SÓ FALTAM 20 DIAS!
PARTICIPE!
TORNEIO DO CINQUENTENÁRIO
“MISTÉRIO… POLICIÁRIO” – MA/MP (1975 – 2025)
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PROBLEMA Nº 1
SMALUCO E A
MORTE DO INSPETOR MESQUITA,
de Inspetor
Boavida
Nos últimos dias desta semana, os telefones móvel e de rede fixa de
Smaluco têm tocado insistentemente, sem que ninguém fale. Uns sussurros e
algumas palavras impercetíveis de voz feminina é tudo quanto se ouve. Dir-se-ia
que quem telefona conhece muito bem os hábitos do velho detetive, uma vez que
entre as 15h00 e as 17h00, período de tempo que ele normalmente dedica a uma
retemperadora sesta, aquelas chamadas de número anónimo fazem uma pausa. Mas o
pior é que o nosso “herói” já nem quase consegue fazer a sua habitual sesta e
só muito tarde adormece à noite, por causa daqueles misteriosos telefonemas. À
medida que os dias passam, as insónias arruínam por completo as suas noites. Hoje
eram quase três da manhã e não conseguia pregar olho.
De súbito, uma campainha soou. Levantou-se meio confuso, sem saber muito
bem se aquele toque era do telemóvel ou do telefone fixo. Pegou primeiro num,
depois no outro, e em nenhum obteve resposta. E a campainha continuava a tocar.
Esfregou os olhos, pensando que estava a sonhar. Mas teve a certeza que não,
quando passou a ouvir pancadas e gritos aflitivos, acompanhando a campainha que
não parava de soar. Era lá fora, na porta de sua casa, que tudo acontecia!
“Abre a porta! Abre a porta, por favor!” Apesar dos gritos lancinantes de súplica,
o detetive Smaluco reconheceu aquela voz. Mas ele não queria acreditar, não lhe
parecia possível. Quem tocava à campainha e batia com força à sua porta era
Natália, Natália Vaz, a mulher da sua vida, a sua grande paixão.
Espreitou pelo ralo da porta e todas as eventuais dúvidas se desfizeram. Ali
estava ela, desgrenhada, com um olho negro, marcas de dedos no pescoço, várias
escoriações nos braços. Franqueada a entrada, Natália caiu-lhe nos braços em
choro convulsivo, tremendo que nem varas verdes e balbuciando palavras
impercetíveis. “Ele morreu!” – foi a única frase que Smaluco percebeu no meio
de uma salgalhada de palavras entrecortadas por soluços misturados com lágrimas
e baba. O velho detetive encaminhou-a até ao sofá, sentou-a e providenciou um
copo de água na sua cozinha, que ela ingeriu quase de um trago. “Ele morreu! Ele
morreu! Mataram-no! Mataram-no! Mataram-no!”
“Deixa-me ficar aqui esta noite, por favor” – pediu ela. Ele assentiu,
mas com uma condição: saber primeiro o que tinha acontecido. Já mais calma,
Natália fez, então, o relato dos acontecimentos: “Fomos jantar fora e no
regresso a casa ele fez uma grande cena de ciúmes, por causa de um certo
sujeito que, segundo ele, não tirava os olhos de mim, com sorrisos e trejeitos atrevidos.
Disse-lhe que não dei por nada, mas insistiu que sim, que eu vi muito bem e que
de certeza o conhecia. Depois de estacionar o carro, no jardim perto de casa, ele
começou a bater-me, chamando-me nomes enquanto me apertava o pescoço. Um
sujeito que passava ao longe começou aos gritos, a pedir que parasse de me
fazer mal, mas ele nunca parou, estava louco. O homem aproximou-se um pouco
mais e, de repente, conheceu-o e desatou aos gritos que nem um louco. ‘Ah, és
tu, meu canalha?! Eu sabia que havia de encontrar-te. Vais pagar pelo que me
fizeste passar’”.
