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quarta-feira, dezembro 30, 2020
  O DESAFIO DOS ENIGMAS

o desafio dos enigmas

Publicamos na íntegra o conto nº. 9 do concurso “Um Caso Policial em Gaia”. Os leitores que desejem participar na escolha dos melhores contos, podem enviar a pontuação (5 a 10 pontos) atribuída a “O Caso do Cangalheiro da Treta”, de Comissário Lanterna, até dia 10 de janeiro de 2021.

CONCURSO “UM CASO POLICIAL EM GAIA”       

Conto nº. 9    

“O Caso do Cangalheiro da Treta”, de Comissário Lanterna

T., lamuriador cortês e vigarista recém-chegado, pensava na melhor maneira de extorquir algum dinheiro de um comerciante rico, uma vez que conseguira fotografá-lo com a amante, ao saírem abraçados do hotel. O sol e o ar atlântico do estuário do Douro abriam-lhe o apetite. Fez-lhe bem mudar a residência para Gaia. Lembrou-se do que lhe dizia a avó: “estomago vazio é mau conselheiro”. Foi ao restaurante mais próximo e, contagiado pelo aroma no seu interior, decidiu-se a comer uma “Francesinha”, gostosa, regada com umas taças de verde.

Para um estreante no ramo da chantagem, tinha já alguns casos bem-sucedidos, cobrando uma “avença” ao pessoal apanhado a pular a cerca. Ainda não se encontrava referenciado pela polícia, pelo que tinha espaço para atuar. Chegara a altura de contrabalançar de costa direita os ásperos tempos passados na limpeza dos esgotos de Paris. Por mais francos que recebesse, não chegariam em caso algum para remunerar a impolidez do labor.

A esposa fugira com um milionário e deveria estar algures, talvez em Las Vegas, desfrutando do está-se bem, das grandes vidas “à Lagardère”.

T. não obteria uma vitória sólida sobre a dor e o sofrimento, a que fora entregue, se não transformasse o suplício no motor de busca de algo lucrativo.

A atroz solidão que confortava, de vez em quando, com uns cálices de Porto, apetrechara-o de uma determinação prática e avessa a qualquer doutrina. Não conseguia, entretanto, através da rede privada de informadores, obter o número do telemóvel desse personagem da alta sociedade, de forma que a abordagem teria de ser um tudo-nada vulgar. Uma mensagem com a foto anexada, seria bem convincente, mas, uma vez que tinha de caçar com gato, comprou revistas e jornais que chegassem para recortar as letras necessárias à colagem a fazer na carta anónima.

**************

Don R. reagiu mal quando o empregado lhe trouxe a carta sem remetente, sem selo e sem impressões digitais.

(T. tivera o cuidado de usar luvas, desde a elaboração da missiva até à sua entrega. Movimentara-se como sombra de respeito pela calada da noite, contornou os sistemas de alarme e pôs a carta na caixa do correio).

Leu o texto, uma, duas vezes. Ficou pior que estragado quando começou a perceber a abrangência da mensagem se a sua consorte viesse a saber.

No meio dos seus problemas profissionais (porque a fama de rico não era equivalente ao proveito) surge esta chantagem! A ira apareceu espicaçada pelo montante da quantia exigida.

─ Caramba! Tem de se tratar da “saúde” a este chantagista.

Moía a sua cabeça, quem se atrevia a tal proeza? Recorreu à sua rede local de “Irregulares de Baker Street”.

Os informadores identificaram o fulano. Seguiram-no e esperaram que saísse do carro. De posse da matrícula ─ fotografada com telemóvel ─, obtiveram-se os dados precisos para a falsificação.

Don R. cedeu às exigências. O local e horas de encontro escolhidas favoreciam-no, porque ele pretendia usar uma pistola com silenciador e matá-lo à queima-roupa logo que chegasse, de maneira a que o outro nem se desse conta do que estava a acontecer.

**************

T. foi o primeiro a chegar, previdente para a troca. Colocou-se no sítio combinado. Encostou-se à duna ─ na zona oposta ao mar da praia da Madalena, àquela hora sem ninguém ─ de modo que não o surpreendessem pelas costas. Trazia um revólver no coldre sob o sovaco.

Don R. parou o carro com o guarda-costas dentro. Olhou à volta e ao avistar T. acenou-lhe. Este, por instinto, pôs-se em guarda.

─ Traz o dinheiro? ─ Perguntou ao vê-lo aproximar.

─ Está no carro. E, vamos lá a ver! Como é que sei que não há mais cópias da fotografia, que não volto a estar sob esta ameaça?

─ Tem a minha palavra. A emergência que deu origem a isto não voltará a repetir-se.

Neste  instante  T.  levou distraído a  mão  ao  bolso  e  Don R.,  desconfiado  da finalidade  do  gesto,  sacou  da  pistola    apetrechada  com  o  silenciador e desfechou-lhe um tiro “sem fala”.

