RECORDANDO O I GRANDE TORNEIO DA SECÇÃO “MISTÉRIO…POLICIÁRIO”
No
momento em que foram já contabilizadas as pontuações alcançadas pelos
derradeiros contos, o orientador da secção conhece já a classificação geral final
do concurso “Um Caso Policial no Natal”, que só será divulgada em finais de
maio num grande Convívio a realizar em São Pedro de Sintra, no restaurante
Sabores de Sintra. E recorde-se que o regulamento do concurso prevê a
atribuição de Taças para os autores dos contos classificados do 1º ao 4º lugar
e Medalhas para os classificados do 5º ao 10º lugar. Mas não se pense que ficarão
sem prémio os autores dos contos posicionados do 11º e o 19º lugar. A estes será
atribuído um justíssimo “prémio de consolação”.
Mas há
mais novidades: no dia deste grande Convívio Policiário será apresentada (e
oferecida a todos os presentes) a mais recente edição do Borda d’Água do Conto
Curto, que regressa após uma paragem de 4 (quatro) anos, em larga medida decorrente
do falecimento de um dos seus principais mentores, o nosso muito querido e
saudoso A. Raposo, que teve desde sempre como parceira de organização a nossa
estimada Detetive Jeremias, responsável agora “a solo” por coordenar e dar à
estampa o “primeiro número da nova vida” deste singular e inovador projeto.
Entretanto,
todas as atenções estão voltadas para o grande Torneio do Centenário de
“Mistério…Policiária”, secção criada por Sete de Espadas na revista Mundo de
Aventuras, em 13 de março de 1975, que decorre alternadamente nos blogues Local
do Crime, Repórter de Ocasião, A Página dos Enigmas e Momento do Policiário. No
passado de 1 de abril foi publicado neste último blogue, que pode ser acedido
através do endereço momentodopoliciario.blogspot.com, o problema nº 4 da prova,
que tem neste momento uma liderança no feminino, com Detetive Jeremias no
comando da “Classificação Geral” e “Melhores”; e Mali a liderar as “Mais
Originais”.
E por
aqui vamos recordando, a partir de hoje, alguns dos problemas que integraram as
inúmeras provas organizadas por Sete de Espadas naquela publicação de Banda
Desenhada, que fez furor sobretudo entre a “malta” mais jovens durante onze (11)
anos, começando exatamente pelo enigma que abriu o I Grande Torneio (o primeiro
de 25 torneios realizados, após a publicação de vários problemas isolados), que
decorreu entre 4 de setembro de 1975 e 5 de janeiro de 1976.
O nosso desafio é que o leitor leia com a devida atenção o enunciado do problema, não dispensando todas as subsequentes releituras que as dúvidas suscitadas reclamem, de modo que o decifre com sucesso antes de se publicar no blogue Local do Crime (localdocrime.blogspot.com), a 30 de abril, a respetiva solução de autor e a solução do concorrente Joe Sousa, escolhida por Sete de Espadas entre as demais soluções propostas pelos que responderam com total acerto ao enigma.
Mistério…Policiário, da Revista Mundo de Aventuras
I Grande Torneio
DESCULPE,
MAS NÃO LHE SIRVO DE ÁLIBI!...
de Rapariga Espinho
9 horas e
30.
O Café
Scott encontra-se praticamente deserto àquela hora da manhã, pois somente se vê
um empregado que limpa, pachorrentamente, uns copos.
Pela
enorme porta de vidro voltada ao jardim de terra entra Rosa que, hesitante, não
sabe onde se há de sentar, apesar de o café estar vazio…
Vencida
a indecisão inicial, decide sentar-se ao balcão… Dirige-se ao primeiro e alto
banco…. Na frente sobre o balcão, repousa um copo que, pelos restos, parece ter
servido “Martini”… Rosa, levada por movimentos de rotina, passa a mão pelo
assento do banco como quem o limpa e nos aços e cromados, bem como
no pergamóide do fundo, sente uma sensação de frio e gelo que a faz
arrepiar. Estremece, porque a manhã não lhe parecia tão fresca… Prepara-se para
se sentar quando o empregado lhe diz:
–
Desculpe… Esse lugar está ocupado…
Rosa,
sem uma palavra, dirige-se para o banco ao lado, segura-se à barra, coloca o pé
esquerdo no suporte, elevando-se com impetuosidade, e senta-se… O dia já não
lhe está a correr nada bem…
Pede
um café.
Dez
minutos depois, mais ou menos, vê entrar uma rapariga que, circundando um olhar
indeciso pela sala, fixa-o na porta com uma figura de senhora afixada, e
dirige-se para lá…
Abre a
porta…
…E
logo um grito estridente faz sobressaltar Rosa no alto banco…
Olha…
Pendurada
do suporte do candeeiro está uma rapariga, jovem e magrizela…
…Enforcara-se
com um cinto…
Pedidos
o médico e a Polícia…
Chega
primeiro esta que começa por tentar saber coisas do empregado, que lhe vai
respondendo:
– Não
vi nada… Tenho estado sempre aqui ao balcão… Esta menina pode confirmar, visto
que, quando entrou, aquela menina acabava de entrar no W. C.…
Rosa
ao ouvir o interrogatório e as respostas, disse já quase irada, com os lindos
olhos azuis a fuzilarem:
–
Desculpe, mas não lhe sirvo de álibi!...
