ÚLTIMA HORA
O TORNEIO DE VERÃO
(as melhores, mais criativas e originais soluções) arranca no dia 5
de agosto, com a publicação do seu primeiro problema (um original inédito de
NOVE), de forma a não “criar ruído” no "Torneio do Cinquentenário de Mistério... Policiário", que conhece o
seu oitavo enigma no dia 1 de agosto. Assim, os problemas do TORNEIO DE VERÃO
serão publicados no LOCAL DO CRIME nos dias 5, 15 e 25 do próximo mês de agosto.
Juntamente com o primeiro problema, será publicado o regulamento da prova.
Estão todos desafiados a marcar presença. NÃO FALTEM!!!
Já é conhecida a
solução (e as respetivas pontuações) do sexto problema do I-Torneio Policiário
“Português Suave” – Modo Simplex, organizado pelo blogue Momento do Policiário
(momentodopoliciario.blogspot.com). Ei-las:
I - Torneio
Policiário “Português Suave”
| PROBLEMA N.º 6
|
PAIXÃO ASSASSINA
Solução
O Inspector
constata que a caligrafia da carta, que Nazário lhe mostrou, se inclinava muito
para a esquerda e a tinta da carta estava esborratada, indícios de como se
tivesse sido escrita febrilmente, com presença de suores ao momento e,
possivelmente por uma pessoa canhota. Também a análise do grafólogo que Nazário
poderia mostrar ao Inspector que a carta tinha sido escrita
por uma pessoa fria, sem carácter, calculista e muito mais … presume-se isso!
A arma do crime
tinha sido encontrada do lado esquerdo de Helena, o que significa que era
provável que o assassino tivesse usado a mão esquerda para a espancar. Helena
estava a segurar a espátula com a mão direita, o que para o Inspector era sinal
de que seria destra. As suas suposições estavam correctas: o NOVO namorado de
Helena era canhoto e fora ele que escrevera a carta a Nazário, para tentar
mantê-lo longe de Helena. Quando mais tarde ouviu a voz amigável de Nazário no
atendedor de chamadas, o assassino ficou convencido que Helena estava a
traí-lo, e por isso, matou-a num ataque de ciúmes. E depois armou uma cilada a
Nazário.
Também torna-se
claro se a Helena tinha um NOVO namorado, e tudo aponta que sim, este
obviamente deveria ter participado a ocorrência, já que a visitaria
regularmente, mas se não o fez torna-se claro foi ele que a matou, não voltando
mais à casa, depois do ocorrido, esperando então que alguém aparecesse, o que
levou alguns dias a acontecer...!
Convém ainda
salientar que numa descrição sumária do estado em que a casa se encontrava, não
é referida qualquer menção a haver telefone, mas se Nazário disse que ligou
várias vezes e que deixou até mensagem no atendedor, torna-se óbvio que o
Inspector confirmou isso durante a investigação … logo seria um tremendo
absurdo se não houvesse mesmo telefone e Nazário o tivesse mencionado, até
porque ele garante com firmeza ter feito várias chamadas até e deixado
mensagem. Tudo isto teria sido confirmado pelo Inspector e aí os seus juízos
sobre o ocorrido.
NOTA :
Para este
problema e, porque houve supostos intervenientes, na narração, “ausentes”, foi
tomada a opção de se reavaliar as pontuações, o que é perfeitamente justo, não
havendo assim a pontuação única de presença (5 pts.), sendo esta
automaticamente acoplada (em acréscimo) quer à solução tida como correcta, em
parte, (8 pts.) quer à mais elaborada (10 pts .)! Neste cenário, ilibar Nazário
do crime e não apontar sequer um culpado, justificando, foram considerados, só
por si, factores determinantes na pontuação.
E porque de um
Torneio SIMPLEX se trata … participar, marcando presença, é sem dúvida alguma
muito mais apelativo, essa a finalidade, não existindo assim a mais leve
pressão de ter que ser-se melhor…ou diferente!
Pontuações
neste 6º problema
10 PONTOS
Ana Marques, Arjacasa, Búfalos
Associados, Carlos Caria, Detective Jeremias, Detective Lupa de Pedra, Detective
Verdinha, Dick Tracy, EGO, Inspector 27797, Inspetor Boavida, Inspector Ricky, Joel
Trigueiro, Jorge Amaral e O Gráfico.
8 PONTOS
Agente Silva,
Bela, CA 7, Carlinha, Carluxa, Clóvis, CN 13, Detective Izadora, Detective
Silva, Detective Suricata, Faria, Fátima Pereira, Inspector Cláudio, Inspector
Pevides, Inspector do Reino, Inspectora Sardinha, Inspetor Moscardo, Jorrod, Mali,
Mandrake Mágico, Margareth, Marino, Molécula, O Pegadas, Paulo, Pedro Monteiro,
Pintinha, Rainha Kátya, Sandra Ribeiro, Sofia Ribeiro, Vic Key, Visigodo, ZAB e
Zé Alguém.