Natália estremeceu, mergulhou num choro convulsivo e prosseguiu: “Foi então,
que ele puxou de uma arma, e enquanto dizia ‘canalha, canalha, canalha’, o
Mesquita, sentindo-se perdido, desatou a correr para se refugiar atrás de um
murete que existe no jardim, mas não foi a tempo de se esconder. O homem,
enquanto repetia ‘canalha, canalha, canalha’, disparou uma, duas vezes, fazendo-o
cair no chão”. O choro voltou a interromper Natália, que, em lágrimas, acabaria
por afirmar em desespero: “Estou perdida, ninguém vai acreditar em mim, todos
os seus colegas vão acusar-me de autoria do crime”. Condoído com o relato,
Smaluco tentou acalmá-la: “Vá, vá, agora tenta descansar. Eu amanhã telefono
para o filho do Lopes e logo veremos o que hás de fazer”.
E foi isso que ele fez. Ainda não eram oito da manhã, quando ligou para o agente Ramiro, filho do seu ex-colega Lopes, e ficou a saber o que a PJ tinha apurado. Na sequência de um telefonema de um vizinho de Mesquita, que ouviu os tiros, um piquete deslocou-se de madrugada ao local do crime e encontrou a vítima caída de bruços no canteiro do jardim, perto de um murete. Fora alvejada duas vezes, uma no peito e outra no estômago, e terá morrido muito pouco depois. Smaluco acredita que Natália não tem de se preocupar, que apenas terá de prestar declarações e a vida seguirá como dantes, mas sem a violência de que tem sido vítima. E do lado da PJ, que procedimentos se esperam e que conclusões retirará deste crime de homicídio? O leitor, sempre atento, que nos diga...
ENDEREÇOS E
PRAZO PARA O ENVIO DE RESPOSTAS:
As respostas
devem ser enviadas impreterivelmente até às 24h00 do dia 31 de janeiro de 2025,
através dos seguintes exemplos:
a -
Por email, correio eletrónico, do Inspetor
Boavida: salvadorsantos949@gmail.com;
b - Entregando
em mão ao orientador do Blogue LOCAL DO CRIME, onde quer que o encontrem;
c -
Via Messenger, Facebook, mensageiro instantâneo e aplicativo de Salvador
Pereira dos Santos;
d -
Utilizando o Correio Normal (CTT):
Luís Manuel
Felizardo Rodrigues
Praceta
Bartolomeu Constantino, 14, 2.º Esq.
FEIJÓ 2810 – 032 ALMADA.
Nota:
Além dos prémios
em disputa ao longo do torneio, serão sorteados em cada problema os seguintes
prémios:
- 1 Livro de
Problemas Policiários e Soluções de M. CONSTANTINO, Oferta de Salvador Santos,
juntamente com um Bloco de Apontamentos da Tipografia Lobão, Oferta de José
Silvério, para sortear entre os concorrentes totalistas.
- 1 Conjunto de
12 Postais Ilustrados de Montemor-o-Novo, Oferta de Francisco Salgueiro, para
sortear entre todos os concorrentes não totalistas.
Já são conhecidas as regras do I Torneio Policiário “Português Suave” – Modo Simplex, organizado pelo blogue Momento do Policiário (momentodopoliciario.blogspot.com). Ei-las:
REGULAMENTO
| 12
Problemas |
DATAS:
Salvo motivos de força maior, a publicação dos problemas será efectuada
no dia 15 de cada mês, com início a 15 de Janeiro de 2025.
Os projectos de
soluções aos mesmos deverão ser enviados, por vídeo, foto ou texto, até
ao dia 14 do mês seguinte ao da publicação dos problemas, para: viroli@sapo.pt e
só mesmo para este endereço de Correio Electrónico. A publicação das
soluções terá lugar no dia 20 do mês seguinte ao da publicação do
problema.
