CONCLUSÃO DO ÚLTIMO CONTO DE “UM CASO POLICIAL NO NATAL”
Enquanto
aguardamos a atualização das classificações do concurso de contos subordinado
ao tema “Um Caso Policial no Natal”, concluímos hoje o 20.º original, publicado
extraconcurso em homenagem à confrade Madame Eclética, saudosa companheira de
vida deste vosso escriba.
Entretanto,
aqui fica o calendário da divulgação das pontuações atribuídas aos contos em
concurso: na próxima edição (5 de março), serão conhecidas as pontuações dos
contos n.ºs 6, 7, 8, 9 e 10, e respetiva classificação geral até ao décimo
conto; no dia 20 de março, serão divulgadas as pontuações alcançadas pelos
contos n.ºs 11, 12, 13, 14 e 15, e respetiva classificação geral até ao décimo
quinto conto; e no dia 5 de abril… será anunciada a realização de mais um
convívio-policiário, desta feita em São Pedro de Sintra, como habitualmente no
restaurante Sabores de Sintra, a ter lugar no mês de maio (em dia a determinar),
onde serão anunciadas as pontuações obtidas pelos contos n.ºs 16, 17, 18 e 19,
e a classificação geral final, seguindo-se a entrega dos prémios conquistados pelos
autores, em cerimónia a que chamamos “sobremesa da consagração”.
Posto
isto, regressemos à segunda parte do conto de Madame Eclética, originalmente
publicado no âmbito do concurso de contos “Um Caso Policial em Gaia – 2020/2021”,
com outro título e diferente designação de alguns dos protagonistas, no qual
conquistou o… último lugar! Este modesto lugar significa que o júri (nós, os
leitores!) se viu a braços nesse ano com um lote de excelentes originais, como
aconteceu nesta edição de 2024/2025, que pode também deixar na cauda da tabela
classificativa contos de grande qualidade. E enquanto não chega o veredito
final do júri, aqui fica a conclusão do conto de Madame Eclética, cuja primeira
parte terminou assim:
“As pernas de Amélia tremiam, as mãos suavam e o rosto ruborizava, o que sempre acontecia nestas consultas. Esta era a terceira vez que o psicólogo a ouvia e ela já não sentia que conversava com um técnico de saúde. A conversa desta feita foi sobre música, sobre os seus gostos musicais mais propriamente. E ficou a saber que ele tinha mais uma coisa em comum com ela. Gostava de jazz! Tal como ela, tinha um especial prazer em ouvir Miles Davis, Bille Holiday, Chet Baker e Ella Fitzgerald, nomes maiores deste género musical criado no início do século XX pela comunidade negra de Nova Orleans. Disse ele que era um gosto herdado de seu pai e que tinha uma preciosa discoteca de vinil composta por temas jazzísticos, acabando por convidá-la a ouvi-los em sua casa, numa tarde em que não tivesse consultas, nomeadamente a um sábado”.
“Um Caso Policial no Natal” – VIGÉSIMO CONTO (EXTRACONCURSO)
SONHOS DE NATAL, de Madame Eclética
II – PARTE (conclusão)
O coração de Amélia começou a bater tão forte e tão descompassadamente,
que se sentiu desfalecer. E o pior foi ainda quando o psicólogo disse que nessa
noite havia um concerto natalício de Jazz no Convento Corpus Christi. Ele ainda
não tinha a certeza que pudesse ir, mas prometeu que faria todos os possíveis
por comparecer. A consulta, que mais pareceu uma conversa entre amigos, passou
depois por outros temas também do agrado de ambos. Falaram de cinema, de artes
plásticas e teatro, concluindo ambos que estiveram algumas vezes no mesmo dia e
no mesmo lugar, a assistir ao mesmo filme, a visitar o mesmo museu, a ver a
mesma peça. No final, imediatamente antes das despedidas, ele recordou o
concerto de logo à noite. E concluiu, dizendo que o receio de se confrontar com
os tais “Sonhos de Natal” não podia condicionar a sua vida.
Quando a prima Susana perguntou como havia corrido a consulta, Amélia só
conseguiu balbuciar “correu bem”. O seu peito rebentava de felicidade, mas ela
não podia confessar esse sentimento. E muito menos dizer de quem era a
responsabilidade por aquele seu estado de espírito. Era a terceira vez que
consultava o psicólogo Paulo Mamede, sempre por causa dos “Sonhos de Natal”, e
pela primeira vez percebeu que não lhe era indiferente como mulher. No caminho
de regresso a casa, a Susana perguntou-lhe por diversas o que se passava com
ela, tal era o seu estado de espírito. E quando a prima perguntou se queria que
ela lhe fizesse companhia até à hora de deitar, o que acontecia com frequência,
sobretudo depois das consultas ao psicólogo, Amélia respondeu de supetão: “Não,
deixa estar, não vale a pena. Hoje sinto-me muito bem”.
Amélia não se sentia apenas muito bem naquele momento. Na verdade, ela
nunca se havia sentido alguma vez melhor desde que se conhecia como mulher.
Aquele homem tinha tudo o que ela imaginara como seria o seu futuro companheiro
de vida, nas noites febris de desejo da adolescência. Havia algo nele que
descontrolava os seus sentidos, que a deixava perdida em sonhos que a remetiam
para fantasiosas experiências sexuais. E agora só pensava na hora de o voltar a
ver, logo mais, no Convento de Corpus Christi, embalada por aquela louca paixão
ao som de algumas das suas músicas de eleição, ao ritmo de jazz.
Quando chegou ao Convento Corpus Christi, atravessou o largo portão que
dá acesso ao pátio do monumento na esperança de encontrar a qualquer momento o
homem por quem se apaixonara. A entrada era livre, mas não era permitido o
acesso ao local do concerto após a hora marcada para o seu início e tinha como
condição a permanência obrigatória no espaço até ao final do espetáculo. Amélia
olhou em redor e não viu Paulo. Aguardou mais um pouco e quando chegou ao
limiar da hora do espetáculo resolveu entrar. A sala já estava repleta de
pessoas e só conseguiu lugar na última fila da plateia. Olhou as nucas que se
perfilavam na sua frente e em nenhuma delas conseguiu vislumbrar indícios da
cabeça do “seu” Paulo. Uma delas tinha um cabelo loiro com algumas semelhanças,
mas as dúvidas dissiparam-se quando se posicionou de perfil.
A pessoa que estava ao lado do loiro que a confundiu, voltou-se para este
e… Amélia entrou em estado de choque. Era um dos “Sonhos de Natal”! E ao lado
desse estava outro. E mais outro. A rapariga ergueu-se de um salto e correu
para a porta de saída da sala, que abriu a custo. Um flash de luz encadeou-a. E
à frente daquele clarão de luz intenso, conseguiu vislumbrar um grupo de jovens
rapazes de armas apontadas para si, gritando. “Atenção! Preparar! Disparar!”
