão, deixar uma mensagem para os investigadores policiais, acusando
o companheiro.
O homicida, por seu lado, ao ver o companheiro inanimado no chão e
parecendo-lhe que este estava sem pulsação, apressou-se para sair, como se nada
tivesse acontecido, ao encontro dos amigos que o esperavam. Seria este o seu
álibi.
Pouco passava da meia-noite quando Alexandre Miguel Duarte regressou a
casa. Assim que entrou em casa, dirigiu-se ao escritório. Lá estava Manuel José
Carvalho, no mesmo local onde caíra horas antes. Aproximou-se e viu os rabiscos
no soalho. Parecia ser um número com três algarismos: 942. Pensou um pouco e,
inteligente como era, percebeu que se tratava de algo que o incriminava.
O que fazer? Deve ter pensado. Lembrou-se então de percorrer o arquivo de
clientes, onde encontrou o nome de dois clientes que o podiam ajudar a, pelo
menos, confundir os investigadores: Francisco João Sá e Isidro Diogo Baganha. Tudo iria depender de como seria interpretado aquele 942.
Se, por um lado, 942 fosse interpretado como o número de letras de cada
nome do homicida, as suspeitas recairiam sobre Francisco João Sá: Francisco = 9
letras, João = 4 letras e Sá = 2 letras.
Por outro, se 942 fosse interpretado como a posição no alfabeto da
primeira letra de cada nome do homicida, as suspeitas recairiam sobre Isidro
Diogo Baganha: Isidro = I na 9ª posição, Diogo = D na 4ª posição e Baganha = B
na 2ª posição.
A esperança de Alexandre Miguel Duarte era que os investigadores, perante
estas duas possibilidades, não se lembrassem das notícias que, quase
diariamente, surgiam nos meios de comunicação social: o protesto dos
professores com o slogan 942 = 9 anos, 4 meses e 2 dias; o tempo de serviço que
pretendiam recuperar.
Pois, se tal acontecesse, perceberiam que o 942 significava o número de
anos, de meses e de dias, e que as primeiras letras de cada uma destas palavras
correspondiam às primeiras letras de cada um dos seus nomes: Alexandre = A de
anos, Miguel = M de meses e Duarte = D de dias.
Pontuação/Classificação
(após a 6ª. Prova)
Eram três as interpretações possíveis dos algarismos
(942) deixados pela vítima no soalho do escritório, mas a esmagadora maioria
dos nossos “detetives” apenas indicou uma ou duas e não descortinou o autor do
homicídio. Os mais atentos, ou menos apressados na leitura, foram mais além e
resolveram com sucesso o enigma assinado por Daniel Falcão. E assim vai a
classificação geral:
1ºs. Búfalos Associados (61+13) e Detetive Jeremias (62+12): 74 pontos;
3ºs. Inspetor Moscardo (52+10) e Tempicos & Tempicas (51+11):
62 pontos;
5º. Ego (51+9): 60 pontos;
6ºs. Rigor Mortis (50+9) e Zé de Mafamude (49+10): 59 pontos;
8º. Ma(r)ta Hari (48+9): 57 pontos;
9ºs. Donanfer II (48+8) e Inspetor Mucaba (48+8): 56 pontos;
11ºs. Bernie Leceiro (46+8) e Carlota Joaquina (46+8): 54 pontos;
13ºs. Bota Abaixo (43+8), Detetive Bruno (42+9), Holmes (44+7),
Mancha Negra (44+7), Mosca (43+8), Necas (42+9) e Pena Cova (43+8): 51 pontos;
20ºs. Chico da Afurada (42+8), Detetive Vasoff (42+8), Dragão de
Santo Ovídio (41+9), Haka Crimes (42+8), Mascarilha (43+7) e Príncipe da
Madalena (42+8): 50 pontos;
26ºs. Charadista (43+6), Faina do Mar (42+7), Inspetor Guimarães
(41+8), Inspetor Madeira (42+7), Martelo (43+6) e Talismã (42+7): 49 pontos;
32ºs. Beira Rio (40+8), Inspetor Mostarda (41+7) e Tó Fadista
(41+7): 48 pontos;
35ºs. Amiga Rola (40+7), Broa de Avintes (40+7) e Vitinho (39+8):
47 pontos;
38ºs. Arc. Anjo (40+6), Santinho da Ladeira (38+8) e Solidário
(39+6): 46 pontos;
41ºs. Agata Cristas (39+6), Pequeno Simão (39+6): 45 pontos;
43ºs. Abrótea (40+0) e O Madeirense (30+10): 40 pontos;
45ºs. Moura Encantada (28+9) e Oluap Snitram (28+9): 37 pontos;
47º. Airam Semog (26+0): 26 pontos.
