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terça-feira, fevereiro 20, 2024
  O DESAFIO DOS ENIGMAS - edição de 20 de fevereiro de 2024

           CONCLUSÃO DO 3º CONTO DO CONCURSO “UM CASO POLICIAL NO NATAL

Retomamos hoje a publicação do terceiro conto do concurso “Um Caso Policial no Natal”, com a sua conclusão, recordando antes de mais o texto com que terminou a sua primeira parte:

“(…)

Ela perguntou quem queria café. Era aqui que começava a fase crítica. Aquela em que eu confiara no conhecimento que tinha sobre a Fátima, e que me permitira construir um conjunto sequencial de etapas que levariam à sua morte. Tinha sido um planeamento meticuloso, aquele que eu fizera. Uma construção feita com base num conhecimento acumulado ao longo dos muitos anos de convívio.

A máquina de café estava na cozinha, assim como os pequenos recipientes de variadas cores, contendo no seu interior o mágico pó castanho. Daquele café que ela gostava, havia só uma cápsula na caixa e em casa. Ela não abdicava daquele aroma, e eu fizera tudo, ao longo dos últimos dias, para deixar só uma dose. Aquela que o seu egoísmo não permitiria que fosse para mais ninguém.

Todos, com exceção do Miguel, queriam café, como eu já esperava.

Claro que a Fátima disse que ia preparar os expressos para toda gente. Eu sabia que iria ser desse modo. Ela era a mulher perfeita; aquela que nunca errava. Também não seria ali que iria falhar. Seria ela a provocar a sua própria morte”.

“Um Caso Policial no Natal” – TERCEIRO CONTO

A MINHA NOITE DE NATAL, de Paulo

II – PARTE (conclusão)

Durante a tarde, eu colocara o veneno na cápsula, usando uma seringa. Lá, ficaria à espera de entrar no organismo da Fátima. Era o único café com o seu aroma favorito. O único de que ela gostava e que, por isso, não deixaria que fosse para mais ninguém.

Desfazer-me do que restava do material letal, fora fácil. Uma saída de automóvel, ao supermercado, para comprar umas quaisquer inutilidades: lâminas de barbear, uma esferográfica azul e pasta de dentes, e com isso trazer dois ingredientes de última hora pedidos pela Fátima, tinham-me conduzido a um contentor de lixo, bem afastado de casa, onde o frasco com os restos do veneno e a seringa tinham sido deixados.

Os meus olhos saltitavam entre as luzes de Natal, o meu irmão, a minha cunhada, o meu sobrinho e a Fátima, que se levantava da mesa para ir buscar o café.

Embora eu me quisesse manter calmo, o meu coração batia muito mais rapidamente. Aproximava-se o momento; aquele que seria o meu Natal; aquele em que eu nasceria de novo, perante a morte da Fátima.

Acreditava que o seu egoísmo a levaria à morte. Mesmo havendo riscos para mim, para a Germana e para o Rodrigo, eu confiava. Acreditava na minha intuição, no que eu sabia, no meu plano e, principalmente, no egocentrismo da Fátima.

O seu café teria que ser o mais quente quando chegasse à mesa. Ela não deixaria de o fazer. Fazia-o sempre. Ninguém corria o risco de levar com os resíduos do veneno que ela teria na chávena. O seu café seria o último que ela extrairia.

Ouvi a máquina a trabalhar, e, pouco depois, a Fátima entrou na sala transportando uma bandeja com as quatro chávenas, que distribuiu. Ela sabia bem qual teria que ser a sua.

Enquanto eu e o Rodrigo colocávamos açúcar e mexíamos, as nossas esposas, gostavam de beber o café sem qualquer aditivo doce. Foi o que sucedeu.

Eu, com uma colher, agitava a solução escura que estava na minha chávena, tentando não mostrar ansiedade, e elas ingeriam o aromático líquido castanho. Tudo decorria como eu previra.

Foi enquanto eu bebia o meu café, que a Fátima mostrou um esgar de dor, deitou as mãos ao ventre e tombou sobre a mesa, com uma ligeira espuma branca a sair-lhe da boca. Virei-me para o seu lado, enquanto gritava para que o meu irmão telefonasse para o 112.

Eu sabia que ela estava viva. Eu sabia que ela estava inconsciente e não recuperaria. Eu sabia que ela iria morrer, mas também previa que tal só sucederia no hospital, e que, desse modo, eu teria tempo para eliminar os últimos traços do crime. Não se é médico impunemente.

Só depois da sua morte e da identificação da causa que a provocara, surgiria a polícia. Eu ainda tinha tempo.

O veneno iria aparecer na chávena, mas, sobre isso, eu não me importava. Fora ela que o ingerira, sem ajuda.

Os socorros não demoraram a chegar. E estavam com cara de quem não gostou de ser incomodado naquela noite. Vieram num carro da emergência, com um médico, e numa ambulância que transportou imediatamente a Fátima para as urgências hospitalares.

Disse ao meu irmão que também eu iria para o hospital, o que teve como consequência a rápida partida dele, da esposa e do filho para casa onde moravam; também o fizeram para retirar o Miguel daquele ambiente trágico. Sucedeu como eu planeara.

Sozinho, retirei da máquina a cápsula fatal. No recipiente onde caíam as que tinham sido usadas, estava mais uma do mesmo aroma, já desde o almoço. Depois, enchi o depósito da água e fi-la sair como quem tira café, durante cerca de dez minutos. Foram quatro depósitos cheios. Seriam mais do que suficientes para tirar da máquina os restos do veneno. Deitei a água extraída na sanita e fiz com que fosse para o esgoto. Lavei bem o recipiente de recolha da água. Depois, sequei-o com um pano e arrumei-o.

Só tinha que ir para onde, anteriormente, eu dissera que iria. Pelo caminho, deixei a cápsula usada, a que continha o veneno, num remoto contentor do lixo. Jamais seria encontrada.

Terminados estes passos, as batidas do meu coração começaram a regularizar e dirigi-me para o hospital, agora, de modo efetivo, sabendo que mais tarde ou mais cedo me iria ser comunicada a morte da Fátima.

