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terça-feira, março 30, 2021
  O DESAFIO DOS ENIGMAS

 o desafio dos enigmas

Publicamos na íntegra o conto nº. 13 do concurso “Um Caso Policial em Gaia”. Os leitores que desejem participar na escolha dos melhores contos, podem enviar a pontuação (5 a 10 pontos) atribuída a “Janela Indiscreta”, de Hayes, até dia 20 de abril de 2021.

CONCURSO “UM CASO POLICIAL EM GAIA”       

Conto nº. 13  

“Janela Indiscreta”, de Hayes

Antes de mais, devo informar o leitor. O que aqui se relata não é um verdadeiro caso policial em Gaia, mas sim um caso quase policial. Isto, porque foi por uma unha negra que a situação não foi denunciada e a polícia chamada a intervir.

Esta é também uma descrição de acontecimentos passados há vários anos e é apenas aquilo que recordo dos factos no momento em que escrevo. Tenho uma memória boa para detalhes sem interesse, mas péssima para aspetos gerais e datas. No entanto, sei que tudo se passou em 2004, ano em que o europeu de futebol arrebatou o país.

E a história começa aqui.

Um trabalho académico levou-me por acaso a Gaia, durante duas semanas. Teria de fazer uma recolha de dados, que se previa diária, no hospital de São João no Porto. Uns amigos, de uns amigos, disponibilizaram-me alojamento gratuito em Gaia. Era uma oferta irrecusável, que aceitei de imediato. Julgava eu que ia ter as tardes livres para vaguear por esta margem esquerda do Douro, zona para mim completamente desconhecida. Os chamados destinos turísticos nunca me entusiasmaram, por isso, com exceção da praia da Granja e da capela do Senhor do Monte − locais para mim misteriosos −, constavam da minha lista os sítios indicados por amigos conhecedores: “onde se come a melhor…”, “uns azulejos únicos”, “um pôr do sol magnífico”...

À chegada, a rua onde fiquei instalada pareceu-me sombria, apesar da luminosidade do dia. Era uma ruazinha sem qualquer movimento, estreita e comprida, percorrida por um muro granítico num dos lados e por casas baixas do outro. Oficinas velhas e armazéns desativados alternavam com casas de habitação, algumas recuperadas. Os prédios estavam alinhados, com um ar bem-comportado, talvez por causa da simetria das portas e janelas com bandeira, ou devido à cor repetida das fachadas e dos caixilhos, que me fazia lembrar o tom rubi do vinho do Porto e o verde das garrafas do vinho de mesa. Cores que estavam em sintonia com as bandeiras portuguesas dependuradas por todo lado, num assomo de patriotismo nunca mais visto. A rua desembocava num largo, ironicamente minúsculo. A minha casa ficava mesmo no final, diante de uma pequena mercearia, um posto de venda de tudo, como vim a descobrir. Quem me cedeu a casa, depois do inevitável caloroso acolhimento nortenho, entregou-me a chave e deixou-me duas recomendações, uma delas acompanhada de uma sonora gargalhada trocista: evitar andar sozinha na rua a desoras, por causa dos dealers, e evitar pedir uma bica nos cafés.

Tudo estava bem encaminhado e tranquilo. Nessa altura eu antevia algum trabalho, mas com espaço para usufruir de tempo livre.

No dia seguinte, tudo se precipitou. Os dados que era suposto recolher foram-me entregues numa volumosa pasta A4. A primeira fase do trabalho afinal tinha sido fotocopiada, passando eu à etapa seguinte de seleção e introdução de dados, para posterior tratamento estatístico. Poderia ter regressado à minha cidade, mas nem sei porquê decidi aproveitar a vantajosa tranquilidade de estar sozinha. O dia a dia decorria sem qualquer rotina, condicionado pela resistência ao cansaço. Tanto ficava a teclar pela noite fora e tentava dormir um pouco durante o dia, como me levantava com o nascer do sol. Obrigava-me a fazer pausas regulares, porque sei que é fácil uma pessoa embrenhar-se no que está a fazer, saltar refeições e esquecer o descanso, o que normalmente leva a erros fatais que obrigam a refazer etapas de trabalho. Estas interrupções eram passadas numa janela de sacada, com uma vista privilegiada sobre o pequeno largo e o posto de venda. Este, mais parecia uma antiga mercearia − onde tudo se vende, desde bilhas de gás a agulhas e linhas para costura − funcionava como catedral de consumo para os raros clientes de passagem e para os moradores das três ruazinhas que confluíam no largo.

Ao fim de uma semana consegui descobrir um padrão nos frequentadores da loja/café/taberna. O dono, com o seu bigode farfalhudo, chegava pontualmente às seis da manhã, recebia a carrinha do padeiro. De seguida, com dotes de equilibrista, alinhavava contra a fachada do prédio, um expositor com frutas e legumes e montava a esplanada, três mesinhas antiquadas e alguns bancos de ferro desdobráveis. Então, apareciam os primeiros fregueses para uma bica rápida. Eram trabalhadores da construção civil, que vinham numa carrinha de caixa aberta, ou usavam as duas rodas como transporte próprio. Depois, era a vez das mulheres com ar atarefado, que despachavam as compras ou tomavam café em menos de um fósforo. As reformadas chegavam mais tarde, a partir das nove e meia. Tomavam o pequeno almoço e escolhiam cuidadosamente as batatas, com vagares de quem nada tem para fazer.