Classificação
Geral (após o 6º problema)
60 PONTOS
Ana Marques, Inspetor Boavida e
O Gráfico.
58 PONTOS
Arjacasa, Detective
Verdinha e Jorrod.
56 PONTOS
Búfalos
Associados, Clóvis, Detective Jeremias, Faria, Mali, Margareth, O Pegadas, Pintinha,
rainha Kátya e Sofia Ribeiro.
55 PONTOS
EGO.
54 PONTOS
Carlinha,
Carluxa, CN 13, Detective Silva e ZAB.
53 PONTOS
Carlos Caria,
Inspector Pevides, Inspector Ryckyi e Joel Trigueiro.
51 PONTOS
CA 7, Inspector
Moscardo
50 PONTOS
Dick Tracy e Vic
Key.
49 PONTOS
Inspector
Cláudio, Inspector do Reino e Paulo.
48 PONTOS
Mandrake Mágico.
47 PONTOS
Detective
Izadora.
46 PONTOS
Bela, Inspectora
Sardinha, Molécula, Pedro Monteiro e Zé Alguém.
43 PONTOS
Columbo.
39 PONTOS
Detective
Suricata.
37 PONTOS
Visigodo
36 PONTOS
Fátima Pereira
33 PONTOS
Detetivesca
29 PONTOS
Marino e Sandra
Ribeiro.
28 PONTOS
Detective
Caracoleta.
26 PONTOS
Ribeiro de
Carvalho.
20 PONTOS
Inspector 27797
16 PONTOS
Agente Silva
10 PONTOS
Dtective Lupa de
Pedra e Jorge Amaral
05 PONTOS
Bernie Leceiro
VAMOS DECIFRAR ENIGMAS POLICIÁRIOS NAS FÉRIAS DE VERÃO
Nas
próximas edições vamos ter um torneio especial de decifração de enigmas
policiários, denominado Torneio de Agosto (as melhores, mais
criativas e mais originais soluções), que permeia exatamente as soluções que se
destaquem pela sua qualidade, inovação e originalidade, tendo por base três
problemas inéditos da autoria do nosso saudoso confrade Pedro Paulo Faria,
escritos em 2006, quando ainda usava o seu primeiro pseudónimo (NOVE), por ele
adotado pelo facto de ser então muito NOvato nestas andanças do policiário, mas
(segundo o próprio) já VElho de idade (e na altura tinha pouco mais de 56
anos…), vindo a afirmar-se como um dos maiores dinamizadores da atividade
policiária, como seccionista, produtor, decifrador e júri de concursos.
NOVE
nasceu em Leiria em 1936, vindo a falecer em Alfragide (concelho da Amadora) em
31 de agosto de 2018. Para trás ficava uma vida de grande dedicação à família e
à sua profissão, ocupando os tempos livres preferencialmente em volta dos
livros e da escrita. Ele, que viera das áreas da matemática e da química,
voltava sempre às letras, razão porque tinha um grande prazer em resolver
problemas de recreação matemática, enigmas e quebra-cabeças, e afirmava-se
leitor assíduo de obras de divulgação matemática e científica, incluindo a
policial, poesia e ensaios. E NOVE, que costumava participar em comunidades de
leitores (reuniões para discussão de livros), depressa passou a ser presença
assídua nos encontros nacionais de policiaristas, tendo sido membro ativo da
Tertúlia Policiária da Liberdade, o que revela o seu apreço pelo convívio e
pelo debate.
NOVE
chegou a admitir, num breve autorretrato publicado no fanzine O Lidador das
Cinzentas, da Tertúlia Policiária do Norte, editado em colaboração com o
pelouro da Cultura da Câmara Municipal da Maia, que as respostas aos primeiros
desafios policiários eram muito incompletas. Com o tempo foi se apurando, em
especial depois de ter começado a participar na Tertúlia Policiária da Linha de
Sintra, onde, em 1996, se iniciou como produtor para a extinta secção “Enigmas
& Desafios” do jornal Notícias da Amadora e, logo a seguir, para a secção
“Policiário” do jornal Público, onde viria a consagrar-se Campeão Nacional por
duas vezes (nas temporadas 2001/2002 e 2003/2004), tendo sido também
Policiarista do Ano e nº 1 do Ranking da mesma secção, em 2003/2004, onde viria,
alguns anos mais tarde, a adotar o pseudónimo VERBATIM (o que significa
“literalmente, textualmente ou que reproduz com exatidão”).
