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quarta-feira, janeiro 20, 2021
  O DESAFIO DOS ENIGMAS - edição de 20 de janeiro de 2021

                CONCLUSÃO DE MAIS UM CONTO E NOVA TABELA CLASSIFICATIVA

Juntamente com a publicação da conclusão do conto “A Ilha do Frade”, de Bernie Leceiro, desvendamos a classificação geral atualizada do concurso “Um Caso Policial em Gaia”, resultante da pontuação atribuída pelos nossos “leitores-jurados” aos sexto, sétimo, oitavo e nono contos.

 

CONCURSO “UM CASO POLICIAL EM GAIA”       

Conto nº. 11  

“A Ilha do Frade”, de Bernie Leceiro

II – Parte (conclusão)

Vitorino Magalhães seria nessa noite convidado do engenheiro Passos de Ferreira para assistir ao majestoso fogo de artificio, numa festa privada, a bordo da sua embarcação de recreio Calígula, e para a qual foram convidadas duas vistosas mulatas das terras de Vera Cruz, para ajudar na concretização do negócio. Há hora combinada lá embarcou no Calígula, no cais do ferry. Já o barco tinha zarpado do cais quando se apercebeu que ao leme da embarcação seguia o Chico Zarolho, o maior traficante de droga da região a quem Vitorino tinha um divida de algumas centenas de euros. Vitorino enregelou de horror perante a sua visão, mas era tarde para saltar borda fora e pedir socorro era inglório perante a tamanha algazarra na margem. Chico Zarolho demonstrava a sua pouca destreza com o leme, embatendo várias vezes no casco do Flor de Gás que cheio de turistas se preparava para cruzar as águas do Douro pela última vez antes do início do fogo, ignorando os gritos e insultos do cobrador de bilhetes. A viagem foi curta subindo o rio, para um local mais afastado das outras embarcações que se juntavam para uma visão privilegiada do espetáculo pirotécnico.

No interior da embarcação as duas acompanhantes já se tinham apagado ainda antes do início do fogo, o espumante aliado a outras substancias pouco legais foram o suficiente para deixar as pobres raparigas knock-out. Vitorino estava cada vez mais nervoso, o álcool não o acalmava, o embalar do barco também não ajudava. Tinha sido enganado e raptado. Estava agora num barco no meio do rio Douro, as margens cheias de foliões, sozinho com o maior traficante de droga da região que tinha saído da prisão duas semanas antes e estava disposto a tudo para cobrar dividas antigas. Pena nunca ter aprendido a nadar, agora daria jeito. O que se previa uma noite de sonho e prazer transformava-se num pesadelo, tendo embarcado com o seu carcereiro ao leme.

Tudo se tinha concretizado no dia anterior, o engenheiro Passos de Ferreira enviara um seu assessor comprar alguma erva para animar a festa privada que preparara para a noite de S. Pedro e na qual pretendia fazer o grande negócio. Ouvindo falar de negócios, a troco de umas doses extra, conseguir soltar a língua do assessor que lhe comunicou em pormenor o plano do seu patrão. Foi fácil para Chico Zarolho convencer a sua enteada Nelinha, filha da sua companheira Gina, que trabalhava na tasquinha da Ti Albina, a colocar laxante na salada de pimento do engenheiro Passos de Ferreira onde fora comer umas sardinhas, roubar-lhe a carteira com o cartão de acesso à marina e a chave da embarcação. À hora de saída enquanto o engenheiro desesperava no exíguo sanitário do restaurante, Chico Zarolho largou da marina da Afurada, a bordo do Caligula, embarcação de Passos de Ferreira, acompanhado de duas belas brasileiras com pele cor de canela rumo ao cais do ferry o ponto de encontro.

Ninguém se apercebeu no meio da multidão das duas margens que das mil e noventa duas rebentações pirotécnicas prometidas pelo edil da Afurada, houve um estrondo extra que vitimou Vitorino Magalhães. Paz à sua alma, foi despido e atirado às águas do Douro iluminadas pelas últimas girandolas do foguetório.

Na manhã seguinte, Claudino Marrazes acordou cedo e radiante, pelo enorme triunfo da noite anterior, a qual tinha a certeza iria ser lembrada, tal como o golo de Kelvin por muitos e bons anos. Estava no café Central a tomar o seu tradicional pequeno almoço de cimbalino com uma torrada de bijou, quando o seu sorriso de desvaneceu, Silva o seu secretário na junta de freguesia entrou esbaforido no café e segredou ao seu ouvido:

- Senhor presidente, lamento ter de lhe dizer isto, mas está um corpo a boiar no rio.