Os reformados homens surgiam uma hora mais tarde. Espalhavam-se pelas mesas, e pela gaiola que guardava as garrafas de gás, e disputavam a posse do Jornal de Notícias e dos jornais desportivos. Este grupo regressava à tarde para jogar às cartas ou ao dominó. As discussões e as zangas eram inevitáveis, mas despediam-se amigos até ao dia seguinte.

Durante a tarde, o ritmo da clientela abrandava até finalizar com alguns homens da vizinhança, para um último fino antes de regressarem ao doce lar.

Dentro de este inesperado corrupio, chamou-me à atenção um grupo que se reunia com ar conspirativo, sempre pouco depois das seis da tarde. Passei também a fixar a minha pausa para esta altura. Eram meia dúzia de miúdos com um aspeto rufia, mas ao mesmo tempo eram bem-comportados em demasia. Deslocavam-se em silêncio, com discrição, sem as confusões frequentes em crianças. Só o mais alto entrava no estabelecimento, para sair logo de seguida com uma caixa pequena de cartão. Longe de olhares indiscretos, juntavam-se em círculo com as cabeças bem encostadas sobre a caixa de cartão. Durante cerca meia hora seguia-se um estranho ritual do que me parecia uma distribuição de qualquer coisa, com registo individual em cadernos ou folhas soltas. Todo este clima misterioso obrigou-me a aproveitar a máquina fotográfica, destinada dos meus tempos livres em Gaia, para testemunhar as atividades do grupo. Eram afinal cinco rapazes e uma rapariga, que não teriam mais de dez anos. Dois deles, os mais pequenos, eram gémeos iguaizinhos que vestiam sempre a camisola do Maniche, a rapariga era lingrinhas e usava o cabelo bem esticado num rabo de cavalo no cocuruto da cabeça. Havia ainda um ruivo sardento com óculos de aros pretos e, por fim, o miúdo mais alto, que eu julgava ser o mais velho. Este, à chegada, transportava um saco plástico com qualquer coisa que pelo tamanho parecia um volumoso maço de notas. O saco desaparecia no interior da loja e em seu lugar vinha a caixa de cartão e seguia-se o concílio acima descrito. No final, o rapaz alto devolvia a caixa à procedência. Chegavam juntos e partiam separados, levando cada um o respetivo avio.

Não tive qualquer dúvida. Os miúdos estavam a ser usados para passar droga, e da pesada, pelo menos a julgar pela quantidade de notas que entregavam. Esta situação repugnante teria de ser denunciada ou resolvida. Pensei falar com o dono da loja, mas receei que estivesse metido na negociata, apesar do ar inofensivo e da simpatia com que me entregava a bica matinal.

Uma tarde, embrenhada nesta indecisão e sem saber o que fazer, observava uma vez mais a cena da distribuição do produto, quando estalou uma confusão no grupo. Peguei no telemóvel, desci a correr as escadas e atravessei a rua. Foi o tempo para ver a discussão passar a briga, enquanto o alto enfiava um gancho no ruivo caixa de óculos e a miúda tentava, em vão, acalmar os ânimos. No chão espalhava-se a papelada e o conteúdo da caixa de cartão: cromos da Caderneta UEFA - EURO 2004.

Tudo ficou esclarecido. O saco plástico do dinheiro era afinal um lote de cromos repetidos, para ser entregue ao madrugador padeiro que se encarregaria de os levar para outras lojas da concorrência. A caixa de cartão tinha um perigoso produto a ser traficado − os cromos deixados no posto de venda por diversos clientes. A reunião de grupo secreta não passava de uma sessão para ordenar os cromos e distribuir os números em falta, tudo devidamente anotado em folhas de registo de cada proprietário. Os elementos do perigoso gang chegavam juntos, porque frequentavam um centro de férias próximo, de onde saíam às seis com os cromos, próprios e de colegas, acondicionados num saco plástico. Partiam separados porque moravam por ali perto, em ruas distintas. Entravam mudos e saíam calados, porque o Bigodes, o dono da loja, não queria confusões e a cada edição das cadernetas Panini ameaçava com o fim do negócio. O Girafa enfiou um murro no Cenoura, porque este o acusara de ter amarrotado o cromo do Cristiano Ronaldo.

Afinal tudo acabou bem. Não foi preciso pôr fim a um negócio de droga e os óculos do Cenoura ganharam mais um pedaço de adesivo para fixar as maleitas.

Eu levei o Ronaldo para casa, com a promessa de o devolver no dia seguinte, devidamente passado a ferro a vapor, com um truque que eu cá sei.