AVALIAÇÕES
Sendo um Torneio com características inéditas, as pontuações serão da seguinte
forma:
5 Pontos pela
presença
3 Pontos pela
decifração correcta do problema
2 Pontos pela
decifração mais elaborada
Assim, haverá
apenas três tipos de estatutos em cada problema, sendo esta também uma forma inédita,
e que se dividirão pelas seguintes três categorias:
=» Totalistas
= com 10 pontos
=» Praticantes
= com 8 pontos
=» Aspirantes
= com 5 pontos
As pontuações de
cada problema, divididas pelos estatutos alcançados, serão acumulativas para efeitos
de ranking…!
OUTROS:
Os casos omissos, a haver, serão resolvidos pelo orientador do Torneio.
Já é conhecida a
primeira prova da mais recente iniciativa do blogue coordenado pelo confrade
Paulo. Ei-la:
Torneio “Quem
é?”
Prova nº 1
Autores e
Personagens
Autor: Paulo
1 -
Escritor inglês que nasceu em 1875 e que faleceu em 1932.
Foi um dos mais
populares escritores da sua época, tendo mais de 160 filmes adaptados a partir
dos seus escritos.
Morreu antes de
completar o argumento de um dos principais clássicos do cinema: King Kong.
Criou diversas
séries que se situam entre o puro policial e a espionagem, tendo várias obras
publicadas em Portugal.
Uma das suas
séries foi iniciada com o livro Room 13 publicada em 1924.
a) Quem é o
escritor?
b) Quem é a
personagem que identifica a série que se iniciou com Room 13!
2 -
Este escritor nasceu na Inglaterra em 1931. Os seus romances quase sempre
considerados de espionagem, embora possuam todas as características dos
melhores romances policiários. Essas características, que misturam o policiário
com a espionagem, estão, muito provavelmente, associadas ao seu trabalho
de espião. Não será alheia ao facto a sua experiência no Serviço Secreto
Britânico, função que terminou abruptamente quando o agente duplo Kim Philby
denunciou vários nomes de espiões britânicos ao KGB.
Iniciou a série
que o tornou mundialmente famoso em 1961, tendo-a terminado em 2017.
a) Quem é o
escritor referido no texto (nome ou pseudónimo)?
b) Quem é a
personagem protagonista da série que aí se refere?
3 -
Esta escritora, nascida em 1893, era a filha única de um reverendo
anglicano. Teve uma carreira académica bem preenchida, mas ficou conhecida pela
população em geral, por causa das suas histórias com um detetive, um
aristocrata britânico, que, como o seu título de Lorde lhe exigia, apenas
poderia exercer a sua tarefa de modo amador.
Acompanhado pelo
seu fiel criado Bunter, que participou, como sargento na I Guerra Mundial, este
detetive amador resolve vários casos num estilo muito britânico.
Esta escritora
publicou a sua primeira novela em 1923, apresentando publicamente essa sua
personagem que protagonizaria vários livros publicados nas décadas de 20 e 30
do século passado.
a) Quem é a
escritora?
b) Quem é o
Lorde referido no texto?
4 -
Escritora britânica, conhecida através do seu pseudónimo, nascida em 1938. Esta
escritora teve a particularidade de na juventude ter sido condenada por
assassinato. Após cumprir a pena de prisão, mudou de nome.
Foi a criadora
de diversas personagens. Numa das suas séries criou um polícia inglês do
século XIX, que, logo na primeira aparição, devido a um acidente, sofre um
problema de amnésia. Este livro foi publicado em 1990.
A autora faleceu
em 2023.
a) Quem é esta
autora (Pseudónimo pelo qual é conhecida)?
b) Quem é o
personagem referido?
5 -
Este autor, nascido em 1906 e falecido em 1977, é um clássico da
literatura policiária, sendo considerado um dos mestres do crime em quarto
fechado, tal foi o número de romances que escreveu com as mortes a ocorrerem em
espaços dos quais parecia impossível alguém entrar ou sair, ou seja,
estava-se perante crimes impossíveis.
Criou várias
personagens das quais aqui, se destaca uma: professor e lexicógrafo colabora
regularmente com as forças policiais. é especialista em história do crime e na
análise psicológica do criminoso.
a) Quem é o
escritor referido?
b) Quem é a
personagem sobre a qual se escreveu no texto?