Mesmo
quando não ocupa lugar no pódio, o seu nome (NOVE ou VERBATIM) aparece sempre
entre os primeiros classificados nas provas em que participa, como decifrador
ou autor de enigmas, afirmando-se sempre como um dos melhores de todos nós, não
só nessa dupla qualidade, mas também como companheiro e amigo, justo merecedor
desta simples, mas sincera homenagem, em forma de Torneio, cujo regulamento
publicaremos na próxima edição (dia 1 de agosto).
Entretanto,
terminamos por aqui a publicação de alguns dos problemas que integraram o I
Grande Torneio (o primeiro de 25 torneios realizados, após a publicação de
problemas isolados), organizado por Sete de Espadas na secção
“Mistério…Policiário”, da revista de banda desenhada Mundo de Aventuras, que
fez furor sobretudo entre a “malta” mais jovens durante onze anos.
Mistério…Policiário, da Revista Mundo de Aventuras
I Grande Torneio
O CASO DA PISCINA VAZIA…
de Sir Lock
O inspector Nelson
Bravo foi chamado ao palacete do milionário Pedro d'Alpuim em virtude do
infortunado industrial ter sofrido um fatal acidente. A crer nas palavras dos
dois sobrinhos: Abel e Dorindo d'Alpuim, a vítima saltara de uma prancha a dois
metros de altura para a piscina vazia… Acrescentaram que o tio tinha perdido a
vista cinco anos antes mas que continuara a praticar o seu desporto favorito.
Por outro lado o jardineiro jurou que tinha mudado a água da piscina no dia
anterior como o vinha fazendo desde que trabalhava na casa pois
o sr. Pedro d'Alpuim não tolerava falta de método. Esvaziava a
piscina e enchia-a todas as terças, quintas-feiras e sábados, pelo que, o
tampão se soltara por qualquer razão e a água escoara-se ou então a piscina estaria
cheia naquele dia: sexta-feira.
E ali,
encostado à cancela, dando urna vista de olhos para o carreiro ensaibrado e
ladeado por um alto renque de arbusto laboriosamente trabalhado e tratado para
guardar a piscina de olhares indiscretos, o inspector escutava as
vozes dos seus homens atarefados em volta do corpo de Pedro d'Alpuim e
sentia-se ligeiramente comprometido por ter procurado um local onde pudesse
evitar a visão daquela cena de sangue e horror.
–
Portanto, ambos almoçaram com o vosso tio… O sr. Abel saiu para a
cidade às 8,30 horas e o senhor Dorindo subiu para o escritório às 8,40 horas,
enquanto o sr. Pedro d'Alpuim ficou na saleta. Às 9 horas o
jardineiro abandonou o palacete, pelo que só ficaram em casa
o sr. Dorindo e o sr. Pedro. Embora o escritório fique em
frente da piscina o sr. Dorindo não reparou se a piscina ainda estava
cheia pois esteve a trabalhar e só foi à janela quando o sr. Abel d'Alpuim;, ao
abrir a cancela, deu um grito de aviso para o vosso tio.
– Eu
ouvi o grito do Abel e percebi as palavras: «…piscina… vazia…» – corroborou
Dorindo d'Alpuim.
– Você
viu o jardineiro encher a piscina, sr. Abel d'Alpuirn?
– o inspector coçou o queixo. – Disse-me que reparou no facto
ontem à tarde! E o sr. Dorindo não viu! Resumindo:
o sr. Abel saiu às 8,30 horas e…
Saí,
cheio de pressa. Tinha um encontro marcado e vim por este carreiro. Lamento não
ter passado pela piscina pois poderia ter evitado o acidente!
–
O sr. Dorindo nunca assomou à janela sobranceira à piscina?
– Só
quando o Abel gritou.
–
Ficou em casa e no escritório das 8,40 até às 11,30, hora do acidente! Não viu
o jardineiro encher a piscina e…
O inspector calou-se…
Um pequeno e desanimado cortejo apareceu vindo da curva do carreiro e levando o
corpo de Pedro d'Alpuim. Tornou a olhar para a prancha que sobressaia por cima
do reque de arbustos e suspirou. Disse para os dois:
– Não
foi acidente. Um de vocês preparou-o. Um de vocês tirou o tampão… – voltando-se
para um dos sobrinhos avisou: – Está preso por assassínio, meu rapaz!
1 –
Quem matou Pedro d'Alpuim?
2 – Em que se baseia para afirmá-lo?
Em aditamento à
edição da secção O Desafio dos Enigmas de 5 de julho de 2025, publica-se a
solução de mais um problema do I Grande Torneio organizado pela secção
“Mistério…Policiário”, orientada por Sete de Espadas, entre 13 de março de 1975
e 1 de abril de 1986, na Revista Mundo de Aventuras.