Posto isto, e a quem possa interessar, só posso acrescentar que nesse ano terminei a parte escrita do meu trabalho final, mas ainda hoje continuo sem conhecer nada de Gaia e arredores.

 

 

 
sábado, março 27, 2021
  O DESAFIO DOS ENIGMAS - edição de 20 de março de 2021

       QUAL SERÁ O CONTO VENCEDOR? A DECISÃO É DOS LEITORES

Concluímos nesta edição o último conto do concurso “Um Caso Policial em Gaia”, que tem por protagonista uma jovem deslocada no norte do país, por um período de duas semanas, para a realização de um trabalho académico no hospital de São João, no Porto. Por deferência de uns amigos, ela ficou alojada em Gaia, numa casa com uma vista privilegiada sobre um pequeno largo e uma antiga mercearia. As pausas no seu trabalho de casa eram passadas numa janela de sacada, onde foi apreciando o corrupio de clientes que frequentavam aquela loja. Os primeiros fregueses para um cimbalino rápido eram habitualmente trabalhadores da construção civil, que vinham numa carrinha de caixa aberta, ou usavam as duas rodas como transporte próprio. Depois, era a vez das mulheres com ar atarefado, que despachavam as compras ou tomavam café em menos de um fósforo. As reformadas chegavam mais tarde, a partir das nove e meia. Os reformados homens surgiam uma hora mais tarde. Espalhavam-se pelas mesas, e pela gaiola que guardava as garrafas de gás, e disputavam a posse do Jornal de Notícias e dos jornais desportivos. Este grupo regressava à tarde para jogar às cartas ou ao dominó. As discussões e as zangas eram inevitáveis, mas despediam-se amigos até ao dia seguinte. Mas havia muito mais, como se pode ler de seguida:

CONCURSO “UM CASO POLICIAL EM GAIA”       

Conto nº. 13  

“Janela Indiscreta”, de Hayes

II – Parte (conclusão)

Dentro de este inesperado corrupio, chamou-me à atenção um grupo que se reunia com ar conspirativo, sempre pouco depois das seis da tarde. Passei também a fixar a minha pausa para esta altura. Eram meia dúzia de miúdos com um aspeto rufia, mas ao mesmo tempo eram bem-comportados em demasia. Deslocavam-se em silêncio, com discrição, sem as confusões frequentes em crianças. Só o mais alto entrava no estabelecimento, para sair logo de seguida com uma caixa pequena de cartão. Longe de olhares indiscretos, juntavam-se em círculo com as cabeças bem encostadas sobre a caixa de cartão. Durante cerca meia hora seguia-se um estranho ritual do que me parecia uma distribuição de qualquer coisa, com registo individual em cadernos ou folhas soltas. Todo este clima misterioso obrigou-me a aproveitar a máquina fotográfica, destinada dos meus tempos livres em Gaia, para testemunhar as atividades do grupo. Eram afinal cinco rapazes e uma rapariga, que não teriam mais de dez anos. Dois deles, os mais pequenos, eram gémeos iguaizinhos que vestiam sempre a camisola do Maniche, a rapariga era lingrinhas e usava o cabelo bem esticado num rabo de cavalo no cocuruto da cabeça. Havia ainda um ruivo sardento com óculos de aros pretos e, por fim, o miúdo mais alto, que eu julgava ser o mais velho. Este, à chegada, transportava um saco plástico com qualquer coisa que pelo tamanho parecia um volumoso maço de notas. O saco desaparecia no interior da loja e em seu lugar vinha a caixa de cartão e seguia-se o concílio acima descrito. No final, o rapaz alto devolvia a caixa à procedência. Chegavam juntos e partiam separados, levando cada um o respetivo avio.

Não tive qualquer dúvida. Os miúdos estavam a ser usados para passar droga, e da pesada, pelo menos a julgar pela quantidade de notas que entregavam. Esta situação repugnante teria de ser denunciada ou resolvida. Pensei falar com o dono da loja, mas receei que estivesse metido na negociata, apesar do ar inofensivo e da simpatia com que me entregava a bica matinal.

Uma tarde, embrenhada nesta indecisão e sem saber o que fazer, observava uma vez mais a cena da distribuição do produto, quando estalou uma confusão no grupo. Peguei no telemóvel, desci a correr as escadas e atravessei a rua. Foi o tempo para ver a discussão passar a briga, enquanto o alto enfiava um gancho no ruivo caixa de óculos e a miúda tentava, em vão, acalmar os ânimos. No chão espalhava-se a papelada e o conteúdo da caixa de cartão: cromos da Caderneta UEFA - EURO 2004.

