TORNEIO DO CINQUENTENÁRIO ENTRA NA SUA SEGUNDA FASE
O Torneio do Cinquentenário de
“Mistério… Policiário” entrou no passado dia 1 de julho sua segunda e
derradeira fase, com o seu sétimo enigma, que tem como autor o confrade Rigor
Mortis. Ao cair do pano dos seus primeiros seis enigmas, as várias tabelas
classificativas da prova são lideradas no feminino, com a Detective Jeremias a
comandar a classificação geral na “decifração” e nas “melhores”, enquanto Mali
avança imparável nas “mais originais”. No pódio das várias categorias, mas a
grande distância das respetivas lideranças, posicionam-se Inspector Aranha e Inspector
Mucaba, na decifração; O Pegadas e Detective Verdinha nas melhores; e Detective
Jeremias, Arjacasa e Dona Sopas, nas mais originais. Mas tudo pode ainda
acontecer nas seis etapas que faltam cumprir até ao termo desta iniciativa que
pretende homenagear um dos mais destacados cultores e divulgadores do
policiário de sempre: o saudoso Sete de Espadas!
Para
já, vamos ver o que nos reservam os resultados dos policiaristas que
responderam ao sétimo enigma ainda em análise, que teve publicação original no
blogue “A Página dos Enigmas” (apaginadosenigmas.blogspot.com) e foi replicado
depois nos blogues “Local do Crime” (localdocrime.blogspot.com), “Repórter de
Ocasião” (reporterdeocasiao.blogspot.com) e “Momento do Policiário”
(momentodopoliciario.blogspot.com), além do site “Clube de Detectives”
(clubededetectives.net), onde se pode aceder também às várias classificações
atualizadas da prova. Porém, até ao final do torneio tudo pode acontecer. Até
porque normalmente é na ponta final das competições que se revelam os grandes
“campeões”. E o que parece impossível acaba muitas vezes por acontecer. Basta
um deslize dos que vão na frente para que tudo mude…
Entretanto,
por aqui, vamos continuando a recordar alguns dos problemas que integraram as
inúmeras provas organizadas por Sete de Espadas na revista de BD Mundo de
Aventuras, que fez furor sobretudo entre a “malta” mais jovem durante onze
anos, começando exatamente por enigmas que integraram o I Grande Torneio (o
primeiro de 25 torneios realizados, após a publicação de problemas isolados),
que decorreu de 4 de setembro de 1975 a 5 de janeiro de 1976.
Mistério…Policiário, da Revista Mundo de Aventuras
I Grande Torneio
NATAL!...
de Big-Ben
(Ao «Dr. Aranha», com um
forte abraço)
Silenciosa
e rapidamente, o vulto avançava na semi-obscuridade do corredor. O seu
objectivo estava perto!... Na sala onde se encontrava colocada a árvore
simbólica da época natalícia, relampejavam, a espaços regulares, as luzes que
enfeitavam o pinheiro. Aquele «acende-apaga» era o seu guia…
O
vulto parou à entrada do compartimento, perscrutando o interior… As lâmpadas
cintilaram e, embora fugidiamente, o vulto viu aquilo que pretendia: lá estava,
junto ao pinheiro, a prenda tão desejada!
O
vulto pulou. De contentamento… Mas, nessa altura, foi infeliz; o seu incontível
salto fê-lo esbarrar contra a mesinha atrás de si, no corredor, e onde se
encontravam o telefone e uma grande jarra.
No
silêncio da noite, ouviu-se um estardalhaço medonho, que teve como epílogo a
jarra a desfazer-se em estilhas no pavimento de tacos. Célere, o vulto correu
para o seu quarto…
Pai
Dinis acordou com o barulho. É certo que ainda há pouco se deitara, pois
estivera à espera que os filhos adormecessem para ir buscar à mala do carro as
prendas que lá estavam escondidas. Mas, a verdade, é que «ferrara» logo no
sono; no entanto, em flagrante contraste com sua esposa, despertava com
facilidade.
Acendeu
o candeeiro da mesinha-de-cabeceira e olhou o relógio despertador: duas e picos
da manhã! «Que diacho seria aquela barulheira toda?», interrogou-se.
