O Blogue “Momento
do Policiário” (momentodopoliciario.blogspot.com), um dos quatro “mosqueteiros”
que dividem entre si a publicação dos problemas que constituem o Torneio do
Cinquentenário do Mistério…Policiário (que arranca no primeiro dia do ano 2025),
organiza a partir do próximo dia 15 de janeiro o Torneio “Português Suave”.
Trata-se de um torneio de decifração policiária composto por problemas de
resolução muito acessível, dedicado aos policiaristas menos experimentados, mas
aberto a todos, visando sobretudo a captação de novos praticantes para esta modalidade.
A iniciativa prolonga-se por todo o ano de 2025, com um problema novo no dia 15
de cada mês! Vá lá, participem!!!
O Blogue “A
Página dos Enigmas”, um dos quatro “mosqueteiros” que dividem entre si a
publicação dos problemas que constituem o Torneio do Cinquentenário do Mistério…Policiário (que arranca no primeiro dia do ano 2025), organiza a partir do próximo dia 10
de janeiro o Torneio “Quem é?”. Trata-se de um passatempo-teste que coloca
questões sobre Literatura Policiária, relacionadas sobre escritores policiais e
suas personagens, de acordo com o seguinte regulamento:
1. O Torneio “Quem é?” será composto por 9 (nove) provas, baseadas na vida e obra de nomes da Literatura Policiária, sem os identificar, que serão publicadas nos meses em que neste blogue não forem publicados problemas do Torneio do Cinquentenário do Mistério Policiário, ou seja: janeiro, fevereiro, abril, maio, junho, agosto, setembro outubro e dezembro.
2. Cada prova
é constituída por cinco questões obedecendo a um tema comum.
3. Cada
questão tem 2 alíneas. Uma é a identificação da escritora ou do escritor a que
o texto se refere e a outra será relacionada com esse mesmo autor ou autora, ou
com as personagens que criou.
4. Cada alínea
valerá 1 ponto, pelo que a cada prova será atribuído um total de 10 pontos.
5. As
propostas de solução de cada prova devem ser enviadas até às 24 horas do último
dia do mês de publicação, através do endereço apaginadosenigmas@gmail.com.
6. O
concorrente que reunir um maior número de pontos no final das 9 (nove) provas
será o vencedor do torneio.
7. Em caso de
empate serão aplicados sucessivamente os seguintes critérios de classificação:
a) Quem mais
vezes obteve 10 pontos;
b) Quem obteve
mais vezes 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, e 1 pontos, sucessivamente, na classificação
de cada prova;
c) Quem tiver
concorrido a mais provas;
d) Quem enviou mais
vezes a solução de cada teste, mais cedo;
e) Quem enviou mais cedo no teste nº 1, no nº 2, no nº 3 e no nº 4
sucessivamente;
8. Os casos
omissos serão resolvidos pelo orientador de A Página dos Enigmas.
9. Prémios:
a) Serão
atribuídas taças aos 1º, 2º e 3º lugares e medalhas ao 4º e ao 5º;
b) Os
concorrentes até ao 10º lugar receberão um diploma de participação.
TORNEIO
DO CINQUENTENÁRIO
“MISTÉRIO… POLICIÁRIO” – MA/MP (1975 – 2025)
»»» TCMP «««
REGULAMENTO
1. O Torneio do
Cinquentenário de “Mistério... Policiário” (TCMP) de Problemística Policiária é uma prova aberta a todos os leitores, não necessitando de inscrição
prévia.
2. O torneio será
composto por 12 provas, uma em cada mês do ano de 2025. Cada prova, um problema policiário, será publicado sempre no dia 1 do mês
respectivo, rotativamente e em exclusivo, nos
espaços policiários aderentes: blogue Local do Crime, coordenado pelo Inspector Boavida, em localdocrime.blogspot.com (provas 1, 5
e 9); blogue Repórter de Ocasião,
coordenado pel’ O Gráfico em reporterdeocasiao.blogspot.com (provas 2, 6 e 10), blogue A Página dos Enigmas, coordenado pelo Paulo, em apaginadosenigmas.blogspot.com (provas 3, 7 e 11) e blogue
Momento do Policiário, coordenado pelo
Virmancaroli, em momentodopoliciario.blogspot.com (provas 4, 8 e 12). O prazo para
envio de soluções decorrerá até ao último dia do mês de publicação.
3. A selecção dos
problemas policiários a publicar será da responsabilidade de cada um dos coordenadores dos espaços, que os publicará em exclusivo, bem
como a respectiva solução, que
deverá ser divulgada até ao dia 10 do mês seguinte e a pontuação das propostas de solução apresentadas, que terá de ser divulgada
até ao dia 20. Os problemas
serão pontuados de 3 (simples presença) a 10 pontos (solução integralmente conseguida).
4. Em cada prova
serão seleccionadas as cinco melhores soluções participantes, segundo o critério
do respectivo coordenador, que somarão 5, 4, 3, 2 e 1 pontos especiais; estes pontos
não contarão para a classificação final do TCMP, mas servirão para todos os desempates
em caso de igualdade, ficando em vantagem o concorrente que mais destes pontos
acumular.
5. Com o mesmo
critério e finalidade estabelecidos no ponto anterior, serão seleccionadas as cinco
soluções mais originais, que somarão 5, 4, 3, 2 e 1 pontos consoante a sua originalidade.
6. A coordenação
geral do TCMP, reunindo todas as pontuações dos diversos espaços, ficará confiada
ao Clube de Detectives, coordenado pelo Daniel Falcão, em clubededetectives.pt,
que terá a responsabilidade de manter as classificações gerais actualizadas e
anunciar os resultados finais e o vencedor do TCMP no dia 13 de Março de 2026,
data do encerramento das comemorações do cinquentenário.
7. Será proclamado
vencedor o concorrente que no final das 12 provas acumule o maior número dos
pontos referidos em 3.
8. Em caso algum
poderá haver mais que um vencedor, pelo que, em igualdade pontual, será vencedor,
pela seguinte ordem, o concorrente que:
a) Somar mais
pontos especiais, referidos em 4.;
b) Tenha tido
mais vezes a pontuação máxima de 10 pontos;
c) Tenha mais
vezes obtido a pontuação máxima dos pontos especiais;
d) Tenha mais
vezes pontuado nos pontos especiais;
e) Tenha mais
pontos originais, referidos em 5.;
f) Tenha mais
vezes obtido a pontuação máxima nos pontos originais;
g) Tenha obtido mais
vezes pontuação nos pontos originais.