As propostas de solução deverão ser enviadas até ao final do dia 31 de janeiro para apaginadosenigmas@gmail.com.
NOTÍCIAS DO BLOGUE “A PÁGINA DOS ENIGMAS”
Já é conhecida a
solução de autor do 5º (e último) Problema do Torneio Rápido e respetivas
classificações, que passamos a publicar:
O mistério do
roubo noturno
Solução:
A opção D -
Ninguém entrou na casa para roubar as joias.
a) O
homem estava provavelmente a dormir, talvez usando pijama. Se estivesse vestido
com roupas comuns, o seu fato estaria todo amarrotado, e não impecavelmente
apresentável, como foi mencionado.
b) O
homem foi atingido, desmaiou e, ao recuperar a consciência, em apenas cinco
minutos conseguiu vestir-se, verificar o cofre, identificar o que tinha sido
roubado, fechar a porta, chamar a polícia e sentar-se no sofá, onde afirmou ter
“ficado à espera”.
Esse nível de
atividade é excessivo para um período de apenas cinco minutos.
Resultados
7 pontos
Arjacasa
(TPBRO); Bernie Leceiro; Búfalos Associados; Clóvis; Columbo; Detective
Jeremias; Detective Verdinha; Edomar; Fotocópia; Inspector Moscardo; Inspector
Ryckyi; Inspectora Mag; Inspetor Boavida; Karl Marques; Mac Jr.; Mali (TPBRO);
Mandrake Mágico; Mister H; O Pegadas; Rodriguda; Vick Key; Virmancaroli. (22
Concorrentes)
4 pontos
Abrótea (1
concorrente)
POLICIARISTA
PREMIADO
Entre todos os
concorrentes foi sorteado o livro “Último Acto em Lisboa”, de Robert
Wilson, e o premiado foi… Rodriguda.
Classificação
Geral Final
1º Clóvis - 35
pontos
2º
Rodriguda - 35 pontos
3ª Detective
Verdinha - 35 pontos
4º
Arjacasa - 35 pontos
5º Mandrake
Mágico - 35 pontos
6º Inspector
Moscardo - 35 pontos
7ª Mali -
35 pontos
8ª Detective
Jeremias - 35 pontos
9ª Inspector
Boavida - 35 pontos
10ª Fotocópia -
35 pontos
11ª Inspectora
Mag - 35 pontos
12ª
Virmancaroli - 35 pontos
13ª
Edomar - 35 pontos
14º Mister
H - 35 pontos
15º Vic
Key - 35 pontos
16ª Búfalos
Associados - 35 pontos
17º Karl
Marques - 35 pontos
18º Mac
Jr. - 35 pontos
19º Bernie
Leceiro - 32 pontos
20º O Pegadas -
32 pontos
21º
Inspector Ryckyi - 28 pontos
22º Inspector
Pevides - 28 pontos
23º Abrótea - 26
pontos
24ª Rainha Katya
- 21 pontos
25ª Detetivesca
- 11 pontos
26ª Zaida - 11
pontos
27º Columbo - 7
pontos
ACABA DE NASCER O TORNEIO CINQUENTENÁRIO DO MP-MA
Já
está em marcha o Torneio Cinquentenário do Mistério Policiário, secção criada
por Sete de Espadas na revista de banda desenhada Mundo de Aventuras, em 16 de
março de 1975. Os problemas serão publicados no primeiro dia de cada mês do
ano, entre janeiro e dezembro, de forma alternada, nos blogues Local do Crime
(localdocrime.blogspot.com), Repórter de Ocasião
(reporterdeocasiao.blogspot.com), A Página dos Enigmas
(apaginadosenigmas.blogspot.com) e Momento do Policiário
(momentodopoliciario.blogspot.com). Aqui fica a sugestão: Participem!