Tudo ficou esclarecido. O saco plástico do dinheiro era afinal um lote de cromos repetidos, para ser entregue ao madrugador padeiro que se encarregaria de os levar para outras lojas da concorrência. A caixa de cartão tinha um perigoso produto a ser traficado − os cromos deixados no posto de venda por diversos clientes. A reunião de grupo secreta não passava de uma sessão para ordenar os cromos e distribuir os números em falta, tudo devidamente anotado em folhas de registo de cada proprietário. Os elementos do perigoso gang chegavam juntos, porque frequentavam um centro de férias próximo, de onde saíam às seis com os cromos, próprios e de colegas, acondicionados num saco plástico. Partiam separados porque moravam por ali perto, em ruas distintas. Entravam mudos e saíam calados, porque o Bigodes, o dono da loja, não queria confusões e a cada edição das cadernetas Panini ameaçava com o fim do negócio. O Girafa enfiou um murro no Cenoura, porque este o acusara de ter amarrotado o cromo do Cristiano Ronaldo.

Afinal tudo acabou bem. Não foi preciso pôr fim a um negócio de droga e os óculos do Cenoura ganharam mais um pedaço de adesivo para fixar as maleitas.

Eu levei o Ronaldo para casa, com a promessa de o devolver no dia seguinte, devidamente passado a ferro a vapor, com um truque que eu cá sei.

Posto isto, e a quem possa interessar, só posso acrescentar que nesse ano terminei a parte escrita do meu trabalho final, mas ainda hoje continuo sem conhecer nada de Gaia e arredores.

CONVITE AO LEITOR

E pronto, caro leitor. Agora o passo seguinte é seu. Para tal, repetimos o nosso convite à sua participação na escolha dos melhores contos. O processo é simples. A partir de hoje, tem trinta (30) dias para fazer a avaliação, em função da sua qualidade e originalidade, do décimo-terceiro conto do nosso concurso, da autoria de Hayes, e enviar a respetiva pontuação, numa escala de 5 a 10 pontos, para o email do orientador da secção (salvadorpereirasantos@hotmail.com).

Após esta última pontuação, atualizaremos a classificação do concurso, liderada por Rui Mendes quando era apenas conhecido o veredito do Júri sobre os primeiros nove contos publicados. Entretanto, enquanto aguardamos pelo escrutínio final dos nossos leitores-jurados, daremos inicio ao Torneio de Iniciação A. Raposo, que nos acompanhará até final do ano em curso.

 

 
sexta-feira, março 12, 2021
  O DESAFIO DOS ENIGMAS - edição de 10 de março de 2021

O DERRADEIRO CONTO DO NOSSO CONCURSO AÍ ESTÁ

Desvendamos nesta edição a primeira parte do último conto do concurso “Um Caso Policial em Gaia”, da autoria de uma das nossas mais brilhantes solucionistas e imaginativas produtoras policiárias que se esconde atrás de um pseudónimo que nos traz à memória uma escritora policial que sugerimos para leituras futuras, a inglesa Samantha Hayes, que escreve sobretudo thrillers psicológicos ambientados na vida familiar e focados em assuntos do quotidiano (“Até que Sejas Minha” é o seu livro de maior êxito até ao momento). Mas a Hayes que assina o conto derradeiro da nossa competição é outra, é nossa, é portuguesa, e apresenta-nos hoje a sua mais recente micro narrativa, que não deixará ninguém indiferente, sobretudo os nossos leitores-jurados. Ora, leiam:

CONCURSO “UM CASO POLICIAL EM GAIA”       

Conto nº. 13  

“Janela Indiscreta”, de Hayes

I – Parte

Antes de mais, devo informar o leitor. O que aqui se relata não é um verdadeiro caso policial em Gaia, mas sim um caso quase policial. Isto, porque foi por uma unha negra que a situação não foi denunciada e a polícia chamada a intervir.

Esta é também uma descrição de acontecimentos passados há vários anos e é apenas aquilo que recordo dos factos no momento em que escrevo. Tenho uma memória boa para detalhes sem interesse, mas péssima para aspetos gerais e datas. No entanto, sei que tudo se passou em 2004, ano em que o europeu de futebol arrebatou o país.

E a história começa aqui.

Um trabalho académico levou-me por acaso a Gaia, durante duas semanas. Teria de fazer uma recolha de dados, que se previa diária, no hospital de São João no Porto. Uns amigos, de uns amigos, disponibilizaram-me alojamento gratuito em Gaia. Era uma oferta irrecusável, que aceitei de imediato. Julgava eu que ia ter as tardes livres para vaguear por esta margem esquerda do Douro, zona para mim completamente desconhecida. Os chamados destinos turísticos nunca me entusiasmaram, por isso, com exceção da praia da Granja e da capela do Senhor do Monte − locais para mim misteriosos −, constavam da minha lista os sítios indicados por amigos conhecedores: “onde se come a melhor…”, “uns azulejos únicos”, “um pôr do sol magnifico”...