CONCURSO “MÃOS
À ESCRITA!”
As avaliações feitas pelos solucionistas em prova e pelo orientador da
secção ao enigma “…E Também
não é uma Cebola” de Búfalos Associados, resultaram na seguinte
pontuação média final: 8,30 pontos. Desta forma, quando ainda são apenas
conhecidas as pontuações atribuídas a cinco dos nove enigmas a concurso, a
tabela classificativa está assim ordenada:
1º. “Whisky Fatal”, de Rigor Mortis: 8,40 pontos;
2º. “…E Também não é uma Cebola”, de
Búfalos Associados: 8,30 pontos;
3º. “O Caso do Capitão Venâncio”, de A. Raposo: 8,20;
4º. “O Estranho Caso da Falsa
Mobilidade”, de Bigode: 7,60 pontos;
5º. “Abílio Vai à Bola”, de Daniel Gomes: 6,20 pontos.
O DESAFIO DOS ENIGMAS - edição de 5 de dezembro de 2019
NA QUADRA DE NATAL HÁ MAIS UM ENIGMA PARA DECIFRAR
A magia do Natal está a chegar. A família reunida em volta da mesa, o
pinheiro enfeitado, os presentes escolhidos, as estrelas a iluminar a noite
e... um enigma para decifrar. Aqui está ele:
TORNEIO
“SOLUÇÃO À VISTA!”
Prova nº. 7
“A Estranha Morte do Barão”, de
Abrótea
O Barão da Fonte Nova já era...
Bom, já há muito tempo que devia ter
partido. Não que lhe desejasse a morte, mas o homem era persistente. Andava
atrás de mim, não ele é claro, mas os seus capangas. Sempre que me encontravam
lá ia meia dúzia, ou mais, de ameaças para pagar as rendas que tinha em atraso.
Apenas ameaças, pois os fiéis lacaios sabiam bastante bem quem eu era...
Partiu numa noite escura, tal como o seu coração.
Fui acordado de madrugada. Para mim era madrugada. Ainda não eram oito
horas e se havia alguém a quem eu odiasse,
esse alguém era o inventor do “telelé”, porque este simplesmente não parava de
tocar. E quando não eram chamadas, havia sempre recurso às mensagens.
O “meu patrão” não me deixava descansar, nem
que estivesse morto, e ele bem sabia que tinha marcado no calendário a próxima
semana, quando a lua estivesse em quarto crescente para tirar férias. Bem,
serviço é serviço e conhaque é conhaque, então vamos lá mexer esses pés, dar
corda aos sapatos e olear os patins, ala que se faz tarde. Próxima paragem: o palacete
do Barão Trindade, há muitos anos radicado na Fonte Nova. De Barão apenas tinha
o apelido, porque o facínora era barão sim, mas de outra coisa. Digo era,
porque alguém lhe limpou o sebo, já não fumava nem tossia mais, e já agora
esperava que os seus “cães” deixariam de andar atrás de mim por causa dos tais
atrasos.
No “palacete”, encontravam-se dois
“mastodontes” a guardar a entrada da porta. Fizeram cara feia quando me viram,
decerto que esperavam outro inspetor que não eu. Fiz uma careta sarcástica e
nem esperei que me convidassem para franquear a entrada.
Depois de passar pelo enorme hall entrei no
gigantesco salão onde se encontrava a viúva “inconsolável”; uma criadita, por
sinal bastante jeitosa; um dos meus conhecidos, Marco António, apelidado de
“Coxo”, já que tinha uma perna mais curta que outra, resultado de uma rixa por
causa de “batatas” (anafado e baixo, mais parecia uma bola de futebol, e se não
tivesse o apelido de “Coxo” ficaria bem o “Bolinhas”); o “Baixinho”, que com os
seus dois metros e pouco nada tinha de baixinho; o advogado Pinto, homem de
estatura média mas pesadão, conhecido por “Mãos-sujas” (este até tinha direito
a dormida no palacete, mas eu desconfiava que tinha direito a algo mais); e o
irmão da vítima. Deste último, Carlos, apenas se sabia que passava a vida pelas
esquinas dos cafés, de madrugada a madrugada, daí a alcunha “Limpa-paredes”.