9. Os quatro coordenadores estão impedidos de concorrer como decifradores, mas poderão ser autores de um dos problemas a publicar no seu próprio espaço.
10. Qualquer
conflito relacionado com pontuações, classificações ou omissões regulamentares,
será resolvido pelo Inspector Fidalgo, a quem se poderão dirigir os concorrentes
e coordenadores, para lumagopessoa@gmail.com. Das decisões tomadas, depois de
auscultar quem entender, não haverá recurso. Pelo exercício destas funções, o
Inspector Fidalgo está impedido de concorrer como decifrador.
11. As 12 produções publicadas serão classificadas por dois confrades com vasta experiência, Big Ben e Inspetor Fidalgo, que ficam impedidos de concorrer com produções. Cada um elaborará uma classificação do 1.o ao 12.o lugar, atribuindo 12 pontos à melhor produção, até 1 ponto à menos conseguida, que enviará para Daniel Falcão, coordenador do Clube de Detectives, que compilará a classificação final. Será vencedora a produção mais pontuada. Em caso de igualdade pontual, o voto de Daniel Falcão será de qualidade para decidir e desempatar e por isso mesmo o próprio fica impedido de participar com produção.
LISTA OFICIAL DE PRÉMIOS
DECIFRAÇÃO -
GERAL:
1.º Lugar – TAÇA
2.º Lugar –
MEDALHA OURO
3.º Lugar –
MEDALHA PRATA
4.º Lugar –
MEDALHA BRONZE
5.º Lugar – LIVRO
Inspector Fidalgo
MELHORES:
1.º Lugar – TAÇA
2.º Lugar –
MEDALHA OURO
3.º Lugar –
MEDALHA PRATA
4.º Lugar – MEDALHA
BRONZE
5.º Lugar – LIVRO
Inspetor Boavida
ORIGINAIS:
1.º Lugar – TAÇA
2.º Lugar –
MEDALHA OURO
3.º Lugar –
MEDALHA PRATA
4.º Lugar –
MEDALHA BRONZE
5.º Lugar – LIVRO
Luís Pessoa
PRODUÇÃO:
1.º Lugar –
TROFÉU LUPA (Detective Misterioso) – Oferta de JARTUR
2.º Lugar – TAÇA
3.º Lugar –
MEDALHA OURO
4.º Lugar –
MEDALHA PRATA
5.º Lugar –
MEDALHA BRONZE
6.º Lugar – LIVRO
Salvador Santos
DIPLOMAS:
Serão atribuídos,
de “PRESENÇA”, a todos os participantes tanto na modalidade de decifração como
em produção.
NOTA:
- Além destes
prémios oficiais poderão ser atribuídos outros de acrescento a esta lista.
- São
Patrocinadores desta lista de prémios, os seguintes Confrades: Inspector
Fidalgo (Luís Pessoa), Inspetor Boavida (Salvador Santos), Paulo (Paulo
Viegas), Virmancaroli (Virgílio Oliveira), Daniel Falcão (José Machado),
Inspector Aranha (Domingos Cabral), Jartur (João Artur Mamede) e O Gráfico (Luís
Rodrigues). - Os prémios serão entregues aos ganhadores num possível Convívio
Policiário a realizar-se em finais de março ou num dos meses seguintes, ou no
Encontro habitual de S. Pedro de Sintra a cargo do Salvador Santos.
- Os orientadores
dos blogues que vão publicar os problemas policiários do TCMP poderão atribuir
prémios particulares em cada uma das provas.
CURIOSIDADES:
- Inicialmente temos 21 prémios (oficiais), mais os diplomas de presença. O momento é solene e gratificante e o que ficará para a HISTÓRIA é a HOMENAGEM AO “SETE” E À PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA... 50 ANOS DEPOIS!!
GRELHA DE PROBLEMAS
LOCALDOCRIME
http://localdocrime.blogspot.com/
Prova n.º 1 –
Smaluco e a Morte do Inspetor Mesquita (Autor: Inspetor Boavida)
Prova n.º 5 – A
Taberna dos Três Efes (Autor: Bernie Leceiro)
Prova n.º 9 –
Almoços Grátis (Autora: Detective Jeremias)
REPÓRTER DE
OCASIÃO https://reporterdeocasiao.blogspot.com/
Prova n.º 2 – Um
Crime Piscatório em Sesimbra (Autor: Repórter SOU EU)
Prova n.º 6 – Um
Cachimbo no Local do Crime... (Autor: Arjacasa)
Prova n.º 10 – Na
Tasca do Zeferino (Autor: Vic Key)
A PÁGINA DOS
ENIGMAS https://apaginadosenigmas.blogspot.com/
Prova n.º 3 – A
Morte do Traficante (Autor: Paulo)
Prova n.º 7 – O
Assassinato do Velho Milionário (Autor: Rigor Mortis)
Prova n.º 11 – O
Gorro Vermelho (Autor: Fotocópia)
MOMENTO DO
POLICIÁRIO
https://momentodopoliciario.blogspot.com/
Prova n.º 4 –
Naquela Noite de Maio (Autor: Virmancaroli)
Prova n.º 8 – A
Estreia do Inspector Faria (Autor: Faria)
Prova n.º 12 – O Roubo dos Diamantes (Autor: Inspector Pevides)
Como aqui, LOCAL DO CRIME, não há limitação de espaço, como acontece nas páginas do jornal AUDIÊNCIA Grande Porto, passamos a publicar na íntegra o décimo oitavo conto do concurso “Um Caso Policial no Natal”, da autoria da nossa confrade Detetive Jeremias:
“Um Caso Policial no Natal” – DÉCIMO OITAVO CONTO
BASEADO NUMA HISTÓRIA VERÍDICA, de Detetive Jeremias
Nem
sei bem se este texto é um conto ou um relato. É um caso policial no Natal, quanto a isso não há dúvidas − mete polícia e passa-se no Natal, embora
deva confessar que o chamado espírito natalício não está
verdadeiramente presente. Trata-se de uma descrição de um acontecimento
real, assim, talvez se possa classificar como um conto baseado numa história verídica. Por uma questão de segurança, preciso
de deixar claro que nada se passou comigo, apenas obtive a
informação em primeiríssima mão. É certo que os factos
remontam ao final da década de sessenta do século passado, no entanto é difícil saber quando alguns crimes prescrevem, por isso, mais vale
jogar pelo seguro para ficar livre
de inquietações e de problemas.