Entretanto,
prossegue o concurso de contos “Um Caso Policial no Natal”, com a publicação da
conclusão do original de Detetive Jeremias, cuja I parte terminou com a
seguinte passagem:
«(…) os reis magos eram bem maiores do que o camelo, e o burro era mais pequeno do que o Menino Jesus, de todos a única figura harmoniosa. Foi este o alvo da primeira observação do avô. Disse: “Não devia estar aqui! Só vai nascer lá pró dia 24!”. Uma das netas, pespineta, aproveitando a deixa, acrescentou: “Nem o Jesus, nem os reis Magos, que chegaram em janeiro no Dia de Reis”. E deve ter sido aqui que germinou a ideia que iria despoletar um caso policial!»
“Um Caso Policial no Natal” – DÉCIMO OITAVO CONTO
BASEADO NUMA HISTÓRIA VERÍDICA, de Detetive Jeremias
II – PARTE (conclusão)
Todo o
crime decorreu por etapas, ao longo dos dias que faltavam para o Natal. Primeiro, desapareceu o Menino Jesus. Quem reparou, desvalorizou esta
falta, talvez por ter pensado que só voltaria a integrar o
presépio na noite da consoada. O segundo desaparecimento
foi detetado pelo sacristão e indignou o pároco, que se encarregou de avisar de imediato o regedor: os três reis magos e o seu único camelo
foram substituídos por uma grande
tábua, onde se podia ler: “AINDA VIMOS A CAMINHO…”. Ao ter conhecimento desta gravíssima situação, o regedor ficou roxo e espumou
de raiva. Se ele soubesse o que estava para vir, teria
doseado melhor a sua ira, para a poder utilizar
nos roubos que se
seguiriam. Os reis magos levaram sumiço e não foram encontrados, apesar das
buscas minuciosas. Já o camelo, pelo contrário, foi imediatamente visto junto ao
fontanário da vila, com um ar de desprezo pacífico de quem sentia saudades do
calor e da secura do deserto e não estava para transportar no lombo três homens
corpulentos.
Numa
tentativa vã de evitar uma humilhação, o grande erro do regedor foi ter confiado
que conseguiria levar a cabo a identificação do culpado sem ajuda exterior. Começou
por dar ordens aos seus caceteiros para manterem debaixo de olho o maior inimigo
da terra, o avô tipógrafo. Não obteve qualquer resultado prático, porque o homem
até estava retido em casa, por causa de uma entorse grave. O pior é que as figuras
do presépio continuavam a desaparecer, sempre durante a noite e com regularidade,
embora a vigilância fosse apertada. Chamou-se a guarda para investigar o caso,
descobrir os culpados e localizar as figuras, mas o tempo ia passando e nada se
alterou. O presépio “quase real” continuava apenas com o camelo, mas despojado
de seres vivos visíveis a olho nu.
A
primeira surpresa geral (exceto para os envolvidos no esquema) rebentou dois dias
antes do Natal. A Nossa Senhora apareceu sentada à porta do posto de
enfermagem, com uma saca de palha na barriga, para simular a gravidez. O São
José foi encontrado na bancada de trabalho do Aurélio Carpinteiro, com o
serrote de arco a tiracolo e os formões guardados na sacola. A vaca foi deixada
no pasto da vizinha Lita, perto do curral das suas parentes malhadas e, por
fim, o pequeno burro foi visto no mercado, atado com uma corda à banca da Maria
de Deus, com o focinho bem enfiado no meio nas couves portuguesas.
Abro
aqui um parêntesis para partilhar uma inexplicável ironia do destino e paradoxo
das relações amorosas: a Maria de Deus era a mulher do avô ateu tipografo.
Chegados
a este ponto, faltavam ser localizados o Menino Jesus, os reis magos e o anjo.
O regedor puxou para si os louros da descoberta e deitou conta de que haveria tempo
para fazer um Menino Jesus até ao Natal e três reis magos até o dia 6 de janeiro.
Quanto ao anjo pensou que ninguém daria pela sua falta.