A chorosa veio ao meu encontro e com voz
entrecortada pelos soluços ia contando que a meio da noite ouviu um estrondo,
seguido de um grito agudo, dirigiu-se para o escritório onde sabia que o seu
marido estava, e de onde calculava ter vindo o barulho, mas a porta nem sequer
se movia. «Parecia estar trancada por dentro. Como não obtive qualquer resposta
do meu marido, corri a gritar por todos quantos vivem aqui. Até fui lá fora à
casa dos seus assistentes, pois estes dormem no pavilhão que fica a poucos
metros daqui. Apenas me lembro depois que o Doutor Pinto, o meu cunhado e o
Jorge foram os primeiros a chegar. O Jorge como é alto e forte tentou arrombar
a porta, mas não obteve sucesso, depois… depois não sei mais, até que me
disseram que desmaiei.»
Jorge confirmou em parte as palavras da patroa,
em parte porque ainda disse que quase deslocara o ombro para rebentar com a
porta. Acreditei, porque esta era de madeira boa, já quase não existiam portas
assim. Pouco tempo depois, continuava o Jorge a contar: «ouvi barulho no
quarto, e a porta abriu-se, o Doutor Pinto tinha partido o vidro da janela
exterior, que dava para um pequeno jardim. E foi aí que demos com o corpo
estendido no chão, ao lado do cofre que estava aberto. Não sei o que falta
porque isso era coisa do patrão.»
O “Coxo” fala: «Demorei-me um pouco a vestir,
mas cheguei a tempo de ver o doutor Pinto abrir a porta, tentei ajudar na
medida do possível e ouvi ainda o Jorge dizer para a patroa não entrar. O resto
já o “senhor doutor inspetor” sabe.»
Julguei notar uma ponta de ironia nestas
últimas palavras, mas …, entrei no escritório e fui deitando uma vista de olhos
pelo interior, ao transpor a porta já aberta e desviando-me para o lado de
dentro reparei na chave colocada na fechadura, quase junto à parede. Do lado
direito, encontrava-se o corpo. Perpendicularmente havia a tal janela que dava
para o pequeno jardim, da qual me aproximei e notei poucos pedaços de vidro
espalhados pelo chão. Como não era nenhum C.S.I., decidi, antes de falar com o
Doutor Pinto, dar uma olhadela no jardim. Chegado aqui e olhando minuciosamente
reparei que existiam pegadas bem visíveis, uma mais funda que a outra, e
enormes, e estas … bem, estas dirigiam-se para fora. Olhando melhor, duas ou
três apenas iam em direção contrária, e estranho… muitos pedaços de vidros, e
aqui e ali um ou outro pé de plantas partidos. Não podia fazer mais nada por
ali, tinha de esperar pelos meus colegas, mas ainda tinha de ouvir duas
possíveis testemunhas.
Já no palacete chamei o Doutor Pinto, que
disse: «ao ouvir os gritos, como tenho sono leve, levantei-me de imediato, o
Jorge já estava na porta do escritório e foi aí que me lembrei de entrar pela
janela. Quando corri lá para fora, e ao dar a volta para o jardim que dá acesso
à janela do escritório, pareceu-me ouvir um ruído abafado de passos e quando o
luar apareceu entre as ramadas das árvores na alameda que dá acesso à entrada
principal notei um vulto que se escapulia vertiginosamente».
Antes de sair, chame o senhor Carlos por favor
– pedi eu, pensativo.
Carlos, como sempre acontecia, ainda nem sequer
tinha chegado casa, mas o que ele tinha para me dizer já não interessava muito
…
E os meus caros amigos o que acham?
Tenho razão?
Porquê?
DESAFIO AO LEITOR
Caro leitor. Desenvolva a sua teoria, sustentando-a com os factos
disponíveis, e envie depois a proposta de solução, até ao próximo dia 30 de
dezembro, através dos seguintes meios:
- por correio postal, para AUDIÊNCIA GP / O Desafio
dos Enigmas, rua do Mourato, 70-A – 9600-224 Ribeira Seca RG – São Miguel –
Açores;
- por correio eletrónico, para
salvadorpereirasantos@hotmail.com.
E, já sabe, não se esqueça de identificar a solução enviada com o seu
nome (ou com o pseudónimo adotado), nem de remeter juntamente a pontuação
atribuída ao enigma “Crime Leaks“, de Daniel Falcão, para efeitos de
classificação do concurso “Mãos à Escrita!”