CONVITE AO LEITOR

E pronto, caro leitor. Agora o passo seguinte é seu. Para tal, repetimos o nosso convite à sua participação na escolha dos melhores contos. O processo é simples. A partir de hoje, tem trinta (30) dias para fazer a avaliação, em função da sua qualidade e originalidade, do décimo-primeiro conto do nosso concurso, da autoria de Bernie Leceiro, e enviar a respetiva pontuação, numa escala de 5 a 10 pontos, para o email do orientador da secção (salvadorpereirasantos@hotmail.com).

RUI MENDES ASSUME LIDERANÇA

A classificação do concurso “Um Caso Policial em Gaia” conhece um novo líder, quando está fechado o processo de avaliação dos nove primeiros contos. Com a atribuição de uma média de 8,63 pontos, Rui Mendes destronou da liderança Inspetor Boavida, que ocupa agora a segunda posição. No pódio mantém-se também Ma(r)ta Hari, que viu mais uma vez esse lugar ameaçado.

Classificação dos primeiros 9 contos

1º. “O Inspetor Garrett e o Caso de Lavadores”, de Rui Mendes: 8,63 pontos;

2º. “O Manto Negro da Vida ou As Cinco Cores da Sorte”, de Insp. Boavida: 8,62 pontos;

3º. “Necas e Lecas”, de Ma(r)ta Hari: 8,44 pontos;

4º. ” O Meu Velho Tio Ambrósio”, de Inspetor Mokada: 8,43 pontos;

5º. “Reconciliação Fatal”, de Rigor Mortis: 8,41 pontos;

6º. “O Caso do Cangalheiro da Treta”, de Comissário Lanterna: 8,35 pontos;

7º. “Uma História Inverosímil”, de Detetive Mel: 8,33 pontos;

8º. “Os Giraços de Mafamude”, de Madame Eclética: 8,32 pontos;

9º. “Vingança Frustrada”, de Inspetor Moscardo: 8,23 pontos.

 
quarta-feira, janeiro 13, 2021
  O DESAFIO DOS ENIGMAS

o desafio dos enigmas

Publicamos na íntegra o conto nº. 10 do concurso “Um Caso Policial em Gaia”. Os leitores que desejem participar na escolha dos melhores contos, podem enviar a pontuação (5 a 10 pontos) atribuída a “Apenas Um Sonho”, de Detetive Agrafa Dor, até dia 20 de janeiro de 2021.

CONCURSO “UM CASO POLICIAL EM GAIA”                   

Conto nº. 10  

“Apenas Um Sonho”, de Detetive Agrafa Dor

Foi andando até ao centro histórico de Gaia, onde residia. Meteu a chave à porta e entrou para a sala de estar. Olhou com aborrecimento a desarrumação generalizada, ali, e  nas  outras  divisões. A  empregada  com  o  receio  justificado  de  ele  deixar  de  pagar  os ordenados despedira-se, quando num pico da crise, uns anos atrás, ele fora engrossar as fileiras da multidão desempregada.

Ouvira  dizer a  alguns  camaradas que  na  conjetura  atual  a  agricultura é  que estava  a dar, atraindo para  a  atividade  produtiva uma  faixa considerável  da  força  de trabalho. A  mecanização  do  trabalho  rural,    lhe  retira  parte  da  dureza  que  lhe  era intrínseca.

As lides agrícolas e a sua característica sazonal começaram a proporcionar-lhe o recebimento de alguns cobres, providenciais para assegurar a sobrevivência.

Fez entretanto formação profissional em novas atividades, ficando apto para várias   funções, tendo possibilidades de trabalhar num  leque de vastas áreas económicas.

Explorara a adversa informática, tudo  o  que antes era  difuso  e  enevoado, recortava-se agora com nitidez. Passara o “cabo” da ótica do utilizador. Outras tarefas de que apenas conhecia alguma coisa, foram devidamente estudadas.

Trabalhos  temporários,  no  setor  industrial, foram  surgindo,  ali  e  acolá  ao  sabor da lei da oferta e da procura, excelentes para adestramento e experiência, da arte laboral.

De  anúncio  em  anúncio,  de  entrevista  em  entrevista  e  corajosas  candidaturas espontâneas,  no  topo da  procura  de  emprego,  não  houve  um  momento  de  desânimo, nenhuma retirada estratégica, porfiou-se um exemplar estoicismo.

Finalmente, aparecera uma fábrica a precisar de pessoal.

Recebera o primeiro ordenado.

A realidade iria captar, lentamente, novas facetas favoráveis à concretização do sonho: viver em paz.