Na
quadra natalícia, o regedor (sim, o regedor, os presidentes de junta são uma inovação de 1977) de uma pequena freguesia lusitana decidiu, por
unanimidade com ele próprio, investir
num projeto inovador “nunca antes visto”. Resolveu alocar os parcos recursos financeiros à construção de um presépio em “tamanho quase
real”, a instalar no adro da igreja
paroquial. A verba disponibilizada conseguiu garantir a execução das figuras indispensáveis: sagrada família, anjo, vaca, burro e os três
reis magos e (um único!) respetivo
camelo. O presépio foi montado, como mandava a tradição, no início do advento e, de acordo com as ordens do pároco, foi instalado num
recanto do largo, para não perturbar
a circulação dos fiéis durante os festejos natalícios. Meia dúzia de homens, funcionários da junta, construíram cabana e outros artefactos
com as traves da ferrovia
descartadas depois de uma remodelação. O resultado final foi um falhanço completo − um conjunto pesado e escuro devido às traves e com figuras
tão mal-amanhadas, que mais pareciam os espantalhos utilizados nos campos para
afugentar os pardais. É certo que esta iniciativa não
suscitou grande interesse na população, mais ocupada e
preocupada com as dificuldades do dia a dia. No entanto, o meu avô, ou melhor, o avô de quem me contou este episódio, resolveu arrastar os
seus nove netos para a construção do presépio. Este homem era
um convicto ateu anarco-sindicalista, talvez por
trabalhar na tipografia instalada na vila, e nunca fora visto na igreja, nem sequer na missa do Galo. Todos estranharam a sua presença. A miudagem
delirou com as peripécias que foram acontecendo ao longo
da manhã e, principalmente, com a total falta de
proporcionalidade do conjunto. Por exemplo, os reis magos eram bem maiores do que o camelo, e o burro era mais pequeno do que o Menino Jesus, de
todos a única figura harmoniosa. Foi este o alvo da primeira
observação do avô. Disse: “Não devia estar aqui! Só vai
nascer lá pró dia 24!”. Uma das netas, pespineta, aproveitando a deixa, acrescentou: “Nem o Jesus, nem os reis Magos, que chegaram em janeiro
no Dia de Reis”.
E deve
ter sido aqui que germinou a ideia que iria despoletar um caso policial!
Todo o crime decorreu por etapas, ao longo dos dias que faltavam para o Natal. Primeiro, desapareceu o Menino Jesus. Quem reparou, desvalorizou esta falta, talvez por ter pensado que só voltaria a integrar o presépio na noite da consoada. O segundo desaparecimento foi detetado pelo sacristão e indignou o pároco, que se encarregou de avisar de imediato o regedor: os três reis magos e o seu único camelo foram substituídos por uma grande tábua, onde se podia ler: “AINDA VIMOS A CAMINHO…”. Ao ter conhecimento desta gravíssima situação, o regedor ficou roxo e espumou de raiva. Se ele soubesse o que estava para vir, teria doseado melhor a sua ira, para a poder utilizar nos roubos que se seguiriam. Os reis magos levaram sumiço e não foram encontrados, apesar das buscas minuciosas. Já o camelo, pelo contrário, foi imediatamente visto junto ao fontanário da vila, com um ar de desprezo pacífico de quem sentia saudades do calor e da secura do deserto e não estava para transportar no lombo três homens corpulentos.
Numa
tentativa vã de evitar uma humilhação, o grande erro do regedor foi ter confiado
que conseguiria levar a cabo a identificação do culpado sem ajuda exterior. Começou
por dar ordens aos seus caceteiros para manterem debaixo de olho o maior inimigo
da terra, o avô tipógrafo. Não obteve qualquer resultado prático, porque o homem
até estava retido em casa, por causa de uma entorse grave. O pior é que as figuras
do presépio continuavam a desaparecer, sempre durante a noite e com regularidade,
embora a vigilância fosse apertada. Chamou-se a guarda para investigar o caso,
descobrir os culpados e localizar as figuras, mas o tempo ia passando e nada se
alterou. O presépio “quase real” continuava apenas com o camelo, mas despojado
de seres vivos visíveis a olho nu.
A
primeira surpresa geral (exceto para os envolvidos no esquema) rebentou dois dias
antes do Natal. A Nossa Senhora apareceu sentada à porta do posto de
enfermagem, com uma saca de palha na barriga, para simular a gravidez. O São
José foi encontrado na bancada de trabalho do Aurélio Carpinteiro, com o
serrote de arco a tiracolo e os formões guardados na sacola. A vaca foi deixada
no pasto da vizinha Lita, perto do curral das suas parentes malhadas e, por
fim, o pequeno burro foi visto no mercado, atado com uma corda à banca da Maria
de Deus, com o focinho bem enfiado no meio nas couves portuguesas.
Abro
aqui um parêntesis para partilhar uma inexplicável ironia do destino e paradoxo
das relações amorosas: a Maria de Deus era a mulher do avô ateu tipografo.
Chegados
a este ponto, faltavam ser localizados o Menino Jesus, os reis magos e o anjo.
O regedor puxou para si os louros da descoberta e deitou conta de que haveria tempo
para fazer um Menino Jesus até ao Natal e três reis magos até o dia 6 de janeiro.
Quanto ao anjo pensou que ninguém daria pela sua falta.
Seguiu-se
uma azafama para consertar as figuras e repor tudo no devido lugar em tempo
útil. No dia 24 de dezembro, a noite da Missa do Galo, estava tudo pronto e equipado,
mas nem as lâmpadas instaladas à pressa, conseguiam apagar o aspeto triste do
presépio do regedor. Dois guardas novatos, vindos de fora, fiscalizavam o
presépio para evitar novas fugas indesejadas. Aguardava-se a colocação de um
novo Menino Jesus, na velha manjedoura, uma cerimónia agendada para o final da
Missa, de acordo com a tradição religiosa.
A
segunda surpresa geral (exceto para os envolvidos no esquema, repito) estoirou no
final da missa. O regedor e o padre disputavam o transporte do novo Menino
Jesus, quando deram de caras com o Antigo Menino Jesus envolvido numa mantinha
de lã e já deitadinho no local que lhe competia. O Anjo, pairava sobre a cabana
e empunhava uma faixa azul que dizia em letras douradas: “VIVA A LIBERDADE!”