À chegada, a rua onde fiquei instalada pareceu-me sombria, apesar da luminosidade do dia. Era uma ruazinha sem qualquer movimento, estreita e comprida, percorrida por um muro granítico num dos lados e por casas baixas do outro. Oficinas velhas e armazéns desativados alternavam com casas de habitação, algumas recuperadas. Os prédios estavam alinhados, com um ar bem comportado, talvez por causa da simetria das portas e janelas com bandeira, ou devido à cor repetida das fachadas e dos caixilhos, que me fazia lembrar o tom rubi do vinho do Porto e o verde das garrafas do vinho de mesa. Cores que estavam em sintonia com as bandeiras portuguesas dependuradas por todo lado, num assomo de patriotismo nunca mais visto. A rua desembocava num largo, ironicamente minúsculo. A minha casa ficava mesmo no final, diante de uma pequena mercearia, um posto de venda de tudo, como vim a descobrir. Quem me cedeu a casa, depois do inevitável caloroso acolhimento nortenho, entregou-me a chave e deixou-me duas recomendações, uma delas acompanhada de uma sonora gargalhada trocista: evitar andar sozinha na rua a desoras, por causa dos dealers, e evitar pedir uma bica nos cafés.

Tudo estava bem encaminhado e tranquilo. Nessa altura eu antevia algum trabalho, mas com espaço para usufruir de tempo livre.

No dia seguinte, tudo se precipitou. Os dados que era suposto recolher foram-me entregues numa volumosa pasta A4. A primeira fase do trabalho afinal tinha sido fotocopiada, passando eu à etapa seguinte de seleção e introdução de dados, para posterior tratamento estatístico. Poderia ter regressado à minha cidade, mas nem sei porquê decidi aproveitar a vantajosa tranquilidade de estar sozinha. O dia a dia decorria sem qualquer rotina, condicionado pela resistência ao cansaço. Tanto ficava a teclar pela noite fora e tentava dormir um pouco durante o dia, como me levantava com o nascer do sol. Obrigava-me a fazer pausas regulares, porque sei que é fácil uma pessoa embrenhar-se no que está a fazer, saltar refeições e esquecer o descanso, o que normalmente leva a erros fatais que obrigam a refazer etapas de trabalho. Estas interrupções eram passadas numa janela de sacada, com uma vista privilegiada sobre o pequeno largo e o posto de venda. Este, mais parecia uma antiga mercearia − onde tudo se vende, desde bilhas de gás a agulhas e linhas para costura − funcionava como catedral de consumo para os raros clientes de passagem e para os moradores das três ruazinhas que confluíam no largo.

Ao fim de uma semana consegui descobrir um padrão nos frequentadores da loja/café/taberna. O dono, com o seu bigode farfalhudo, chegava pontualmente às seis da manhã, recebia a carrinha do padeiro. De seguida, com dotes de equilibrista, alinhavava contra a fachada do prédio, um expositor com frutas e legumes e montava a esplanada, três mesinhas antiquadas e alguns bancos de ferro desdobráveis. Então, apareciam os primeiros fregueses para uma bica rápida. Eram trabalhadores da construção civil, que vinham numa carrinha de caixa aberta, ou usavam as duas rodas como transporte próprio. Depois, era a vez das mulheres com ar atarefado, que despachavam as compras ou tomavam café em menos de um fósforo. As reformadas chegavam mais tarde, a partir das nove e meia. Tomavam o pequeno almoço e escolhiam cuidadosamente as batatas, com vagares de quem nada tem para fazer.

Os reformados homens surgiam uma hora mais tarde. Espalhavam-se pelas mesas, e pela gaiola que guardava as garrafas de gás, e disputavam a posse do Jornal de Notícias e dos jornais desportivos. Este grupo regressava à tarde para jogar às cartas ou ao dominó. As discussões e as zangas eram inevitáveis, mas despediam-se amigos até ao dia seguinte.

Durante a tarde, o ritmo da clientela abrandava até finalizar com alguns homens da vizinhança, para um último fino antes de regressarem ao doce lar.

(continua na próxima edição)

 
quinta-feira, março 04, 2021
  O DESAFIO DOS ENIGMAS

Publicamos na íntegra o conto nº. 12 do concurso “Um Caso Policial em Gaia”. Os leitores que desejem participar na escolha dos melhores contos, podem enviar a pontuação (5 a 10 pontos) atribuída a “Aconteceu em Gaia”, de Abrótea, até dia 20 de março de 2021.

CONCURSO “UM CASO POLICIAL EM GAIA”       

Conto nº. 12  

“Aconteceu em Gaia...”, de Abrótea

Tinha tudo bem preparado, pelo menos assim eu pensava, apenas faltava fazer a última viagem, depois... bem, depois livre como um passarinho. Mas comecemos pelo princípio e não pelo final. Tinha “montes” de clientes, e isso deu azo a acontecimentos que deixaram marcas, e um dia aconteceu o que tinha de acontecer.