1 –
Crime ou suicídio?
2 –
Porquê?
………… /// ……………
E
fechamos a nossa edição de hoje com uma chamada de atenção para as iniciativas que
vêm animando os blogues A Página dos Enigmas (apaginadosenigmas.blogspot.com) e
Momento do Policiário (momentodopoliciario.blogspot.com), paralelamente ao
Torneio do Cinquentenário: No primeiro será conhecida, no próximo dia 10, a
prova nº 3 do Torneio “Quem é?” (que tem neste momento na liderança um “pelotão”
de 13 confrades totalistas) e no segundo será publicada no próximo dia 15 a
prova n.º 4 do Torneio “Português Suave” (que tem neste momento na liderança um
grupo de 19 confrades totalistas). Entretanto, neste blogue do confrade Virmancaroli,
está também disponível a partir de hoje a 3.ª edição da revista digital Enigmas
e Desafios, a não perder!
TORNEIO DO CINQUENTENÁRIO
“MISTÉRIO… POLICIÁRIO” – MA/MP (1975 – 2025)
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PROBLEMA Nº 4
NAQUELA NOITE DE
MAIO,
de Virmancaroli
Nesse mês de
Maio, com temperaturas amenas para a época, mas com manhãs um pouco frias e
ventosas, envolvia-nos com tardes bem agradáveis que se deixavam arrefecer para
a noite e pela madrugada adentro. Era um ciclo meteorológico imperturbável,
este. E foi numa dessas noites, de Maio, quando eram precisamente três horas e
trinta e nove minutos da madrugada, daquele Sábado, véspera de lua nova, por
sinal, que um forte ruído de vidros estilhaçados irrompeu pelo silêncio da
madrugada.
Um início de fim
de semana que se julgava tranquilo, como tantos outros anteriores, já passados,
mas que afinal se previa agora desassossegado! Seria mesmo assim?...
Já há muito
tempo que na ribeirinha cidade do Montijo não se registavam incidentes de
maior, pese embora o facto de uma ou outra ocorrência que rapidamente se
esfumava e das quais nem registo havia sequer, tal a irrelevância das mesmas.
Naquela Praça da
República, aquela Praça velhinha, no centro histórico da cidade, que apesar de
descaracterizada, privilegiava ainda o comércio local, envolta na sua luz
habitualmente ténue, fruto das tecnologias, e aquela hora, não se viam pessoas
nem automóveis, a praça estava completamente deserta sem movimento algum pelo
que dava a impressão de que o incidente iria passar despercebido.
Mas não foi isso
o que realmente aconteceu, imagine-se!
O Inspector Alfama,
em serviço, de turno, nessa noite na Esquadra do Borralhal, estremeceu,
assustado, outra coisa não seria de esperar, enquanto passava pelas brasas, ao
ouvir o telefone tocar de repente. Lá lhe iam estragar a noite, pensou ele.
Pegou no auscultador e simultaneamente olhou para o relógio, oferta da esposa
em dia de aniversário, que marcava nesse preciso momento três horas e quarenta
e um minutos. Depois, então, atendeu o telefonema, não sem com alguma
contrariedade. Chamada concluída e no momento em que colocava o auscultador no
descanso, a porta ao lado abriu-se e o Sargento Boaventura entrou na sala.
Passou-se alguma
coisa, perguntou ele? Pois, foi isso mesmo! Replicou o Inspector Alfama,
acabaram de assaltar a “Cara & Coroa”! A “Cara & Coroa”? Exclamou
Boaventura, atónito.
Aquela loja na
Praça da República que vende e compra moedas?
Alfama anuiu que
sim… essa mesmo.
Foi o próprio
dono da loja, o Zé Bastos quem me telefonou. Vou para lá, agora, ver o que se
passou e já me estragaram a noite. Olha, Boaventura faz-me o favor de acordares
o Sargento Oliveira, para ele me acompanhar.
A ausência
anunciada, nessa noite, do Guarda Nocturno, pago pelos comerciantes da Praça,
já poucos por sinal, possivelmente poderá ter deixado os comerciantes mais
vulneráveis…, mas até porque também já há bastante tempo que não se registava
ali nenhuma ocorrência de roubo, ou de outro abuso qualquer!
Entretanto,
algum tempo depois e quando os dois polícias chegaram junto à loja de
numismática, pertencente ao comerciante Zé Bastos, o sino da Torre da Igreja da
Misericórdia, ali bem perto da Praça da República, batia as quatro horas e
meia, badaladas que bem se fizeram ouvir, nessa noite bem escura e húmida.