Mistério…Policiário,
da Revista Mundo de Aventuras em 1975
I
Grande Torneio
NATAL!..., de Big-Ben
Solução do
Autor
Começaremos
a solução com as palavras que terminavam o problema. Recordemo-las: «Querem
os leitores-solucionistas de «Mistério… Policiário» dar uma
ajuda ao pai Dinis? Julgo que só eles o poderão fazer…». Reparem bem: «Julgo
que só eles o poderão fazer…», isto é, só eles (leitores-solucionistas)
poderão dar urna ajuda ao pai Diniz (na descoberta de quem seria o causador da
jarra ter caído).
Mas
porquê só os leitores-solucionistas? A resposta é óbvia: só eles têm
conhecimento de algo que os restantes mortais (inclusive o pai Diniz)
desconhece, ou seja as deambulações do vulto que, embora involuntariamente,
derrubou a jarra. E é precisamente nessas deambulações que está a «chave»
(ou melhor, as «chaves» do «caso»…
(Abrimos
um parêntesis para esclarecer que a família Diniz é composta por quatro
pessoas: pai, mãe e dois filhos: a Maria José (Zezinha) e o Fernando
Manuel (Nandinho). Aliás, é fácil chegar a esta conclusão se atentarmos
convenientemente no texto: «os gritos de contentamento da Zezinha…
entrou no quarto dos pais… seguiu-se-lhe o irmão… e toda a
família Diniz se uniu…».
Como
não há mais ninguém, só os dois irmãos poderão ser apontados como possíveis
derrubadores da jarra, porquanto, «pai Diniz acordou cora o barulho…»,
estando, portanto, a dormir quando aquela caiu, e mãe Diniz idem-idem,
aspas-aspas – «mirou a esposa, que continuava a dormir, sem dar por nada».
Posto
isto, fechemos o parêntesis…).
As
deambulações do vulto foram feitas sobre um chão não alcatifado («…a
jarra a desfazer-se em estilhas no pavimento de tacos…). Logo o frio que
normalmente se depara nas noites da época natalícia, forçosamente atingiria a
personagem que tão ansiosamente desejava saber se os pais lhe davam a prenda
que tinha pedido…
…Ora,
sabe-se que a Zezinha tinha as faces rosadas, sinal de que estava quentinha; em
contrapartida, seu irmão estava frio, indício assaz revelador, não
é verdade?!...
…Além
disso, o Nandinho foi encontrado «…quase totalmente destapado…», o que
não sendo de admirar («Como já esperava, encontrou-o enrodilhado
na roupa…»), poderá, no entanto, de igual modo, deixar antever a rapidez
com que se deitou…
Porém,
a chamada «prova-provada» está no princípio do texto, precisamente na
primeira palavra: «silenciosa e rapidamente…». Pois se o vulto conseguia
avançar em silêncio, apesar da pressa com que o fazia, é evidente que não
poderia ser a Zezinha, pois ela vestia uma «…camisinha de noite em tafetá…»,
tecido que produz um «fru-fru» contínuo quando roça uma parte na outra.
A rapidez, logicamente acentuaria o ruído…
…Já o
mesmo não aconteceria com o Nandinho, que esse – sim! – poderia andar
silenciosamente, dado apenas vestir roupas interiores («…o costume que ele
apanhara de não querer dormir com o pijama vestido…»).
Suponho,
pois, não restarem dúvidas de ter sido o Nandinho quem derrubou a jarra, ao
saltar de contentamento, por ter verificado que, junto ao pinheiro, se
encontrava a tão desejada bicicleta!...
(Nota final: a hipótese da Zezinha ter despido a camisa de noite para proceder às deambulações – não provocando, portanto, o tal «fru-fru» e podendo, consequentemente, andar em silêncio –, além de ilógica, não é viável, dado que pai Diniz «de imediato, saiu da cama e foi investigar…» e «dirigiu-se, primeiramente, ao quarto da Zezinha…», o que não lhe daria tempo a vesti-la, nem tão pouco a apresentar o belo aspecto («faces rosadas») que tinha...).
Já é conhecido o
sétimo problema do I-Torneio Policiário “Português Suave” – Modo Simplex,
organizado pelo blogue Momento do Policiário
(momentodopoliciario.blogspot.com). Ei-lo:
I - Torneio
Policiário “Português Suave”
| PROBLEMA N.º 7
|
A Causa da Morte
Diniz deixava a
sua cadela golden retriever sair todas as manhãs para
vasculhar o terreno do parque estatal até ela esgotar o instinto exploratório.
Fany era uma boa cadela e voltava sempre passado uma hora. Hoje Diniz olhou
para o relógio e reparou que Fany tinha saído há muito mais tempo. Ele
espreitou pela porta das traseiras e chamou-a.
Depois assobiou,
mas ela não deu sinal.
