localdocrime
domingo, abril 27, 2025
  O DESAFIO DOS ENIGMAS - solução do problema publicado no dia 5 de abril

 

Em aditamento à edição da secção O Desafio dos Enigmas de 5 de abril de 2025, publica-se a solução do problema que abriu o I Grande Torneio organizado pela secção “Mistério…Policial”, superiormente orientada por Sete de Espadas, entre 13 de março de 1975 e 1 de abril de 1986, na Revista Mundo de Aventuras.

Mistério…Policiário, da Revista Mundo de Aventuras em 1975

I Grande Torneio

DESCULPE, MAS NÃO LHE SIRVO DE ÁLIBI!…

Rapariga Espinho

Solução do Autor

– Claro que foi crime.

– Por várias razões o empregado está a mentir. E se mente…

– Ao chegar junto do assente e ao passar a mão por ele a sensação de gelado fez estremecer Rosa… Se o banco estava gelado, quem ali estivera sentado já há muito que dali tinha saído… Por outro lado, não se admite que a rapariga tentasse suicidar-se de porta aberta… e muito menos que se enforcasse em silêncio… E como se pendurava?...

Solução de Joe Sousa

1 – Temos de nos inclinar para a existência de crime, dado que o comportamento do único suspeito é bastante comprometedor. Além disso, temos também um conjunto de factores de ordem psicológica que não encaixam na hipótese suicídio…

Vejamos:

2 – O empregado falou de mais e arrisca-se a atrair fortes suspeitas. Ao dizer que a vítima tinha acabado de entrar no W. C. no momento da chegada da Rosa mentiu pois sabemos que esta num gesto maquinal passou a mão pelo assento do banco e o achou frio como gelo… Ora, se a morta tivesse efetivamente ocupado aquele lugar momentos antes, o pergamóide conservaria ainda algum calor e tê-lo-ia ainda conservado por cerca de um minuto mais (acabo de fazer a experiência na cadeira em que estou sentado, cujo assento é também de pergamóide). Além disso, Rosa ao aproximar-se do Café teria visto através da porta de vidro a outra a desocupar o banco… A reforçar, podemos ainda afirmar, seguramente, que ninguém se enforca em silêncio num aposento pequeno, como são todos os W. C. dos Cafés. Há sempre convulsões, pontapés na porta e outros ruídos adequados num enforcamento por sufocação que é um acto fatalmente demorado.

Rosa teria ouvido o estrebuchar.

E parece-me que nenhum suporte de candeeiro suportaria essa dança macabra, por muito magrizela que fosse a executante.

Somos, pois, levados a crer que o suicídio foi (mal) encenado.

Examinemos agora os aspetos de ordem subjetiva:

Correndo o risco de opiniões opostas, permito-me afirmar que às 9 e 30 da manhã não são horas de ninguém se suicidar. Tenham paciência. Esses atos têm lugar ou em momentos de grande exaltação ou após uma amarga introspeção, uma solitária descida aos infernos interiores. São atos para fins de tarde ou madrugadas atormentadas, quando toda a resistência cede perante o desespero.

Podemos também analisar o local: é absurdo que um suicida tipo cabeça-fria como seria aquela jovem a querer enforcar-se num Café, não tivesse fechado a porta por dentro antes de se dependurar. Não, não. Os que se matam costumam preocupar-se muito com a execução ritual: escrevem cartas, arrumam os seus pertences – e necessariamente tomam precauções pare não serem interrompidos…

Agora o tipo técnico da execução: parece-me que o auto enforcamento é mais masculino que próprio de mulheres. Estas têm mais tendência para os barbitúricos, o salto do 3.° andar, o afogamento. O enforcamento desfigura, deixa um «facies» horrível e as mulheres são como são: mesmo nesses momentos decisivos pensam em miudezas desse quilate.

Assim, para terminar, podemos imaginar que o empregado, por razões ignoradas, teve uma disputa com a vítima, decidiu jogar tudo por tudo e estrangulou-a manualmente. Depois, para arranjar uma saída airosa foi pendurá-la no W. C. Só depois deve ter colocado o copo com restos de «martini» sobre o balcão.

Eu, no lugar dele, teria colocado o copo cheio de «martini». Não sei bem porquê, mas parecer-me-ia melhor. Há sempre a hipótese de na autópsia verificarem esses pormenores e se de facto a vítima não tem o «martini» no estômago, o homem está arrumado.

E pronto.

Permita-me que apresente os parabéns à autora. Engendrou um problema curto, mas com várias subtilezas e suscetível de imensas considerações… Só aquele adjetivo, ao princípio – pachorrentamente… me parece mal colocado

ALMOÇO-CONVÍVIO

A fechar, recordamos que se realiza no próximo dia 25 de maio, a partir das 12h30, no restaurante Sabores de Sintra (rua 1º de Dezembro, 16/18, São Pedro de Sintra) o Almoço Convívio de Consagração do Grande Vencedor do Concurso de Contos “Um Caso Policial no Natal”. Os confrades que desejem marcar presença nesta iniciativa devem comunicar essa intenção junto do inspetor Boavida (contactos: 917340400; salvadorsantos949@gmail.com). Eis o preço do repasto: 22,50 euros/pessoa. E a ementa:  entradas – pão rústico saloio, azeitonas temperadas, tábua de queijo regional e enchidos, peixinhos da horta com maionese d’alho e salgadinhos variados; pratos – bacalhau com espinafres e natas gratinado com broa de milho ou arroz de tamboril e camarão ou cachaço de porco no forno com batatas fritas e saladas ou escalopes de vitela à casa; sobremesas – as várias disponíveis no momento; bebidas – águas, refrigerantes, cerveja, vinhos, sangria e café.