Amélia soltou um grito aterrador, ao mesmo tempo que correu desenfreadamente em
direção ao portão de saída do Convento. “Corta! Corta! Corta! Mas quem é que
deixou passar esta maluca?!” – berrou, através de um megafone, um homem de
chapéu de pala, que estava sentado numa cadeira de realizador, que tinha
impressa na lona do encosto... “Sonhos de Natal” – o título do filme em
rodagem…
TORNEIO DO CINQUENTENÁRIO “MP/MA”
Já é conhecida a
solução (e as respetivas pontuações) do primeiro problema do I-Torneio Policiário
“Português Suave” – Modo Simplex, organizado pelo blogue Momento do Policiário
(momentodopoliciario.blogspot.com). Ei-las:
I - Torneio
Policiário “Português Suave”
| PROBLEMA n.º 1
|
NUM DIA DE PESCA
Solução
Num Problema que
se pedia uma solução fácil (SIMPLEX), e por isso era baseada “unicamente” no
teor da carta e no relato do achado do corpo, descrito na mesma e, apenas isso.
No entanto alguns foram os confrades que interligaram vários pontos do
problema, nomeadamente a demorada presença no local da equipa de resgate, o não
aparecimento do barco ou indícios deste e, até mesmo o desaparecimento
propositado ou talvez não, do pai de Susana, entre outros pormenores de ocasião
… conjunturas essas que estavam presentes sem dúvida alguma! MAS …
… vamos à CHAVE
PRINCIPAL do problema que era afinal o que se pedia em modo SIMPLEX:
O corpo de
uma vítima de afogamento acaba por flutuar devido aos gases que se criam no
interior durante a decomposição. No entanto a temperatura da água tem uma
grande influência sobre a rapidez com que um corpo se enche de gases. Em águas
mais quentes, um corpo pode começar a flutuar apenas alguns dias … mas, quando
está submerso em águas mais frias, pode demorar largas semanas ou até meses a
emergir. Ora, Susana descrevera a temperatura da água do lago como «gelada».
Assim, e em águas geladas, o corpo do pai não teria sido visto a flutuar apenas
um dia ou dois depois de ele “morrer” (desaparecer), como afirmava o autor da
carta. É, pois, evidente que aquele homem estava a mentir sobre o facto de ter
encontrado o corpo , mesmo pesando todos os outros factores que
poderiam influenciar, mas nunca alterar, o modo de avaliação para a veracidade
da carta, nos termos acima referenciados.
Assim é, que alguns confrades envolveram-se na solução do problema com
referências à teia que o mesmo proporcionava, sem no entanto deixarem de
mencionar o propósito , que era comentar a CHAVE PRINCIPAL do
mesmo, justificando-a apenas pela narrativa da carta … que se
baseava fundamentalmente no tempo em que um corpo levaria a submergir nas
condições descritas! Como neste tipo de problemas em modo SIMPLEX se
isentam dos chamados factores de valorização … logo e sem a CHAVE
PRINCIPAL a solução terá sempre de passar por esta, podendo mesmo a
solução resumir-se à mesma , embora possa vir então só depois a ser valorizada,
se for caso disso!
NOTA:
O próprio
modo SIMPLEX aplicado neste Torneio Policiário, determina que a CHAVE PRINCIPAL
(sem variante) será sempre o factor determinante, digamos que factual, para a solução
de cada problema, quase que no tipo resposta única. Já outros factores
conjunturais, a existirem, só serão “valorizados” quando em conjunto com esta e
nunca isoladamente!
OBS:
Houve Confrades que fazendo, e bem, referência à Chave Principal do Problema, ainda assim apresentaram excelentes narrativas envolventes a esta, com conjunturas bastante aceitáveis até.
Pontuações
10 PONTOS
Ana Marques
Arjacasa
Búfalos Associados
CA7
Carluxa
CN 13
Columbo
Clóvis
Detective Caracoleta
Detective Jeremias
Detective Silva
Faria
Inspetor Boavida
Inspector Cláudio
Inspetor Moscardo
Inspectora Sardinha
Jorrod
Mali
Margareth
O Gráfico
O Pegadas
Pedro Monteiro
Pintinha
Rainha Katya
Sofia Ribeiro
ZAB
Zé Alguém
08 PONTOS
Carlinha
Detective Verdinha
Inspector do Reino
Ribeiro de Carvalho
Vic Key
05 PONTOS
Bernie Leceiro
Carlos Caria
Detective Izadora
Detetivesca
EGO
Inspector Pevides
Inspetor Rickyi
Joel Trigueiro
Mandrake Mágico
Molécula
Paulo
Visigodo
Já é conhecido o
segundo problema do I-Torneio Policiário “Português Suave” – Modo Simplex,
organizado pelo blogue Momento do Policiário
(momentodopoliciario.blogspot.com). Ei-lo:
I - Torneio
Policiário “Português Suave”
| PROBLEMA n.º 2
|
PASSEIO NA
ARRÁBIDA
Os montanhistas
da ANPN (Associação Nacional dos Protectores da Natureza) reuniram-se,
aproveitando o ar fresco da manhã, e conversaram em voz baixa enquanto bebiam
café. A beleza de cortar a respiração que os rodeava exigia reverência e não
galhofa. Pelo menos, era assim que Mariana pensava. Ou então estavam todos
ensonados. Se Leonardo não chegasse em breve, partiriam sem ele. Então, meu?
Onde andaste? Perguntou Agostinho, estendendo a palma da mão para Leonardo lhe
bater quando se aproximasse.
Leonardo baixou
a cabeça. Tive uma noite longa. Os outros homens fizeram ruídos sugestivos, que
insinuavam o possível envolvimento de uma mulher. OK, OK, vamos, disse
Leonardo.
O grupo
encaminhou-se para o conhecido trilho da Cobra do Castelo de Palmela, para
depois se dirigirem para o seu grande destino: Antenas da Arrábida. O grupo de
montanhistas acabariam por chegar; ninguém tinha pressa. Mariana recusou deixar
que Leonardo estragasse a caminhada. Ele sempre fora um idiota, até mesmo
quando namoravam. Não havia razão para ela achar que Leonardo mudaria de
repente.
Começaram a
andar. Leonardo e Mariana ficaram na ponta final do grupo.
Porque é que não
gostas de mim? Perguntou ele, como se não o soubesse. Leonardo tresandava a
álcool.
Mariana esfregou
o braço instintivamente, no sítio onde ele lhe deixara uma nódoa negra quando
ela se recusou a ter relações sexuais com ele. Leonardo tirou um frasco do
bolso e acrescentou umas gotas de uísque ao café. Depois ofereceu o frasco a
Mariana e, quando ela recusou, voltou a pô-lo no bolso.