- Não podia ter
escolhido uma manhã mais quente para uma caminhada longa miúda? – resmungou ele
enquanto vestia o casaco e calçava as botas, para depois avançar com passos
pesados pelo terreno alagadiço à procura dela. De tantos em tantos passos,
Diniz ia chamando: «Fany!» E lá se ia arrastando até à beira da água. Fany
era retriever, era recolectora, e muitas vezes regressava a casa
com um presente especial para ele, na boca, em geral um animal. Por isso Diniz
tinha um mini-cemitério atrás da garagem, cheio de patos, texugos e outros
animais que morreram de uma forma ou de outra na floresta.
Quando ele
chegou à margem, avistou Fany a pouco menos de 50 metros. Ela estava a farejar
qualquer coisa que dera à costa; algo muito maior que um pato.
- Fany – chamou
Diniz. Ela olhou para cima, ganiu e abanou a cauda, mas não se afastou do seu
tesouro.
Diniz caminhou
pela gravilha da margem até se aproximar o suficiente para ver o que ela tinha
encontrado. Ao chegar, assobiou de espanto. Depois prendeu a trela de Fany ao
anel da coleira, ligou o telemóvel e telefonou para a esquadra da Polícia.
-Temos uma
flutuadora, Prazeres – disse ele a quem atendeu. – Uma mulher. A cabeça e
membros estão muito desfeitos. Não tem roupa. Tem uma aliança na mão esquerda.
Parece ter estado na água durante muito tempo. Tem uma tatuagem de uma
borboleta na base das costas.
Quando a equipa
de agentes chegaram, tiraram fotografias ao corpo muitíssimo decomposto da
mulher. Inspector Prazeres, de costas voltadas para a vítima. Aquela visão
deixava-o mal disposto. Ele tornara-se Inspector daquele burgo adormecido
porque não tinha qualquer interesse em resolver casos de mortes como esta.
Depois de uma
inspecção visual, o médico-legista disse:
- Nesta
altura do ano, a água está muito fria. Pode estar aqui há mais tempo. Mas
parece ser mais ou menos isso.
- Bem, vou
precisar de algum tipo de estimativa para começar a analisar as participações
de pessoas desaparecidas – disse Inspector Prazeres, enquanto fumava um cigarro
para controlar os nervos.
- Consegues
dizer-me alguma coisa sobre a causa da morte?
O médico-legista
virou o corpo com muito cuidado. O rosto da mulher, ou o que restava dele,
tornou-se bem visível.
- Parece-me
muito óbvio – afirmou Diniz.
Qual acha que
teria sido a causa da morte? Justifique a sua resposta!
NOTA
ADICIONAL:
Embora a
"Causa da Morte" seja a CHAVE do problema, a justificação da resposta
não sendo tão óbvia como possa parecer, é que a valoriza...!
NOTA FINAL:
Os projectos de
solução deverão ser enviados até ás 24h00 do dia 14 de Agosto de 2025, para viroli@sapo.pt
Já é conhecida a
solução (e as respetivas pontuações) do quinto teste do “Torneio Quem É?”,
organizado pelo blogue A Página dos Enigmas (apaginadosenigmas.blogspot.com). Ei-las:
Torneio “Quem
é?”
Prova nº 5
Detetives
Particulares
SOLUÇÃO
1
a) Agente
da Continental
b)
Dashiel Hammett
2
a) Spenser
b) Virgil Cole e Everett Hitch
3
a) Mike Hammer
b) Velda
4
a) Lew Archer
b) Sue
5
a) Glenn Bowman
b)
Leopold
Pontuações
no 5º Teste
8 pontos
Arjacasa, Bernie
Leceiro, Columbo, Detective Jeremias, Detective Verdinha, Inspector 27797,
Inspector Moscardo, Inspetor Boavida, Mali, Mandrake Mágico, O Pegadas,
Pintinha, Rodriguda, Vic Key
7 pontos
Clóvis, Mac Jr.
Classificação
Geral (após o 5º Teste)
48 pontos
1ª Detective
Jeremias
2º Rodriguda
3ª Vic Key
4º Arjacasa
5ª Mali
6º Mandrake
Mágico
7ª Detective
Verdinha
8ª Inspector
Moscardo
47 pontos
9º Clóvis
10º Bernie
Leceiro
11º O
Pegadas
46 pontos
12º Mac Jr.
13º Columbo
14º Inspetor
Boavida
35 pontos
15º Abrótea
16º Virmancaroli
17ª Edomar
30 pontos
18ª Detectivesca
19º Inspector
Ryckyi
28 pontos
20ª Pintinha
20 pontos
21ª Ana Marques
22ª Carluxa
23ª Rainha Katya
10 pontos
24ª Inspectora
Sardinha
25ª Detective
Silva
26º Detective
Suricata
27ª Inspector
Cláudio
28º Zé Alguém
29ª Margareth
30ª Sandra
Ribeiro
31ª Pedro
Monteiro
9 pontos
32º Inspector do
Reino
8 pontos
33º Inspector
27797
Em aditamento à
edição da secção O Desafio dos Enigmas de 20 de junho de 2025, publica-se a
solução de mais um problema do I Grande Torneio organizado pela secção
“Mistério…Policiário”, orientada por Sete de Espadas, entre 13 de março de 1975
e 1 de abril de 1986, na Revista Mundo de Aventuras.