Era, nos últimos anos, a minha noite de Natal mais feliz. Eu nascia de novo. Era o meu Natal. A minha noite de Natal!

AVALIAÇÃO-PONTUAÇÃO

Os nossos leitores têm a partir de agora 30 (trinta) dias para proceder à avaliação deste terceiro conto a concurso e ao envio da pontuação atribuída, entre 5 a 10 pontos (em função da qualidade e originalidade), através do email salvadorsantos949@gmail.com. Recorda-se que o conto vencedor do concurso será o que conseguir alcançar a média de pontuação mais elevada após a publicação de todos os trabalhos, sendo possível (e muito desejada!) a participação dos autores no “lote de jurados”, estando, porém, impedidos de pontuar os seus originais (escritos em nome próprio ou sob a forma de pseudónimo), de maneira a não “fazerem juízo em causa própria”.

 
sábado, fevereiro 10, 2024
  NOTÍCIAS DO BLOGUE "A PÁGINA DOS ENIGMAS"

Torneio Memória

Já é conhecido o 2º problema do Torneio Memória, organizado pelo blogue A Página dos Enigmas, orientado pelo confrade Paulo (Viseu), que passamos a descrever:

O Assalto ao Banco Royal

Eram duas horas da tarde. Uma daquelas tardes quentes de Agosto. Só aqui ou ali — por absoluta necessidade — um raro transeunte se arriscava a sair para a rua e a meter-se debaixo do sol escaldante, que derretia tudo.

Ninguém notou por isso o automóvel cinzento que descia vagarosamente a rua, e que parou junto da porta do Royal Bank, de New York.

Do interior do carro saiu um homem de fato claro, chapéu de sábado e óculos escuros. Trazia uma mala pequena e transpôs a porta giratória do Banco, com aparente à vontade.

Lá fora o motor do carro continuava a trabalhar, recortando-se ao volante a sombra de outro homem.

Estava-se na hora do almoço e, no Banco, os poucos empregados que haviam ficado de serviço levantaram os olhos ensonados para o intruso, mas voltaram a baixá-los com desinteresse, e este pôde aproximar-se da Caixa sem que nenhum deles o seguisse com o olhar.

Se algum o tivesse feito, teria notado decerto a cara surpreendida do «caixa», e estranhado a expressão de terror com que o empregado acolhera o cliente desconhecido.

Este apontava-lhe uma pistola, ao mesmo tempo que murmurava:

— Se você der o alarme, mato-o, como um cão!

E acrescentou:

— Traga-me todo o dinheiro que tem na caixa, se tem amor à vida!... E nem um gesto suspeito, senão...

Atemorizado, o homenzinho obedeceu, trazendo vários maços de notas, que o assaltante se apressou a guardar na pequena mala. Ao arrumar o último, recomendou de novo:

—Se gritar antes de eu sair, não terei a mínima dúvida em abatê-lo!

Mal voltara costas porém, a campainha de alarme retiniu por todo o edifício, e o empregado teve que abrigar-se por trás do balcão, para evitar que o tiro disparado o atingisse. Perante o espanto de todos, o gatuno alcançava o automóvel, e este desaparecia pela rua, numa corrida vertiginosa.

Não tão rápida porém, que não desse tempo ainda a que um dos empregados — que correra  logo em perseguição do gatuno — visse o número do carro. Esse número era o: 98601.

Em breve as estações de rádio transmitiam os sinais e número do carro. Horas depois, o nosso «Inspector Diabrete» mandava deter o carro que vemos na gravura, quando este passeava calmamente nas ruas da cidade. «Diabrete» averiguara que não existia nenhum carro com o número: 98601. 

Ter-se-ia o nosso inspetor enganado desta vez, ao mandar deter o carro, cujos ocupantes protestaram energicamente?

A solução deve ser enviada até ao dia 29, (final do dia), para apaginadosenigmas@gmail.com.

 

Recorde-se que o Torneio Memória, é constituído por problemas com mais de 65 anos. São enigmas publicados nas décadas de 40 e 50 do século passado.

O Assalto ao Banco Royal é um problema policiário que tem associada uma imagem, situação que foi muito frequente em algumas secções policiárias que fizeram história.

 
quinta-feira, fevereiro 08, 2024
  NOTÍCIAS DO BLOGUE "A PÁGINA DOS ENIGMAS"

Torneio Memória

Já é conhecida a solução de autor, e as respetivas pontuações/classificações, do Problema nº 1 do Torneio Memória (CRIME NO PARQUE), organizado pelo blogue A Página dos Enigmas, do Confrade Paulo (Viseu):

“O problema tem como autor o Inspector Moisés. e foi publicado originalmente na revista Camarada número 22, em 15 de outubro de 1948, na secção Mistério e Aventura, orientada por Sete de Espadas, já passaram mais de 75 anos.

A revista Camarada era uma publicação juvenil, propriedade da Mocidade Portuguesa. Esta organização enquadrava os jovens dentro da ideologia do Estado Novo, e a revista começou por ser dirigida por Baltazar Rebelo de Sousa, pai do atual Presidente da República.

Sete de Espadas foi um grande divulgador do policiário em Portugal, mantendo-se em atividade entre o final dos anos 40 e o fim da primeira década deste século.

A secção Mistério e Aventura, título várias vezes usado por Sete de Espadas nos espaços que orientou, realizou alguns torneios que mostraram vários policiaristas que se iriam evidenciar nos anos seguintes, sofrendo a secção, na sua fase final, com a irregularidade com que era publicada.

Inspector Moisés, foi um policiarista que se manteve em atividade algumas décadas, fosse como solucionista ou como autor de problemas. Podemos encontrá-lo na década de 40, como neste caso, assim como na década de 70, marcando presença como solucionista e produtor na secção Enigma Policiário, orientada pelo Inspector Aranha. 

Este terá sido um dos primeiros problemas que escreveu. 

Foi também um notável charadista e cruzadista, tendo, nestas modalidades, adotado o pseudónimo de El Nunes.

Ernesto Nunes, o Inspector Moisés, faleceu com 93 anos em 18 de fevereiro de 2022.