Mariana
acelerou. Quando ele se apressou para a acompanhar ela disse-lhe: Não é que eu
não goste de ti…na verdade, ela desprezava-o, mas não sabia como havia de lho
dizer sem iniciar uma grande discussão. Naquele momento, eles estavam na base
da grande Escarpa Verde da Serra da Arrábida.
Leonardo não se deixou enganar.
Se há coisa que
consigo sempre dizer é quando uma miúda não gosta de mim. Tenho muita prática e
sei reconhecer esse frio encolher de ombros, disse Leonardo sorrindo.
Alguns momentos
depois, os outros caminhantes viraram-se e viram Mariana a correr para eles e a
agitar as mãos freneticamente.
O Leonardo caiu!
Gritou ela. Ajudem!
Duas agoirentas
pegadas apontavam para a beira do precipício. O corpo de Leonardo estava 12
metros mais abaixo, a três metros da base da Escarpa Verde. Os investigadores
encontraram o frasco dele a balançar na beira do precipício. Leonardo bateu com
a cabeça três vezes durante a queda e o seu pescoço estava dobrado num ângulo
surreal. A equipa de busca e salvamento do Parque Nacional da Arrábida acudiu
de helicóptero e concluiu que Leonardo tinha sofrido um ferimento fatal na
cabeça.
Quando
interrogaram Mariana, ela disse aos investigadores que Leonardo tinha estado a
beber muito.
Ele parecia um
bocadinho tonto, disse ela, mas não me apercebi de que tinha recuado tanto para
a beira da Escarpa. Gritei-lhe, mas foi demasiadamente tarde.
Mariana começou a chorar.
A culpa foi dela? Dê a sua opinião … fundamentando-a!
Os projectos de
solução deverão ser enviados até ás 24h00 do dia 14 de Março de 2025, para
viroli@sapo.pt
É já conhecida a
prova nº 2 da mais recente iniciativa do blogue coordenado pelo confrade Paulo.
Ei-la:
Torneio “Quem
é?”
Prova nº
2
Autores
dos Estados Unidos da América
Autor: Paulo
1
- Este é um dos autores clássicos da literatura policiária. Nasceu no
estado do Indiana em 1886 e morreu em 1975. O principal detetive que ele criou
é conhecido por ser o mais gordo da literatura policiária.
A personagem,
criada pelo autor, vive numa moradia em Nova Iorque, onde um cozinheiro e um
jardineiro, que trata das suas orquídeas, trabalham. Detesta sair de casa, o
que é feito pelo seu ajudante que também é o narrador dos vários casos. Quando
necessita recorre ainda a vários detetives particulares.
A sua relação
com a polícia é dúbia, pois parece que está sempre a proteger o
criminoso ou a esconder elementos das autoridades.
a) Quem é o
autor de que se fala?
b) Quem é o
famoso detetive que não gosta de sair de casa?
2 - Este
é um dos autores que mais influência exerceu na literatura policiária. Não só
nos Estados Unidos, mas em escritores de outros países. Nasceu em Chicago em
1888 e faleceu em 1959, deixando um livro inacabado, que só seria terminado em
1989 por Robert B. Parker.
Em 1939 publicou
o primeiro romance com o detetive que o tornaria mais conhecido, e do qual
saíram outros sete escritos por ele.
O detetive
funciona como narrador das histórias, tornando difícil traçar um perfil
psicológico do mesmo, apesar de ele contar o que faz e pensa.
Algumas destas
obras foram adaptadas ao cinema, sendo ícones do film noir.
a) Quem é este
autor?
b) Quem é este
detetive que narra os seus próprios casos?
3 - Esta
escritora nasceu em 1972 nos Estados Unidos. Iniciou a sua carreira literária
escrevendo novelas românticas, sob pseudónimo, até que em 1997 começou uma
série protagonizada pela dupla Quincy e Rainie, deixando de lado o pseudónimo
anteriormente usado.
Em 2011 iniciou
uma nova série protagonizada por uma mulher, que patrulha com o carro as
estradas do estado do Massachussets.
a) Quem é esta
escritora?
b) Quem é a
protagonista da série iniciada em 2011?
4
- Nasceu em Atlanta, no estado norte-americano da Geórgia em 1959. Com
ascendentes ligados à literatura, o pai era escritor e a mãe bibliotecária,
trabalhou 20 anos como jornalista.
Em 1997 publicou
o romance onde surge a sua personagem, provavelmente inspirada na própria
experiência profissional, pois tal como a escritora, também a personagem tem um
passado ligado à reportagem antes de iniciar a profissão de detetive
privada na cidade de Baltimore.
Esta simpática
detetive investiga os seus casos indo de um lado para o outro, agregando os
factos, e não se importa de mentir sempre que considera que é necessário.
a) Quem é a
escritora?
b) Quem é a detetive que ela criou?
5 - É
um escritor muito conhecido através da personagem que criou, que começou por
ser agente do FBI, trabalhando na área da psicologia, e depois passou para a
polícia metropolitana de Washington.
O escritor
nasceu em 1947, mas foi depois de abandonar a carreira na publicidade, em 1996,
que escreveu a maior parte dos seus livros, embora o primeiro livro da série
antes referida, tenha surgido em 1993.
Não sendo um
autor que escreva extraordinários enredos policiários, consegue criar algum
suspense ao longo dos livros.
Muitas das obras
deste autor encontram-se publicadas em Portugal.
a) Quem é o
autor?
b) Qual a série atrás referida que surgiu em 1993?
As soluções devem ser enviadas até ao dia 28 de fevereiro para apaginadosenigmas@gmail.com.
São já conhecidas
as soluções e pontuações da primeira prova/teste da mais recente iniciativa do blogue
coordenado pelo confrade Paulo. Ei-la:
Torneio “Quem
é?”
Prova nº 1
Autores e
Personagens
Autor: Paulo
1 -
Escritor inglês que nasceu em 1875 e que faleceu em 1932.
Foi um dos mais
populares escritores da sua época, tendo mais de 160 filmes adaptados a partir
dos seus escritos.
Morreu antes de
completar o argumento de um dos principais clássicos do cinema: King Kong.
Criou diversas
séries que se situam entre o puro policial e a espionagem, tendo várias obras
publicadas em Portugal.
Uma das suas
séries foi iniciada com o livro Room 13 publicada em 1924.
a) Quem é o
escritor? Edgar Wallace
b) Quem é a
personagem que identifica a série que se iniciou com Room 13! Mr.
J.G. Reeder
2 -
Este escritor nasceu na Inglaterra em 1931. Os seus romances quase sempre
considerados de espionagem, embora possuam todas as características dos
melhores romances policiários. Essas características, que misturam o policiário
com a espionagem, estão, muito provavelmente, associadas ao seu trabalho
de espião. Não será alheia ao facto a sua experiência no Serviço Secreto
Britânico, função que terminou abruptamente quando o agente duplo Kim Philby
denunciou vários nomes de espiões britânicos ao KGB.