Mirou a esposa, que continuava a dormir, sem dar por nada. De imediato, saiu da
cama e foi investigar…
Começou
pelo quarto dos filhos, não fosse dar-se o caso de algum deles ter caído da
cama. Não seria a primeira vez… Acendeu a luz do «hall», para onde
abriam as portas dos quartos – do seu e dos seus filhos. Assim, teria claridade
e não os despertaria…
Dirigiu-se,
primeiramente, ao quarto da Zezinha, cinco anos lindos e rabinos. Quedou-se à
entrada, olhando, amorosamente, a cena que se lhe deparava: de faces rosadas,
quase da cor da sua camisinha, de noite em tafetá, agarrada à boneca favorita,
a filha dormia a sono solto. Pelo menos, assim parecia…
Foi,
depois, ao quarto do Nandinho, dez anos bastante desenvolvidos em idade e
inteligência. Como já esperava, encontrou-o enrodilhado na roupa, quase
totalmente destapado, frio. Que mau dormir tinha aquele rapaz! E o costume que
ele apanhara de não querer dormir com o pijama vestido. Cuidadosamente,
consertou-lhe a posição do corpo e aconchegou-lhe a roupa, entalando-a bem no
fundo da cama, enquanto o filho resmungava um «hum-hum» sonolento. Pelo
menos, assim parecia…
Pai
Dinis prosseguiu nas suas «investigações» e só voltou à cama depois de
descobrir a origem da barulheira que o acordara. Aliás, não foi difícil…
Manhã
cedo ainda, os gritos de contentamento da Zezinha acordaram a casa toda. Como
um furacão, entrou no quarto dos pais, abraçando-os e beijando-os,
agradecendo-lhes a grande boneca e o respectivo carrinho para a passear. Aquilo era,
o seu sonho!
Seguiu-se-lhe
o irmão. Também ele entrou de rompante e, «louco» de alegria, rivalizava
com a mana na gratidão pela prenda recebida: uma bicicleta. «Aquilo» era
o seu sonho!
E toda
a família Dinis se uniu num forte abraço. De felicidade!...
…No
entanto, algo estava por esclarecer… Qual foi o «elemento» causador de a
jarra ter caído?
Querem
os leitores-solucionistas de «Mistério… Policiário» dar uma ajuda ao pai
Dinis? Julgo que só eles o poderão fazer…
1 –
Qual o «elemento» causador da jarra ter caído?
2 –
Escreva a sua dedução?
…………………………….
/// ……………………………….
O
nosso desafio é que o leitor leia com a devida atenção o enunciado do problema,
não dispensando as subsequentes releituras que as dúvidas suscitadas reclamem,
de modo que o decifre com sucesso antes de aqui se publicar, no próximo dia 17
de julho, a respetiva solução de autor.
TORNEIO DO CINQUENTENÁRIO
“MISTÉRIO… POLICIÁRIO” – MA/MP (1975 – 2025)
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PROBLEMA Nº 7
O ASSASSINATO DO
VELHO MILIONÁRIO, de Rigor Mortis
Júlia era uma moça atraente, simpática, mas longe de ser bonita. A
verdadeira beleza dela estava na sua inteligência e na extraordinária
capacidade de observação e perceção de pormenores. Como desde ainda pequena
tinha percebido o seu tio, Tiago Rodrigues, inspetor da Judiciária. Devotado à
sua paixão pela investigação criminal, não resistiu a submeter a sobrinha, a
partir dos seus doze aninhos, à descrição pormenorizada dos casos em que ia
estando profissionalmente envolvido. Poupando-a aos aspetos mais violentos ou
sórdidos, colocava-lhe cada caso como um mistério a resolver. E a Júlia, nunca
se fazendo rogada, correspondia com plena vontade, descobrindo invariavelmente
a solução.
Nessa tarde, Tiago conversava com ela sobre o seu último caso.
Um velho milionário tinha sido assassinado em casa, sentado à sua
secretária. Um tiro na cabeça, com o projétil a entrar logo acima da testa,
junto à sutura coronal, e a sair logo abaixo da nuca, por cima da primeira
vértebra. O tiro tinha sido disparado a relativamente curta distância, entre
metro e meio e dois metros, e não havia quaisquer indícios de que o corpo
tivesse sido mexido após o crime. A arma não estava no escritório.