Seguiu-se
uma azafama para consertar as figuras e repor tudo no devido lugar em tempo
útil. No dia 24 de dezembro, a noite da Missa do Galo, estava tudo pronto e equipado,
mas nem as lâmpadas instaladas à pressa, conseguiam apagar o aspeto triste do
presépio do regedor. Dois guardas novatos, vindos de fora, fiscalizavam o
presépio para evitar novas fugas indesejadas. Aguardava-se a colocação de um
novo Menino Jesus, na velha manjedoura, uma cerimónia agendada para o final da
Missa, de acordo com a tradição religiosa.
A
segunda surpresa geral (exceto para os envolvidos no esquema, repito) estoirou no
final da missa. O regedor e o padre disputavam o transporte do novo Menino
Jesus, quando deram de caras com o Antigo Menino Jesus envolvido numa mantinha
de lã e já deitadinho no local que lhe competia. O Anjo, pairava sobre a cabana
e empunhava uma faixa azul que dizia em letras douradas: “VIVA A LIBERDADE!”
A
Noite de Paz acabou com uma discussão violenta seguida de confrontos físicos. Começou
com acusação de culpa do regedor ao padre, por ter relegado o presépio para um
canto do adro da igreja. E esse foi o rastilho que se alastrou aos demais
fiéis. No final, desesperado, desencantado e com um olho negro, o regedor
desistiu do projeto e o prior foi atrás. Os guardas só foram encontrados no dia
seguinte, perto da tasca do Almerindo e garantiram terem sido também raptados.
Tinham jurado um ao outro, nunca na vida, contarem a quem quer que fosse, nem
sob ameaça de tortura dos Távoras, que um velho coxo com bigode de pai natal
sem barba e nove miúdos escanzelados e esquivos os tinham levado a provar uma
aguardente de estalo, que os livrara do gelo da noite da consoada. Os reis
magos antigos regressaram no dia de Reis pelos seus próprios meios e
juntaram-se ao camelo que os aguardava há dias.
Esta
história nunca tinha sido divulgada com o rigor merecido.
Uma vez reposta a (quase) verdade dos factos, resta-me terminar dizendo que ainda hoje o sentimento é unânime para aqueles que viveram os acontecimentos, em especial os nove irmãos/primos − nunca se viveu um Natal tão emocionante e prazenteiro como o do Presépio Real!
AVALIAÇÃO-PONTUAÇÃO
Os nossos leitores têm a partir de agora 30 (trinta) dias para proceder à avaliação deste décimo oitavo conto a concurso e ao envio da pontuação atribuída, entre 5 a 10 pontos (em função da qualidade e originalidade), através do email salvadorsantos949@gmail.com. Recorda-se que o conto vencedor do concurso será o que conseguir alcançar a média de pontuação mais elevada após a publicação de todos os trabalhos, sendo possível (e muito desejada!) a participação dos autores no “lote de jurados”, estando, porém, impedidos de pontuar os seus originais (escritos em nome próprio ou sob a forma de pseudónimo), de maneira a não “fazerem juízo em causa própria”
TORNEIO DO CINQUENTENÁRIO
“MISTÉRIO… POLICIÁRIO” – MA/MP (1975 – 2025)
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PROBLEMA Nº 1
SMALUCO E A
MORTE DO INSPETOR MESQUITA,
de Inspetor
Boavida
Nos últimos dias desta semana, os telefones móvel e de rede fixa de
Smaluco têm tocado insistentemente, sem que ninguém fale. Uns sussurros e
algumas palavras impercetíveis de voz feminina é tudo quanto se ouve. Dir-se-ia
que quem telefona conhece muito bem os hábitos do velho detetive, uma vez que
entre as 15h00 e as 17h00, período de tempo que ele normalmente dedica a uma
retemperadora sesta, aquelas chamadas de número anónimo fazem uma pausa. Mas o
pior é que o nosso “herói” já nem quase consegue fazer a sua habitual sesta e
só muito tarde adormece à noite, por causa daqueles misteriosos telefonemas. À
medida que os dias passam, as insónias arruínam por completo as suas noites. Hoje
eram quase três da manhã e não conseguia pregar olho.