Dedicara-se   ao   trabalho,   dia   após   dia,   e   a   sua   prestação   era   rentável,   a coordenação  de  tarefas  entre  grupos,  eficaz  e  com  uma  dinâmica  própria  que  se  auto renovava  de  acordo  com  as  vicissitudes  do  processo  de  produção,  criava a mais-valia diária  digna  de apreço e  consideração.  Estava  a  pensar  deste  modo,  quando  resolveu abrir ao acaso o livro de bolso de temática policiária, que trazia quase sempre consigo e foi lendo:

“Os estampidos soaram do lado direito, porém o Mago da Finança, de visita ao país, fora atingido pelo flanco esquerdo. Seriam dois atiradores, um com arma normal a fazer barulho, manobra de distração, e outro de arma com silenciador, a matar? O hotel foi rapidamente cercado pela polícia, as entradas e saídas encerradas, de maneira que ninguém saísse ou entrasse. Foi seguida a trajetória das balas e a origem dos  estrondos.   Os   hóspedes   foram   conduzidos  para   uma   sala   de   reuniões. O comissário,  estava de  folga, mas  resolvera entrar  de serviço,  e tomar  as  medidas necessárias, para  identificar  o  autor  do  crime  e  o seu  cúmplice.  Certificara-se  que os hóspedes estavam  todos  presentes.  Foram  de  imediato  revistados.  Duas  senhoras sentiram-se mal e precisaram de cuidados. Os socorristas trataram-nas bem.

O  motivo  seria  alguma  obscura  tramoia  de  espionagem?  Gerou-se  a  confusão entre os presentes apanhados de surpresa e a verem o fim de semana estragado.”

Uma buzinadela de  automóvel  fê-lo  levantar  a  cabeça,  fechar  o  livro  e  sair  da frente do veículo. Não se justificava que tendo ele tempo para ler em casa, na biblioteca ou no café, o fizesse enquanto andava na rua, arriscando-se a ser atropelado.

Lembrou-se da renda, água e luz para pagar. Saciada a sede numa pausa rápida no bar, foi  ao  banco levantar dinheiro. Pela quantidade  de  clientes,  e  o anseio estampado nos rostos, via-se prontamente que era fim do mês.

Andava algo, um zum-zum pouco percetível e admoestador no ar. Ainda estava a contar  o  dinheiro,  quando  um  grupo  de assaltantes  entrou de  armas  na  mão. Caramba! (Há dias em que não se pode sair de casa).

O ambiente ficou dramático e tenso. Uma pequena distração é a morte do artista. Neste ínterim, um dos clientes recebe uma chamada, e o toque estridente de sirene, que escolhera  para  o telemóvel,  imprevisto,  desconcentrou e  baralhou os  bandoleiros. Entreolharam-se espantados e fugiram em debandada.

É  neste  momento  que  sente  uma  sacudidela  no  ombro.  E  ouve  um  dos porteiros dizer-lhe:

─ Acorde. O filme já acabou. O cinema vai fechar.

 

 
quarta-feira, janeiro 06, 2021
  O DESAFIO DOS ENIGMAS - edição de 1 de janeiro de 2021


     UM CORPO DESNUDADO DE HOMEM DEU À COSTA NA AFURADA

Enquanto aguardamos o final do prazo para a receção da pontuação atribuída ao conto nono do concurso “Um Caso Policial em Gaia”, que nos permitirá publicar na próxima edição da nossa secção a sua classificação atualizada, submetemos hoje à avaliação dos nossos leitores a primeira parte de um original do confrade Bernie Leceiro. Trata-se da ficção do caso de um achado macabro que traz à memória dos pescadores da foz do Douro uma antiga lenda associada à “Ilha do Frade”, a partir do qual o autor faz-nos mergulhar no século XVI e nos primórdios do Convento franciscano de Santo António da Piedade que existia em Gaia, bem em frente a Lordelo do Ouro no Porto. A ação passa-se em junho de 2013, ano em que o treinador Jorge Jesus, então na sua primeira passagem pelo Sport Lisboa e Benfica, se ajoelhou ao minuto 92 em pleno estádio do Dragão, quando o brasileiro Kelvin fez abanar as redes da baliza à guarda do seu conterrâneo Artur. Em São Pedro da Afurada ainda se festejava mais um título de campeão e “o presidente da Junta de freguesia tinha prometido mil e noventa e duas rebentações sobre as águas do Douro num espetáculo pirotécnico que em nada ficaria a dever ao recente e monumental fogo de artificio das festas de S. João, tudo acompanhado por milhares de watts de luz e som, que marcariam para sempre o último mandato de Claudino Marrazes à frente da autarquia da Afurada” e... mais um título de campeão nacional do seu FCP. Mas eis que um corpo denudado de homem deu à costa.