A partir de certas situações, passava e passeava a última semana do mês pelo norte, mais propriamente em Vila Nova de Gaia. O hotel espantoso, o quarto, esse, “maravilhástico”, vista para o Douro, e aquela beleza dos rabelos, a subir e descer o rio entre as margens, as encostas vinhateiras, que na altura da vindima se enchiam de gente trabalhadeira. O pôr-do-sol, esse era sempre espetacular, ainda avistávamos as pontes, sempre com aquele trânsito, para cá e para lá. Bem perto de onde me alojava tínhamos as caves, a Mara, minha esposa, e o Baixinho o filhote nunca as tinham visitado. Ainda pensava em duas ou três coisas, uma delas que tropeçasse no cadeirão do varandim, mas isso sempre tinha gente na piscina, ou até também a observar o rio majestoso, outra ideia fora a do convento Corpus Christi...

Mas de repente surgiu a outra, e foi essa que levei avante. Durante dois anos foi assim, de domingo a sexta-feira eram os passeios, as festarias, conhecer as praias, bailaricos de bairro e tantas outras coisas. Sabia que a Mara andava chateada, e com razão, nunca estava em casa nem mesmo pelo Natal, Páscoa ou aniversários, isto porque eu falava “tenho muito serviço”, “o chefe não me deixa entrar de férias”, “são clientes especiais”, e afinal uma das clientes era bastante especial ou espacial. Levei dois anos, cento e quatro semanas, dessas semanas tirava um dia para investigar, ver e rever todos os locais prováveis e possíveis para colocar em prática o meu plano, tinha que ser tudo planeado até ao mais ínfimo pormenor, até que finalmente...

- Amor meu, prepara as maletas, vamos passear – falei eu. Vamos tirar umas férias, poucos dias, mas vamos até ao Norte. Serão duas a três semanas no máximo, mas é o que posso e tenho.

Para onde vamos meu bem? – perguntou Mara.

Vamos para perto do Porto, acho que nunca provaste aquele vinho doce – disse com entusiamo. Vamos ver uma praia que deves amar, chama-se praia da Granja, local preferido de uma escritora muita acarinhada aqui. Vais também conhecer o zoo de Santo Inácio, não é nada parecido com o nosso, mas é fantástico também, e sempre podemos ter umas horitas para degustar uns belos petiscos e claro está fazer a visita às caves e não só...

... leva umas roupas mais abafadas, porque apesar de ser verão sempre lá é um pouco frio, sei que gostas, mas não te quero constipada.

No dia seguinte, manhã cedo tínhamos a “loja” arrumada, viajámos para onde combinado, e a Mara estava deslumbrada com a paisagem que ia encontrando ao longo daquelas estradas montanhosas. A meio do caminho almoçámos e descansámos um pouco. Antes do jantar já estávamos em Gaia. Mara estava estupefacta, pois todos os funcionários me serviam e me cumprimentavam respeitosamente. O quarto era o mesmo de sempre, com aquela vista “maravilhástica”, e Mara ficou espantada com tamanha sumptuosidade. Enquanto Mara se vestia a preceito, pronta para o jantar eu arrumava as coisas, e falei: - aproveita bem esta estada e amanhã vamos visitar algumas coisas bonitas amor, aproveita tudo isto enquanto podes.

Mara estava deslumbrante, entretanto depois do jantar aproveitámos a noite para uns pezinhos de dança e alguns cocktails, apesar do cansaço da viagem apenas fomos para o quarto já depois das três da madrugada. Manhã chegada, Mara já estava no varandim, olhando a bela paisagem, nesse dia esperava levar ela a visitar algumas praias, e quem sabe as caves, a escolha dela foi uma visita para as praias e tasquinhas, era óbvio. Como não conhecia nada dali, era a sua primeira escolha. Visitámos Aguda, Valadares, Francelos e Miramar onde ela ficou encantada com a capela denominada Senhor da Pedra. Bem podia ela rezar, pensei eu.

Assim se passou uma semana, e a outra quase no final, entre as saídas às vezes encontrava a “outra”, nossos olhares se cruzavam, mas sem Mara notar nada de estranho, e estava quase a dar-se o acontecimento... a maior noite no norte de Portugal, e era para essa que eu tinha tudo preparado, antes disso levara Mara a visitar as várias caves com os seus pipos velhos, a enorme garrafeira. Provas de vinhos e outras coisas mais, sempre peixinho fresco normalmente assado, apesar de algumas vezes almoçarmos no hotel.

Chegara a hora, tinha acontecido tudo o estava planeado nas caves Ferreira, tinha tudo pensado, e era a noite “do barulho” portanto pouca importância teria mais uma ou duas pessoas entre aquela multidão, apenas havia uma coisa que mais ninguém sabia, duas entravam mas apenas uma saía. E esse era o momento, convidei Mara para uma aventura, a qual ela aceitou de imediato. Com um molho de chaves no bolso, para quem passava julgaria que eram martelinhos das festas São Joaninas, na entrada das caves, abri a porta, de seguida, levei Mara, para um dos corredores mais fundos onde se situavam os toneis mais velhos. Abri essa porta, e disse para Mara – traz-me umas quantas garrafas dessas porque o vinho do Porto é como a mulher, quanto mais velho melhor. 