Iniciou a série
que o tornou mundialmente famoso em 1961, tendo-a terminado em 2017.
a) Quem é o
escritor referido no texto (nome ou pseudónimo)? John Le Carré (David John Moore Cornwell)
b) Quem é a
personagem protagonista da série que aí se refere? George Smiley
3 -
Esta escritora, nascida em 1893, era a filha única de um reverendo
anglicano. Teve uma carreira académica bem preenchida, mas ficou conhecida pela
população em geral, por causa das suas histórias com um detetive, um
aristocrata britânico, que, como o seu título de Lorde lhe exigia, apenas
poderia exercer a sua tarefa de modo amador.
Acompanhado pelo
seu fiel criado Bunter, que participou, como sargento na I Guerra Mundial, este
detetive amador resolve vários casos num estilo muito britânico.
Esta escritora
publicou a sua primeira novela em 1923, apresentando publicamente essa sua
personagem que protagonizaria vários livros publicados nas décadas de 20 e 30
do século passado.
a) Quem é a
escritora? Dorothy L. (Leigh) Sayers
b) Quem é o
Lorde referido no texto? Lorde Peter Wimsey
4 -
Escritora britânica, conhecida através do seu pseudónimo, nascida em 1938. Esta
escritora teve a particularidade de na juventude ter sido condenada por
assassinato. Após cumprir a pena de prisão, mudou de nome.
Foi a criadora
de diversas personagens. Numa das suas séries criou um polícia inglês do
século XIX, que, logo na primeira aparição, devido a um acidente, sofre um
problema de amnésia. Este livro foi publicado em 1990.
A autora faleceu
em 2023.
a) Quem é esta
autora (Pseudónimo pelo qual é conhecida)? Anne Perry
b) Quem é o
personagem referido? William Monk
5 -
Este autor, nascido em 1906 e falecido em 1977, é um clássico da literatura
policiária, sendo considerado um dos mestres do crime em quarto fechado, tal
foi o número de romances que escreveu com as mortes a ocorrerem em espaços dos
quais parecia impossível alguém entrar ou sair, ou seja, estava-se perante
crimes impossíveis.
Criou várias
personagens das quais aqui, se destaca uma: professor e lexicógrafo colabora
regularmente com as forças policiais. é especialista em história do crime e na
análise psicológica do criminoso.
a) Quem é o
escritor referido? John Dickson Carr
b) Quem é a personagem sobre a qual se escreveu no texto? Dr. Gideon Fel
PONTUAÇÕES
Com 10 pontos
Arjacasa
(TPBRO); Bernie Leceiro, Clóvis, Columbo, Detective Jeremias, Detective
Verdinha, Detectivesca, Inspector Moscardo, Inspector Ryckyi (TPBRO), Mali
(TPBRO), Mandrake Mágico, O Pegadas, Rodriguda, Vic Key.
Com 9 pontos
Edomar,
Inspector do Reino, Inspetor Boavida, Mac Jr., Virmancaroli
Com 7 pontos
Abrótea
Como aqui, no LOCAL DO CRIME, não há limitação de espaço como acontece nas páginas do jornal AUDIÊNCIA GP, publicamos agora na íntegra o vigésimo conto de “Um Caso Policial no Natal” (extraconcurso):
“Um Caso Policial no Natal” – VIGÉSIMO CONTO (EXTRACONCURSO)
SONHOS DE NATAL, de Madame Eclética
Amélia era uma miúda estruturalmente alegre e desempoeirada, uma morenaça
muito gira e dada à brincadeira. Espalhava o seu charme pelas redes sociais,
onde foi conquistando seguidores atrás de seguidores sem temer que aquela sua
aventura pelo mundo virtual viesse a degenerar numa qualquer invasão indesejada
da sua vida privada. Até que um dia começou a ser assediada por um grupo de
tarados que se autointitulavam “Sonhos de Natal”. Primeiro, começaram com uns
piropos pueris e aparentemente inocentes, para depois se insinuarem com uns
convites de cariz sexual, primeiro um pouco brejeiros e mais tarde ordinários e
pornográficos, em qualquer das três contas por ela geridas nas redes sociais.
Mas de nada valeu a sua pronta e forte reação contra aquelas atitudes nem o
subsequente bloqueio das indesejáveis criaturas.
Os contactos passaram a ser feitos através do
telemóvel e do telefone de rede fixa, sem que se percebesse como aqueles
tarados conseguiram ter acesso aos respetivos números. Amélia deixou de atender
as chamadas de números desconhecidos ou anónimos e as mensagens escritas
passaram a ser a ferramenta de assédio, com uma catadupa de insultos e ameaças.
Face a este comportamento, ela denunciou-os à polícia. Mas ao contrário do que
se esperava, o resultado foi desastroso. É verdade que os telefonemas, as mensagens
e os comentários nas redes sociais terminaram, mas eles passaram a esperá-la,
em grupo, à porta de casa e do emprego, limitando-se a sorrir e a soltar frases
de cariz sexual, como “és boa com’ó milho, meu pintainho”, “comia-te toda,
minha pombinha”, “lambia-te dos pés à cabeça, meu chupa-chupa de chocolate.”
Amélia deixou de trabalhar, enfiou-se em casa,
não saía com ninguém e mal comia. As noites eram muitas vezes passadas em claro
ou assombrada por pesadelos, quando conseguia pregar olho, acordando nessas
alturas em sobressalto e encharcada em suor, tremendo que nem varas verdes. De
manhã, mais ou menos à hora em que habitualmente saía para o emprego, quando
olhava pela janela, encoberta pelas persianas de seu quarto, lá estavam os
“Sonhos de Natal”. Invariavelmente, eles ficavam estacionados na rua defronte da
casa dela, encostados à parede de olhos fixos na sua janela. E só
desmobilizavam quando a polícia chegava junto deles, a seu pedido. Mas mal os
agentes voltavam costas, lá vinham de novo os rapazes, como se não tivessem
mais nada que fazer na vida a não ser incomodar a rapariga, que não sabia como
agir.
Após frequentes apelos da mãe, Amélia abandonou
de vez as redes sociais, onde era massacrada com frequentes provocações de teor
sexual por amigos dos “Sonhos de Natal”. E aos poucos voltou a sair de casa,
sempre na companhia de uma prima, um pouco mais nova, para se distrair em
locais fora da cidade ou cumprir as consultas técnicas especializadas a que
fora aconselhada. Nos intervalos em que a polícia punha os rapazes com dono,
saíam ambas de casa e corriam para o lado oposto ao sítio por onde eles
haviam fugido, diretas à estação de metro do Jardim do Morro. Aí, encobertas
pela cobertura-abrigo da estação, esperavam calmamente até chegar as carruagens
que as levavam a São Bento ou a Santo Ovídio. De São Bento rumavam a Espinho ou
a Aveiro; de Santo Ovídio o destino era sempre um prédio azul da rua Soares dos
Reis.