Tinha  uma  certidão  de  óbito  falsa,  um  cartão  do  cidadão  falso,  e  toda  a documentação necessária para requerer o subsídio de funeral... falsificada.

Pelo smart ligou aos seus gatos-pingados para avançarem com o carro funerário e o caixão.

Foi  quando  o  guarda-costas,  que  tinha  procedido  à contrafação dos documentos, se  aproximou  do  corpo, retirou  a carteira  do bolso  interior  do  casaco,  e ao verificar  a identidade, disse para o patrão:

─ O carro não é dele.


 
segunda-feira, dezembro 21, 2020
  O DESAFIO DOS ENIGMAS - edição de 20 de dezembro de 2020

                      UM NOVO CONTO, UM NOVO ANO, UMA VIDA RENOVADA

O concurso “Um Caso Policial em Gaia” prossegue hoje com um conto assinado por mais um nome em estreia na nossa secção, que tem por protagonista um cidadão residente no centro histórico de Gaia. Mas antes de proceder à sua publicação, queremos saudar os concorrentes e habituais participantes das nossas iniciativas, a equipa do jornal AUDIÊNCIA GP e todos os nossos leitores, desejando que o novo ano seja verdadeiramente novo. O ano que agora se avizinha tem de ser uma porta aberta à concretização dos nossos sonhos, à renovação das nossas vidas e ao fim de todas vicissitudes. E para que tal seja possível, ficam aqui os votos de que a pandemia do Covid-19 seja de vez dominada, com vacinas fiáveis e medicamentos eficazes de combate à doença. Só assim poderemos recuperar a normalidade dos nossos afetos e viver sem medo do maldito vírus que nos tem atormentado. Posto isto, aqui fica o décimo conto do nosso concurso:

CONCURSO “UM CASO POLICIAL EM GAIA”       

Conto nº. 10  

“Apenas Um Sonho”, de Detetive Agrafa Dor

Foi andando até ao centro histórico de Gaia, onde residia. Meteu a chave à porta e entrou para a sala de estar. Olhou com aborrecimento a desarrumação generalizada, ali, e  nas  outras  divisões. A  empregada  com  o  receio  justificado  de  ele  deixar  de  pagar  os ordenados despedira-se, quando num pico da crise, uns anos atrás, ele fora engrossar as fileiras da multidão desempregada.

Ouvira  dizer a  alguns  camaradas que  na  conjetura  atual  a  agricultura é  que estava  a dar, atraindo para  a  atividade  produtiva uma  faixa considerável  da  força  de trabalho. A  mecanização  do  trabalho  rural,    lhe  retira  parte  da  dureza  que  lhe  era intrínseca.

As lides agrícolas e a sua característica sazonal começaram a proporcionar-lhe o recebimento de alguns cobres, providenciais para assegurar a sobrevivência.

Fez entretanto formação profissional em novas atividades, ficando apto para várias   funções, tendo possibilidades de trabalhar num  leque de vastas áreas económicas.

Explorara a adversa informática, tudo  o  que antes era  difuso  e  enevoado, recortava-se agora com nitidez. Passara o “cabo” da ótica do utilizador. Outras tarefas de que apenas conhecia alguma coisa, foram devidamente estudadas.

Trabalhos  temporários,  no  setor  industrial, foram  surgindo,  ali  e  acolá  ao  sabor da lei da oferta e da procura, excelentes para adestramento e experiência, da arte laboral.

De  anúncio  em  anúncio,  de  entrevista  em  entrevista  e  corajosas  candidaturas espontâneas,  no  topo da  procura  de  emprego,  não  houve  um  momento  de  desânimo, nenhuma retirada estratégica, porfiou-se um exemplar estoicismo.

Finalmente, aparecera uma fábrica a precisar de pessoal.

Recebera o primeiro ordenado.

A realidade iria captar, lentamente, novas facetas favoráveis à concretização do sonho: viver em paz.

Dedicara-se   ao   trabalho,   dia   após   dia,   e   a   sua   prestação   era   rentável,   a coordenação  de  tarefas  entre  grupos,  eficaz  e  com  uma  dinâmica  própria  que  se  auto renovava  de  acordo  com  as  vicissitudes  do  processo  de  produção,  criava a mais-valia diária  digna  de apreço e  consideração.  Estava  a  pensar  deste  modo,  quando  resolveu abrir ao acaso o livro de bolso de temática policiária, que trazia quase sempre consigo e foi lendo:

“Os estampidos soaram do lado direito, porém o Mago da Finança, de visita ao país, fora atingido pelo flanco esquerdo. Seriam dois atiradores, um com arma normal a fazer barulho, manobra de distração, e outro de arma com silenciador, a matar? O hotel foi rapidamente cercado pela polícia, as entradas e saídas encerradas, de maneira que ninguém saísse ou entrasse. Foi seguida a trajetória das balas e a origem dos  estrondos.   Os   hóspedes   foram   conduzidos  para   uma   sala   de   reuniões. O comissário,  estava de  folga, mas  resolvera entrar  de serviço,  e tomar  as  medidas necessárias, para  identificar  o  autor  do  crime  e  o seu  cúmplice.  Certificara-se  que os hóspedes estavam  todos  presentes.  Foram  de  imediato  revistados.  Duas  senhoras sentiram-se mal e precisaram de cuidados. Os socorristas trataram-nas bem.