Mistério…Policiário,
da Revista Mundo de Aventuras em 1975
I
Grande Torneio
A MORTE ENTROU NO CAMARIM, de Anel
Solução de
Miss X
1 – «Isto
encaminha-nos para…» John Bell.
2 – Tanto
Bob Denny como Roy Kelly têm, em comum, nos seus
depoimentos, o facto de imaginarem a morte de Jim Rogers ao «gosto»
de cada um – mas errada no momento. Só John Bell fiz ao inspector que
«…tem de descobrir o assassino que lhe meteu uma bala no
coração…» Porquê?... Como sabia ele o que provocara
a morte?... Como sabia de que tinha sido uma arma
de fogo?... E uma só bala?... E que «estava metida»
no coração?... O próprio diz precisar da autópsia para garantir a sua
hipótese… Mas ele, John Bell, o criminoso!, afirma!
Bob Denny diz
não ter álibi. Até certo ponto isto pode permitir-nos pô-lo de parte: onde já
se viu um assassino que não pretenda apresentar um álibi, falso
ou verdadeiro?... Roy Kelly esteve a falar com
o director desde as 23 horas até o irem chamar. É a sua testemunha, o
seu álibi! Temos Bell: estava no seu camarim quando o chamaram…
E antes?... Ou demorou horas a tirar
a maquilhagem?... Também, como Bob, não tem álibi, pois não… Mas
«sabia demais!»…
TORNEIO DO CINQUENTENÁRIO ENTRA NA SUA SEGUNDA FASE
O Torneio do Cinquentenário de
“Mistério… Policiário” entrou no passado dia 1 de julho sua segunda e
derradeira fase, com o seu sétimo enigma, que tem como autor o confrade Rigor
Mortis. Ao cair do pano dos seus primeiros seis enigmas, as várias tabelas
classificativas da prova são lideradas no feminino, com a Detective Jeremias a
comandar a classificação geral na “decifração” e nas “melhores”, enquanto Mali
avança imparável nas “mais originais”. No pódio das várias categorias, mas a
grande distância das respetivas lideranças, posicionam-se Inspector Aranha e Inspector
Mucaba, na decifração; O Pegadas e Detective Verdinha nas melhores; e Detective
Jeremias, Arjacasa e Dona Sopas, nas mais originais. Mas tudo pode ainda
acontecer nas seis etapas que faltam cumprir até ao termo desta iniciativa que
pretende homenagear um dos mais destacados cultores e divulgadores do
policiário de sempre: o saudoso Sete de Espadas!
Para
já, vamos ver o que nos reservam os resultados dos policiaristas que
responderam ao sétimo enigma ainda em análise, que teve publicação original no
blogue “A Página dos Enigmas” (apaginadosenigmas.blogspot.com) e foi replicado
depois nos blogues “Local do Crime” (localdocrime.blogspot.com), “Repórter de
Ocasião” (reporterdeocasiao.blogspot.com) e “Momento do Policiário”
(momentodopoliciario.blogspot.com), além do site “Clube de Detectives”
(clubededetectives.net), onde se pode aceder também às várias classificações
atualizadas da prova. Porém, até ao final do torneio tudo pode acontecer. Até
porque normalmente é na ponta final das competições que se revelam os grandes
“campeões”. E o que parece impossível acaba muitas vezes por acontecer. Basta
um deslize dos que vão na frente para que tudo mude…
Entretanto,
por aqui, vamos continuando a recordar alguns dos problemas que integraram as
inúmeras provas organizadas por Sete de Espadas na revista de BD Mundo de
Aventuras, que fez furor sobretudo entre a “malta” mais jovem durante onze
anos, começando exatamente por enigmas que integraram o I Grande Torneio (o
primeiro de 25 torneios realizados, após a publicação de problemas isolados),
que decorreu de 4 de setembro de 1975 a 5 de janeiro de 1976.
Mistério…Policiário, da Revista Mundo de Aventuras
I Grande Torneio
NATAL!...
de Big-Ben
(Ao «Dr. Aranha», com um
forte abraço)
Silenciosa
e rapidamente, o vulto avançava na semi-obscuridade do corredor. O seu
objectivo estava perto!... Na sala onde se encontrava colocada a árvore
simbólica da época natalícia, relampejavam, a espaços regulares, as luzes que
enfeitavam o pinheiro. Aquele «acende-apaga» era o seu guia…
O
vulto parou à entrada do compartimento, perscrutando o interior… As lâmpadas
cintilaram e, embora fugidiamente, o vulto viu aquilo que pretendia: lá estava,
junto ao pinheiro, a prenda tão desejada!