No terceiro andar daquele velho prédio da rua Soares dos Reis, dava
consultas de psicologia um jovem muito bem-parecido, recentemente formado, com
fama de ser muito competente. Num desses dias de consulta, a priminha da Amélia
ficou na sala de espera, como sempre acontecia, enquanto ela entrava no
consultório do Dr. Paulo Mamede. Cabelo loiro comprido, com melenas caindo
sobre as sobrancelhas espessas que encimam os seus brilhantes olhos verdes, um
sorriso permanente nos lábios carnudos bem desenhados e uma voz cava e
melodiosa. O sol entrava pelas altas janelas do consultório, dando ainda mais
brilho ao rosto moreno do psicólogo, que esperava sentado a sua paciente, com
as mãos pousadas sobre o tampo da secretária pejada de livros. Amélia avançou
até ele, que lhe apontou a cadeira em sua frente, onde se sentou.
As pernas de Amélia tremiam, as mãos suavam e o rosto ruborizava, o que
sempre acontecia nestas consultas. Esta era a terceira vez que o psicólogo a
ouvia e ela já não sentia que conversava com um técnico de saúde. A conversa
desta feita foi sobre música, sobre os seus gostos musicais mais propriamente.
E ficou a saber que ele tinha mais uma coisa em comum com ela. Gostava de jazz!
Tal como ela, tinha um especial prazer em ouvir Miles Davis, Bille Holiday,
Chet Baker e Ella Fitzgerald, nomes maiores deste género musical criado no
início do século XX pela comunidade negra de Nova Orleans. Disse ele que era um
gosto herdado de seu pai e que tinha uma preciosa discoteca de vinil composta
por temas jazzísticos, acabando por convidá-la a ouvi-los em sua casa, numa
tarde em que não tivesse consultas, nomeadamente a um sábado.
O coração de Amélia começou a bater tão forte e tão descompassadamente,
que se sentiu desfalecer. E o pior foi ainda quando o psicólogo disse que nessa
noite havia um concerto natalício de Jazz no Convento Corpus Christi. Ele ainda
não tinha a certeza que pudesse ir, mas prometeu que faria todos os possíveis
por comparecer. A consulta, que mais pareceu uma conversa entre amigos, passou
depois por outros temas também do agrado de ambos. Falaram de cinema, de artes
plásticas e teatro, concluindo ambos que estiveram algumas vezes no mesmo dia e
no mesmo lugar, a assistir ao mesmo filme, a visitar o mesmo museu, a ver a
mesma peça. No final, imediatamente antes das despedidas, ele recordou o
concerto de logo à noite. E concluiu, dizendo que o receio de se confrontar com
os tais “Sonhos de Natal” não podia condicionar a sua vida.
Quando a prima Susana perguntou como havia corrido a consulta, Amélia só
conseguiu balbuciar “correu bem”. O seu peito rebentava de felicidade, mas ela
não podia confessar esse sentimento. E muito menos dizer de quem era a
responsabilidade por aquele seu estado de espírito. Era a terceira vez que
consultava o psicólogo Paulo Mamede, sempre por causa dos “Sonhos de Natal”, e
pela primeira vez percebeu que não lhe era indiferente como mulher. No caminho
de regresso a casa, a Susana perguntou-lhe por diversas o que se passava com
ela, tal era o seu estado de espírito. E quando a prima perguntou se queria que
ela lhe fizesse companhia até à hora de deitar, o que acontecia com frequência,
sobretudo depois das consultas ao psicólogo, Amélia respondeu de supetão: “Não,
deixa estar, não vale a pena. Hoje sinto-me muito bem”.
Amélia não se sentia apenas muito bem naquele momento. Na verdade, ela
nunca se havia sentido alguma vez melhor desde que se conhecia como mulher.
Aquele homem tinha tudo o que ela imaginara como seria o seu futuro companheiro
de vida, nas noites febris de desejo da adolescência. Havia algo nele que
descontrolava os seus sentidos, que a deixava perdida em sonhos que a remetiam
para fantasiosas experiências sexuais. E agora só pensava na hora de o voltar a
ver, logo mais, no Convento de Corpus Christi, embalada por aquela louca paixão
ao som de algumas das suas músicas de eleição, ao ritmo de jazz.
Quando chegou ao Convento Corpus Christi, atravessou o largo portão que
dá acesso ao pátio do monumento na esperança de encontrar a qualquer momento o
homem por quem se apaixonara. A entrada era livre, mas não era permitido o
acesso ao local do concerto após a hora marcada para o seu início e tinha como
condição a permanência obrigatória no espaço até ao final do espetáculo. Amélia
olhou em redor e não viu Paulo. Aguardou mais um pouco e quando chegou ao
limiar da hora do espetáculo resolveu entrar. A sala já estava repleta de
pessoas e só conseguiu lugar na última fila da plateia. Olhou as nucas que se
perfilavam na sua frente e em nenhuma delas conseguiu vislumbrar indícios da
cabeça do “seu” Paulo. Uma delas tinha um cabelo loiro com algumas semelhanças,
mas as dúvidas dissiparam-se quando se posicionou de perfil.
A pessoa que estava ao lado do loiro que a confundiu, voltou-se para este
e… Amélia entrou em estado de choque. Era um dos “Sonhos de Natal”! E ao lado
desse estava outro. E mais outro. A rapariga ergueu-se de um salto e correu
para a porta de saída da sala, que abriu a custo. Um flash de luz encadeou-a. E
à frente daquele clarão de luz intenso, conseguiu vislumbrar um grupo de jovens
rapazes de armas apontadas para si, gritando. “Atenção! Preparar! Disparar!”
Amélia soltou um grito aterrador, ao mesmo tempo que correu desenfreadamente em
direção ao portão de saída do Convento. “Corta! Corta! Corta! Mas quem é que
deixou passar esta maluca?!” – berrou, através de um megafone, um homem de
chapéu de pala, que estava sentado numa cadeira de realizador, que tinha
impressa na lona do encosto... “Sonhos de Natal” – o título do filme em
rodagem…
VÁRIAS INICIATIVAS POLICIÁRIAS EM CURSO NO ESPAÇO VIRTUAL
Neste momento são várias as iniciativas em curso no espaço virtual,
nomeadamente nos blogues Local do Crime, Repórter de Ocasião, A Página dos
Enigmas e Momento do Policiário, superiormente acompanhadas e divulgadas no
site Clube dos Detectives, do confrade Daniel Falcão. Naqueles quatro blogues decorre
alternadamente a publicação dos problemas que constituem o Torneio do
Cinquentenário do Mistério… Policiário (MP/MA), cujo segundo original foi
publicado no blogue Repórter de Ocasião (reporterdeocasiao.blogspot.com) no
passado dia 1 de fevereiro, que aguarda o envio de problemas de solução até à última
badalada de 28 de fevereiro.