Solução

A solução aqui apresentada surge como foi publicada originalmente na revista Camarada, não havendo indicação se é um texto do Inspector Moisés (o autor) ou de Sete de Espadas (o orientador da secção).

1.º — Foi Mota o assassino, porque...

2.º — ...Porque a sua mentira o denuncia. De facto, ele que estava aos remos, (porque era ele que «pretendia atracar, encostando a popa») estava necessariamente virado para o cais, e portanto não teria necessidade de se voltar para ver o «falso vulto» fugindo no Parque...

Comentário

A solução adotada será a do produtor do problema, embora ela possa trazer alguns problemas, dada a simplicidade com que o texto do enigma foi escrito.

Foram também aceites como respostas corretas, respostas diferentes, desde que indicassem explicitamente a contradição de visualização do criminoso, indicada pelo inspetor Moisés.

Embora houvesse a ideia inicial, de fazer variar mais as classificações, foi decidido aplicar apenas o critério que a seguir está estabelecido.

Houve um bom número de soluções recebidas que se destacam pela qualidade, embora O Gráfico apresente uma resposta que se sobrepõe a todas as outras. A quantidade de pormenores focados na solução como, a título de exemplo, a análise das declarações dos suspeitos e o destino da arma, foram tidos em conta para fazer a seleção, assim como o modo como a solução era "embrulhada".

Na originalidade, é a solução de Mac Jr. que se destaca, não sendo muitos os concorrentes que apresentam respostas que se evidenciem por serem originais.

Critério Classificativo.

Quem indica o assassino e justifica corretamente - 10 pontos

Quem indica o assassino correto mas não justifica corretamente - 9 pontos

Quem indica o assassino errado - 8 pontos

Os policiaristas indicados com a sigla  TPBRO são elementos da Tertúlia Policiária Blogue Repórter de Ocasião.

Classificação do problema

Geral

10 pontos (22 concorrentes)

Arjacasa (TPBRO); Bernie Leceiro; Búfalos Associados; Cláudia Martinho; Clóvis; Cris; Detective Nabo; Detective Jeremias; Guilherme; Inspector Boavida; Inspector Moscardo; Kali Mero; Karl Marques: LS & MaG; Mac Jr; Mali(TPBRO); Menino Nelito; Mister H; Núbis; O Gráfico (TPBRO); Rosa Marques; Xá do Reino.

9 pontos (4 concorrentes)

Abrótea; Bertita; Doula; Háspide

8 pontos (5 concorrentes)

Detective Vasofe; Inspetora Marta; Pedro Ribeiro; Poluidora; Tiago Reis

Total: 31 concorrentes

Melhores

O Gráfico (TPBRO) - 5 pontos

LS & Mag - 4 pontos

Detective Jeremias - 3 pontos

Mac Jr. - 2 pontos

Bernie Leceiro . 1 ponto

Originalidade

Mac Jr. - 5 pontos

O Gráfico - 4 pontos

Bernie Leceiro - 3 pontos

Inspector Moscardo - 2 pontos

Xá do Reino - 1 ponto

Classificação Geral (após o 1º problema)

Indica-se o lugar de cada solucionista, ou grupo de solucionistas, quando a solução não é individual, na Classificação Geral.

À frente da pontuação, a alínea do artigo 12º do regulamento utilizada no desempate.

1º O Gráfico (TPBRO)    10 pontos     a

2º LS & MaG   10   pontos        a

3º  Detective Jeremias  10  pontos         a

4º Mac Jr   10    pontos       a

5º Bernie Leceiro  10  pontos         a

6º Inspector Moscardo      10   pontos        g

7º Xá do Reino    10  pontos         g

8º Clóvis    10 pontos       o

9º Cláudia Martinho     10 pontos      o

10º Mali(TPBRO)      10  pontos       o

11º Menino Nelito  10 pontos     o

12º Kali Mero       10  pontos      o

13º Arjacasa (TPBRO)       10   pontos     o

14º Búfalos Associados     10   pontos      o

15º Cris        10 pontos          o

16º Inspector Boavida    10  pontos      o

17º Detective Nabo       10  pontos     o

18º Guilherme     10 pontos      o

19º Núbis    10 pontos       o

20º Karl Marques    10 pontos      o

21º Mister H     10 pontos     o

22º Rosa Marques    10  pontos     o

23º Bertita  9 pontos        o

24º Abrótea      9 pontos        o

25º Doula    9 pontos        o

26º Háspide      9 pontos        o

27º Detective Vasofe   8 pontos         o

28º Tiago Reis      8  pontos        o

29º Inspetora Marta    8 pontos       o

30º Poluidora      8  pontos      o

31º Pedro Ribeiro     8  pontos        o

Combinado

O Gráfico 4 pontos

Mac Jr   9 pontos

Bernie Leceiro  13 pontos

As classificações da Originalidade e Melhores coincidem, neste 1º problema, com a classificação do problema.”

A vencedora do Prémio em Sorteio (livro “O Fim”, de Philip Banter) foi MALI (TPBRO)

 

 
terça-feira, fevereiro 06, 2024
  NOTÍCIAS DO BLOGUE RO

Torneio Cultores do Policiário

Classificações do 1º Problema

(“O Misterioso Desaparecimento de uma Aliança Velha”, de O Gráfico)

Geral

1.º - Ribeiro de Carvalho (Torres Novas) = 10+04+05+03.

2.ª - Cocas (Portalegre) = 10+03+00+02.

3.ª - Sofia Ribeiro (Charneca de Caparica) = 10+02+11+14.

4.ª - Sandra Ribeiro (Almada) = 10+01+00+00.

5.º - Inspector Aranha (Santarém) = 09+00+18+21.

6.º - Mac Jr. (Apúlia) = 09+00+17+22.

7.º - Paulo (Viseu) = 09+00+16+23.

8.ª - Mali (Lisboa) = 99+00+15+17.

9.º - Photus A.D. (Belém-Lisboa) = 09+00+14+20.

10.º - Inspector Pevides (Oeiras) = 09+00+13+08.

11.ºs - Búfalos Associados (Lisboa) = 09+00+12+16.

12.ª - Detective Jeremias (Santarém) = 09+00+10+19.