CONCURSO “UM CASO POLICIAL EM GAIA”       

Conto nº. 11  

“A Ilha do Frade”, de Bernie Leceiro

I - Parte

O dia começava a raiar e a névoa erguia-se das águas do Douro. A ilha ficou bem visível e à vista dos primeiros transeuntes que saiam de casa naquela manhã de junho junto à Ribeira da Granja. Um corpo desnudado de homem repousava imóvel nas areias brancas da pequena ilha, habitat selvagem de aves bem em frente à ribeirinha vila da Afurada que horas antes assistira a mais um glorioso fogo de artificio em honra do seu padroeiro S. Pedro.

Rapidamente, na margem do Douro, se juntou uma pequena multidão de curiosos que assistiram à chegada das autoridades. Entre os mais velhos, alguns lobos do mar de Lordelo, recordava-se entre risos, pese o macabro achado, uma antiga lenda associada à “Ilha do Frade”.

Em tempos idos do século XVI, existia em Gaia um convento franciscano, o de Santo António do Vale da Piedade, bem em frente a Lordelo do Ouro no Porto. Apesar dos frades serem praticamente auto suficientes fruto do árduo trabalho diário nas hortas, faltava-lhes o leite, que lhes era oferecido por um próspero agricultor de Lordelo. Assim todos os dias de manhã enviava-lhes leite acabado de ordenhar através de uma jovem e bela moça, que num bote agilmente cruzava as águas do Douro. Rapidamente o freire que diariamente se ofereceu para receber o leite se enamorou da bela e roliça leiteira e perante a insistência do clérigo, combinaram encontro amoroso para uma das próximas manhãs de preferência ao abrigo de cerrado nevoeiro que encobriria a travessia de ambos no pequeno caíco até à outra margem do rio e procurassem um refugio secreto no lado de Lordelo. Certa madrugada um malicioso piscar de olhos da rapariga foi o suficiente para saber que havia chegado o dia. A coberto de densa neblina desceram encosta abaixo e entraram no bote. A bela leiteira manobrou com agilidade a embarcação por entre o denso nevoeiro até terra firme. Saltaram para terra e de imediato o frade se livrou do hábito que lhe cobria o corpo. Quando se preparava para abraçar a jovem rapariga, esta ouviu um ruido e sugeriu que alguém se aproximava, sorrateira entrou no nevoeiro para melhor perceber a origem do ruido que ouvira e sem que o inocente frade se apercebesse, levou consigo a roupa dele.

Afinal não tinham atracado em terra firme. O bote fora conduzido meticulosamente para a pequena ilhota, o mesmo bote no qual escapou deixando sozinho e nu, o atrevido frade. Na manhã seguinte quando o sol raiou fácil será imaginar a galhofa com que o frade foi brindado pela população local, entretanto convocada pela jovem rapariga, que resolveu dar uma lição ao atrevido frade que iria popularmente batizar aquele banco de areia bem perto da foz do rio Douro onde agora misteriosamente aparecia novo corpo nu.

O senhor presidente da junta de freguesia tinha prometido mil e noventa e duas rebentações sobre as águas do Douro num espetáculo pirotécnico que em nada ficaria a dever ao recente e monumental fogo de artificio das festas de S. João, tudo acompanhado por milhares de watts de luz e som, que marcariam para sempre o último mandato de Claudino Marrazes à frente da autarquia da Afurada. Desde o dia 11 de maio passado, o número 92 passou a ser mágico para as gentes da Afurada, afinal marcaria para sempre o minuto em que um jogador brasileiro de nome Kelvin ajoelhou Jesus em pleno estádio do Dragão e deu mais um título ao FC Porto. Naquela magnifica noite ninguém se deu ao trabalho de confirmar a quantidade exata de rebentações de foguetes pelo que a todos escapou o estrondo extra que excedeu o prometido.

Horas antes o engenheiro Passos de Ferreira, empreendedor da zona da Mafamude, que ultimamente se tinha dedicado ao negócio do alojamento local e à compra indiscriminada de casas em toda a orla costeira desde S. Félix da Marinha a S. Pedro da Afurada, convertendo antigas habitações de pescadores em modernos Airbnb para os turistas que desembarcam diariamente no Aeroporto Francisco Sá Carneiro. Tentava agora a compra de mais uma interessante habitação na primeira linha do rio com uma fabulosa vista para a zona de Miragaia no Porto, cujo dono era Vitorino Magalhães. Vitorino um solteiro quarentão, filho e neto de pescadores, mas com uma anormal aversão ao mar, dedicava-se à nobre tarefa do biscate, do nada fazer e de outras atividades menos legais. Valia-lhe a solidariedade da comunidade piscatória que por respeito ao seu pai e avô, lhe forneciam diariamente o peixe necessário para o seu sustento, A casa que herdara do pai, falecido nas lides da pesca, era o único bem de que dispunha, acumulando várias dividas, fruto dos seus manhosos negócios.

(continua na próxima edição)

 

 
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