Entretanto, foi já tornada pública a solução de autor do problema n.º 1
deste torneio, a que pode ser acedida através dos quatro blogues acima
referidos e do site Clube de Detectives (clubededetectives.pt), onde serão divulgadas
nos próximos dias as pontuações obtidas por todos os participantes, bem com as primeiras
classificações nas disciplinas de decifração (geral, as melhores e as mais
originais). Mas, até lá, as atenções estão viradas para dois outros blogues.
No blogue A Página dos Enigmas (apaginadosenigmas.blospot.com), depois de
concluído o Torneio Rápido, que animou aquele espaço nos últimos meses do ano
passado e que teve por brilhante vencedor o confrade Clóvis, prossegue no
próximo dia 10, o Torneio “Quem é?”, iniciativa que tem por suporte questões
relacionadas com literatura policial. Por outro lado, no blogue Momento do
Policiário (momentodopoliciario.blogspot.com), onde pode ser descarregado o
segundo número da revista digital de periodicidade trimestral “Enigmas &
Desafios”, prossegue no dia 15 o torneio de decifração policiária “Português
Suave”, iniciativa que visa sobretudo a captação de novos praticantes para a modalidade,
mas aberto à generalidade dos policiaristas.
E hoje, por aqui, publica-se, extraconcurso, a primeira parte do vigésimo conto de “Um Caso Policial no Natal”, que pretende homenagear uma confrade que nos deixou recentemente.
“Um Caso Policial no Natal” – VIGÉSIMO CONTO (EXTRACONCURSO)
SONHOS DE NATAL, de Madame Eclética
I– PARTE
Amélia era uma miúda estruturalmente alegre e desempoeirada, uma morenaça
muito gira e dada à brincadeira. Espalhava o seu charme pelas redes sociais,
onde foi conquistando seguidores atrás de seguidores sem temer que aquela sua
aventura pelo mundo virtual viesse a degenerar numa qualquer invasão indesejada
da sua vida privada. Até que um dia começou a ser assediada por um grupo de
tarados que se autointitulavam “Sonhos de Natal”. Primeiro, começaram com uns
piropos pueris e aparentemente inocentes, para depois se insinuarem com uns
convites de cariz sexual, primeiro um pouco brejeiros e mais tarde ordinários e
pornográficos, em qualquer das três contas por ela geridas nas redes sociais.
Mas de nada valeu a sua pronta e forte reação contra aquelas atitudes nem o
subsequente bloqueio das indesejáveis criaturas.
Os contactos passaram a ser feitos através do
telemóvel e do telefone de rede fixa, sem que se percebesse como aqueles
tarados conseguiram ter acesso aos respetivos números. Amélia deixou de atender
as chamadas de números desconhecidos ou anónimos e as mensagens escritas
passaram a ser a ferramenta de assédio, com uma catadupa de insultos e ameaças.
Face a este comportamento, ela denunciou-os à polícia. Mas ao contrário do que
se esperava, o resultado foi desastroso. É verdade que os telefonemas, as mensagens
e os comentários nas redes sociais terminaram, mas eles passaram a esperá-la,
em grupo, à porta de casa e do emprego, limitando-se a sorrir e a soltar frases
de cariz sexual, como “és boa com’ó milho, meu pintainho”, “comia-te toda,
minha pombinha”, “lambia-te dos pés à cabeça, meu chupa-chupa de chocolate.”
Amélia deixou de trabalhar, enfiou-se em casa,
não saía com ninguém e mal comia. As noites eram muitas vezes passadas em claro
ou assombrada por pesadelos, quando conseguia pregar olho, acordando nessas
alturas em sobressalto e encharcada em suor, tremendo que nem varas verdes. De
manhã, mais ou menos à hora em que habitualmente saía para o emprego, quando
olhava pela janela, encoberta pelas persianas de seu quarto, lá estavam os
“Sonhos de Natal”. Invariavelmente, eles ficavam estacionados na rua defronte da
casa dela, encostados à parede de olhos fixos na sua janela. E só
desmobilizavam quando a polícia chegava junto deles, a seu pedido. Mas mal os
agentes voltavam costas, lá vinham de novo os rapazes, como se não tivessem
mais nada que fazer na vida a não ser incomodar a rapariga, que não sabia como
agir.
Após frequentes apelos da mãe, Amélia abandonou
de vez as redes sociais, onde era massacrada com frequentes provocações de teor
sexual por amigos dos “Sonhos de Natal”. E aos poucos voltou a sair de casa,
sempre na companhia de uma prima, um pouco mais nova, para se distrair em
locais fora da cidade ou cumprir as consultas técnicas especializadas a que
fora aconselhada. Nos intervalos em que a polícia punha os rapazes com dono,
saíam ambas de casa e corriam para o lado oposto ao sítio por onde eles
haviam fugido, diretas à estação de metro do Jardim do Morro. Aí, encobertas
pela cobertura-abrigo da estação, esperavam calmamente até chegar as carruagens
que as levavam a São Bento ou a Santo Ovídio. De São Bento rumavam a Espinho ou
a Aveiro; de Santo Ovídio o destino era sempre um prédio azul da rua Soares dos
Reis.
No terceiro andar daquele velho prédio da rua Soares dos Reis, dava
consultas de psicologia um jovem muito bem-parecido, recentemente formado, com
fama de ser muito competente. Num desses dias de consulta, a priminha da Amélia
ficou na sala de espera, como sempre acontecia, enquanto ela entrava no
consultório do Dr. Paulo Mamede. Cabelo loiro comprido, com melenas caindo
sobre as sobrancelhas espessas que encimam os seus brilhantes olhos verdes, um
sorriso permanente nos lábios carnudos bem desenhados e uma voz cava e
melodiosa. O sol entrava pelas altas janelas do consultório, dando ainda mais
brilho ao rosto moreno do psicólogo, que esperava sentado a sua paciente, com
as mãos pousadas sobre o tampo da secretária pejada de livros. Amélia avançou
até ele, que lhe apontou a cadeira em sua frente, onde se sentou.
As pernas de Amélia tremiam, as mãos suavam e o rosto ruborizava, o que
sempre acontecia nestas consultas. Esta era a terceira vez que o psicólogo a
ouvia e ela já não sentia que conversava com um técnico de saúde. A conversa
desta feita foi sobre música, sobre os seus gostos musicais mais propriamente.