13.º - Inspector Ryckyi (Amora) = 09+00+09+15.

14.º - Clóvis (Viseu) = 09+00+08+13.

15.º - Bernie Leceiro (Matosinhos) = 09+00+07+12.

16.º - Inspetor Moscardo (Santarém) = 09+00+06+10.

17.º - Big Ben (Amadora) = 09+00+04+05.

18.ª - Inspectora Sardinha (Armação de Pêra) = 09+00+03+09.

19.º - Visigodo (Setúbal) = 09+00+01+00.

20.º - Inspetor Boavida (Charneca de Caparica) = 09+00+00+07.

21.º - O Pegadas (Braga) = 09+00+00+06.

22.ª - Ana Carla Silva (Almada) = 09+00+00+00.

22.ª - Ana Marques (Lisboa) = 09+00+00+00.

22.º - Arjacasa (Valpaços) = 09+00+00+00.~

22.º - Carlos Caria (Lisboa) = 09+00+00+00.

22.ª - Carluxa (lagos) = 09+00+00+00.

22.ª - CN13 (Charneca de Caparica) = 09+00+00+00.

22.º - Detective Caracoleta (Charneca Caparica) = 09+00+00+00.

22.º - Detective Nabo (Aldeia do Nabo) = 09+00+00+00.

22.ª - Detective Silva (Cova da Piedade) = 09+00+00+00.

22.ª - Detective Suricata (Braga) = 09+00+00+00.

22.º - Faria (Évora) = 09+00+00+00.

22.º - Inspector Cláudio (Lagos) = 09+00+00+00.

22.º - Joel Trigueiro (Costa da Caparica) = 09+00+00+00.

22.º - Jorrod (Burgau) = 09+00+00+00.

22.ª - Margareth (Lagos) = 09+00+00+00.

22.º - Marino (Lisboa) = 09+00+00+00.

22.º - Molécula (Évora) = 09+00+00+00.

22.ª - Pintinha (Lisboa) = 09+00+00+00.

22.º - 1.º Sargento (Laranjeiro) = 09+00+00+00.

22.ª - Rainha Katya (Charneca de Caparica) = 09+00+00+00.

22.º - Satanás (Lisboa) = 09+00+00+00.

22.º - Zé Alguém (Lagos) = 09+00+00+00.

44.º - Jartur (Porto) = 08+00+00+18.

45.º - Eduardo Oliveira (Loures) = 07+00+00+04.

46.º - Pedro Monteiro (Sobreda) = 07+00+00+01.

47.º - JC Al (Londres) = 06+00+02+11.

As Melhores

1.º - Ribeiro de Carvalho (Torres Novas) - (4 Pontos)

2.ª - Cocas (Portalegre) - (3 Pontos)

3.ª - Sofia Ribeiro (Charneca de Caparica) - (2 Pontos)

4.ª - Sandra Ribeiro (Almada) - (1 Ponto)

As Mais Originais

1.º – Inspector Aranha (Santarém) - (18 Pontos)

2.º – Mac Jr. (Apúlia) - (17 Pontos)

3.º - Paulo (Viseu) - (16 Pontos)

4.ª - Mali (Lisboa) - (15 Pontos)

5.º – Photus A.D. (Belém-Lisboa) - (14 Pontos)

6.º – Inspector Pevides (Oeiras) - (13 Pontos)

7.º – Búfalos Associados (Lisboa) - (12 Pontos)

8.ª – Sofia Ribeiro (Charneca de Caparica) - (11 Pontos)

9.ª – Detective Jeremias (Santarém) - (10 Pontos)

10.º – Inspector Ryckyi (Amora) - (9 Pontos)

11.º – Clóvis (Viseu) - (8 Pontos)

12.º – Bernie Leceiro (Matosinhos) - (7 Pontos)

13.º – Inspector Moscardo (Santarém) - (6 Pontos)

14.º – Ribeiro de Carvalho (Torres Novas) - (5 Pontos)

15.º – Big Ben (Amadora) - (4 Pontos)

16.ª – Inspectora Sardinha (Armação de Pêra) - (3 Pontos)

17.º – JC Al (Londres) - (2 Pontos)

18.º – Visigodo (Setúbal) - (1 Ponto)

Os Mais Combativos

1.º – Paulo (Viseu) - (23 Pontos)

2.º – Mac Jr. (Apúlia) - (22 Pontos)

3.º - Inspector Aranha (Santarém) - (21 Pontos)

4.º - Photus A.D. (Belém-Lisboa) - (20 Pontos)

5.ª – Detective Jeremias (Santarém) - (19 Pontos)

6.º – Jartur (Porto) - (18 Pontos)

7.ª – Mali (Lisboa) - (17 Pontos)

8.ºs – Búfalos Associados (Lisboa) - (16 Pontos)

9.º – Inspector Rycky (Amora) - (15 Pontos)

10.ª – Sofia Ribeiro (Charneca de Caparica) - (14 Pontos)

11.º – Clóvis (Viseu) - (13 Pontos)

12.º – Bernie Leceiro (Matosinhos) - (12 Pontos)

13.º – JC Al (Londres) - (11 Pontos)

14.º – Inspector Moscardo (Santarém) - (10 Pontos)

15.ª – Inspectora Sardinha (Armação de Pêra) - (9 Pontos)

16.º – Inspector Pevides (Oeiras - (8 Pontos)

17.º – Inspetor Boavida (Charneca de Caparica) - (7 Pontos)

18.º – O Pegadas (Braga) - (6 Pontos)

19.º – Big Ben (Amadora) - (5 Pontos)

20.º – Eduardo Oliveira (Loures) - (4 Pontos)

21.º – Ribeiro de Carvalho (Torres Novas) - (3 Pontos)

22.º – Cocas (Portalegre) - (2 Pontos)

23.º – Pedro Monteiro (Sobreda) - (1 Ponto)

Prémio Combinado

1.ª – Sofia Ribeiro - (24 Pontos) = (3+3+8+10)

2.º – Ribeiro de Carvalho - (37 Pontos) = (1+1+14+21)

 
segunda-feira, fevereiro 05, 2024
  CONCURSO DE CONTOS "UM CASO POLICIAL NO NATAL"

 Caros Confrades,

Não havendo aqui, no Local do Crime, qualquer limitação de espaço, como acontece nas páginas do jornal AUDIÊNCIA GRANDE PORTO, publicamos na íntegra o terceiro conto do Concurso “Um Caso Policial no Natal”:

“Um Caso Policial no Natal” – TERCEIRO CONTO

A MINHA NOITE DE NATAL, de Paulo

A conversa saltava entre as pessoas sentadas na mesa, musicada pelos risos e pelo som dos talheres sobre os pratos. Era, para eles, uma ceia de Natal igual a tantas outras, mas, para mim, seria diferente.