 
sexta-feira, abril 25, 2025
  TORNEIO DO CINQUENTENÁRIO

 


                            TORNEIO DO CINQUENTENÁRIO

                     “MISTÉRIO… POLICIÁRIO” – MA/MP (1975 – 2025)

                      »»» TCMP «««

ATENÇÃO: Faltam apenas seis dias (1 de maio) para a publicação (AQUI) do problema nº 5 do Torneio do Cinquentenário, da autoria do confrade Bernie Leceiro. Entretanto, não se esqueçam que termina na véspera (30 de abril) o prazo de envio de propostas de solução do problema nº 4. Não deixe de participar, mesmo que só agora chegou até nós…

 
terça-feira, abril 22, 2025
  CONVÍVIO POLICIÁRIO

 

Recordamos que se realiza no próximo dia 25 de maio, a partir das 12h30, no restaurante Sabores de Sintra (rua 1º de Dezembro, 16/18, São Pedro de Sintra) o Almoço Convívio de Consagração do Grande Vencedor do Concurso de Contos “Um Caso Policial no Natal”. Os confrades que desejem marcar presença nesta iniciativa devem comunicar essa intenção junto do Inspetor Boavida (contactos: 917340400; salvadorsantos949@gmail.com). 

Preço do repasto: 22,50 euros/pessoa. E a ementa:  entradas – pão rústico saloio, azeitonas temperadas, tábua de queijos regionais e enchidos, peixinhos da horta com maionese d’alho e salgadinhos variados; pratos – bacalhau com espinafres e natas gratinado com broa de milho ou arroz de tamboril e camarão ou cachaço de porco no forno com batatas fritas e saladas ou escalopes de vitela à casa; sobremesas – as várias disponíveis no momento; bebidas – águas, refrigerantes, cerveja, vinhos, sangria e café.

 
domingo, abril 20, 2025
  O DESAFIO DOS ENIGMAS - edição de 20 de abril de 2025

MARQUE NA SUA AGENDA: HÁ CONVÍVIO EM SINTRA NO DIA 25 DE MAIO

Face à marcação das eleições legislativas intercalares para 18 de maio, a realização do Convívio Policiário de entrega dos prémios do concurso de contos “Um Caso Policial no Natal”, foi definitivamente agendado para o último domingo do mês de maio, dia 25, às 12h30, no sítio do costume, ou seja, no restaurante Sabores de Sintra, sito na rua 1º de dezembro, 16/18, São Pedro de Sintra, local habitual dos derradeiros Almoços e Convívios da Tertúlia Policiária da Liberdade.

            Enquanto não chega esse dia, as nossas atenções estão fundamentalmente voltadas para o Torneio do Centenário de “Mistério… Policiário”, histórica secção orientada por Sete de Espadas na revista de Banda Desenhada “Mundo de Aventuras”, um verdadeiro farol da atividade policiária das décadas 1970 e 1980, que conhece a sua 5ª prova no próximo dia 1 de maio, no blogue Local do Crime. Entretanto, decorre até à última badalada do dia 30 de abril o prazo para o envio de propostas de solução da prova nº 4 do torneio, preferencialmente para o endereço viroli@sapo.pt.

E por aqui voltamos a recordar um dos vários problemas que integraram o I Grande Torneio da secção “Mistério…Policiário”, de que estamos a celebrar o cinquentenário do seu nascimento.

Mistério…Policiário, da Revista Mundo de Aventuras

I Grande Torneio

UM TROVÃO FORTE FEZ VIBRAR A CASA...

            de Camarada X 

FERNANDES

É o milionário, assassinado. Homem solteiro que vivia na companhia de um filho adotivo…

CARLOS

O filho adotivo do milionário. Passa o tempo nos bares e outros locais, gastando largas somas com os amigos…

MORDOMO

Um homem novo e há pouco tempo ao serviço, parecendo de bom carácter…

Estava uma noite chuvosa. O inspetor Gomes lia descansadamente o jornal, junto do fogão. Lá fora a chuva continuava a cair com grande intensidade. Estava confortável, o inspetor… Porém o conforto desapareceu num instante. O telefone tocou. O sargento Gonçalves, que estava nessa noite de serviço com o inspetor, foi atender. Depois de uma breve conversa, o sargento voltou-se para o inspetor e disse:

– Chamam-nos à rua de… com urgência. Parece que houve lá um crime…

Contrariados, mas assim os chamava o dever... Saíram para a rua e entraram no automóvel. Meia hora depois estavam na morada indicada. Eram 23 horas.

Tratava-se de uma grande mansão que o milionário Fernandes conservava e nela tinha orgulho. O mordomo veio atender o inspetor e o sargento, introduzindo-os em seguida num vasto escritório onde o milionário estava prostrado com um orifício de uma bala na fronte.

– Foi um tremendo choque… a morte do senhor Fernandes. Era tão bom para mim... – dizia o mordomo visivelmente perturbado.

Carlos, o filho adotivo do milionário, que vivia com ele desde pequeno, apareceu também para prestar declarações.

– Conte-me como se deu isto! – disse o inspetor Gomes enquanto fazia sinal ao sargento para tomar apontamentos.