O
vulto pulou. De contentamento… Mas, nessa altura, foi infeliz; o seu incontível
salto fê-lo esbarrar contra a mesinha atrás de si, no corredor, e onde se
encontravam o telefone e uma grande jarra.
No
silêncio da noite, ouviu-se um estardalhaço medonho, que teve como epílogo a
jarra a desfazer-se em estilhas no pavimento de tacos. Célere, o vulto correu
para o seu quarto…
Pai
Dinis acordou com o barulho. É certo que ainda há pouco se deitara, pois
estivera à espera que os filhos adormecessem para ir buscar à mala do carro as
prendas que lá estavam escondidas. Mas, a verdade, é que «ferrara» logo no
sono; no entanto, em flagrante contraste com sua esposa, despertava com
facilidade.
Acendeu
o candeeiro da mesinha-de-cabeceira e olhou o relógio despertador: duas e picos
da manhã! «Que diacho seria aquela barulheira toda?», interrogou-se.
Mirou a esposa, que continuava a dormir, sem dar por nada. De imediato, saiu da
cama e foi investigar…
Começou
pelo quarto dos filhos, não fosse dar-se o caso de algum deles ter caído da
cama. Não seria a primeira vez… Acendeu a luz do «hall», para onde
abriam as portas dos quartos – do seu e dos seus filhos. Assim, teria claridade
e não os despertaria…
Dirigiu-se,
primeiramente, ao quarto da Zezinha, cinco anos lindos e rabinos. Quedou-se à
entrada, olhando, amorosamente, a cena que se lhe deparava: de faces rosadas,
quase da cor da sua camisinha, de noite em tafetá, agarrada à boneca favorita,
a filha dormia a sono solto. Pelo menos, assim parecia…
Foi,
depois, ao quarto do Nandinho, dez anos bastante desenvolvidos em idade e
inteligência. Como já esperava, encontrou-o enrodilhado na roupa, quase
totalmente destapado, frio. Que mau dormir tinha aquele rapaz! E o costume que
ele apanhara de não querer dormir com o pijama vestido. Cuidadosamente,
consertou-lhe a posição do corpo e aconchegou-lhe a roupa, entalando-a bem no
fundo da cama, enquanto o filho resmungava um «hum-hum» sonolento. Pelo
menos, assim parecia…
Pai
Dinis prosseguiu nas suas «investigações» e só voltou à cama depois de
descobrir a origem da barulheira que o acordara. Aliás, não foi difícil…
Manhã
cedo ainda, os gritos de contentamento da Zezinha acordaram a casa toda. Como
um furacão, entrou no quarto dos pais, abraçando-os e beijando-os,
agradecendo-lhes a grande boneca e o respectivo carrinho para a passear. Aquilo era,
o seu sonho!
Seguiu-se-lhe
o irmão. Também ele entrou de rompante e, «louco» de alegria, rivalizava
com a mana na gratidão pela prenda recebida: uma bicicleta. «Aquilo» era
o seu sonho!
E toda
a família Dinis se uniu num forte abraço. De felicidade!...
…No
entanto, algo estava por esclarecer… Qual foi o «elemento» causador de a
jarra ter caído?
Querem
os leitores-solucionistas de «Mistério… Policiário» dar uma ajuda ao pai
Dinis? Julgo que só eles o poderão fazer…
1 –
Qual o «elemento» causador da jarra ter caído?
2 –
Escreva a sua dedução?
…………………………….
/// ……………………………….
O
nosso desafio é que o leitor leia com a devida atenção o enunciado do problema,
não dispensando as subsequentes releituras que as dúvidas suscitadas reclamem,
de modo que o decifre com sucesso antes de aqui se publicar, no próximo dia 17
de julho, a respetiva solução de autor.
TORNEIO DO CINQUENTENÁRIO
“MISTÉRIO… POLICIÁRIO” – MA/MP (1975 – 2025)
»»» TCMP «««
PROBLEMA Nº 7
O ASSASSINATO DO
VELHO MILIONÁRIO, de Rigor Mortis
Júlia era uma moça atraente, simpática, mas longe de ser bonita. A
verdadeira beleza dela estava na sua inteligência e na extraordinária
capacidade de observação e perceção de pormenores. Como desde ainda pequena
tinha percebido o seu tio, Tiago Rodrigues, inspetor da Judiciária. Devotado à
sua paixão pela investigação criminal, não resistiu a submeter a sobrinha, a
partir dos seus doze aninhos, à descrição pormenorizada dos casos em que ia
estando profissionalmente envolvido. Poupando-a aos aspetos mais violentos ou
sórdidos, colocava-lhe cada caso como um mistério a resolver. E a Júlia, nunca
se fazendo rogada, correspondia com plena vontade, descobrindo invariavelmente
a solução.