A
Noite de Paz acabou com uma discussão violenta seguida de confrontos físicos. Começou
com acusação de culpa do regedor ao padre, por ter relegado o presépio para um
canto do adro da igreja. E esse foi o rastilho que se alastrou aos demais
fiéis. No final, desesperado, desencantado e com um olho negro, o regedor
desistiu do projeto e o prior foi atrás. Os guardas só foram encontrados no dia
seguinte, perto da tasca do Almerindo e garantiram terem sido também raptados.
Tinham jurado um ao outro, nunca na vida, contarem a quem quer que fosse, nem
sob ameaça de tortura dos Távoras, que um velho coxo com bigode de pai natal
sem barba e nove miúdos escanzelados e esquivos os tinham levado a provar uma
aguardente de estalo, que os livrara do gelo da noite da consoada. Os reis
magos antigos regressaram no dia de Reis pelos seus próprios meios e
juntaram-se ao camelo que os aguardava há dias.
Esta
história nunca tinha sido divulgada com o rigor merecido.
Uma
vez reposta a (quase) verdade dos factos, resta-me terminar dizendo que ainda hoje
o sentimento é unânime para aqueles que viveram os acontecimentos, em especial os
nove irmãos/primos − nunca se viveu um Natal tão emocionante e prazenteiro como
o do Presépio Real!
UM ANO NOVO TRANQUILO, CHEIO DE PROBLEMAS…
POLICIÁRIOS!
O novo
ano que agora começa apresenta-se muito exigente e imprevisível, com guerras na
Ucrânia e no Médio Oriente, alianças entre regimes autoritários em vários
pontos do Mundo, crescimento exponencial dos partidos populistas na Europa e o
regresso de Donald Trump à Casa Branca, cujas propostas conservadoras e
protecionistas para temas como imigração, economia e política externa não
prenunciam nada de bom. Mas, apesar de todas as incertezas e perspetivas
negativas que daí decorrem, queremos acreditar (e desejar a todos os que nos
seguem!) que os tempos que se avizinham não nos trarão problemas de maior. E,
se os trouxerem, que sejam todos eles de fácil resolução. A não ser que sejam
problemas policiários, porque nesse caso, por maior que seja o seu grau de
dificuldade, não vem daí qualquer mal ao mundo, e nós podemos submeter as
nossas meninges a novos e mais exigentes desafios, como nos promete o grande
torneio a que fazemos referência de seguida, que nos unirá a todos numa grande
e muito especial homenagem.
Pois
é, o ano de 2025 vai ficar marcado por um grande torneio de decifração e
produção policiária que assinala o cinquentenário (1975-2025) da secção
“Mistério… Policiário”, orientada pelo saudoso Sete de Espadas na revista de
banda desenhada Mundo de Aventuras. O torneio será composto por doze (12)
problemas policiários, um em cada mês do ano, publicados sempre no dia 1 do mês
respetivo, rotativamente e em exclusivo, nos
espaços policiários aderentes: blogue Local do Crime, coordenado por Inspetor Boavida, em localdocrime.blogspot.com (problemas 1,
5 e 9); blogue Repórter de Ocasião,
coordenado por O Gráfico em reporterdeocasiao.blogspot.com (problemas 2, 6 e 10), blogue A Página dos Enigmas, coordenado por Paulo, em apaginadosenigmas.blogspot.com (problemas 3, 7 e 11) e blogue
Momento do Policiário, coordenado por
Virmancaroli, em momentodopoliciario.blogspot.com (problemas 4, 8 e 12).
Vamos a isso?! Voltamos no Dia de Natal para recordar o Regulamento, a Lista Oficial de Prémios e os Problemas (e seus autores) que compõem o Torneio do Cinquentenário do “Mistério… Policiário” (que prometem dar cabo das meninges dos nossos confrades e amigos se juntem a esta justíssima homenagem ao homem das Barbas Brancas – O Sete de Espada –, unanimemente considerado como o maior divulgador do policiarismo entre nós). E antes das despedidas, numa altura em que a maioria das famílias portuguesas fazem as contas à vida, com o pensamento nas compras de natal, designadamente nos géneros alimentícios que compõem a mesa da consoada, já que o dinheiro dá para pouco mais, deixamos no “sapatinho” de todos os leitores e membros da equipa do jornal AUDIÊNCIA GP a Primeira Parte de mais um original (o décimo oitavo!) do nosso Concurso de Contos, com os votos de um Feliz Natal e um Excelente Ano Novo.
“Um Caso Policial no Natal” – DÉCIMO OITAVO CONTO
BASEADO NUMA HISTÓRIA VERÍDICA, de Detetive Jeremias
I - PARTE
Nem
sei bem se este texto é um conto ou um relato. É um caso policial no Natal, quanto a isso não há dúvidas − mete polícia e passa-se no Natal, embora
deva confessar que o chamado espírito natalício não está
verdadeiramente presente. Trata-se de uma descrição de um acontecimento
real, assim, talvez se possa classificar como um conto baseado numa história verídica. Por uma questão de segurança, preciso
de deixar claro que nada se passou comigo, apenas obtive a
informação em primeiríssima mão. É certo que os factos
remontam ao final da década de sessenta do século passado, no entanto é difícil saber quando alguns crimes prescrevem, por isso, mais vale
jogar pelo seguro para ficar livre
de inquietações e de problemas.