Foi o mordomo quem respondeu:

– Tudo aconteceu num instante. Um trovão forte fez vibrar a casa e a luz falhou… Fusíveis, pensei. Não obstante o barulho da trovoada, ouvi um tiro. Acendi uma lanterna e corri ao escritório. Vi então o patrão morto com uma bala na fronte, e uma sombra que deslizava pela janela aberta. Não pude persegui-la visto desaparecer na escuridão. Não toquei em nada. Peguei no telefone e chamei os senhores. Enquanto não chegavam fui à cave consertar os fusíveis e a luz voltou. Foi um alívio para mim a chegada do senhor Carlos, logo a seguir…

Carlos afirmou:

– Não estive esta noite em casa. Fui para o bar com os amigos e só voltei há momentos, um pouco antes do senhor inspetor chegar. Só então dei conta do que se tinha passado… Não compreendo quem teria matado o meu protetor… Não tinha inimigos…

O inspetor Gomes examinou o cadáver. Tudo parecia confirmar o que dissera o mordomo. Não havia sinais de luta e a janela estava aberta…

– Não há mais ninguém a viver cá em casa? – perguntou o inspetor.

– Há uma criada e a cozinheira, mas hoje foram ao cinema com os namorados… – respondeu o mordomo.

– Não toquem em nada!... Vou mandar tirar as impressões digitais… – disse o inspetor Gomes, consultando o rico relógio elétrico colocado na parede do escritório, que marcava vinte e três horas e trinta minutos.

O inspetor Gomes e o sargento Gonçalves despediram-se.

O inspetor ia já mergulhado nos seus pensamentos. O sargento falava:

– Acho, inspetor, que estamos a enfrentar um caso intrincado… Não há nada… Só a janela aberta e isso não chega… a não ser que, ao saltar, o assassino tenha lá deixado as impressões digitais…

O inspetor Gomes pára bruscamente, e exclama:

– Pelo contrário… Não sei como não tinha pensado nisso antes… Não podemos deixar assim à solta o assassino do milionário… Vamos prender…

1 – O inspetor prendeu quem?

2 – Porquê?

                                               ………… /// ……………

O nosso desafio é que os nossos leitores e seguidores leiam com a devida atenção o enunciado do problema, não dispensando as releituras que as dúvidas suscitadas reclamem, de modo que o decifrem com absoluto sucesso antes de se publicar no blogue Local do Crime (localdocrime.blogspot.com), no dia 15 de maio, a solução do concorrente Big-Ben, escolhida por Sete de Espadas entre as demais soluções propostas então pelos que responderam com total acerto. 

 
sexta-feira, abril 18, 2025
  NOTÍCIAS DO BLOGUE "MOMENTO DO POLICIÁRIO"

 

Já é conhecida a solução (e as respetivas pontuações) do terceiro problema do I-Torneio Policiário “Português Suave” – Modo Simplex, organizado pelo blogue Momento do Policiário (momentodopoliciario.blogspot.com). Ei-las:

I - Torneio Policiário “Português Suave”

| PROBLEMA n.º 3 |

UMA MORTE ANUNCIADA

Solução

Sabendo que Alice era particularmente sensível à serradura, como todos os doentes com asma, Gregório fazia por espalhar uma boa parte daquela e fazê-la circular pela casa, utilizando para isso uma ventoinha estrategicamente colocada, com o objectivo de agravar a doença da mulher e de a levar mais depressa para a cova, o que veio a acontecer, sem no entanto podermos deixar aqui de salientar a omissão de auxílio, que bem poderia ter evitado, em parte aquele desfecho! O próprio barulho da ventoinha seria propositado … aliás as correntes de ar também não são benéficas, muito pelo contrário, para os doentes de asma!

Obviamente que depois da autópsia, se viria a determinar que a causa da morte tinha sido mesmo a asma de Alice, mas aquela condição, só por si, supostamente não a mataria daquele modo (ataque quase que fulminante e em agonia), já que a “aceleração” da sua morte se ficou a dever, em parte, a uma forte crise provocada pela inalação continuada de pó de madeira (serradura) e ainda à omissão de auxílio… entre outros factores adversos a doentes com asma!

Pontuações neste 3º problema

10 PONTOS

Ana Marques, Arjacasa, Bela, Búfalos Associados, Clóvis, Detective Jeremias, Detective Suricata, Detective Verdinha, Dick Tracy, EGO, Faria, Inspetor Boavida, Inspector Pevides, Inspector do Reino, Inspetor Moscardo, Joel Trigueiro, Jorrod, Mali, Mandrake Mágico, Margareth, Molécula, O Gráfico, O Pegadas, Paulo, Pintinha, Rainha Katya e Vic Key.

8 PONTOS

CA 7, Carlos Caria, Carluxa, CN 13, Columbo, Carlinha, Detective Caracoleta, Detective Izadora, Detetivesca, Detective Silva, Inspetor Richy, Pedro Monteiro, Ribeiro de Carvalho, Sandra Ribeiro, Sofia Ribeiro, Visigodo e ZAB.

5 PONTOS

Fátima Pereira, Inspector Cláudio, Inspectora Sardinha, Marino e Zé Alguém.

Classificação Geral (após o 3º problema)

30 PONTOS

Ana Marques, Arjacasa, Clóvis, Faria, Inspetor Boavida, Jorrod, Mali, Margareth, O Gráfico, O Pegadas, Pintinha e Rainha Katya.

28 PONTOS

Búfalos Associados, CA7, Carluxa, CN13, Detective Jeremias, Detective Silva, Detective Verdinha, Sofia Ribeiro e ZAB.

26 PONTOS

Carlinha, Ribeiro de Carvalho e Vic Key.

25 PONTOS

EGO, Inspector Cláudio, Inspector Pevides, Inspetor Moscardo e Joel Trigueiro.