Assim que Mara entrou fechei a porta, o seu grito ficou abafado pela pesada porta toda feita em madeira de carvalho. Após a saída fechei a outra porta e ia trauteando a velha canção “vou beijar, vou dançar, vou curtir toda a noite...”... 

Dois anos mais se passaram, estava solitário, a “outra” fora apanhada pela Judiciária, um golpe em que eu sem querer estava envolvido, o Baixinho estava com a avó, o que era bom para ele, e o meu trabalho continuava, sabem, é que sou especialista em todas as fechaduras e em todo o tipo de cofres... 

Até que um dia, talvez fosse uma coincidência, recebo um convite para o mesmo hotel, mesmo quarto, com tudo pago. Uma amabilidade da gerência que tinha sido toda mudada, eu fui classificado como cliente VIP. A assinatura estava ilegível. Como não tinha nada para fazer aceitei. 

No dia seguinte eis-me a caminho de Gaia, depois do check-in dirigi-me ao meu velho quarto que tantas recordações me trazia, diga-se de passagem, boas e más. Depois de tomar um banho dirigi-me ao restaurante, passando primeiro pelo bar. Enquanto tomava uma bebida, quem sabe para esquecer, um diligente funcionário chegou-se perto. 

- Senhor, tem uma oferta para jantar num quarto perto do seu, uma senhora simpática oferece-o. 

- Tudo bem, mais vale comer bem acompanhado do que estar sozinho, qual o número do quarto? 

- 236, senhor – que digo? – oferta aceite, diga-lhe por favor. Não liguei ao número do quarto, nem liguei para a data em que estávamos, nem sequer ooutro pensamento me passou pela cabeça, mas acontecera nessa data... 

Ao subir a porta do quarto encontrava-se aberta, este na penumbra, cortinas fechadas, a senhora ou senhorita com o rosto tapado, não deixava ver as suas feições, apenas mostravam uns olhos verdes que me faziam lembrar uns outros verdes olhos. Em cima da mesa, os acepipes, uma garrafa que desconhecia, pois esta vinha sem rótulo, uns copos e pouco mais. Calmamente a senhora ou senhorita começou a falar sobre coisas, a sua voz soava estranha, não sei bem porquê também estranhei aquela voz. 

Vamos fazer um brinde? – perguntou-me. E abriu a garrafa. Um cheiro intenso a amêndoas amargas saiu daquela botelha. Então perguntou-me seu percebia de venenos. 

- Não, respondi eu, desconheço tudo sobre isso. Mas porque pergunta? 

- Simples curiosidade, eu gosto de saber sobre coisas assim, e como sou a sócia gerente deste hotel queria saber mais, também lhe posso dizer, meu caro senhor, que dentro de momentos sentirá uma morte atroz, sentiu este odor meu anjo? Sentiu sim estou a ver o seu rosto, e com a sua morte não se perderá nada. 

Mara – gritei eu – mas como? Agora antes de a morte chegar via as coincidências, o número do quarto, a data, 23 de junho, mas como ela estava viva? 

- Antes de entrar dentro daquela porta que você fechou, meu bem, descalcei os sapatos, no dia seguinte alguém os viu e abriu a mesma, porque a data que você também olhou meu mal-amado estava certa “abrir daqui a vinte anos”, só não viu que seria aberta no dia seguinte, e já agora meu benzinho, antes de você partir para outro lado... 

A mulher se quer como a sardinha, meu bem pequena e gordinha... pode entrar inspetor – foi a última coisa que ouvi. Veredito do inspetor Rick: ingestão de amêndoa amarga, mas esta caseira, produzida pelo pai do próprio inspetor. 

 

 


 
terça-feira, março 02, 2021
  O DESAFIO DOS ENIGMAS - edição de 20 de fevereiro de 2021

        ACONTECEU EM GAIA... NA VÉSPERA DO DIA DE SÃO JOÃO

Concluímos hoje a publicação do penúltimo conto do concurso “Um Caso Policial em Gaia”, do confrade setubalense Ricardo Azevedo, mais conhecido nas lides literárias e policiárias por Abrótea (ou A.B.Rótea), autor do livro policial “As Aventuras do Inspetor Rick”, editado em 2019 com a chancela da Chiado Books. No final da primeira parte do conto a concurso, o protagonista levou a sua mulher, Marta, a uma das mais importantes caves de vinho do Porto. Era o dia da noite mais longa de todas as noites nas cidades das duas margens da Foz do Douro. O início dos festejos de São João não tardava e ele tinha tudo planeado ao mais ínfimo pormenor. A “outra” sabia de tudo, mas a sua mulher não! E será que correu tudo como ele tinha idealizado? 