De súbito, uma campainha soou. Levantou-se meio confuso, sem saber muito
bem se aquele toque era do telemóvel ou do telefone fixo. Pegou primeiro num,
depois no outro, e em nenhum obteve resposta. E a campainha continuava a tocar.
Esfregou os olhos, pensando que estava a sonhar. Mas teve a certeza que não,
quando passou a ouvir pancadas e gritos aflitivos, acompanhando a campainha que
não parava de soar. Era lá fora, na porta de sua casa, que tudo acontecia!
“Abre a porta! Abre a porta, por favor!” Apesar dos gritos lancinantes de súplica,
o detetive Smaluco reconheceu aquela voz. Mas ele não queria acreditar, não lhe
parecia possível. Quem tocava à campainha e batia com força à sua porta era
Natália, Natália Vaz, a mulher da sua vida, a sua grande paixão.
Espreitou pelo ralo da porta e todas as eventuais dúvidas se desfizeram. Ali
estava ela, desgrenhada, com um olho negro, marcas de dedos no pescoço, várias
escoriações nos braços. Franqueada a entrada, Natália caiu-lhe nos braços em
choro convulsivo, tremendo que nem varas verdes e balbuciando palavras
impercetíveis. “Ele morreu!” – foi a única frase que Smaluco percebeu no meio
de uma salgalhada de palavras entrecortadas por soluços misturados com lágrimas
e baba. O velho detetive encaminhou-a até ao sofá, sentou-a e providenciou um
copo de água na sua cozinha, que ela ingeriu quase de um trago. “Ele morreu! Ele
morreu! Mataram-no! Mataram-no! Mataram-no!”
“Deixa-me ficar aqui esta noite, por favor” – pediu ela. Ele assentiu,
mas com uma condição: saber primeiro o que tinha acontecido. Já mais calma,
Natália fez, então, o relato dos acontecimentos: “Fomos jantar fora e no
regresso a casa ele fez uma grande cena de ciúmes, por causa de um certo
sujeito que, segundo ele, não tirava os olhos de mim, com sorrisos e trejeitos atrevidos.
Disse-lhe que não dei por nada, mas insistiu que sim, que eu vi muito bem e que
de certeza o conhecia. Depois de estacionar o carro, no jardim perto de casa, ele
começou a bater-me, chamando-me nomes enquanto me apertava o pescoço. Um
sujeito que passava ao longe começou aos gritos, a pedir que parasse de me
fazer mal, mas ele nunca parou, estava louco. O homem aproximou-se um pouco
mais e, de repente, conheceu-o e desatou aos gritos que nem um louco. ‘Ah, és
tu, meu canalha?! Eu sabia que havia de encontrar-te. Vais pagar pelo que me
fizeste passar’”.
Natália estremeceu, mergulhou num choro convulsivo e prosseguiu: “Foi então,
que ele puxou de uma arma, e enquanto dizia ‘canalha, canalha, canalha’, o
Mesquita, sentindo-se perdido, desatou a correr para se refugiar atrás de um
murete que existe no jardim, mas não foi a tempo de se esconder. O homem,
enquanto repetia ‘canalha, canalha, canalha’, disparou uma, duas vezes, fazendo-o
cair no chão”. O choro voltou a interromper Natália, que, em lágrimas, acabaria
por afirmar em desespero: “Estou perdida, ninguém vai acreditar em mim, todos
os seus colegas vão acusar-me de autoria do crime”. Condoído com o relato,
Smaluco tentou acalmá-la: “Vá, vá, agora tenta descansar. Eu amanhã telefono
para o filho do Lopes e logo veremos o que hás de fazer”.