Na
quadra natalícia, o regedor (sim, o regedor, os presidentes de junta são uma inovação de 1977) de uma pequena freguesia lusitana decidiu, por
unanimidade com ele próprio, investir
num projeto inovador “nunca antes visto”. Resolveu alocar os parcos recursos financeiros à construção de um presépio em “tamanho quase
real”, a instalar no adro da igreja
paroquial. A verba disponibilizada conseguiu garantir a execução das figuras indispensáveis: sagrada família, anjo, vaca, burro e os três
reis magos e (um único!) respetivo
camelo. O presépio foi montado, como mandava a tradição, no início do advento e, de acordo com as ordens do pároco, foi instalado num
recanto do largo, para não perturbar
a circulação dos fiéis durante os festejos natalícios. Meia dúzia de homens, funcionários da junta, construíram cabana e outros artefactos
com as traves da ferrovia
descartadas depois de uma remodelação. O resultado final foi um falhanço completo − um conjunto pesado e escuro devido às traves e com figuras
tão mal-amanhadas, que mais pareciam os espantalhos utilizados nos campos para
afugentar os pardais. É certo que esta iniciativa não suscitou
grande interesse na população, mais ocupada e
preocupada com as dificuldades do dia a dia. No entanto, o meu avô, ou melhor, o avô de quem me contou este episódio, resolveu arrastar os
seus nove netos para a construção do presépio. Este homem era
um convicto ateu anarco-sindicalista, talvez por
trabalhar na tipografia instalada na vila, e nunca fora visto na igreja, nem sequer na missa do Galo. Todos estranharam a sua presença. A miudagem
delirou com as peripécias que foram acontecendo ao longo
da manhã e, principalmente, com a total falta de
proporcionalidade do conjunto. Por exemplo, os reis magos eram bem maiores do que o camelo, e o burro era mais pequeno do que o Menino Jesus, de
todos a única figura harmoniosa. Foi este o alvo da primeira
observação do avô. Disse: “Não devia estar aqui! Só vai
nascer lá pró dia 24!”. Uma das netas, pespineta, aproveitando a deixa, acrescentou: “Nem o Jesus, nem os reis Magos, que chegaram em janeiro
no Dia de Reis”.
E deve
ter sido aqui que germinou a ideia que iria despoletar um caso policial!
(continua na próxima edição)
O meu primeiro e único contacto pessoal com o Sete de Espadas aconteceu
já quase no limiar do fim da sua vida, em novembro de 2004. Foi num colóquio
organizado pela Tertúlia Policiária do Norte (TPN), na cidade da Maia, onde ele
foi um dos ilustres oradores convidados. E pude constatar que tudo o que tinha
ouvido dos policiaristas que com ele conviveram nos tempos do Clube de
Literatura Policial, das secções nas revistas Camarada, Cavaleiro Andante,
Mundo de Aventuras ou de tantas outras publicações, assentava que nem uma luva
no homem que tinha pela frente. Afável, divertido, sonhador, destemido,
aventureiro e... humilde. É verdade, aquele que é unanimemente considerado como
o maior divulgador do policiarismo entre nós, uma verdadeira “enciclopédia” e
um “tratado” do seccionismo do “desporto mental” em Portugal, era um homem
humilde.
Quando os membros da TPN o surpreenderam com uma singela homenagem antes
de iniciar a sua comunicação, Sete de Espadas, visivelmente comovido, agradeceu
a simpatia do reconhecimento e começou a desfiar as suas memórias, de um jeito
tão natural e tão simples, como se a sua vida tivesse sido a mais banal, a mais
comum, a mais normal dos mais simples mortais. Mas não. A sua vida foi uma
verdadeira aventura, quase um sacerdócio, numa constante luta pela
concretização dos sonhos que guiavam os seus dias. Houve alturas em que
desanimou. Certo dia, cansou-se do policiário, afastou-se por um largo tempo e
esteve 17 anos sem qualquer contacto sequer com a literatura policial. Mas não
resistiu ao apelo dos amigos e ao “bichinho” do policiário e voltou com novo
fôlego, ainda com mais vontade de ensinar... e de aprender com cada um dos seus
seguidores, sobretudo com os mais jovens (sempre os mais jovens – o seu
universo preferido).
Sete de Espadas cultivou amizades inabaláveis, formou e fidelizou
leitores nas mais diversas publicações que criou e noutras onde colaborou,
conquistou milhares e milhares de praticantes para o policiarismo, promoveu o
gosto pela escrita e pela leitura junto de jovens de diferentes gerações,
estimulou contistas e romancistas, divulgou os melhores autores e ensaístas do
género policial, acompanhou a par e passo a evolução de decifradores e
produtores – homens que ajudou a formar! Muitos deles grandes nomes da cultura,
das artes, das letras, do deporto, da medicina e até da política. Alguns
chegaram a ministros! Sete de Espadas nunca “denunciava” os seus nomes. Se eles
usavam pseudónimo era esse o nome que contava. Mas, talvez sem querer, naquela
manhã fria e solarenga de novembro, deixou escapar a identidade de alguns
policiaristas que atingiram posição de relevo na sociedade portuguesa, como
Matos Maia (ilustre homem da rádio), Luís Filipe Costa (radialista, jornalista
e realizador) ou Firmino Miguel (general do Exército e ministro da Defesa dos I
e II governos provisórios e dos I, II e III governos constitucionais do pós 25
de abril’74), e outros ficaram por evocar pelo nome próprio.
Os nomes de batismo não são importantes na prática desta modalidade, que
ainda hoje movimenta algumas dezenas de homens e mulheres, quase todos
seduzidos pelo notável trabalho realizado durante seis décadas por Sete de
Espadas ou por um dos seus mais fiéis seguidores – Inspetor Fidalgo. O que
conta são os pseudónimos. Também ele, Sete de Espadas, tinha nome de batismo,
mas ninguém o tratava por nenhum dos que o compunham (Manuel José da Piedade
Latas). Era “o Sete isto”, “o Sete aquilo”, o Sete para aqui, o Sete para ali,
e muito raramente se ouvia outro nome nas conversas com ele ou quando dele se
falava. Aquele simpático e cativante homem de barbas brancas era Sete de
Espadas desde o banco dos liceus. Herdou-o de uma personagem de um livro e
jamais o largou. E foi com esse nome que ele andou pelos mais variados jornais,
revistas, livros, a promover o policiarismo, a literatura policial, o
charadismo e as palavras cruzadas.
Como bem afirmou um dia o seu querido amigo Jartur, pesquisador
apaixonado das relíquias com que constrói a memória do policiário em Portugal,
“a história desta atividade lúdica e cultural jamais se fará sem o nome e a
obra de Sete de Espadas!” É justíssima, portanto, toda e qualquer iniciativa
que preste homenagem ao velho Mestre, como esta em que se assinala o
cinquentenário da criação da secção “Mistério… Policiário”, que ele dirigiu superiormente
na revista Mundo de Aventuras. E, para quem tem a felicidade de acreditar
na vida em uma outra dimensão, o Sete estará neste momento muito feliz com este
reconhecimento, com o mesmo olhar vivo e brilhante que lhe descortinei nesse
longínquo dia de novembro de 2004, onde ele passou em revista quase sessenta
anos de vida dedicada ao policiário junto de alguns dos seus maiores amigos.