E ficou a saber que ele tinha mais uma coisa em comum com ela. Gostava de jazz!
Tal como ela, tinha um especial prazer em ouvir Miles Davis, Bille Holiday,
Chet Baker e Ella Fitzgerald, nomes maiores deste género musical criado no
início do século XX pela comunidade negra de Nova Orleans. Disse ele que era um
gosto herdado de seu pai e que tinha uma preciosa discoteca de vinil composta
por temas jazzísticos, acabando por convidá-la a ouvi-los em sua casa, numa
tarde em que não tivesse consultas, nomeadamente a um sábado.
(continua na próxima edição)
TORNEIO DO CINQUENTENÁRIO
“MISTÉRIO… POLICIÁRIO” – MA/MP (1975 – 2025)
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CLASSIFICAÇÕES DO PROBLEMA Nº 1
55 CONCORRENTES EM PROVA 55
DECIFRAÇÃO
10 pontos
Bernie Leceiro
Clóvis
Columbo
Detective Kivee
Detective Jeremias
Detetivesca
Dona Sopas
EGO
Fotocópia
Inspectora Mag
Inspector Mucaba
O Pegadas
9 pontos
Arnes
Búfalos Associados
CA7
Carluxa
CN 13
Detective Caracoleta
Detective Izadora
Detective Silva
Detective Vasofe
Detective Verdinha
Edomar
Haka Crimes
Inspector Aranha
Inspector Cláudio
Inspector do Reino
Inspector Pevides
Inspectora Sardinha
Jorrod
Mandrake Mágico
Molécula
Pedro Monteiro
Pintinha
ZAB
8 pontos
Ana Marques
Arjacasa
Carlinha
Carlos Caria
Faria
Inspector Detective
Inspector Mokada
Inspector Ryckyi
JC AL
Joel Trigueiro
Mali
Rainha Katya
Ribeiro de Carvalho
Sofia Ribeiro
Vic Key
7 pontos
Inspector Moscardo
Mancha Negra
5 pontos
Mula Velha
Visconde das Devesas
Visigodo
AS MELHORES
Detective Jeremias 5 pontos
Fotocópia 4 pontos
EGO 3 pontos
O Pegadas 2 pontos
Inspectora Mag 1 ponto
AS MAIS
ORIGINAIS
Mali 5 pontos
Detective Jeremias 4 pontos
Fotocópia 3
Bernie Leceiro 2 pontos
Dona Sopas 1
PRÉMIOS A
SORTEIO
- 1 Livro de
Problemas Policiários e Soluções de M. CONSTANTINO, Oferta de Salvador Santos,
juntamente com um Bloco de Apontamentos da Tipografia Lobão, Oferta de José
Silvério, para sortear entre os concorrentes totalistas.
PREMIADO: Columbo
- 1 Conjunto de
12 Postais Ilustrados de Montemor-o-Novo, Oferta de Francisco Salgueiro, para
sortear entre todos os concorrentes não totalistas.
PREMIADO: Carluxa
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SITE CLUBE DE DETECTIVES (clubededetectives.pt)
TORNEIO DO CINQUENTENÁRIO
“MISTÉRIO… POLICIÁRIO” – MA/MP (1975 – 2025)
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SOLUÇÃO DO PROBLEMA Nº 1
SMALUCO E A MORTE DO INSPETOR MESQUITA, de Inspetor Boavida
O agente Ramiro terá sido muito prudente e comedido na conversa com o velho
detetive Smaluco, que involuntariamente acabou por fornecer informação valiosa à
Polícia Judiciária para a resolução do caso em apreço. Até ali, a Polícia Judiciária
apenas teria o testemunho do vizinho da vítima, que alegadamente não terá
assistido a nada, tendo apenas acorrido ao local do crime após ouvir os tiros.
Mas, agora, perante os elementos fornecidos por Smaluco, a PJ podia abrir novas
frentes de investigação face às declarações suspeitas de Natália Vaz. Esta diz
que o alegado assassino puxou de uma arma e que o Mesquita, sentindo-se
perdido, desatou a correr para se refugiar atrás de um murete que existe no
jardim, mas sem ter tempo, porém, para se esconder. E acrescentou que o assassino,
enquanto repetia “canalha, canalha, canalha”, disparou uma, duas vezes, caindo Mesquita
no chão. Mas há uma grande desconformidade neste seu relato, uma vez que a
vítima foi atingida por duas vezes, sim, mas no peito e na barriga. Ora, se
Mesquita ia a fugir do alegado assassino, de costas para este, como é que podia
ter sido ele alvejado naquela zona do corpo? O que já teria sido, obviamente,
confirmado pelo PJ quando chegou ao jardim. Por outro lado, os vários gritos
que Natália Vaz diz terem ecoado na noite, algum tempo antes dos dois disparos
que vitimaram o Inspetor Mesquita, não terão sido referidos como ouvidos pelo
vizinho que chamou a polícia, o que torna pouco provável a presença no local do
crime do homem que ela acusa como autor do homicídio.
Perante isto, alguns homens da Judiciária voltariam naquela manhã ao local do crime para escutar de novo o vizinho quanto à gritaria alegadamente ouvida na véspera e encetar buscas nos canteiros, caixotes de lixo e outros quaisquer lugares recônditos do jardim, no sentido de encontrar vestígios das pessoas que estiveram presentes, bem como, eventualmente, a arma do crime (provavelmente a arma de serviço da vítima) e demais elementos que sejam relevantes para o apuramento dos factos, como luvas e outros meios materiais usados na concretização do crime, cujo local já teria sido com certeza isolado para impedir a contaminação de eventuais provas. Entretanto, seriam destacados outros membros da PJ para casa do detetive Smaluco, acompanhados por um perito forense, a fim de deter Natália Vaz como suspeita de crime de homicídio, não sem antes verificar se existe nas suas mãos e roupa sinais de ter disparado na véspera uma arma de fogo. Por outro lado, seriam consultados os resultados da peritagem anteriormente feita no local do crime, de forma a confirmar se o corpo caíra mesmo junto ao murete no momento dos tiros e não fora deslocado ou remexido pelo atirador ou por qualquer outra pessoa depois de alvejado, para determinar com exatidão a distância e a trajetória dos disparos, bem como o posicionamento dos protagonistas neste crime desencadeado por atos de violência doméstica (a comprovar pela existência de ADN de Natália nas mãos de Mesquita).
Critérios de
Pontuação
Indicação certa da
suspeita de autoria do crime e respetiva justificação: 8 pontos;
Indicação errada
da suspeita de autoria do crime: 5 pontos;
Indicação de dois
ou mais procedimentos da Judiciária: + 2 pontos;
Indicação de apenas um procedimento da Judiciária: + 1 ponto.