23 PONTOS

Carlos Caria, Columbo, Detective Caracoleta, Detetivesca, Inspector do Reino, Inspetor Rickyi, Paulo e Pedro Monteiro.

21 PONTOS

Detective Izadora e Visigodo.

20 PONTOS

Bela, Dick Tracy, Inspectora Sardinha, Mandrake Mágico, Molécula e Zé Alguém.

15 PONTOS

Detective Suricata e Fátima Pereira.

8 PONTOS

Sandra Ribeiro.

5 PONTOS

Bernie Leceiro e Marino.

 
terça-feira, abril 15, 2025
  NOTÍCIAS DO BLOGUE "MOMENTO DO POLICIÁRIO"

 

Já é conhecido o quarto problema do I-Torneio Policiário “Português Suave” – Modo Simplex, organizado pelo blogue Momento do Policiário (momentodopoliciario.blogspot.com). Ei-lo:

I - Torneio Policiário “Português Suave”

| PROBLEMA n.º 4 |

Os amantes

Encontros rápidos? Deves estar a brincar – disse Luísa. Ela não estava interessada em participar em mais actividades casamenteiras. Luísa tinha-se divorciado há dez anos e, durante todo esse tempo, inscrevera-se em ginásios, participara em grupos de igreja, fizera compras no mercado da moda, jogara bólingue e avançara com quase todas as ideias que lhe chegavam para conhecer a sua “alma gémea“. Porém, estar sentada numa grande sala com outras 20 mulheres e ter encontros rápidos de cinco minutos com 20 homens que nem conseguiam chamar a atenção de uma mulher num bar, isso nem pensar.

-Oh, vá lá. Até parece que tens grandes planos para quarta-feira à noite – persuadiu-a Madalena.

- Até tenho. Estou a preparar-me para uma colonoscopia! – replicou Luísa. E desligou o telefone. Encontros rápidos. O próprio conceito da coisa parecia-lhe ridículo. O que é que se aprende em cinco minutos? Era humilhante. Ela não o faria. Não estava assim tão desesperada.

Mas Madalena estava. Ela ligou a Luísa na quinta-feira à noite, depois de a amiga ter voltado da colonoscopia, pelo que Luísa ainda estava um bocadinho atordoada devido à sedação.

- Adivinha! Cruzei-me com uma velha paixão nos encontros rápidos!

- Quem, Madalena?

- O tipo certo! Vamos sair no sábado à noite. Ele é a minha “alma gémea”, Luísa! Eu sei que é!

Luísa suspirou. Era mais provável que fosse o tipo errado. Madalena tivera uma série de namorados péssimos e sentia-se sempre atraída por homens que depressa revelavam o seu verdadeiro «eu». Tinha havido Leonardo, que lhe batia e que, quando Madalena acabou a relação, a perseguiu até ela conseguir obter uma ordem de afastamento contra ele. E também o Henrique, o viciado em cocaína que teve um ataque em casa da Madalena e partiu todas as peças de cristal que eram da mãe dela. Ah, e tinha havido Ricardo, o segurança do Centro Comercial que fazia part-time numa loja de fragrâncias e que passava a vida em negócios escuros. Para não falar de José, o baterista que pedira emprestadas a Madalena todas as suas poupanças para poder manter a banda activa, mas que nunca lhe devolveu o dinheiro. E ainda Miguel, o mentiroso que não só era casado como tinha mais uma namorada.

Madalena nunca tinha sido casada e dizia que conseguia ouvir o relógio biológico dar horas a meio da noite. Luísa tentara explicar-lhe que o que ela estava a ouvir era o sangue que lhe pulsava nos ouvidos, mas Madalena respondeu que estava quase sem tempo: tinha 30 anos! Luísa troçou.

OK, Madalena– disse ela. – Liga-me de manhã e conta-me tudo.

Madalena não telefonou a Luísa na manhã seguinte e não apareceu no trabalho. Ao meio-dia, Luísa estava muito preocupada e foi a casa da amiga à hora de almoço, mas ela não estava. Ligou de imediato para a esquadra da Polícia. Disse-lhes que Madalena estava desaparecida e forneceu-lhes uma lista de todos os amantes que esta abandonara.

Dois dias depois, o corpo semivestido de Madalena foi encontrado numa ravina ao pé de casa dela. O médico-legista disse que Madalena tinha sido morta com dois tiros. As duas balas tinham entrado no seu corpo pelo mesmo orifício e ainda estavam alojadas no peito. Além de mais, provinham da mesma arma, um revólver de calibre 6.35 mm. No entanto, aquilo que lhe parecia mais peculiar era o facto de as roupas dela cheirarem intensamente a alcaçuz.


Qual dos antigos amantes de Madalena a matou?
 Dê a sua opinião fundamentando-a…!

NOTA FINAL:

Os projectos de solução deverão ser enviados até ás 24h00 do dia 14 de Maio de 2025, para viroli@sapo.pt

 

 
quinta-feira, abril 10, 2025
  NOTÍCIAS DO BLOGUE "A PÁGINA DOS ENIGMAS"

TORNEIO QUEM É?

PROVA Nº 3

Pseudónimos

Autor: Paulo

1 - Comecemos por um pseudónimo bastante conhecido do escritor Erle Stanley Gardner. Sob este pseudónimo criou uma dupla de detetives particulares, mais propriamente uma mulher e um homem, que apesar de trabalharem juntos e serem de sexos diferentes não têm entre si qualquer clima de âmbito sexual. A chefe, Bertha Cool, passa a vida a fazer contas e não quer problemas com a polícia, contrariamente a Donald Lam, que é o homem no terreno.