Eram mais quatro pessoas sentadas à mesa. A Fátima, minha esposa, o meu irmão Rodrigo, a cônjuge Germana, todos nós entre os quarenta e os quarenta e cinco anos, e o Miguel, o meu sobrinho, com os seus treze aniversários já cumpridos. Como em todos os dezembros anteriores, juntávamo-nos para celebrar o Natal, ou melhor, ano sim, ano não, porque nos de data par, eu e a minha esposa passávamos as festividades natalícias em casa dos meus sogros, assim como o Rodrigo fazia o mesmo em casa dos pais da Germana. As mortes do meu pai e da minha mãe num acidente de automóvel, havia dezoito meses, fizeram com que a mesa dos anos ímpares ficasse reduzida àqueles que lá nos encontrávamos sentados neste ano.

Enquanto as restantes pessoas iam comendo o tradicional bacalhau cozido com batatas e couves, eu, parecendo participar de uma alegre reunião familiar, conjeturava sobre o meu futuro. Enquanto as luzes de Natal iam piscando no arremedo plástico de árvore, eu pensava em tudo o que planeara e que iria mudar o rumo da minha vida.

Eu iria voltar a ter futuro. Iria ficar livre da Fátima; daquela voz sempre crítica para os meus atos; daquele sorriso constantemente trocista para os meus desejos; daquela arrogância com que ela se impunha à minha vontade; daquele desprezo com que respondera a uma abordagem que eu lhe fizera de separação; daquela falsa amabilidade que iludia todos os que com ela contactavam e que era confundida com simpatia.

Naquela mesa, ela dominava a conversa, era o centro das atenções, falando do seu trabalho, da sua casa e da sua árvore de Natal, que ela iluminara e enfeitara, e que estava erguida no canto da sala. De mim, não falava. Eu não contava.

Eu ouvia a sua voz, sobrepondo-se à minha e à de cada um dos presentes, mas sabia que essa voz se calaria dentro de pouco tempo. Sabia que seria a sua arrogância que a levaria à morte. Seria o seu costume de se colocar sempre em primeiro, de querer para si o melhor, de ter que ultrapassar tudo e todos, desde que fosse em seu proveito, que lhe seria fatal. Estava tudo planeado, e nada melhor do que uma noite de Natal para a matar, para deixar ficar na minha memória o sucesso de todos os passos que eu tantas vezes imaginara e que agora iriam ter o seu apogeu na morte dela.

O brinde à saúde de todos fez-me rir interiormente. Não deixei de fazer a vontade ao meu irmão, mas eu sabia que a saúde da Fátima não era algo que eu desejasse, nem era algo que viesse a perdurar nos tempos mais próximos. Quase que me apetecia brindar à sua morte, no entanto, eu teria que manter as aparências. Era fundamental aquele meu contributo cortês, para não mostrar o que a minha mente pensava. Se ela fingia para o resto da família, eu ainda faria melhor. Iria ser um Natal memorável.

Claro que havia sobremesas, mas não existia colesterol que nos impedisse de celebrar condignamente aquela noite. Os ginásios tinham a sua utilidade. Uma delas era darem a permissão aos pequenos abusos alimentares, como os que se perpetravam nestes últimos dias de dezembro e que duravam até ao início do novo ano.

A Fátima não falhava em nada. Era Natal, e por isso a mesa tinha que ter as tradicionais filhoses, as natalícias rabanadas, o indispensável bolo-rei, que os tempos foram fazendo recuar desde o Dia de Reis até ao Natal, e todo um outro conjunto de doces que ela fizera, como fosse um bolo, com uns ingredientes que não revelava, dizendo que era um segredo familiar, e que eu iria converter num segredo eterno, uma mousse de chocolate e arroz doce.

Um bocadinho deste, um torrãozinho daquele, era a linguagem usada para acumular os doces no prato da sobremesa. E assim, iam todos falando e sorrindo, não deixando, também eu, de contribuir para a festa, nem de provar os diferentes doces.

Na nossa casa, nesta época tão marcada por alguns símbolos, não havia Pai-Natal nem o tradicional Menino Jesus. A idade do meu sobrinho Miguel já há muito deixara para trás essas personagens. Agora, apenas alguns presentes aguardavam, sob a árvore que a Fátima iluminara. Esperavam que os abríssemos e fizéssemos trocas, fingindo uma surpresa e um interesse que não existiam acerca do que cada um recebia.

Mas este ano não chegaríamos a essa atividade. Antes disso, eu teria que ver o meu plano funcionar. Iria suceder aquela cadência de passos delineados, que eu imaginara darem certos, e, desse modo, terminar com a vida da Fátima.

Ela perguntou quem queria café. Era aqui que começava a fase crítica. Aquela em que eu confiara no conhecimento que tinha sobre a Fátima, e que me permitira construir um conjunto sequencial de etapas que levariam à sua morte. Tinha sido um planeamento meticuloso, aquele que eu fizera. Uma construção feita com base num conhecimento acumulado ao longo dos muitos anos de convívio.

A máquina de café estava na cozinha, assim como os pequenos recipientes de variadas cores, contendo no seu interior o mágico pó castanho. Daquele café que ela gostava, havia só uma cápsula na caixa e em casa. Ela não abdicava daquele aroma, e eu fizera tudo, ao longo dos últimos dias, para deixar só uma dose. Aquela que o seu egoísmo não permitiria que fosse para mais ninguém.

Todos, com exceção do Miguel, queriam café, como eu já esperava.