O  motivo  seria  alguma  obscura  tramoia  de  espionagem?  Gerou-se  a  confusão entre os presentes apanhados de surpresa e a verem o fim de semana estragado.”

Uma buzinadela de  automóvel  fê-lo  levantar  a  cabeça,  fechar  o  livro  e  sair  da frente do veículo. Não se justificava que tendo ele tempo para ler em casa, na biblioteca ou no café, o fizesse enquanto andava na rua, arriscando-se a ser atropelado.

Lembrou-se da renda, água e luz para pagar. Saciada a sede numa pausa rápida no bar, foi  ao  banco levantar dinheiro. Pela quantidade  de  clientes,  e  o anseio estampado nos rostos, via-se prontamente que era fim do mês.

Andava algo, um zum-zum pouco percetível e admoestador no ar. Ainda estava a contar  o  dinheiro,  quando  um  grupo  de assaltantes  entrou de  armas  na  mão. Caramba! (Há dias em que não se pode sair de casa).

O ambiente ficou dramático e tenso. Uma pequena distração é a morte do artista. Neste ínterim, um dos clientes recebe uma chamada, e o toque estridente de sirene, que escolhera  para  o telemóvel,  imprevisto,  desconcentrou e  baralhou os  bandoleiros. Entreolharam-se espantados e fugiram em debandada.

É  neste  momento  que  sente  uma  sacudidela  no  ombro.  E  ouve  um  dos porteiros dizer-lhe:

─ Acorde. O filme já acabou. O cinema vai fechar.

CONVITE AO LEITOR

E pronto, caro leitor. Agora o passo seguinte é seu. Para tal, repetimos o nosso convite à sua participação na escolha dos melhores contos. O processo é simples. A partir de hoje, tem trinta (30) dias para fazer a avaliação, em função da sua qualidade e originalidade, do décimo conto do nosso concurso, da autoria de Detetive Agrafador, e enviar a respetiva pontuação, numa escala de 5 a 10 pontos, para o email do orientador da secção (salvadorpereirasantos@hotmail.com).

 

 
quinta-feira, dezembro 17, 2020
  O DESAFIO DOS ENIGMAS - conto nº. 8, de Rui Mendes

 Um Caso Policial em Gaia

Publicamos na íntegra o conto nº. 8 do concurso “Um Caso Policial em Gaia”. Os leitores que desejem participar na escolha dos melhores contos, podem enviar a pontuação (5 a 10 pontos) atribuída a “O Inspetor Garrett e o Caso de Lavadores”, de Rui Mendes, até dia 1 de janeiro de 2021.

CONCURSO “UM CASO POLICIAL EM GAIA”       

Conto nº. 8

“O Inspetor Garrett e o Caso de Lavadores”, de Rui Mendes

Sempre que por motivos profissionais tinha de se deslocar ao Porto, o inspetor Garrett não deixava de fazer uma visita à praia de Lavadores e de comer no restaurante Casa Branca. Mesmo depois do desaparecimento da sua proprietária, a acolhedora Dona Adozinda, os petiscos não perderam a qualidade que, desde há muitos anos, era timbre da casa.

Primeiro, se fosse para almoçar, e caso estivesse um bonito dia de sol, era de regra um agradável passeio a pé pela praia ou, no caso de serem horas de jantar, não se podia perder o estonteante pôr de sol, que acompanhava da melhor maneira a sobremesa do repasto.

Naquele dia o sol estava radioso e Garrett não perdeu a oportunidade de cumprir o preceito, fazendo as honras a um suculento “bacalhau recheado”, uma das especialidades da casa, regado por um tinto “Valle Pradinhos” que não lhe ficava atrás em nobreza e paladar.

Durante a refeição, Garrett, sempre atento ao seu redor, não deixou de reparar na atenção que um outro cliente numa mesa próxima lhe dispensava, olhando-o por vezes como quem se prepara para meter conversa. E, de facto, quando mais uma vez a empregada referiu o seu nome, perguntando “o sr. Garrett, deseja já o café do costume?”, o outro avançou, meio hesitante, e indagou:

- “Peço muita desculpa. O senhor chama-se Garrett? É que estou há que tempos cheio de curiosidade de lhe perguntar se por acaso é descendente do famoso escritor Almeida Garrett. Se fosse, seria para mim uma grande honra conhecê-lo, sabe?”