Sobre este texto, pergunta-se:

a) Qual o pseudónimo usado por Erle Staneley Gardner para criar esta dupla de detetives?

b) Qual o nome do sargento da polícia que está sempre a “morder os calcanhares" de Donald Lam?

2 – É uma escritora, contrariamente ao que o pseudónimo poderia fazer suspeitar, com a nacionalidade britânica. Nasceu no final do século XIX e morreu em 1973. A sua principal personagem foi Arthur G. Crook, embora também tenha escrito obras com o Inspetor Field e  com Scott Egerton.

a) Qual o verdadeiro nome da autora referida no texto?

b) Sob que pseudónimo escreveu as obras com as três personagens referidas?

3 – Escreveu sob o nome de George Hopley, mas não seriam estes dois nomes, que faziam parte do seu verdadeiro epiteto, que o tornaram conhecido em Portugal. No nosso país, tanto surge com o seu verdadeiro nome, (reduzido), como com o pseudónimo, não sendo fácil ligar os muitos textos que escreveu ao pseudónimo ou ao nome do autor. Muitos dos seus contos e novelas foram adaptados para filme por Alfred Hichcock, François Trufaut, Rainer Warner Fassbinder e muitos outros.

a) Indique o pseudónimo usado por este escritor em muitos dos textos policiais por si escritos.

b) Qual o nome que utilizava, usando palavras que faziam parte do seu verdadeiro epiteto, além do referido no texto, sob o qual também foram publicadas várias das suas obras de cariz policial?

4 -  Nasceu em Nova Iorque em 1926 e morreu em 2005. Usou vários pseudónimos, mas foi sob este que criou a série 87º Distrito Policial, também conhecida por outras designações similares. Um dos seus pseudónimos foi mesmo adotado por ele como seu verdadeiro nome, substituindo o original, italiano.

a) Qual o nome de nascimento deste autor?

b) Qual o pseudónimo sob o qual escreveu a série indicada no texto?

5 - John Innes Mackintosh Stewart era o seu verdadeiro nome, mas não foi desta forma que ficou conhecido no mundo da literatura policiária, onde criou a sua principal personagem num livro publicado em 1936. Este escritor inglês nasceu em 1906 na Escócia e faleceu em 1994. Tem alguns dos seus livros publicados em Portugal, assim como contos, designadamente através da versão brasileira da Ellery Queen Mystery Magazine .

a) Qual o pseudónimo pelo qual se tornou conhecido no meio da literatura policiária?

b) Como se chama a personagem referida no texto?

NOTA

As respostas deverão ser enviadas até ao final do dia 30 de abril para apaginadosenigmas@gmail.com.

 
terça-feira, abril 08, 2025
  TORNEIO DO CINQUENTENÁRIO

 


TORNEIO DO CINQUENTENÁRIO

“MISTÉRIO… POLICIÁRIO” – MA/MP (1975 – 2025)

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SOLUÇÃO DO PROBLEMA Nº 3

A MORTE DO TRAFICANTE, de Paulo

1 – O disparo foi feito com o cano da arma encostado à fronte.

O sinal de boca de mina de Hoffmann, nome dado às marcas do ferimento descrito no texto para a entrada do projétil, é característico do disparo encostado ao corpo, quando por baixo da pele está uma superfície óssea. Esta marca é uma consequência de haver uma explosão junto à pele para fora, gerando uma lesão com bordas irregulares, invertidas, ou seja, voltadas para fora, com uma impregnação centralizada de pólvora.

2 – a) A arma estava horizontal.

Se o trajeto foi horizontal, de acordo com a opinião técnica, com os orifícios de entrada e de saída à mesma altura, assim como impacto do projétil na parede, a arma teria que estar horizontal e alinhada com a trajetória do projétil.

b) Para que um individuo de um metro e setenta fosse alvejado horizontalmente na fronte, com a arma encostada ao local que sofreu o disparo, estando de pé, de acordo com a informação do texto, o assassino teria que ser mais alto que ele. Se fosse mais baixo, o cano teria ficado ligeiramente virado para cima.

3 – Ficam assim dois suspeitos, mais altos do que a vítima: Hans e Campbell.

4 – a) A carta só poderia ter sido escrita por um alemão, não por um natural dos Estados Unidos. Este escreveria biliões. Três mil milhões é o termo que deveria ser usado pelos alemães, europeus, e que descreve o mesmo número, 3 000 000 000, que o habitante dos Estados Unidos escreveria como 3 biliões. Na Europa é que se usa a designação, em alguns países, mil milhões. O termo bilião poderia ser usado por um europeu, mas o termo mil milhões, nunca seria usada por um norte-americano.

b) Em Tribunal foi demonstrado que o assassino não pretendia simular que a carta tivesse sido escrita por outra pessoa, por isso não poderia ser o suspeito dos Estados Unidos, Campbell, a escrevê-la.

5- Concluindo, o assassino foi Hans, e será isso que o relatório do polícia responsável pelo caso terá indicado.

Nota

Todo o processo de resolução poderá partir da carta, identificando os dois alemães como suspeitos e depois fazer-se a eliminação do alemão mais baixo.