Claro que a Fátima disse que ia preparar os expressos para toda gente. Eu sabia que iria ser desse modo. Ela era a mulher perfeita; aquela que nunca errava. Também não seria ali que iria falhar. Seria ela a provocar a sua própria morte.

Durante a tarde, eu colocara o veneno na cápsula, usando uma seringa. Lá, ficaria à espera de entrar no organismo da Fátima. Era o único café com o seu aroma favorito. O único de que ela gostava e que, por isso, não deixaria que fosse para mais ninguém.

Desfazer-me do que restava do material letal, fora fácil. Uma saída de automóvel, ao supermercado, para comprar umas quaisquer inutilidades: lâminas de barbear, uma esferográfica azul e pasta de dentes, e com isso trazer dois ingredientes de última hora pedidos pela Fátima, tinham-me conduzido a um contentor de lixo, bem afastado de casa, onde o frasco com os restos do veneno e a seringa tinham sido deixados.

Os meus olhos saltitavam entre as luzes de Natal, o meu irmão, a minha cunhada, o meu sobrinho e a Fátima, que se levantava da mesa para ir buscar o café.

Embora eu me quisesse manter calmo, o meu coração batia muito mais rapidamente. Aproximava-se o momento; aquele que seria o meu Natal; aquele em que eu nasceria de novo, perante a morte da Fátima.

Acreditava que o seu egoísmo a levaria à morte. Mesmo havendo riscos para mim, para a Germana e para o Rodrigo, eu confiava. Acreditava na minha intuição, no que eu sabia, no meu plano e, principalmente, no egocentrismo da Fátima.

O seu café teria que ser o mais quente quando chegasse à mesa. Ela não deixaria de o fazer. Fazia-o sempre. Ninguém corria o risco de levar com os resíduos do veneno que ela teria na chávena. O seu café seria o último que ela extrairia.

Ouvi a máquina a trabalhar, e, pouco depois, a Fátima entrou na sala transportando uma bandeja com as quatro chávenas, que distribuiu. Ela sabia bem qual teria que ser a sua.

Enquanto eu e o Rodrigo colocávamos açúcar e mexíamos, as nossas esposas, gostavam de beber o café sem qualquer aditivo doce. Foi o que sucedeu.

Eu, com uma colher, agitava a solução escura que estava na minha chávena, tentando não mostrar ansiedade, e elas ingeriam o aromático líquido castanho. Tudo decorria como eu previra.

Foi enquanto eu bebia o meu café, que a Fátima mostrou um esgar de dor, deitou as mãos ao ventre e tombou sobre a mesa, com uma ligeira espuma branca a sair-lhe da boca. Virei-me para o seu lado, enquanto gritava para que o meu irmão telefonasse para o 112.

Eu sabia que ela estava viva. Eu sabia que ela estava inconsciente e não recuperaria. Eu sabia que ela iria morrer, mas também previa que tal só sucederia no hospital, e que, desse modo, eu teria tempo para eliminar os últimos traços do crime. Não se é médico impunemente.

Só depois da sua morte e da identificação da causa que a provocara, surgiria a polícia. Eu ainda tinha tempo.

O veneno iria aparecer na chávena, mas, sobre isso, eu não me importava. Fora ela que o ingerira, sem ajuda.

Os socorros não demoraram a chegar. E estavam com cara de quem não gostou de ser incomodado naquela noite. Vieram num carro da emergência, com um médico, e numa ambulância que transportou imediatamente a Fátima para as urgências hospitalares.

Disse ao meu irmão que também eu iria para o hospital, o que teve como consequência a rápida partida dele, da esposa e do filho para casa onde moravam; também o fizeram para retirar o Miguel daquele ambiente trágico. Sucedeu como eu planeara.

Sozinho, retirei da máquina a cápsula fatal. No recipiente onde caíam as que tinham sido usadas, estava mais uma do mesmo aroma, já desde o almoço. Depois, enchi o depósito da água e fi-la sair como quem tira café, durante cerca de dez minutos. Foram quatro depósitos cheios. Seriam mais do que suficientes para tirar da máquina os restos do veneno. Deitei a água extraída na sanita e fiz com que fosse para o esgoto. Lavei bem o recipiente de recolha da água. Depois, sequei-o com um pano e arrumei-o.

Só tinha que ir para onde, anteriormente, eu dissera que iria. Pelo caminho, deixei a cápsula usada, a que continha o veneno, num remoto contentor do lixo. Jamais seria encontrada.

Terminados estes passos, as batidas do meu coração começaram a regularizar e dirigi-me para o hospital, agora, de modo efetivo, sabendo que mais tarde ou mais cedo me iria ser comunicada a morte da Fátima.

Era, nos últimos anos, a minha noite de Natal mais feliz. Eu nascia de novo. Era o meu Natal. A minha noite de Natal!

 
  O DESAFIO DOS ENIGMAS - edição de 5 de fevereiro de 2024

            UM CRIME DE HOMICÍDIO PREMEDITADO QUE NOS CHEGA DE VISEU

O conto que hoje se publica no âmbito do concurso “Um Caso Policial no Natal” é da autoria do nosso confrade Paulo, de Viseu, produtor e decifrador policiário de reconhecido mérito, escritor recentemente distinguido com o prémio literário Germano Silva do Rotary Club de Penafiel, que nos conta a história de um crime de homicídio premeditado para uma ceia de Natal…

“Um Caso Policial no Natal” – TERCEIRO CONTO

A MINHA NOITE DE NATAL, de Paulo

I – PARTE

A conversa saltava entre as pessoas sentadas na mesa, musicada pelos risos e pelo som dos talheres sobre os pratos. Era, para eles, uma ceia de Natal igual a tantas outras, mas, para mim, seria diferente.