Os suspeitos eram os seus dois filhos, adultos na casa dos vintes e,
obviamente, potenciais herdeiros da sua fortuna. Os dois estavam em casa na
altura do crime, mas era a tarde de domingo e os dois criados, o mordomo e a
empregada, estavam a gozar a sua folga. Como acontecia muitas vezes em casos
semelhantes, não se davam particularmente bem com o pai.
O mais velho, Rui, um homem atlético a roçar os dois metros de altura,
ainda mantinha um relativo contacto com o pai. Não os unia propriamente uma
amizade recíproca, ainda menos um amor filial ou paternal, mas falavam-se
diariamente, com normalidade, e o velho milionário aprovava sem reservas a
atividade profissional do Rui, num cargo de direção na área comercial de uma
das empresas da família.
Mas a irmã, Susana, que parecia uma criança ao seu lado, magra e no seu
escasso metro e sessenta, já nem sequer falava com ele há um bom par de meses,
profundamente revoltada com o facto de o pai se opor ao seu relacionamento com
o namorado. A sua última interação tinha sido uma violenta discussão, em que o
pai ameaçou deserdá-la se ela prosseguisse aquela relação e em que ela,
furiosa, lhe atirou com um livro à cabeça.
Filhos de dois casamentos tardios sucessivos do velho, em ambos os casos
terminados em viuvez. Se as relações deles com o pai eram más, entre eles
também não havia mais do que uma tolerância fria.
– Quando lá cheguei – continuou Tiago – ambos estavam no escritório,
sentados em cadeiras em cantos opostos, com o médico-legista e os peritos que
vistoriavam cuidadosamente toda a divisão. Nenhum deles parecia muito
perturbado… Ambos afirmaram ter ouvido o disparo, mas estavam nos respetivos
quartos e disseram não ter visto ninguém entrar ou sair do escritório.
Relutantemente, segundo as suas palavras, a filha tinha ido ao escritório e
vendo o pai obviamente morto – o orifício de entrada da bala na cabeça era
perfeitamente visível, com o torso do velho deitado na secretária, de frente
para a porta – decidiu chamar a Polícia. O irmão chegou ao escritório pouco
depois de ela acabar o telefonema.
– Não foi difícil descobrir que havia uma pistola em casa, pertença do
Rui. Este foi lesto a dizer que tinha mexido nela uns dias antes, para a
limpar, como fazia regularmente, mas que agora ela não estava no respetivo
estojo, não fazendo ideia onde estaria. Quando ouvira o disparo tinha
instintivamente tirado o estojo do armário onde estava guardado e constatara o
seu desaparecimento.
– Uma rápida busca permitiu encontrar a pistola no quarto da Susana –
continuou o inspetor – por baixo das suas roupas interiores numa gaveta da
cómoda. A Susana não tinha qualquer explicação para a arma ali estar,
limitando-se a repetir que não tinha sido ela a pô-la ali. Com o projétil
extraído do estofo das costas da cadeira onde o velho tinha sido assassinado,
no topo da pequena lomba da zona dos rins, a perícia identificou a pistola como
sendo a arma do crime, mas não havia nela quaisquer impressões digitais. Um
exame rápido às mãos do Rui e da Susana também não revelou quaisquer indícios
de que tivessem disparado uma arma.
– Face às evidências conhecidas, claro que prendemos a Susana e vamos
acusá-la do assassinato do pai…
– Que achas, Júlia?
Júlia manteve-se uns segundos em silêncio, olhando para as mãos no
regaço.
– Acho que se enganaram, tio… – disse, em voz baixa e serena, levantando
o olhar.
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E, caro leitor, o que acha você?
As respostas
devem ser enviadas impreterivelmente até às 24h00 do dia 31
de Julho de 2025, através dos seguintes exemplos:
a -Por email, correio
eletrónico, de A Página dos Enigmas: apaginadosenigmas@gmail.com;
b -
Entregando em mão ao orientador do Blogue A Página dos Enigmas, Paulo,
onde quer que o encontrem;
c - Utilizando
o Correio Normal (CTT):
Luís Manuel
Felizardo Rodrigues (O Gráfico)
Praceta
Bartolomeu Constantino, 14, 2.º Esq.
FEIJÓ 2810 – 032 ALMADA