Critérios de Classificação

1 – 1 ponto

2 a) – 1 ponto

b)  – 1 ponto

3 – 1 ponto

4 a)  – 1 ponto

b)  – 1 ponto

5 – 1 ponto

Presença ­– 3 pontos

PONTUAÇÕES DO PROBLEMA Nº 3

DECIFRAÇÃO

10 pontos

Búfalos Associados

Detective Jeremias

Inspector Detective

9 pontos

Clovis

Ego

Fotocópia

Inspector Aranha

Inspector Moscardo

Inspector Pevides

8 pontos

Arnes

Detective Verdinha

7 pontos 

Arjacasa

Bernie Leceiro

Detectivesca

Dona Sopas

Faria

Haka Crimes

Inspector Mokada

Inspector Mucaba

Joel Trigueiro

Mandrake Mágico

Ribeiro de Carvalho

Visconde das Devesas

6 pontos

Carluxa

Detective Kivee

Edomar

Inspector Ryckyi

Mula Velha

5 pontos

Columbo

Detective Vasofe

Mali

Molécula

O Pegadas

4 pontos

Ana Marques

CA7

Carlos Caria

CN13

Detective Suricata

Jorrod

Mancha Negra

Margareth

Pedro Monteiro

Pintinha

Sofia Ribeiro

Vic Key

3 pontos

Detective Caracoleta

Detective Silva

Fátima Pereira

Inspector Cláudio

Inspectora Sardinha

Rainha Katya

Sandra Ribeiro

Visigodo

ZAB

Zé Alguém

AS MELHORES

Búfalos Associados - 5 pontos

Detetective Jeremias - 4 pontos

Inspector Detective - 3 pontos

Inspector Aranha - 2 pontos

Fotocópia - 1 ponto 

AS MAIS ORIGINAIS

Detective Kivee - 5 pontos

Arjacasa - 4 pontos

Mali - 3 pontos

Dona Sopas - 2 pontos

Detective Jeremias -1 ponto 

PRÉMIOS EM SORTEIO

- 1 Livro de Problemas Policiários e Soluções de M. CONSTANTINO, juntamente com um Bloco de Apontamentos da Tipografia Lobão, Oferta de José Silvério, sorteado entre os concorrentes totalistas. PREMIADO: Búfalos Associados

- 1 Conjunto de 12 Postais Ilustrados de Montemor-o-Novo, Oferta de Francisco Salgueiro, sorteado entre todos os concorrentes não totalistas. PREMIADO: Jorrod

PRÉMIOS ATRIBÚIDOS POR PAULO 

- Solução com menos palavras, o livro Os caminhos de Idalécio: PREMIADO: Faria

- Sorteio do livro, Concerto a quatro mãos. PREMIADA: Detective Jeremias


 
sábado, abril 05, 2025
  O DESAFIO DOS ENIGMAS - edição de 5 de abril de 2025

            RECORDANDO O I GRANDE TORNEIO DA SECÇÃO “MISTÉRIO…POLICIÁRIO”

No momento em que foram já contabilizadas as pontuações alcançadas pelos derradeiros contos, o orientador da secção conhece já a classificação geral final do concurso “Um Caso Policial no Natal”, que só será divulgada em finais de maio num grande Convívio a realizar em São Pedro de Sintra, no restaurante Sabores de Sintra. E recorde-se que o regulamento do concurso prevê a atribuição de Taças para os autores dos contos classificados do 1º ao 4º lugar e Medalhas para os classificados do 5º ao 10º lugar. Mas não se pense que ficarão sem prémio os autores dos contos posicionados do 11º e o 19º lugar. A estes será atribuído um justíssimo “prémio de consolação”.

Mas há mais novidades: no dia deste grande Convívio Policiário será apresentada (e oferecida a todos os presentes) a mais recente edição do Borda d’Água do Conto Curto, que regressa após uma paragem de 4 (quatro) anos, em larga medida decorrente do falecimento de um dos seus principais mentores, o nosso muito querido e saudoso A. Raposo, que teve desde sempre como parceira de organização a nossa estimada Detetive Jeremias, responsável agora “a solo” por coordenar e dar à estampa o “primeiro número da nova vida” deste singular e inovador projeto.

Entretanto, todas as atenções estão voltadas para o grande Torneio do Centenário de “Mistério…Policiária”, secção criada por Sete de Espadas na revista Mundo de Aventuras, em 13 de março de 1975, que decorre alternadamente nos blogues Local do Crime, Repórter de Ocasião, A Página dos Enigmas e Momento do Policiário. No passado de 1 de abril foi publicado neste último blogue, que pode ser acedido através do endereço momentodopoliciario.blogspot.com, o problema nº 4 da prova, que tem neste momento uma liderança no feminino, com Detetive Jeremias no comando da “Classificação Geral” e “Melhores”; e Mali a liderar as “Mais Originais”.

E por aqui vamos recordando, a partir de hoje, alguns dos problemas que integraram as inúmeras provas organizadas por Sete de Espadas naquela publicação de Banda Desenhada, que fez furor sobretudo entre a “malta” mais jovens durante onze (11) anos, começando exatamente pelo enigma que abriu o I Grande Torneio (o primeiro de 25 torneios realizados, após a publicação de vários problemas isolados), que decorreu entre 4 de setembro de 1975 e 5 de janeiro de 1976.

O nosso desafio é que o leitor leia com a devida atenção o enunciado do problema, não dispensando todas as subsequentes releituras que as dúvidas suscitadas reclamem, de modo que o decifre com sucesso antes de se publicar no blogue Local do Crime (localdocrime.blogspot.com), a 30 de abril, a respetiva solução de autor e a solução do concorrente Joe Sousa, escolhida por Sete de Espadas entre as demais soluções propostas pelos que responderam com total acerto ao enigma.

Mistério…Policiário, da Revista Mundo de Aventuras

I Grande Torneio

DESCULPE, MAS NÃO LHE SIRVO DE ÁLIBI!...

            de Rapariga Espinho

9 horas e 30.