- “Não, meu amigo, e não lhe levo nada a mal a pergunta, não é a primeira vez que acontece. Mas de facto não sou da família do escritor. E, já agora, deixe-me dizer-lhe que o meu apelido proveio da Irlanda, ao passo que Almeida Garrett, que nasceu com o nome prosaico de João Leitão da Silva, só aos 19 anos, estudante de direito em Coimbra, é que resolveu adotar os três apelidos, Baptista, apelido do padrinho, Almeida, segundo apelido da mãe, e Garrett que era o apelido da avó paterna, senhora francesa que viera para Portugal acompanhante de uma princesa. E muita gente não sabe que Garrett, embora tenha nascido no Porto, passou toda a infância aqui em Gaia.”

- “Bom, lamento, e muito obrigado por esta verdadeira lição. Mas então o seu apelido não é francês? É irlandês? Como assim?”

O inspetor, que foi sempre um bom conversador, estava particularmente bem disposto nesse dia e resolveu convidar o interlocutor a tomar café na sua mesa, para continuarem a conversa.

- “O meu trisavô Leopoldo Bernardo de Mello Garrett era filho de um imigrante irlandês de nome Michael Garrett, que veio para Portugal em 1858, aquando da tremenda fome que assolou a Irlanda em meados do século XIX por causa da doença da batata que matou mais de 700 mil irlandeses e obrigou 800 mil a emigrarem, a maioria dos quais para a América. Mas o motivo da fuga foi mais exatamente o facto de ele ter aderido à organização clandestina “Fenianos” que combatia a ocupação inglesa acusando-a de reduzir a Irlanda a um estado de penúria extrema.”

- “Fenianos”? Mas esse não é o nome de uma coletividade muito popular que há no Porto?”

- “Pois é. Mas curiosamente não tem nada a ver com a Irlanda. Foi só o nome adotado aqui por uma sociedade recreativa fundada em 1904 com o objetivo de tornar o carnaval portuense mais divertido, à semelhança do carnaval brasileiro que, nos primeiros anos do século vinte, era dominado por uma escola de samba chamada “Fenianos” talvez porque o nome estivesse ligado na Irlanda a uma ideia de gente guerreira. E é muito curioso que esse meu tetravô Garrett, “feniano” irlandês, que era engenheiro de caminhos de ferro, se tenha fixado aqui no norte e tenha tido um papel importante na construção da linha de comboio Porto-Póvoa de Varzim que veio a ser inaugurada em 1875.”

- “Então quer dizer que a sua família viveu sempre aqui no norte?”

- “Não, o meu trisavô foi viver para Lisboa e a família por lá ficou. Mas eu tenho corrido o país todo, até porque a minha profissão na Judiciária a isso obriga. Hoje sou inspetor, agora já é tarde para mudar, mas confesso-lhe que não há “métier” mais ingrato. Não nos podemos enganar mas, às vezes enganamo-nos. Somos como os árbitros de futebol.”

- “Oh, meu Deus! Então estou na frente de um inspetor da P.J.? Ninguém diria. E, desculpe a pergunta, inspetor Garrett, mas enganam-se muitas vezes?”

- “Não, mas quando acontece é em cheio. Quantas vezes só passados uns anos é que percebemos os erros que cometemos. Por vezes ainda dá para emendar e reabrir o processo, mas noutras já é tarde demais. Olhe meu amigo, vou contar-lhe uma história que nunca contei a ninguém. Foi um dos maiores falhanços da minha carreira. Um erro de palmatória.”

- “Veja lá... Se não quiser, não conte...”

- “Não, não. Eu hoje estou de maré. E já lá vão mais de dois anos. Alguma vez ouviu falar de uma mulher que apareceu morta aqui na praia de Lavadores, no ano de 2017? Não, pois não? A coisa ficou sempre fora das trombetas da imprensa, a família da vítima exerceu influências nesse sentido. Nem o Correio da Manhã conseguiu farejar o sucedido. Eu nessa altura estava em comissão de serviço no Porto e fui encarregado do caso. Mas deixe-me contar a história desde o princípio, olhe, como se fosse um problema policial. Gosta de problemas policiais? Devia gostar. Fazem bem à cabeça da gente. E para mim é o dia a dia.”

- “Inspetor, posso oferecer-lhe um digestivo? Convido eu.”

- “Não, amigo, obrigado. Deixe-me ficar com o paladar do vinho tinto que era ótimo. Mas vamos à história:

 O casal residia aqui no Canidelo. Ele chamava-se Leandro Lopes e ela Leonor. Durante anos pareciam ser um casal feliz, mas às tantas as coisas parece terem mudado, pois eram frequentes as discussões em público. Sabia-se que ela tinha recebido uma importante fortuna herdada de um tio emigrante no Texas que morrera sem ter outros herdeiros. E também constava que os problemas viriam daí, pois ele, modesto empregado bancário no Porto, teria planos sobre o destino a dar à fortuna da mulher com os quais ela nunca estava de acordo. Entretanto terão surgido questões relacionadas com outras saias que se meteram pelo meio e a Leonor começou a pensar em divórcio. O que tinha chegava bem para viver sozinha e feliz. Só que para o Leandro isso seria um desastre, razão pela qual recusava sempre.