Inspetor Boavida
(texto
originalmente publicado na secção Policiário, de Luís Pessoa, na Revista Sábado,
com as alterações inscritas a bold)
Recordo mais uma vez os problemas que integram o TORNEIO DO CINQUENTENÁRIO “MISTÉRIO… POLICIÁRIO” – MA/MP (1975-2025), com publicação alternada em quatro blogues, nos dias 1 de cada mês, de janeiro a dezembro de 2025:
Problemas
Policiários
LOCALDOCRIME
http://localdocrime.blogspot.com/
Prova n.º 1 –
Smaluco e a Morte do Inspetor Mesquita (Autor: Inspetor Boavida)
Prova n.º 5 – A
Taberna dos Três Efes (Autor: Bernie Leceiro)
Prova n.º 9 –
Almoços Grátis (Autora: Detective Jeremias)
REPÓRTER DE
OCASIÃO https://reporterdeocasiao.blogspot.com/
Prova n.º 2 – Um
Crime Piscatório em Sesimbra (Autor: Repórter SOU EU)
Prova n.º 6 – Um
Cachimbo no Local do Crime... (Autor: Arjacasa)
Prova n.º 10 – Na
Tasca do Zeferino (Autor: Vic Key)
A PÁGINA DOS
ENIGMAS https://apaginadosenigmas.blogspot.com/
Prova n.º 3 – A
Morte do Traficante (Autor: Paulo)
Prova n.º 7 – O
Assassinato do Velho Milionário (Autor: Rigor Mortis)
Prova n.º 11 – O
Gorro Vermelho (Autor: Fotocópia)
MOMENTO DO
POLICIÁRIO
https://momentodopoliciario.blogspot.com/
Prova n.º 4 –
Naquela Noite de Maio (Autor: Virmancaroli)
Prova n.º 8 – A
Estreia do Inspector Faria (Autor: Faria)
Prova n.º 12 – O
Roubo dos Diamantes (Autor: Inspector Pevides)
São já conhecidos
os problemas (e seus respetivos autores) que integram o TORNEIO DO
CINQUENTENÁRIO “MISTÉRIO… POLICIÁRIO” – MA/MP (1975-2025), com publicação alternada
em quatro blogues, nos dias 1 de cada mês, de janeiro a dezembro de 2025. Ei-los:
Problemas
Policiários
LOCALDOCRIME
http://localdocrime.blogspot.com/
Prova n.º 1 –
Smaluco e a Morte do Inspetor Mesquita (Autor: Inspetor Boavida)
Prova n.º 5 – A
Taberna dos Três Efes (Autor: Bernie Leceiro)
Prova n.º 9 –
Almoços Grátis (Autora: Detective Jeremias)
REPÓRTER DE
OCASIÃO https://reporterdeocasiao.blogspot.com/
Prova n.º 2 – Um
Crime Piscatório em Sesimbra (Autor: Repórter SOU EU)
Prova n.º 6 – Um
Cachimbo no Local do Crime... (Autor: Arjacasa)
Prova n.º 10 – Na
Tasca do Zeferino (Autor: Vic Key)
A PÁGINA DOS
ENIGMAS https://apaginadosenigmas.blogspot.com/
Prova n.º 3 – A
Morte do Traficante (Autor: Paulo)
Prova n.º 7 – O
Assassinato do Velho Milionário (Autor: Rigor Mortis)
Prova n.º 11 – O
Gorro Vermelho (Autor: Fotocópia)
MOMENTO DO
POLICIÁRIO
https://momentodopoliciario.blogspot.com/
Prova n.º 4 –
Naquela Noite de Maio (Autor: Virmancaroli)
Prova n.º 8 – A
Estreia do Inspector Faria (Autor: Faria)
Prova n.º 12 – O Roubo dos Diamantes (Autor: Inspector Pevides)
Já é conhecido o quinto (e último!) problema do Torneio Rápido. Rápido porque não tem muitos problemas, e rápido no tipo de resposta exigida: apenas a indicação da opção correta.
Torneio
Rápido
Problema nº 5
O mistério do
roubo noturno
Autor: Paulo
As noites
passadas nas patrulhas pela cidade são sempre perigosas, embora por vezes nos
surjam alguns criminosos muito ingénuos.
Estava eu no meu
segundo ano de polícia, quando sucedeu o caso que vou narrar.
Andávamos em
patrulha pelas ruas quase desertas da cidade, eu e um companheiro de profissão,
quando da esquadra recebemos a comunicação para nos dirigirmos a um determinado
endereço.
Não foi
necessário ligar sirenes para nos apressarmos pelas ruas sem transito, até
porque estávamos nesse momento muito próximos do local.
Quando chegámos,
vi que se tratava de uma moradia já antiga, que fora adaptada para
apartamentos, só com dois pisos.
Tocámos à
campainha do rés-do-chão direito, pois era a indicação que tínhamos.
A porta foi
aberta e imediatamente nos encontrámos frente ao apartamento referido, cuja
porta se abriu sem ser necessário tocar novamente.
Surgiu-nos pela
frente um homem de mais ou menos trinta e cinco anos, bem apresentado, fato,
gravata e sapatos bem engraxados, que nos fez entrar para uma sala ornamentada
com mobiliário de linhas direitas e modernas, a contrastar com a arquitetura do
edifício.
Junto de uma das
paredes havia um quadro caído no chão e na parede um cofre com a porta aberta.
- "A minha
esposa não se encontra cá. Está num congresso em Paris. Eu estava deitado,
a dormir, quando acordei com um ruído que me pareceu ter vindo desta sala.
Levantei-me, e no momento em que abri aporta levei uma pancada na cabeça".
Aproximou-se de
nós e mostrou-nos a nuca onde se via um ligeiro hematoma.
- "Não sei
se estive pouco ou muito tempo desmaiado, mas quando acordei tinha as luzes da
sala acesas, vi logo que o cofre estava aberto e a porta do apartamento apenas
encostada. Levantei-me, fui ver o cofre, e notei que os fios de ouro que herdei
da minha mãe tinham desaparecido. Embora estivessem no seguro, ninguém me
recompensa da perda sentimental.
Fechei a porta e
telefonei logo para a polícia, (e apontou para o telefone que estava numa
pequena mesa), sentei-me aqui neste sofá e fiquei à espera. Felizmente não
demoraram muito. Ainda não há cinco minutos que telefonei."