Eram mais quatro pessoas sentadas à mesa. A Fátima, minha esposa, o meu irmão Rodrigo, a cônjuge Germana, todos nós entre os quarenta e os quarenta e cinco anos, e o Miguel, o meu sobrinho, com os seus treze aniversários já cumpridos. Como em todos os dezembros anteriores, juntávamo-nos para celebrar o Natal, ou melhor, ano sim, ano não, porque nos de data par, eu e a minha esposa passávamos as festividades natalícias em casa dos meus sogros, assim como o Rodrigo fazia o mesmo em casa dos pais da Germana. As mortes do meu pai e da minha mãe num acidente de automóvel, havia dezoito meses, fizeram com que a mesa dos anos ímpares ficasse reduzida àqueles que lá nos encontrávamos sentados neste ano.

Enquanto as restantes pessoas iam comendo o tradicional bacalhau cozido com batatas e couves, eu, parecendo participar de uma alegre reunião familiar, conjeturava sobre o meu futuro. Enquanto as luzes de Natal iam piscando no arremedo plástico de árvore, eu pensava em tudo o que planeara e que iria mudar o rumo da minha vida.

Eu iria voltar a ter futuro. Iria ficar livre da Fátima; daquela voz sempre crítica para os meus atos; daquele sorriso constantemente trocista para os meus desejos; daquela arrogância com que ela se impunha à minha vontade; daquele desprezo com que respondera a uma abordagem que eu lhe fizera de separação; daquela falsa amabilidade que iludia todos os que com ela contactavam e que era confundida com simpatia.

Naquela mesa, ela dominava a conversa, era o centro das atenções, falando do seu trabalho, da sua casa e da sua árvore de Natal, que ela iluminara e enfeitara, e que estava erguida no canto da sala. De mim, não falava. Eu não contava.

Eu ouvia a sua voz, sobrepondo-se à minha e à de cada um dos presentes, mas sabia que essa voz se calaria dentro de pouco tempo. Sabia que seria a sua arrogância que a levaria à morte. Seria o seu costume de se colocar sempre em primeiro, de querer para si o melhor, de ter que ultrapassar tudo e todos, desde que fosse em seu proveito, que lhe seria fatal. Estava tudo planeado, e nada melhor do que uma noite de Natal para a matar, para deixar ficar na minha memória o sucesso de todos os passos que eu tantas vezes imaginara e que agora iriam ter o seu apogeu na morte dela.

O brinde à saúde de todos fez-me rir interiormente. Não deixei de fazer a vontade ao meu irmão, mas eu sabia que a saúde da Fátima não era algo que eu desejasse, nem era algo que viesse a perdurar nos tempos mais próximos. Quase que me apetecia brindar à sua morte, no entanto, eu teria que manter as aparências. Era fundamental aquele meu contributo cortês, para não mostrar o que a minha mente pensava. Se ela fingia para o resto da família, eu ainda faria melhor. Iria ser um Natal memorável.

Claro que havia sobremesas, mas não existia colesterol que nos impedisse de celebrar condignamente aquela noite. Os ginásios tinham a sua utilidade. Uma delas era darem a permissão aos pequenos abusos alimentares, como os que se perpetravam nestes últimos dias de dezembro e que duravam até ao início do novo ano.

A Fátima não falhava em nada. Era Natal, e por isso a mesa tinha que ter as tradicionais filhoses, as natalícias rabanadas, o indispensável bolo-rei, que os tempos foram fazendo recuar desde o Dia de Reis até ao Natal, e todo um outro conjunto de doces que ela fizera, como fosse um bolo, com uns ingredientes que não revelava, dizendo que era um segredo familiar, e que eu iria converter num segredo eterno, uma mousse de chocolate e arroz doce.

Um bocadinho deste, um torrãozinho daquele, era a linguagem usada para acumular os doces no prato da sobremesa. E assim, iam todos falando e sorrindo, não deixando, também eu, de contribuir para a festa, nem de provar os diferentes doces.

Na nossa casa, nesta época tão marcada por alguns símbolos, não havia Pai-Natal nem o tradicional Menino Jesus. A idade do meu sobrinho Miguel já há muito deixara para trás essas personagens. Agora, apenas alguns presentes aguardavam, sob a árvore que a Fátima iluminara. Esperavam que os abríssemos e fizéssemos trocas, fingindo uma surpresa e um interesse que não existiam acerca do que cada um recebia.

Mas este ano não chegaríamos a essa atividade. Antes disso, eu teria que ver o meu plano funcionar. Iria suceder aquela cadência de passos delineados, que eu imaginara darem certos, e, desse modo, terminar com a vida da Fátima.

Ela perguntou quem queria café. Era aqui que começava a fase crítica. Aquela em que eu confiara no conhecimento que tinha sobre a Fátima, e que me permitira construir um conjunto sequencial de etapas que levariam à sua morte. Tinha sido um planeamento meticuloso, aquele que eu fizera. Uma construção feita com base num conhecimento acumulado ao longo dos muitos anos de convívio.

A máquina de café estava na cozinha, assim como os pequenos recipientes de variadas cores, contendo no seu interior o mágico pó castanho. Daquele café que ela gostava, havia só uma cápsula na caixa e em casa. Ela não abdicava daquele aroma, e eu fizera tudo, ao longo dos últimos dias, para deixar só uma dose. Aquela que o seu egoísmo não permitiria que fosse para mais ninguém.

Todos, com exceção do Miguel, queriam café, como eu já esperava.

Claro que a Fátima disse que ia preparar os expressos para toda gente. Eu sabia que iria ser desse modo. Ela era a mulher perfeita; aquela que nunca errava. Também não seria ali que iria falhar. Seria ela a provocar a sua própria morte.

(continua na próxima edição)

 

 
domingo, fevereiro 04, 2024
  NOTÍCIAS DO BLOGUE RO

Torneio Cultores do Policiário

1º Problema

“O Misterioso Desaparecimento de uma Aliança Velha”, de O Gráfico

Solução de Autor (O Gráfico)

II - PARTE

- OLÁ, Rui! - cumprimentei o meu amigo regressando à Pastelaria Kimi.

- Viva, então, tudo bem!? A Aliança Velha sumiu-se de vez! Que coisa...!? - disse ele.

- Meu caríssimo Amigo eu tenho uma teoria para desvendar o mistério e queria-lhe apresentar as minhas deduções, vamos a isso? - perguntei.