As coisas complicaram-se nos finais de 2016 quando ele foi transferido para uma agência do Banco em Aveiro, ao que se supõe a seu pedido para estar mais perto da amante que também tinha sido mudada para aquela agência. A Leonor ia reforçando as propostas de divórcio e o marido recusava veementemente uma coisa que parecia inevitável. O Leandro até suspeitaria já de que ela procurava provas do adultério do marido para justificar um divórcio litigioso.

Corria o dia 12 de Maio de 2017, era uma sexta-feira e o sol brilhava mas o mar estava bravo, o que não é invulgar aqui na belíssima praia de Lavadores. Perto da hora do almoço foi encontrada uma mulher completamente nua, caída sobre as rochas um pouco afastadas da zona central da praia, esvaída em sangue e com uma grande ferida na cabeça. As roupas foram encontradas por ali perto, espalhadas talvez pelo mar, e nas imediações não foram encontradas quaisquer pegadas, pois a maré teria já alisado a areia em redor das rochas. A autópsia revelou um forte traumatismo craniano como causa provável da morte, a qual teria ocorrido por volta das dez horas da manhã. E o corpo, sem margem para dúvidas, foi identificado como sendo o da Leonor Lopes.

Tudo apontava para um acidente provocado pela imprevidência de uma mulher que teria ido praticar nudismo para as rochas e, por infelicidade, teria provavelmente escorregado nas pedras molhadas e caído desamparada. Mas as autoridades locais que tomaram conta do caso, talvez por suspeitarem de desavenças conjugais, resolveram entregar o caso à Judiciária.

E foi assim que eu, que nunca perdia uma oportunidade de vir até aqui e comer o belo bacalhau da Dona Adozinda, aceitei radiante tomar conta da investigação. A falecida tinha família afastada lá para Lisboa, e foi ela que conseguiu abafar a divulgação da história de uma senhora casada ser apontada por fazer nudismo numa praia pública, o que seria um escândalo para o bom nome da família. Claro que consegui confirmar que nenhum familiar de Lisboa estaria no norte do país naquele dia e àquela hora. Quanto ao viúvo, o Leandro, residente na altura em Aveiro, assegurei-me de que estava nessa cidade à hora do acidente, o que foi confirmado pelo testemunho de dois colegas de trabalho. Afirmaram ter estado os três a trabalhar no Banco, como de costume. O Leandro foi portanto ilibado de toda a suspeita. Nada mais foi encontrado de relevante nas buscas efetuadas na casa da senhora e não havia outros suspeitos. Relatório acabado, testemunhos escritos e assinados, o caso foi presente ao juiz, o qual veio a confirmar a hipótese de um fatal e infeliz acidente de praia. E o assunto ficou arrumado.”

- “Mas então, inspetor, qual foi o problema?”

- “Eu lhe digo. E lanço-lhe desde já o ‘desafio ao leitor’ dos romances policiais do Ellery Queen: Qual terá sido o erro que a investigação cometeu e que resultou num terrível engano?”

- “Não faço ideia, inspetor.”

- “Elementar, meu caro amigo. Decorrido cerca de um ano apareceu na Judiciária uma participação com um pedido de reabertura do processo. Vinha do advogado do marido de uma das duas testemunhas que atestaram a presença do bancário em Aveiro naquela manhã. O homem, que fora casado com a colega e suposta amante do Leandro, assegurava que esse testemunho era falso. E porquê? Muito simplesmente porque o dia 12 de Maio de 2017 foi, como todos os anos, o feriado municipal de Aveiro e a agência do Banco estava naturalmente fechada. Portanto nenhum dos três podia ter estado a trabalhar nesse dia, tendo portanto mentido descaradamente. Nós nunca vivemos em Aveiro e confesso que não nos passou pela cabeça a marosca. Mas sobretudo o que houve foi falta de investigação. Claro que isto não era o suficiente para acusar o Leandro do crime, mas era o bastante para reabrir o processo. Pelo menos seriam os três acusados de falsas declarações à justiça, o que é um crime gravíssimo. Homicídio ou não, depois se veria.”

- “E foi reaberto, inspetor?”

- “Foi. Mas não deu em nada. Quando a polícia foi à procura deles descobriu que, um mês antes, tinham os três fugido para a Indonésia, que é um dos países que não tem acordo de extradição com Portugal. Claro que antes, e assim que saiu a sentença do tribunal, o Leandro apressou-se a recolher a sua parte da fortuna da mulher, pois eram casados com comunhão de bens e não apareceram outros herdeiros. Na bagagem devem ter levado uma boa maquia em dólares vindos do tio ‘Texano’. E também se apurou que tinham partido todos no mesmo voo, o que deixa muitas suspeitas sobre a participação dos três no crime, que até pode ter sido premeditado e executado em conjunto. Era arriscado, lá isso era, mas até podia correr bem. E, para eles, correu...