Eu olhava em
volta, enquanto o meu companheiro ia tomando notas. Eu já percebera tudo, mas
enfim, a nós competia-nos registar a ocorrência e haveria quem finalizasse o
caso. Mas, para mim, tudo estava muito claro. Eu sabia muito bem o que teria
que fazer.
O que é que
estava assim tão claro para o polícia?
Basta escolher uma das hipóteses e justificar a escolha feita.
A – Foi a esposa
do assaltado que regressou de Paris e cometeu o roubo.
B – Um ladrão
desconhecido abriu a porta e cometeu o assalto.
C – O ladrão
ainda estaria escondido dentro da casa e era necessário fazer uma busca.
D – Ninguém entrou na casa para roubar as joias.
A resposta,
indicando apenas a letra com a opção correta, deverá ser enviada até ao final
do dia 31 de dezembro para apaginadosenigmas@gmail.com.
Oferecido pelo
Clube de Detetives há o livro “Último Acto em Lisboa”, de Robert
Wilson.
Já é conhecida a solução do problema 4 do Torneio Rápido, bem como a sua classificação geral atual, que passamos a transcrever:
“A solução que
aqui se publica foi elaborada por Rip Kirby, a primeira vez que este
problema foi publicado. Nessa época Rip Kirby residia no Brasil, e usou o
pseudónimo de Zé d 'Olhão.
Como a solução
apresentada por Rip Kirby indica as ideias principais, aqui fica, sendo uma
homenagem a este policiarista de elevada qualidade, vencedor do campeonato
nacional na vertente de decifração em 2008-2009, tendo-nos também deixado
muitos problemas da sua autoria, (pelo menos 32).
Para o presente
torneio apenas interessava indicar C, não interessando a justificação, embora
esta fundamente sempre a opção feita.
No dia 10 deste mês, será publicado o quinto e último problema deste torneio, mas, entretanto, vamos aos resultados obtidos no quarto enigma.
O mistério
das joias roubadas
Solução:
A resposta
correta é a hipótese C.
1 —No texto nada
nos permite pensar que tenha sido o filho do médico.
2 —Quando a
criada telefonou ao médico ele encontrava-se no consultório logo, e, a não ser
que houvesse cumplicidade entre ele e a serviçal, não podia ter roubado as
joias. Por outro lado, ele não tinha qualquer interesse no desaparecimento das
joias uma vez que estas não estavam no seguro. Por fim, certamente que o
cliente que ele atendia no momento em que recebeu o telefonema confirmaria
esse facto.
3—O vidro da
janela foi partido pelo lado de dentro como atestam os estilhaços sobre o
passadiço no exterior. Apesar de existirem sinais de terra no passadiço,
certamente deixadas pelo calçado de quem por ali passara, a escada estava
completamente limpa o que demonstra que não foi utilizada. No quarto de onde
desapareceram as joias também não existem sinais de terra que deveriam ali
estar se alguém tivesse entrado pela janela depois de ter pisado o terreno onde
foram encontradas pegadas
Portanto o roubo
só podia ter sido feito pela criada. Ela afirma que se encontrava no hall de
entrada quando ouviu os vidros a partir o que não é credível uma vez que pela
descrição a janela do quarto do doutor dava para as traseiras mas...
Afirma ela,
também, que, depois de espreitar na sala e na cozinha, subiu a correr ao 1°
andar e que ainda viu um vulto que acabava de virar a esquina depois de ter
descido a escada metálica.
Ora a desordem
em que se encontrava o quarto não podia ter sido feita tão rapidamente nem um
assaltante desconhecido seria tão rápido que conseguisse encontrar todas as
joias, que se encontravam em gaveta, e tivesse tempo de fugir sem ser visto.
Também seria
impossível a criada ver o vulto de alguém que já tivesse dobrado a esquina.
As duas séries
de pegadas na terra foram deixadas por ela quando foi buscar e voltou com a
escada cuja existência, por ser nova, dificilmente seria conhecida por
estranhos.
Os sapatos de mulher encharcados provavelmente seriam dela uma vez que não existia outra mulher na casa. Como ficaram sujos de terra ela lavou-os.
Resultados
7 pontos
Arjacasa
(TPBRO); Bernie Leceiro; Búfalos Associados; Clóvis; Detective Jeremias;
Detective Verdinha; Edomar; Fotocópia; Inspector Moscardo; Inspector Pevides
(TPBRO); Inspectora Mag; Inspetor Boavida; Karl Marques; Mac Jr.; Mali(TPBRO):
Mandrake Mágico; Mister H; O Pegadas; Rainha Kátia; Rodriguda; Vic Key;
Virmancaroli; (22 concorrentes)
4 pontos:
Abrótea; Zaida (2 concorrentes)
Classificação
Geral (por ordem alfabética)
28 pontos
Arjacasa
(TPBRO); Búfalos Associados; Clovis; Detective Jeremias; Detetive Verdinha;
Edomar; Fotocópia; Inspector Pevides (TPBRO); Inspetor Boavida;
Inspetor Moscardo; Inspetora Mag; Karl Marques; Mac Jr.; Mali (TPBRO);
Mandrake Mágico; Mister H; Rodriguda; Vic Key; Virmancaroli.
25 pontos
Bernie Leceiro;
O Pegadas.
22 pontos
Abrótea.
21 pontos
Inspector
Ryckyi; Rainha Kátia.
11 pontos
Detetivesca; Zaida.”
POLICIARISTA
PREMIADO
Entre todos os concorrentes foi sorteado o livro “A Cruz do Sul”, de Patrícia Cornwell. E o premiado foi… Detective Verdinha.
DEZEMBRO VAI SER MÊS DE CONVÍVIO NA MARGEM SUL DO TEJO
No
próximo dia 14 de dezembro, todos os caminhos do policiário vão dar à margem
sul do rio Tejo, mais exatamente ao restaurante Cantinho da Tina, em Vale de
Milhaços/Almada, onde se realiza mais um convívio do blogue Repórter de Ocasião,
para o qual estamos todos desde já convidados. Para o efeito, os interessados
deverão fazer a respetiva inscrição junto do nosso confrade O Gráfico, através
do telefone 917915573 ou do email reporter.de.ocasiao@gmail.com.
Posto isto, regressamos ao concurso “Um Caso Policial no Natal”, publicando o décimo sétimo conto, da autoria de Rigor Mortis, um dos nossos mais inspirados produtores policiários.