Nessa tarde, Tiago conversava com ela sobre o seu último caso.
Um velho milionário tinha sido assassinado em casa, sentado à sua
secretária. Um tiro na cabeça, com o projétil a entrar logo acima da testa,
junto à sutura coronal, e a sair logo abaixo da nuca, por cima da primeira
vértebra. O tiro tinha sido disparado a relativamente curta distância, entre
metro e meio e dois metros, e não havia quaisquer indícios de que o corpo
tivesse sido mexido após o crime. A arma não estava no escritório.
Os suspeitos eram os seus dois filhos, adultos na casa dos vintes e,
obviamente, potenciais herdeiros da sua fortuna. Os dois estavam em casa na
altura do crime, mas era a tarde de domingo e os dois criados, o mordomo e a
empregada, estavam a gozar a sua folga. Como acontecia muitas vezes em casos
semelhantes, não se davam particularmente bem com o pai.
O mais velho, Rui, um homem atlético a roçar os dois metros de altura,
ainda mantinha um relativo contacto com o pai. Não os unia propriamente uma
amizade recíproca, ainda menos um amor filial ou paternal, mas falavam-se
diariamente, com normalidade, e o velho milionário aprovava sem reservas a
atividade profissional do Rui, num cargo de direção na área comercial de uma
das empresas da família.
Mas a irmã, Susana, que parecia uma criança ao seu lado, magra e no seu
escasso metro e sessenta, já nem sequer falava com ele há um bom par de meses,
profundamente revoltada com o facto de o pai se opor ao seu relacionamento com
o namorado. A sua última interação tinha sido uma violenta discussão, em que o
pai ameaçou deserdá-la se ela prosseguisse aquela relação e em que ela,
furiosa, lhe atirou com um livro à cabeça.
Filhos de dois casamentos tardios sucessivos do velho, em ambos os casos
terminados em viuvez. Se as relações deles com o pai eram más, entre eles
também não havia mais do que uma tolerância fria.
– Quando lá cheguei – continuou Tiago – ambos estavam no escritório,
sentados em cadeiras em cantos opostos, com o médico-legista e os peritos que
vistoriavam cuidadosamente toda a divisão. Nenhum deles parecia muito
perturbado… Ambos afirmaram ter ouvido o disparo, mas estavam nos respetivos
quartos e disseram não ter visto ninguém entrar ou sair do escritório.
Relutantemente, segundo as suas palavras, a filha tinha ido ao escritório e
vendo o pai obviamente morto – o orifício de entrada da bala na cabeça era
perfeitamente visível, com o torso do velho deitado na secretária, de frente
para a porta – decidiu chamar a Polícia. O irmão chegou ao escritório pouco
depois de ela acabar o telefonema.
– Não foi difícil descobrir que havia uma pistola em casa, pertença do
Rui. Este foi lesto a dizer que tinha mexido nela uns dias antes, para a
limpar, como fazia regularmente, mas que agora ela não estava no respetivo
estojo, não fazendo ideia onde estaria. Quando ouvira o disparo tinha
instintivamente tirado o estojo do armário onde estava guardado e constatara o
seu desaparecimento.
– Uma rápida busca permitiu encontrar a pistola no quarto da Susana –
continuou o inspetor – por baixo das suas roupas interiores numa gaveta da
cómoda. A Susana não tinha qualquer explicação para a arma ali estar,
limitando-se a repetir que não tinha sido ela a pô-la ali. Com o projétil
extraído do estofo das costas da cadeira onde o velho tinha sido assassinado,
no topo da pequena lomba da zona dos rins, a perícia identificou a pistola como
sendo a arma do crime, mas não havia nela quaisquer impressões digitais. Um
exame rápido às mãos do Rui e da Susana também não revelou quaisquer indícios
de que tivessem disparado uma arma.
– Face às evidências conhecidas, claro que prendemos a Susana e vamos
acusá-la do assassinato do pai…
– Que achas, Júlia?
Júlia manteve-se uns segundos em silêncio, olhando para as mãos no
regaço.
– Acho que se enganaram, tio… – disse, em voz baixa e serena, levantando
o olhar.
****************
E, caro leitor, o que acha você?
As respostas
devem ser enviadas impreterivelmente até às 24h00 do dia 31
de Julho de 2025, através dos seguintes exemplos:
a -Por email, correio
eletrónico, de A Página dos Enigmas: apaginadosenigmas@gmail.com;
b -
Entregando em mão ao orientador do Blogue A Página dos Enigmas, Paulo,
onde quer que o encontrem;
c - Utilizando
o Correio Normal (CTT):
Luís Manuel
Felizardo Rodrigues (O Gráfico)
Praceta
Bartolomeu Constantino, 14, 2.º Esq.
FEIJÓ 2810 – 032 ALMADA