Foi um dos piores momentos da minha vida, mas garanto-lhe que me ficou de emenda. Nunca mais deixei de comprar o Borda d'Água, para consultar os feriados municipais. Não falha.”

- “Espantosa história, inspetor. Muito obrigado.”

- “Bom, estamos para aqui há que tempos a conversar e eu nem sequer sei o seu nome.”

- “Oh diabo! Não sei se lho diga.”

- “Porquê?”

- “O meu nome é... Leandro. Mas garanto-lhe que nunca fui empregado bancário! Juro!...”

 

 

 
sábado, dezembro 12, 2020
  O DESAFIO DOS ENIGMAS - edição de 10 de dezembro de 2020

                  UM APRENDIZ DE CHANTAGISTA EM VILA NOVA DE GAIA

Um homem estreante na “arte” de chantagear gente folgada de dinheiro aportou em Gaia já com a sua vítima em “carteira”. Havia dado antes alguns golpes semelhantes e não se tinha saído mal, pelo que investia mais uma vez naquele tipo de “negócio”. É este, em suma, o ponto de partida para mais um original participante no nosso concurso de contos policiais, assinado por um concorrente que se estreia nas iniciativas da nossa secção. Isto, claro, se o seu pseudónimo não “esconder” o nome de um qualquer dos nossos participantes habituais... Vejamos o estado da arte:

CONCURSO “UM CASO POLICIAL EM GAIA”       

Conto nº. 9    

“O Caso do Cangalheiro da Treta”, de Comissário Lanterna

T., lamuriador cortês e vigarista recém-chegado, pensava na melhor maneira de extorquir algum dinheiro de um comerciante rico, uma vez que conseguira fotografá-lo com a amante, ao saírem abraçados do hotel. O sol e o ar atlântico do estuário do Douro abriam-lhe o apetite. Fez-lhe bem mudar a residência para Gaia. Lembrou-se do que lhe dizia a avó: “estomago vazio é mau conselheiro”. Foi ao restaurante mais próximo e, contagiado pelo aroma no seu interior, decidiu-se a comer uma “Francesinha”, gostosa, regada com umas taças de verde.

Para um estreante no ramo da chantagem, tinha já alguns casos bem-sucedidos, cobrando uma “avença” ao pessoal apanhado a pular a cerca. Ainda não se encontrava referenciado pela polícia, pelo que tinha espaço para atuar. Chegara a altura de contrabalançar de costa direita os ásperos tempos passados na limpeza dos esgotos de Paris. Por mais francos que recebesse, não chegariam em caso algum para remunerar a impolidez do labor.

A esposa fugira com um milionário e deveria estar algures, talvez em Las Vegas, desfrutando do está-se bem, das grandes vidas “à Lagardère”.

T. não obteria uma vitória sólida sobre a dor e o sofrimento, a que fora entregue, se não transformasse o suplício no motor de busca de algo lucrativo.

A atroz solidão que confortava, de vez em quando, com uns cálices de Porto, apetrechara-o de uma determinação prática e avessa a qualquer doutrina. Não conseguia, entretanto, através da rede privada de informadores, obter o número do telemóvel desse personagem da alta sociedade, de forma que a abordagem teria de ser um tudo-nada vulgar. Uma mensagem com a foto anexada, seria bem convincente, mas, uma vez que tinha de caçar com gato, comprou revistas e jornais que chegassem para recortar as letras necessárias à colagem a fazer na carta anónima.

**************

Don R. reagiu mal quando o empregado lhe trouxe a carta sem remetente, sem selo e sem impressões digitais.

(T. tivera o cuidado de usar luvas, desde a elaboração da missiva até à sua entrega. Movimentara-se como sombra de respeito pela calada da noite, contornou os sistemas de alarme e pôs a carta na caixa do correio).

Leu o texto, uma, duas vezes. Ficou pior que estragado quando começou a perceber a abrangência da mensagem se a sua consorte viesse a saber.

No meio dos seus problemas profissionais (porque a fama de rico não era equivalente ao proveito) surge esta chantagem! A ira apareceu espicaçada pelo montante da quantia exigida.

─ Caramba! Tem de se tratar da “saúde” a este chantagista.

Moía a sua cabeça, quem se atrevia a tal proeza? Recorreu à sua rede local de “Irregulares de Baker Street”.

Os informadores identificaram o fulano. Seguiram-no e esperaram que saísse do carro. De posse da matrícula ─ fotografada com telemóvel ─, obtiveram-se os dados precisos para a falsificação.