“Um Caso Policial no Natal” – DÉCIMO SÉTIMO CONTO
QUEM TIROU OS PRESENTES?, de Rigor Mortis
Natal! Tempo de família, de alegria, prazer e
divertimento no abrir dos presentes, no deliciar-se com o amor – ou mesmo
apenas a amizade – de quem os ofertara, com a excitação dos que os tinham recebido!
Não naquele Natal…
Quando a família se reuniu na sala de jantar, a
imponente árvore de Natal num dos cantos, o bem arranjado presépio noutro,
ficaram todos estupefactos a olhar para o vazio por baixo e aos lados da
árvore… Todos os presentes tinham desaparecido! Debaixo da árvore estava apenas
um pequeno envelope…
– O que é que aconteceu?!
– Quem é que tirou dali os presentes?!
– Que diabo!... Mas quem é que fez isto?!
As exclamações brotaram de todas as bocas,
caras espantadas, escandalizadas, revoltadas…
– Que linda brincadeira! – rugiu o avô. – Está
bem! Já percebemos a mensagem – neste Natal os presentes devem ser dados aos
que mais necessitam! Certo! Mas estes que aqui estavam eram para esta família!
Magda, Ruben, Clara, Berto, Diana! Como os adolescentes desta família, foi de
certeza um de vós a tirar os presentes da árvore, para enfatizar a mensagem!
Mas já chega! Amanhã tratamos disso, fica prometido, mas agora vamos lá pô-los
de volta!
Os cinco jovens deram um passo em frente, mas
nenhum se acusou.
– Ora, avô… – disse a Magda.
– Eu cá achei bem! – disse o Ruben.
– Foi uma bela ideia! – disse a Clara.
– Mas o que é aquele envelope? – interrogou o
Berto.
– Dá-o ao avô! – ordenou a Diana.
Apanhando-o de debaixo da árvore, o Berto entregou
o envelope ao avô, que o abriu e leu o que estava escrito na folha de papel que
lá estava, escrito à máquina:
“Natal é quando cada um o quer!
Mas é sempre o tempo de se ser solidário, de
ajudar os que precisam com aquilo de que eles precisam mais – dinheiro, bens
materiais ou simplesmente amizade e ternura!
Fui eu quem tirou os presentes da árvore:
141293372417512.
Descubram quem sou e devolvê-los-ei, contra a
promessa de darem algo de igual valor a outros que o necessitem mais.
Mas se não descobrirem quem sou, amanhã
entregarei os presentes aos sem-abrigo. Tenho a certeza de que, no fundo, todos
ficaremos felizes com isso!”
– Hummm… – resmungou o avô, coçando a cabeça. –
O número tem 15 algarismos… Os nomes destes cinco mafarricos têm todos 5
letras… E o texto tem 5 parágrafos… Está-se mesmo a ver!...
Quem terá tirado os presentes da árvore? A
Magda? O Ruben? A Clara? O Berto? A Diana?
Claro que cada um dos presentes se apressou a
aventar o nome do brincalhão…
– Foi decerto o Berto! – afirmou enfaticamente
a Tia Guilhermina, com voz gongórica. – É o que tem o sentido de humor mais
retorcido…
– Não, não!... – contrapôs o Tio Ludovico – Não
pode ter sido senão a Diana. Ela está sempre com essas coisas de proteção dos
pobrezinhos…
– Disparate! – disse a mulher do Tio Ludovico,
abanando uma mão em ar de desprezo. – A Diana era lá capaz de fazer uma coisa
dessas! Quem tirou os presentes foi o Ruben!
– O Ruben?! Porquê?? – interpôs a Tia Adelina,
em tom ultrajado, ainda que com a sua voz meiga. Todos conheciam o seu carinho
pelo sobrinho Ruben… – Foi de certeza a Magda, que é a mais velha dos cinco.
– Acabem lá com isso! – elevando a voz, o avô
terminou com o reboliço.
– Foste tu, não foste, Clara?... – adoçando a
voz, o avô pôs a mão na cabeça da Clara, com ternura. – Queres saber como o
descobri?...
– Os vossos nomes, todos eles têm 5 letras. O
texto também tem 5 parágrafos. O número escrito no papel deixado na árvore de
Natal só tem palavras e letras, para além daquele críptico número de 15
algarismos…
– Se o número corresponde ao nome do autor da
brincadeira, é lógico imaginar que cada 3 algarismos corresponderão a uma letra
do nome. Separando os 15 algarismos em grupos de 3, temos 141 293 372 417 512…
– Como o texto tem 5 parágrafos, também tem
lógica supor que cada um dos cinco grupos de 3 algarismos corresponderá a um
parágrafo – “141” ao 1º parágrafo, “293” ao 2º, e assim por diante. E, de
facto, o 1º algarismo de cada grupo de 3 segue precisamente a ordem dos
parágrafos: 1-2-3-4-5!
– Se cada grupo de 3 algarismos corresponde a
um parágrafo e o 1º algarismo de cada grupo determina precisamente a ordem do
parágrafo, como estes aparecem no texto, porque não assumir que o 2º algarismo
de cada grupo determina a palavra, pela ordem por que estas aparecem no
parágrafo respetivo, e que o 3º algarismo de cada grupo determina a letra nessa
palavra? – O avô não evitou um sorriso de triunfo…
– Sendo assim:
141 293 372 417 512
Cada soLidário dA descubRam
mAs
C L A R A
– Foste tu, Clara, quem tirou os presentes da
árvore, não foste? – concluiu o avô. – Mas aposto que terão sido os cinco a
terem a ideia!
E foi o Natal mais feliz de que todos tinham memória…
AVALIAÇÃO-PONTUAÇÃO
Os
nossos leitores têm a partir de agora 30 (trinta) dias para proceder à
avaliação deste décimo sétimo conto a concurso e ao envio da pontuação
atribuída, entre 5 a 10 pontos (em função da qualidade e originalidade),
através do email salvadorsantos949@gmail.com. Recorda-se que o conto vencedor
do concurso será o que conseguir alcançar a média de pontuação mais elevada
após a publicação de todos os trabalhos, sendo possível (e muito desejada!) a
participação dos autores no “lote de jurados”, estando, porém, impedidos de
pontuar os seus originais (escritos em nome próprio ou sob a forma de
pseudónimo), de maneira a não “fazerem juízo em causa própria”.