O Café Scott encontra-se praticamente deserto àquela hora da manhã, pois somente se vê um empregado que limpa, pachorrentamente, uns copos.

Pela enorme porta de vidro voltada ao jardim de terra entra Rosa que, hesitante, não sabe onde se há de sentar, apesar de o café estar vazio…

Vencida a indecisão inicial, decide sentar-se ao balcão… Dirige-se ao primeiro e alto banco…. Na frente sobre o balcão, repousa um copo que, pelos restos, parece ter servido “Martini”… Rosa, levada por movimentos de rotina, passa a mão pelo assento do banco como quem o limpa e nos aços e cromados, bem como no pergamóide do fundo, sente uma sensação de frio e gelo que a faz arrepiar. Estremece, porque a manhã não lhe parecia tão fresca… Prepara-se para se sentar quando o empregado lhe diz:

– Desculpe… Esse lugar está ocupado…

Rosa, sem uma palavra, dirige-se para o banco ao lado, segura-se à barra, coloca o pé esquerdo no suporte, elevando-se com impetuosidade, e senta-se… O dia já não lhe está a correr nada bem…

Pede um café.

Dez minutos depois, mais ou menos, vê entrar uma rapariga que, circundando um olhar indeciso pela sala, fixa-o na porta com uma figura de senhora afixada, e dirige-se para lá…

Abre a porta…

…E logo um grito estridente faz sobressaltar Rosa no alto banco…

Olha…

Pendurada do suporte do candeeiro está uma rapariga, jovem e magrizela…

…Enforcara-se com um cinto…

Pedidos o médico e a Polícia…

Chega primeiro esta que começa por tentar saber coisas do empregado, que lhe vai respondendo:

– Não vi nada… Tenho estado sempre aqui ao balcão… Esta menina pode confirmar, visto que, quando entrou, aquela menina acabava de entrar no W. C.…

Rosa ao ouvir o interrogatório e as respostas, disse já quase irada, com os lindos olhos azuis a fuzilarem:

– Desculpe, mas não lhe sirvo de álibi!...

1 – Crime ou suicídio?

2 – Porquê?

                                               ………… /// ……………

E fechamos a nossa edição de hoje com uma chamada de atenção para as iniciativas que vêm animando os blogues A Página dos Enigmas (apaginadosenigmas.blogspot.com) e Momento do Policiário (momentodopoliciario.blogspot.com), paralelamente ao Torneio do Cinquentenário: No primeiro será conhecida, no próximo dia 10, a prova nº 3 do Torneio “Quem é?” (que tem neste momento na liderança um “pelotão” de 13 confrades totalistas) e no segundo será publicada no próximo dia 15 a prova n.º 4 do Torneio “Português Suave” (que tem neste momento na liderança um grupo de 19 confrades totalistas). Entretanto, neste blogue do confrade Virmancaroli, está também disponível a partir de hoje a 3.ª edição da revista digital Enigmas e Desafios, a não perder!


 
terça-feira, abril 01, 2025
  TORNEIO DO CINQUENTENÁRIO

 


TORNEIO DO CINQUENTENÁRIO

“MISTÉRIO… POLICIÁRIO” – MA/MP (1975 – 2025)

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PROBLEMA Nº 4

NAQUELA NOITE DE MAIO,

de Virmancaroli

Nesse mês de Maio, com temperaturas amenas para a época, mas com manhãs um pouco frias e ventosas, envolvia-nos com tardes bem agradáveis que se deixavam arrefecer para a noite e pela madrugada adentro. Era um ciclo meteorológico imperturbável, este. E foi numa dessas noites, de Maio, quando eram precisamente três horas e trinta e nove minutos da madrugada, daquele Sábado, véspera de lua nova, por sinal, que um forte ruído de vidros estilhaçados irrompeu pelo silêncio da madrugada.

Um início de fim de semana que se julgava tranquilo, como tantos outros anteriores, já passados, mas que afinal se previa agora desassossegado! Seria mesmo assim?...

Já há muito tempo que na ribeirinha cidade do Montijo não se registavam incidentes de maior, pese embora o facto de uma ou outra ocorrência que rapidamente se esfumava e das quais nem registo havia sequer, tal a irrelevância das mesmas.

Naquela Praça da República, aquela Praça velhinha, no centro histórico da cidade, que apesar de descaracterizada, privilegiava ainda o comércio local, envolta na sua luz habitualmente ténue, fruto das tecnologias, e aquela hora, não se viam pessoas nem automóveis, a praça estava completamente deserta sem movimento algum pelo que dava a impressão de que o incidente iria passar despercebido.

Mas não foi isso o que realmente aconteceu, imagine-se!

O Inspector Alfama, em serviço, de turno, nessa noite na Esquadra do Borralhal, estremeceu, assustado, outra coisa não seria de esperar, enquanto passava pelas brasas, ao ouvir o telefone tocar de repente. Lá lhe iam estragar a noite, pensou ele. Pegou no auscultador e simultaneamente olhou para o relógio, oferta da esposa em dia de aniversário, que marcava nesse preciso momento três horas e quarenta e um minutos. Depois, então, atendeu o telefonema, não sem com alguma contrariedade. Chamada concluída e no momento em que colocava o auscultador no descanso, a porta ao lado abriu-se e o Sargento Boaventura entrou na sala.

Passou-se alguma coisa, perguntou ele? Pois, foi isso mesmo! Replicou o Inspector Alfama, acabaram de assaltar a “Cara & Coroa”! A “Cara & Coroa”? Exclamou Boaventura, atónito.

Aquela loja na Praça da República que vende e compra moedas?

Alfama anuiu que sim… essa mesmo.