Don R. cedeu às exigências. O local e horas de encontro escolhidas favoreciam-no, porque ele pretendia usar uma pistola com silenciador e matá-lo à queima-roupa logo que chegasse, de maneira a que o outro nem se desse conta do que estava a acontecer.

**************

T. foi o primeiro a chegar, previdente para a troca. Colocou-se no sítio combinado. Encostou-se à duna ─ na zona oposta ao mar da praia da Madalena, àquela hora sem ninguém ─ de modo que não o surpreendessem pelas costas. Trazia um revólver no coldre sob o sovaco.

Don R. parou o carro com o guarda-costas dentro. Olhou à volta e ao avistar T. acenou-lhe. Este, por instinto, pôs-se em guarda.

─ Traz o dinheiro? ─ Perguntou ao vê-lo aproximar.

─ Está no carro. E, vamos lá a ver! Como é que sei que não há mais cópias da fotografia, que não volto a estar sob esta ameaça?

─ Tem a minha palavra. A emergência que deu origem a isto não voltará a repetir-se.

Neste  instante  T.  levou distraído a  mão  ao  bolso  e  Don R.,  desconfiado  da finalidade  do  gesto,  sacou  da  pistola  já  apetrechada  com  o  silenciador e desfechou-lhe um tiro “sem fala”.

Tinha  uma  certidão  de  óbito  falsa,  um  cartão  do  cidadão  falso,  e  toda  a documentação necessária para requerer o subsídio de funeral... falsificada.

Pelo smart ligou aos seus gatos-pingados para avançarem com o carro funerário e o caixão.

Foi  quando  o  guarda-costas,  que  tinha  procedido  à contrafação dos documentos, se  aproximou  do  corpo, retirou  a carteira  do bolso  interior  do  casaco,  e ao verificar  a identidade, disse para o patrão:

─ O carro não é dele.

CONVITE AO LEITOR

E pronto, caro leitor. Agora o passo seguinte é seu. Para tal, repetimos o nosso convite à sua participação na escolha dos melhores contos. O processo é simples. A partir de hoje, tem trinta (30) dias para fazer a avaliação, em função da sua qualidade e originalidade, do nono conto do nosso concurso, da autoria de Comissário Lanterna, e enviar a respetiva pontuação, numa escala de 5 a 10 pontos, para o email do orientador da secção (salvadorpereirasantos@hotmail.com). 

 
terça-feira, dezembro 01, 2020
  O DESAFIO DOS ENIGMAS - edição de 1 de dezembro de 2020

A IMPORTÂNCIA DE SE CHAMAR... LEANDRO

A rematar um agradável repasto no restaurante Casa Branca, o inspetor Garrett decidiu contar ao seu amigo de ocasião o caso do aparecimento do cadáver de uma mulher em Lavadores.

CONCURSO “UM CASO POLICIAL EM GAIA”       

Conto nº. 8

“O Inspetor Garrett e o Caso de Lavadores”, de Rui Mendes

II – Parte (conclusão)

“O casal residia aqui no Canidelo. Ele chamava-se Leandro Lopes e ela Leonor. Durante anos pareciam ser um casal feliz, mas às tantas as coisas parece terem mudado, pois eram frequentes as discussões em público. Sabia-se que ela tinha recebido uma importante fortuna herdada de um tio emigrante no Texas que morrera sem ter outros herdeiros. E também constava que os problemas viriam daí, pois ele, modesto empregado bancário no Porto, teria planos sobre o destino a dar à fortuna da mulher com os quais ela nunca estava de acordo. Entretanto terão surgido questões relacionadas com outras saias que se meteram pelo meio e a Leonor começou a pensar em divórcio. O que tinha chegava bem para viver sozinha e feliz. Só que para o Leandro isso seria um desastre, razão pela qual recusava sempre.

As coisas complicaram-se nos finais de 2016 quando ele foi transferido para uma agência do Banco em Aveiro, ao que se supõe a seu pedido para estar mais perto da amante que também tinha sido mudada para aquela agência. A Leonor ia reforçando as propostas de divórcio e o marido recusava veementemente uma coisa que parecia inevitável. O Leandro até suspeitaria já de que ela procurava provas do adultério do marido para justificar um divórcio litigioso.

Corria o dia 12 de Maio de 2017, era uma sexta-feira e o sol brilhava mas o mar estava bravo, o que não é invulgar aqui na belíssima praia de Lavadores. Perto da hora do almoço foi encontrada uma mulher completamente nua, caída sobre as rochas um pouco afastadas da zona central da praia, esvaída em sangue e com uma grande ferida na cabeça. As roupas foram encontradas por ali perto, espalhadas talvez pelo mar, e nas imediações não foram encontradas quaisquer pegadas, pois a maré teria já alisado a areia em redor das rochas. A autópsia revelou um forte traumatismo craniano como causa provável da morte, a qual teria ocorrido por volta das dez horas da manhã. E o corpo, sem margem para dúvidas, foi identificado como sendo o da Leonor Lopes.