PROBLEMA Nº 2
UM CRIME
PISCATÓRIO EM SESIMBRA,
Repórter SOU
EU
Há dias dei comigo a pensar... que nada justifica tirar a vida a uma
pessoa... seja qual for o motivo que leve a essa tomada de decisão, a essa
loucura... tirar a vida a uma pessoa é o crime mais hediondo que possa existir
e, por vezes, após uma pequena discussão! Hoje, em dia, vivendo a minha
aposentação tranquila, quando ligo a TV, em determinado canal, os assassínios
diários entram-me pela casa adentro e tão horripilantes que o são e quase
sempre sucedem por uma situação absurda e por isso eu sou de opinião que estas
notícias despertam outros possíveis crimes na mente das pessoas mais frágeis...
porque em altercações futuras ou em problemas pessoais, quotidianos, de maior,
na sua vida, ao lembrarem-se de determinado homicídio, visto na TV, acabam por
fazer o mesmo e, por vezes, antes da sua concretização tresloucada, até avisam,
numa espécie de ultimato -então, na agora denominada “violência doméstica” há
relatos constantes que sucederam assim... -quando eles e/ou elas
futuros/futuras homicidas, perturbados ou transtornados, costumam afirmar para
as suas vítimas: “estás-me a moer o juízo, qualquer dia faço como o/a outro/a,
na Televisão... dou-te um tiro e acabou-se!”. Sintomático.
...Mas estes crimes, estes assassínios, “por dá cá aquela palha”... não
são de agora, existiram sempre, só que nos tempos modernos a informação e
comunicação é esmagadora, diária e constante, para quem a visualiza!
Lembro-me de uma vez, ter estado em Sesimbra, já depois do Verão,
desfrutando de umas pequenas férias, há muito, muitos anos, quando a Vila era
mais haliêutica do que turística, também ter sucedido um assassínio entre os
Pescadores da localidade, pois como Repórter de profissão imiscuí-me no caso e
como o Inspector chamado ao local, da Polícia Judiciária, era meu conhecido
acompanhei as investigações.
Um dos anciões Pescadores de Sesimbra tinha sido baleado no peito, o
sangue era abundante e de modo confrangedor, no último suspiro, a vítima
agarrou, com ambas as mãos, um molho de pequenos aparelhos de pesca que eram
usados para apanhar polvos e chocos! A cena visível, após o assassínio, era
bastante triste e viam-se as mãos crispadas do morto, com cara barbuda, de
tanto agarrar, com sofreguidão, os pequenos aparelhos de pesca, seus favoritos,
estarem feridas, ensanguentadas, devido às perfurações da coroa de anzóis
salientes nas extremidades dos mesmos. O velhote assassinado, talvez por inveja
ou por uma pequena desinteligência chamava-se Alberto Flores. Uma cápsula de
pistola foi encontrada junto do corpo. A ferida mortal foi causada,
toda-a-gente soube, por um tiro à queima-roupa!
O Inspector da Judiciária, após várias investigações conseguiu reunir
três outros Pescadores, suspeitos por terem acesas controvérsias com o Alberto
Flores, nos últimos tempos, “coisas” da labuta do mar, uma vez que todos
ganhavam a vida com a mesma Arte de Pesca, para prestarem depoimentos, duas
horas depois e logo numa sala improvisada do Posto local da GNR da Vila foram
feitos exames de resíduos de “pólvora” às mãos dos interrogados! Sim, naquela
época ainda se designavam assim, “resíduos de pólvora” porquanto nos tempos
modernos as armas de fogo não usam, como era tradição, a pólvora negra que era
feita com carvão, enxofre e salitre para se efectuar os disparos das balas. As
armas modernas utilizam outras substâncias químicas designadas como “propelentes”
dos seus projécteis. Actualmente diz-se de modo mais correcto que se trata de
“identificação de resíduos de disparos de armas de fogo” em substituição dos
testes de “resíduos de pólvora”.
...Um dos suspeitos, um dos irmãos Figueira, ambos usavam, sempre,
fizesse calor ou frio, estivessem em terra ou na faina marítima, umas grossas e
bem confortáveis luvas negras, até gracejou, no momento do teste, proferindo:
“-A mim e ao meu irmão, estes testes são desnecessários... pois andamos sempre
com luvas e por isso não vão encontrar resíduos de pólvora nas nossas mãos!” -E
olhou de soslaio para o mano e os dois sorriram matreiramente. Ernesto
desconhecia que os chamados “resíduos de pólvora” também eram (são)
detectados... nas roupas de quem, realmente, realizou recentemente um disparo
com arma de fogo!
Ernesto Figueira e Ermelindo Figueira não eram gémeos, homens mais novos,
em comparação com o ancião Alberto, corroboraram todas as afirmações e
procedimentos um do outro, afirmando que discutiam muito com o “velho Flores”
porque ele, no mar, queria sempre os melhores lugares de pesca para ele e não
podia ser... tinham de alternar!
O outro suspeito, Fernando Piteira, de idade semelhante à da vítima,
também com barba farta, branca, declarou que não era inimigo do Alberto, nem
lhe desejava a morte e que as quezílias entre ambos não passavam de assuntos
relacionados com os iguais aparelhos de pesca que ambos possuíam e utilizavam,
pois se ele, Fernando, pescava com 5, 6 ou 10 anzóis, o Flores ia logo
imitá-lo... parecia um “macaquinho de imitação”, referiu o Fernando. Afirmou
também que o Alberto Flores comprara recentemente uma aiola, para a pesca, por
um preço mais elevado, que lhe estava destinada a si, por um valor mais baixo,
mas esse assunto já estava ultrapassado.
!?!?!?
Tratou-se de um caso fácil, pois, os testes de “resíduos de pólvora”
efectuados às mãos de um dos suspeitos... revelou que ele era o assassino. E
tudo se desvendou. O assassino confessou.
E o caro leitor? O que se lhe oferece dizer sobre este relembrado caso
policial!? Analise bem o texto e envie a sua bem elaborada “proposta de
solução”. Saudações Policiárias.
ENDEREÇOS E
PRAZO PARA O ENVIO DE RESPOSTAS:
As respostas
devem ser enviadas impreterivelmente até às 24h00 do dia 28 de fevereiro de
2025, através dos seguintes exemplos:
a -
Via Messenger, Facebook, mensageiro instantâneo e aplicativo de Luís
Rodrigues;
b -
Por email, correio eletrónico, de Luís Rodrigues:
- reporter.de.ocasiao@gmail.com
- lumaferoma@sapo.pt.
c - Entregando
em mão ao orientador do Blogue REPORTER DE OCASIÃO, onde quer que o encontrem;
d -
Utilizando o Correio Normal (CTT):
Luís Manuel
Felizardo Rodrigues
Praceta
Bartolomeu Constantino, 14, 2.º Esq.
FEIJÓ 2810 – 032
ALMADA.