CONCURSO “UM CASO POLICIAL EM GAIA”         

Conto nº. 12    

“Aconteceu em Gaia...”, de Abrótea 

II – Parte (conclusão) 

Chegara a hora, tinha acontecido tudo o estava planeado nas caves Ferreira, tinha tudo pensado, e era a noite “do barulho” portanto pouca importância teria mais uma ou duas pessoas entre aquela multidão, apenas havia uma coisa que mais ninguém sabia, duas entravam mas apenas uma saía. E esse era o momento, convidei Mara para uma aventura, a qual ela aceitou de imediato. Com um molho de chaves no bolso, para quem passava julgaria que eram martelinhos das festas São Joaninas, na entrada das caves, abri a porta, de seguida, levei Mara, para um dos corredores mais fundos onde se situavam os toneis mais velhos. Abri essa porta, e disse para Mara – traz-me umas quantas garrafas dessas porque o vinho do Porto é como a mulher, quanto mais velho melhor. 

Assim que Mara entrou fechei a porta, o seu grito ficou abafado pela pesada porta toda feita em madeira de carvalho. Após a saída fechei a outra porta e ia trauteando a velha canção “vou beijar, vou dançar, vou curtir toda a noite...”... 

Dois anos mais se passaram, estava solitário, a “outra” fora apanhada pela Judiciária, um golpe em que eu sem querer estava envolvido, o Baixinho estava com a avó, o que era bom para ele, e o meu trabalho continuava, sabem, é que sou especialista em todas as fechaduras e em todo o tipo de cofres... 

Até que um dia, talvez fosse uma coincidência, recebo um convite para o mesmo hotel, mesmo quarto, com tudo pago. Uma amabilidade da gerência que tinha sido toda mudada, eu fui classificado como cliente VIP. A assinatura estava ilegível. Como não tinha nada para fazer aceitei. 

No dia seguinte eis-me a caminho de Gaia, depois do check-in dirigi-me ao meu velho quarto que tantas recordações me trazia, diga-se de passagem, boas e más. Depois de tomar um banho dirigi-me ao restaurante, passando primeiro pelo bar. Enquanto tomava uma bebida, quem sabe para esquecer, um diligente funcionário chegou-se perto. 

- Senhor, tem uma oferta para jantar num quarto perto do seu, uma senhora simpática oferece-o. 

- Tudo bem, mais vale comer bem acompanhado do que estar sozinho, qual o número do quarto? 

- 236, senhor – que digo? – oferta aceite, diga-lhe por favor. Não liguei ao número do quarto, nem liguei para a data em que estávamos, nem sequer ooutro pensamento me passou pela cabeça, mas acontecera nessa data... 

Ao subir a porta do quarto encontrava-se aberta, este na penumbra, cortinas fechadas, a senhora ou senhorita com o rosto tapado, não deixava ver as suas feições, apenas mostravam uns olhos verdes que me faziam lembrar uns outros verdes olhos. Em cima da mesa, os acepipes, uma garrafa que desconhecia, pois esta vinha sem rótulo, uns copos e pouco mais. Calmamente a senhora ou senhorita começou a falar sobre coisas, a sua voz soava estranha, não sei bem porquê também estranhei aquela voz. 

Vamos fazer um brinde? – perguntou-me. E abriu a garrafa. Um cheiro intenso a amêndoas amargas saiu daquela botelha. Então perguntou-me seu percebia de venenos. 

- Não, respondi eu, desconheço tudo sobre isso. Mas porque pergunta? 

- Simples curiosidade, eu gosto de saber sobre coisas assim, e como sou a sócia gerente deste hotel queria saber mais, também lhe posso dizer, meu caro senhor, que dentro de momentos sentirá uma morte atroz, sentiu este odor meu anjo? Sentiu sim estou a ver o seu rosto, e com a sua morte não se perderá nada. 

Mara – gritei eu – mas como? Agora antes de a morte chegar via as coincidências, o número do quarto, a data, 23 de junho, mas como ela estava viva? 

- Antes de entrar dentro daquela porta que você fechou, meu bem, descalcei os sapatos, no dia seguinte alguém os viu e abriu a mesma, porque a data que você também olhou meu mal-amado estava certa “abrir daqui a vinte anos”, só não viu que seria aberta no dia seguinte, e já agora meu benzinho, antes de você partir para outro lado... 

A mulher se quer como a sardinha, meu bem pequena e gordinha... pode entrar inspetor – foi a última coisa que ouvi. Veredito do inspetor Rick: ingestão de amêndoa amarga, mas esta caseira, produzida pelo pai do próprio inspetor. 

CONVITE AO LEITOR 

E pronto, caro leitor. Agora o passo seguinte é seu. Para tal, repetimos o nosso convite à sua participação na escolha dos melhores contos. O processo é simples. A partir de hoje, tem trinta (30) dias para fazer a avaliação, em função da sua qualidade e originalidade, do décimo-segundo conto do nosso concurso, da autoria de Abrótea, e enviar a respetiva pontuação, numa escala de 5 a 10 pontos, para o email do orientador da secção (salvadorpereirasantos@hotmail.com).  

A competição termina na próxima edição com a publicação do décimo-terceiro conto, desta vez com assinatura de Hayes, repetindo-se o processo de avaliação crítica dos nossos leitores durante o mesmo espaço temporal de 30 dias. A sua colaboração é imprescindível, caro leitor! 

 
enigmas e contos policiais

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