O Rui Marino concordou comigo e expus-lhe as minhas conclusões, desta maneira:

“Uma vez que a garrafa da Aliança Velha jamais foi encontrada no estabelecimento, em lugar ou local nenhum e mais ninguém saiu ou entrou após a sua falta... então só pode ter sido levada pelo Padeiro... porque ele entrou em simultâneo com o Miguelito e o alvoroço e as distracções foram imensas! O Padeiro foi o único que entrou no balcão e no seu trajecto, por duas vezes se cruzou com a Aliança Velha! Depois de depositar as carcaças no receptáculo apropriado, ao regressar pegou na garrafa e colocou-a na caixa vazia do transporte do pão. Enquanto posavam para as fotos ele saiu sorrateiramente pela porta vedada ao público, pelas duas cadeiras! Só pode!...”

- Interessante, meu caro Rodrigues! Quase de certeza! - comentou o Rui.

- E como é que podemos provar isso mesmo...!? - interrogou-me.

- Fácil! - respondi, eu.

- Provavelmente, o jovem Miguelito, numa das suas fotografias “apanhou” o Padeiro em flagrante delito! - acrescentei.

- Vamos chamá-lo... para que nos mostre as suas fotografias! - concluí.

Dito e feito. O jovem Miguelito nem queria acreditar... numa das suas fotografias, no meio de um alvoroço fantástico... lá se encontrava, em segundo plano, numa das fotografias de rosto dos empregados de balcão, o Padeiro a pegar na garrafa da Aliança Velha e numa outra via-se a garrafa já colocada no caixote, vazio, do transporte do pão! Sintomático. Uma prova irrefutável da culpabilidade do Padeiro.

 

 
quinta-feira, fevereiro 01, 2024
  NOTÍCIAS DO BLOGUE RO

TORNEIO CULTORES DO POLICIÁRIO

2º Problema

“Crime ao Sol”, de Faria (Évora)

- Sargento Pázeiro, mande prender o sr. Anacleto Silva, pelo assassinato do tio.

Quem assim falava, era o Inspetor Faria, satisfeito por mais uma vez ter conseguido resolver um dos seus famosos casos.

Desta vez o mesmo não o ocupara muito tempo e ele pôde, assim, dispor de mais uma oportunidade para fazer a sua partidinha de ténis, na companhia do Sargento Pázeiro.

Porém, antes de ir à sua partidinha de ténis, o Inspetor deu-me todos os elementos do caso e autorizou-me a apresentá-los a todos os Policiaristas, para ver se o conseguem resolver.

OS ELEMENTOS SÃO OS SEGUINTES:

a) -A vítima era o sr. Pedro Silva, industrial de renome, conhecido pelos seus modos duros. Estava constantemente a discutir com o sobrinho e no dia anterior ameaçara-o de que o iria deserdar.

b) -O local do crime é um grandioso imóvel de dois andares, localizado dentro de uma enorme quinta, a qual estava isolada do exterior, por um grande muro que a rodeava.

c) -A vítima encontrava-se no seu escritório, localizado no 1.º andar, tombada de frente sobre o bordo da única janela do mesmo, com a cabeça pendente para a rua e apresentava um ferimento muito profundo na cabeça, mais propriamente na zona da testa, provocado por um instrumento corto-contundente.

d) A janela estava localizada na parte da frente do imóvel.

e) Na parede exterior, junto da janela encontrava-se uma escada encostada ao alto.

f) A parede junto à janela, bem como a escada, apresentavam alguns salpicos de sangue.

g) Na rua, por baixo da janela e na direção em que pendia a cabeça da vítima via-se uma poça de sangue.

h) A única porta do escritório, na altura do crime estava fechada por dentro, à chave e, além disso, ainda estava trancada por dentro com uma corrente de segurança, pois, após o almoço, a vítima gostava sempre de ficar sozinha durante algum tempo e não a abria para ninguém.

i) Havia apenas dois telefones em casa. Um estava na sala, mas não funcionava devido a avaria e o outro estava no escritório da vítima.

j) No armazém, localizado nas traseiras do imóvel e onde se guardava, entre outras coisas, a farinha, foram encontrados entre os sacos de farinha, enrolados num pano um pouco sujo de sangue, um martelo, uma faca de mato e um machado.

l) Na altura do crime só se encontravam na quinta, a vítima e o seu sobrinho, o sr. Anacleto Silva seu único herdeiro.

m) O sobrinho da vítima estava vestido desportivamente, no entanto uma das pernas das suas calças estava um pouco suja de farinha.

n) A vítima funcionava como um autêntico relógio e sem exceção, todos os dias, à mesma hora, abria à janela do escritório e ficava de pé junto da mesma durante algum tempo a saborear o sol.

o) A porta do escritório, quando à Polícia chegou, estava fechada e trancada por dentro, sendo arrombada posteriormente para se poder remover o corpo.

DEPOIMENTO DO SOBRINHO:

Ainda não tinha saído de casa nesse dia. Após o almoço, como se sentia cansado, continuou ainda em casa e aproveitou para fazer um telefonema a um amigo. Após o telefonema, resolveu sair para a rua e, casualmente, olhou na direção da janela do escritório e deparou com aquela fatalidade. De imediato correu para fora da quinta a pedir socorro e conseguiu assim contactar a Polícia.

Estes elementos permitiram ao Inspetor Faria resolver o caso; espero, pois, que não tenham dificuldades em o fazer!

PERGUNTAS:

1) - Qual das três armas apresentadas no texto foi a utilizada no crime? Justifique.

2) - Como julgam que o crime foi cometido? Justifique.

3) - Quais os pormenores que provam a culpabilidade do sobrinho?

4) - Qual o móbil do crime?

Resposta até 29 de fevereiro, através dos seguintes meios:

a - Via MessengerFacebook, mensageiro instantâneo e aplicativo de Luís Rodrigues. 

b - Por emails, correio eletrónico, de Luís Rodrigues: reporter.de.ocasiao@gmail.com e lumaferoma1958@sapo.pt  

c - Utilizando o Correio Normal (CTT):

Luís Manuel Felizardo Rodrigues

Praceta Bartolomeu Constantino, 14, 2.º Esq.

FEIJÓ 2810 – 032 ALMADA

 

 
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