Tudo apontava para um acidente provocado pela imprevidência de uma mulher que teria ido praticar nudismo para as rochas e, por infelicidade, teria provavelmente escorregado nas pedras molhadas e caído desamparada. Mas as autoridades locais que tomaram conta do caso, talvez por suspeitarem de desavenças conjugais, resolveram entregar o caso à Judiciária.

E foi assim que eu, que nunca perdia uma oportunidade de vir até aqui e comer o belo bacalhau da Dona Adozinda, aceitei radiante tomar conta da investigação. A falecida tinha família afastada lá para Lisboa, e foi ela que conseguiu abafar a divulgação da história de uma senhora casada ser apontada por fazer nudismo numa praia pública, o que seria um escândalo para o bom nome da família. Claro que consegui confirmar que nenhum familiar de Lisboa estaria no norte do país naquele dia e àquela hora. Quanto ao viúvo, o Leandro, residente na altura em Aveiro, assegurei-me de que estava nessa cidade à hora do acidente, o que foi confirmado pelo testemunho de dois colegas de trabalho. Afirmaram ter estado os três a trabalhar no Banco, como de costume. O Leandro foi portanto ilibado de toda a suspeita. Nada mais foi encontrado de relevante nas buscas efetuadas na casa da senhora e não havia outros suspeitos. Relatório acabado, testemunhos escritos e assinados, o caso foi presente ao juiz, o qual veio a confirmar a hipótese de um fatal e infeliz acidente de praia. E o assunto ficou arrumado.”

- “Mas então, inspetor, qual foi o problema?”

- “Eu lhe digo. E lanço-lhe desde já o ‘desafio ao leitor’ dos romances policiais do Ellery Queen: Qual terá sido o erro que a investigação cometeu e que resultou num terrível engano?”

- “Não faço ideia, inspetor.”

- “Elementar, meu caro amigo. Decorrido cerca de um ano apareceu na Judiciária uma participação com um pedido de reabertura do processo. Vinha do advogado do marido de uma das duas testemunhas que atestaram a presença do bancário em Aveiro naquela manhã. O homem, que fora casado com a colega e suposta amante do Leandro, assegurava que esse testemunho era falso. E porquê? Muito simplesmente porque o dia 12 de Maio de 2017 foi, como todos os anos, o feriado municipal de Aveiro e a agência do Banco estava naturalmente fechada. Portanto nenhum dos três podia ter estado a trabalhar nesse dia, tendo portanto mentido descaradamente. Nós nunca vivemos em Aveiro e confesso que não nos passou pela cabeça a marosca. Mas sobretudo o que houve foi falta de investigação. Claro que isto não era o suficiente para acusar o Leandro do crime, mas era o bastante para reabrir o processo. Pelo menos seriam os três acusados de falsas declarações à justiça, o que é um crime gravíssimo. Homicídio ou não, depois se veria.”

- “E foi reaberto, inspetor?”

- “Foi. Mas não deu em nada. Quando a polícia foi à procura deles descobriu que, um mês antes, tinham os três fugido para a Indonésia, que é um dos países que não tem acordo de extradição com Portugal. Claro que antes, e assim que saiu a sentença do tribunal, o Leandro apressou-se a recolher a sua parte da fortuna da mulher, pois eram casados com comunhão de bens e não apareceram outros herdeiros. Na bagagem devem ter levado uma boa maquia em dólares vindos do tio ‘Texano’. E também se apurou que tinham partido todos no mesmo voo, o que deixa muitas suspeitas sobre a participação dos três no crime, que até pode ter sido premeditado e executado em conjunto. Era arriscado, lá isso era, mas até podia correr bem. E, para eles, correu...

Foi um dos piores momentos da minha vida, mas garanto-lhe que me ficou de emenda. Nunca mais deixei de comprar o Borda d'Água, para consultar os feriados municipais. Não falha.”

- “Espantosa história, inspetor. Muito obrigado.”

- “Bom, estamos para aqui há que tempos a conversar e eu nem sequer sei o seu nome.”

- “Oh diabo! Não sei se lho diga.”

- “Porquê?”

- “O meu nome é... Leandro. Mas garanto-lhe que nunca fui empregado bancário! Juro!...”

CONVITE AO LEITOR

E pronto, caro leitor. Agora o passo seguinte é seu. Para tal, repetimos o nosso convite à sua participação na escolha dos melhores contos. O processo é simples. A partir de hoje, tem trinta (30) dias para fazer a avaliação, em função da sua qualidade e a originalidade, do oitavo conto do nosso concurso, da autoria de Rui Mendes, e enviar a respetiva pontuação, numa escala de 5 a 10 pontos, para o email do orientador da secção (salvadorpereirasantos@hotmail.com).

 

 
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