Via-se um enorme
buraco no vidro da porta da loja e o Sargento Oliveira juntou com o pé os
estilhaços, formando um monte considerável em frente da entrada.
Nesse preciso
momento a porta da loja abriu-se. Agradeço-lhes terem, assim, vindo tão
depressa. Eu sou o Zé Bastos proprietário da loja. Os polícias entraram na
loja, sem deixarem, contudo, de observar a grande desarrumação de álbuns em
cima do balcão e foram de imediato os três, para uma sala bem iluminada onde o
proprietário começou então as explicações que motivaram a chamada por si feita.
Como resido fora
da cidade, ali na Jardia, portanto, ainda bem longe da loja e quando tenho
mercadoria para arrumar, pois, ontem fiz algumas compras, costumo dormir sempre
aqui, porque tenho de começar bem cedo com as arrumações, antes de a loja
abrir.
Assim, esta
noite, tendo eu o sono leve, ouvi, de repente, tilintar qualquer coisa. Fiquei
um momento à espera, pensando que estava a sonhar, mas depois apercebi-me que
alguém estava a mexer na fechadura da porta da loja. Saltei da cama de
imediato, fui vestindo o roupão e vim logo para aqui. Mesmo no escuro ainda deu
para perceber a silhueta do intruso. Era um homem alto, de óculos escuros e de
gorro pela cabeça, que se pôs logo em fuga assim que se apercebeu da minha
presença. Eu ainda fui atrás dele até ali ao fim da praça, mas ele era jovem e
bem rápido, pelo que desapareceu na noite quando virou à esquina da Praça. Então,
voltei, depois, para a loja e telefonei-lhes.
Após um breve
impasse, quase como que uma cortina para meditação, em que se gerou algum
silêncio, Zé Bastos estendeu a mão, mostrando aos polícias um tijolo. Isto
estava ali, ao pé da porta. O gatuno teria partido o vidro com ele, meteu
a mão pelo buraco e abriu a fechadura pelo lado de dentro.
E conseguiu
levar alguma coisa, pergunta o Inspector Alfama?
Infelizmente,
sim. Levou-me um dos álbuns mais valiosos com moedas romanas que eu tinha
recebido ontem mesmo e que estava ainda aqui em cima do balcão e, que era para
ser arrumado hoje, quando catalogadas as moedas. Não deixa de ser um grande
transtorno para mim, pese embora o facto de já as ter segurado, ontem mesmo,
quando as recebi, como habitualmente o faço com a mercadoria mais valiosa.
Sim, e enquanto
avalia o seu prejuízo, ou seja, neste caso, o produto do roubo? Cerca de cinco
mil euros, respondeu Zé Bastos. Foi mesmo muito azar comentou o Sargento
Boaventura, olhando para Zé Bastos, mas como o seguro vai pagar-lhe tudo,
melhor para si. Na verdade assim o espero e que não demore porque o negócio tem
andado ultimamente mesmo muito mal.
Já o Inspector
Alfama não estava tão confiante quanto Boaventura, pelo que olhando de frente e
bem na cara para Zé Bastos disse-lhe: Olhe, entretanto, vá-se vestindo para me
acompanhar à Esquadra, pois temos de registar a ocorrência.
Vai levantar um
auto, diz Zé Bastos? Sim, isso também.
Também? O que é
que quer dizer com isso? Perguntou Zé Bastos, cuja voz enrouquecera, agora,
subitamente.
É que também temos
de tomar nota das aldrabices que nos quis impingir, tendo o valor do seguro que
pensaria receber, na mente.
Foi tal o susto
de Zé Bastos que os óculos lhes escorregaram pelo nariz abaixo. Com um gesto
nervoso ele tirou-os e começou a limpá-los a uma ponta do roupão.
Mas…, mas o que
é isso? Que brincadeira é essa? Eu vou queixar-me de si aos seus superiores
disse Zé Bastos.
O Inspector
Alfama fez um sorriso. Para quê, se pretendia enganar a Polícia e depois a
Seguradora? É isso mesmo que vai esclarecer no auto.
Pergunta-se
:
Quais os
motivos que teriam levado o Inspector Alfama a duvidar das declarações do
comerciante Zé Bastos, convicto de que tudo não passara de uma encenação deste
para receber o dinheiro do seguro?!
ENDEREÇOS E
PRAZO PARA O ENVIO DAS RESPOSTAS:
As
respostas devem ser enviadas impreterivelmente até às 24h00 do dia 30 de Abril
de 2025, através dos seguintes meios:
a - Por
email, para o endereço electrónico viroli@sapo.pt;
b – Por via
CTT para o seguinte endereço postal:
Luís Manuel
Felizardo Rodrigues
Praceta
Bartolomeu Constantino, 14, 2.º Esq.
FEIJÓ 2810 – 032 ALMADA.