E foi isso que ele fez. Ainda não eram oito da manhã, quando ligou para o agente Ramiro, filho do seu ex-colega Lopes, e ficou a saber o que a PJ tinha apurado. Na sequência de um telefonema de um vizinho de Mesquita, que ouviu os tiros, um piquete deslocou-se de madrugada ao local do crime e encontrou a vítima caída de bruços no canteiro do jardim, perto de um murete. Fora alvejada duas vezes, uma no peito e outra no estômago, e terá morrido muito pouco depois. Smaluco acredita que Natália não tem de se preocupar, que apenas terá de prestar declarações e a vida seguirá como dantes, mas sem a violência de que tem sido vítima. E do lado da PJ, que procedimentos se esperam e que conclusões retirará deste crime de homicídio? O leitor, sempre atento, que nos diga...
ENDEREÇOS E
PRAZO PARA O ENVIO DE RESPOSTAS:
As respostas
devem ser enviadas impreterivelmente até às 24h00 do dia 31 de janeiro de 2025,
através dos seguintes exemplos:
a -
Por email, correio eletrónico, do Inspetor
Boavida: salvadorsantos949@gmail.com;
b - Entregando
em mão ao orientador do Blogue LOCAL DO CRIME, onde quer que o encontrem;
c -
Via Messenger, Facebook, mensageiro instantâneo e aplicativo de Salvador
Pereira dos Santos;
d -
Utilizando o Correio Normal (CTT):
Luís Manuel
Felizardo Rodrigues
Praceta
Bartolomeu Constantino, 14, 2.º Esq.
FEIJÓ 2810 – 032 ALMADA.
Nota:
Além dos prémios
em disputa ao longo do torneio, constantes da Lista Oficial de Prémios que
abaixo se transcreve, serão sorteados em cada problema os seguintes prémios:
- 1 Livro de
Problemas Policiários e Soluções de M. CONSTANTINO, Oferta de Salvador Santos,
juntamente com um Bloco de Apontamentos da Tipografia Lobão, Oferta de José
Silvério, para sortear entre os concorrentes totalistas.
- 1 Conjunto de 12 Postais Ilustrados de Montemor-o-Novo, Oferta de Francisco Salgueiro, para sortear entre todos os concorrentes não totalistas.
LISTA OFICIAL DE PRÉMIOS
DECIFRAÇÃO -
GERAL:
1.º Lugar – TAÇA
2.º Lugar –
MEDALHA OURO
3.º Lugar –
MEDALHA PRATA
4.º Lugar –
MEDALHA BRONZE
5.º Lugar – LIVRO
Inspector Fidalgo
MELHORES:
1.º Lugar – TAÇA
2.º Lugar –
MEDALHA OURO
3.º Lugar –
MEDALHA PRATA
4.º Lugar –
MEDALHA BRONZE
5.º Lugar – LIVRO
Inspetor Boavida
ORIGINAIS:
1.º Lugar – TAÇA
2.º Lugar –
MEDALHA OURO
3.º Lugar –
MEDALHA PRATA
4.º Lugar –
MEDALHA BRONZE
5.º Lugar – LIVRO
Luís Pessoa
PRODUÇÃO:
1.º Lugar –
TROFÉU LUPA (Detective Misterioso) – Oferta de JARTUR
2.º Lugar – TAÇA
3.º Lugar –
MEDALHA OURO
4.º Lugar –
MEDALHA PRATA
5.º Lugar –
MEDALHA BRONZE
6.º Lugar – LIVRO
Salvador Santos
DIPLOMAS:
Serão atribuídos, de “PRESENÇA”, a todos os participantes tanto na modalidade de decifração como em produção.
O Blogue “Momento
do Policiário” (momentodopoliciario.blogspot.com), um dos quatro “mosqueteiros”
que dividem entre si a publicação dos problemas que constituem o Torneio do
Cinquentenário do Mistério…Policiário (que arranca no primeiro dia do ano 2025),
organiza a partir do próximo dia 15 de janeiro o Torneio “Português Suave”.
Trata-se de um torneio de decifração policiária composto por problemas de
resolução muito acessível, dedicado aos policiaristas menos experimentados, mas
aberto a todos, visando sobretudo a captação de novos praticantes para esta modalidade.
A iniciativa prolonga-se por todo o ano de 2025, com um problema novo no dia 15
de cada mês! Vá lá, participem!!!