Foi o próprio dono da loja, o Zé Bastos quem me telefonou. Vou para lá, agora, ver o que se passou e já me estragaram a noite. Olha, Boaventura faz-me o favor de acordares o Sargento Oliveira, para ele me acompanhar.

A ausência anunciada, nessa noite, do Guarda Nocturno, pago pelos comerciantes da Praça, já poucos por sinal, possivelmente poderá ter deixado os comerciantes mais vulneráveis…, mas até porque também já há bastante tempo que não se registava ali nenhuma ocorrência de roubo, ou de outro abuso qualquer!

Entretanto, algum tempo depois e quando os dois polícias chegaram junto à loja de numismática, pertencente ao comerciante Zé Bastos, o sino da Torre da Igreja da Misericórdia, ali bem perto da Praça da República, batia as quatro horas e meia, badaladas que bem se fizeram ouvir, nessa noite bem escura e húmida.

Via-se um enorme buraco no vidro da porta da loja e o Sargento Oliveira juntou com o pé os estilhaços, formando um monte considerável em frente da entrada.

Nesse preciso momento a porta da loja abriu-se. Agradeço-lhes terem, assim, vindo tão depressa. Eu sou o Zé Bastos proprietário da loja. Os polícias entraram na loja, sem deixarem, contudo, de observar a grande desarrumação de álbuns em cima do balcão e foram de imediato os três, para uma sala bem iluminada onde o proprietário começou então as explicações que motivaram a chamada por si feita.

Como resido fora da cidade, ali na Jardia, portanto, ainda bem longe da loja e quando tenho mercadoria para arrumar, pois, ontem fiz algumas compras, costumo dormir sempre aqui, porque tenho de começar bem cedo com as arrumações, antes de a loja abrir.

Assim, esta noite, tendo eu o sono leve, ouvi, de repente, tilintar qualquer coisa. Fiquei um momento à espera, pensando que estava a sonhar, mas depois apercebi-me que alguém estava a mexer na fechadura da porta da loja. Saltei da cama de imediato, fui vestindo o roupão e vim logo para aqui. Mesmo no escuro ainda deu para perceber a silhueta do intruso. Era um homem alto, de óculos escuros e de gorro pela cabeça, que se pôs logo em fuga assim que se apercebeu da minha presença. Eu ainda fui atrás dele até ali ao fim da praça, mas ele era jovem e bem rápido, pelo que desapareceu na noite quando virou à esquina da Praça. Então, voltei, depois, para a loja e telefonei-lhes.

Após um breve impasse, quase como que uma cortina para meditação, em que se gerou algum silêncio, Zé Bastos estendeu a mão, mostrando aos polícias um tijolo. Isto estava ali, ao pé da porta. O gatuno teria partido o vidro com ele, meteu a mão pelo buraco e abriu a fechadura pelo lado de dentro.

E conseguiu levar alguma coisa, pergunta o Inspector Alfama?

Infelizmente, sim. Levou-me um dos álbuns mais valiosos com moedas romanas que eu tinha recebido ontem mesmo e que estava ainda aqui em cima do balcão e, que era para ser arrumado hoje, quando catalogadas as moedas. Não deixa de ser um grande transtorno para mim, pese embora o facto de já as ter segurado, ontem mesmo, quando as recebi, como habitualmente o faço com a mercadoria mais valiosa.

Sim, e enquanto avalia o seu prejuízo, ou seja, neste caso, o produto do roubo? Cerca de cinco mil euros, respondeu Zé Bastos. Foi mesmo muito azar comentou o Sargento Boaventura, olhando para Zé Bastos, mas como o seguro vai pagar-lhe tudo, melhor para si. Na verdade assim o espero e que não demore porque o negócio tem andado ultimamente mesmo muito mal.

Já o Inspector Alfama não estava tão confiante quanto Boaventura, pelo que olhando de frente e bem na cara para Zé Bastos disse-lhe: Olhe, entretanto, vá-se vestindo para me acompanhar à Esquadra, pois temos de registar a ocorrência.

Vai levantar um auto, diz Zé Bastos? Sim, isso também.

Também? O que é que quer dizer com isso? Perguntou Zé Bastos, cuja voz enrouquecera, agora, subitamente.

É que também temos de tomar nota das aldrabices que nos quis impingir, tendo o valor do seguro que pensaria receber, na mente.

Foi tal o susto de Zé Bastos que os óculos lhes escorregaram pelo nariz abaixo. Com um gesto nervoso ele tirou-os e começou a limpá-los a uma ponta do roupão.

Mas…, mas o que é isso? Que brincadeira é essa? Eu vou queixar-me de si aos seus superiores disse Zé Bastos.

O Inspector Alfama fez um sorriso. Para quê, se pretendia enganar a Polícia e depois a Seguradora? É isso mesmo que vai esclarecer no auto.

 Pergunta-se :

Quais os motivos que teriam levado o Inspector Alfama a duvidar das declarações do comerciante Zé Bastos, convicto de que tudo não passara de uma encenação deste para receber o dinheiro do seguro?!

ENDEREÇOS E PRAZO PARA O ENVIO DAS RESPOSTAS:

 As respostas devem ser enviadas impreterivelmente até às 24h00 do dia 30 de Abril de 2025, através dos seguintes meios:

 a - Por email, para o endereço electrónico viroli@sapo.pt;

 b – Por via CTT para o seguinte endereço postal:

Luís Manuel Felizardo Rodrigues

Praceta Bartolomeu Constantino, 14, 2.º Esq.

FEIJÓ 2810 – 032 ALMADA.

 
enigmas e contos policiais

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