ENQUANTO O FUTURO SE AVIZINHA, RECORDAMOS O PASSADO
Como
prometido, recordamos hoje a solução de autor do enigma vencedor do concurso de
problemas policiários “Mãos à Escrita!” de 2019, da autoria de Daniel Falcão,
num momento em que está em marcha a próxima edição deste concurso que decorrerá
em 2026, em paralelo com mais uma edição do torneio de decifração “Solução à
Vista!”. Simultaneamente, passamos em revista a situação dos vários torneios
que animam o espaço virtual até ao final deste ano, com destaque natural para o
torneio do cinquentenário do nascimento da secção “Mistério… Policiário”,
orientada pelo nosso saudoso Mestre Sete de Espadas na também inesquecível
revista de banda desenhada Mundo de Aventuras, que fez grande furor sobretudo
junto dos mais jovens.
CRIME LEAKS, de Daniel Falcão
Solução do Autor
(enigma vencedor do concurso
“Mãos à Escrita! – 2019)
Na
opinião de Gustavo Santos, estava-se perante um crime passional. Mais um casal
desavindo cuja relação teria terminado, com Alexandre Miguel Duarte a
assassinar Manuel José Carvalho.
Possivelmente,
tudo teria começado com mais uma discussão, com ameaças mútuas, em que o
homicida ao ser ameaçado pelo companheiro com a espátula que ele segurava na
mão, poderia ter agarrado no pisa-papéis e desferido o golpe fatal.
Ou, talvez, quem sabe, com o homicida a agarrar no pisa-papéis para
ameaçar o companheiro, este tenha pegado na espátula para se defender, mas
infrutiferamente.
Seja
como for, o resultado estava à vista: Manuel José Carvalho morrera em resultado
do golpe que apresentava na cabeça. Mas ainda viria a recuperar a consciência.
O tempo suficiente para, aproveitando a espátula que ainda segurava na mão,
deixar uma mensagem para os investigadores policiais, acusando o companheiro.
O
homicida, por seu lado, ao ver o companheiro inanimado no chão e parecendo-lhe
que este estava sem pulsação, apressou-se para sair, como se nada tivesse
acontecido, ao encontro dos amigos que o esperavam. Seria este o seu álibi.
Pouco
passava da meia-noite quando Alexandre Miguel Duarte regressou a casa. Assim
que entrou em casa, dirigiu-se ao escritório. Lá estava Manuel José Carvalho,
no mesmo local onde caíra horas antes. Aproximou-se e viu os rabiscos no
soalho. Parecia ser um número com três algarismos: 942. Pensou um pouco e,
inteligente como era, percebeu que se tratava de algo que o incriminava.
O que
fazer? Deve ter pensado. Lembrou-se então de percorrer o arquivo de clientes,
onde encontrou o nome de dois clientes que o podiam ajudar a, pelo menos,
confundir os investigadores: Francisco João Sá e Isidro Diogo Baganha. Tudo
iria depender de como seria interpretado aquele 942.
Se,
por um lado, 942 fosse interpretado como o número de letras de cada nome do
homicida, as suspeitas recairiam sobre Francisco João Sá: Francisco = 9 letras,
João = 4 letras e Sá = 2 letras.
Por
outro, se 942 fosse interpretado como a posição no alfabeto da primeira letra
de cada nome do homicida, as suspeitas recairiam sobre Isidro Diogo Baganha:
Isidro = I na 9ª posição, Diogo = D na 4ª posição e Baganha = B na 2ª posição.
A
esperança de Alexandre Miguel Duarte era que os investigadores, perante estas
duas possibilidades, não se lembrassem das notícias que, quase diariamente,
surgiam nos meios de comunicação social: o protesto dos professores com
o slogan 942 = 9 anos, 4 meses e 2 dias; o tempo de serviço que
pretendiam recuperar.
Pois,
se tal acontecesse, perceberiam que o 942 significava o número de anos, de
meses e de dias, e que as primeiras letras de cada uma destas palavras
correspondiam às primeiras letras de cada um dos seus nomes: Alexandre = A de
anos, Miguel = M de meses e Duarte = D de dias.
……………..
/// ………………
A
fechar esta edição, passamos em revista o ponto de situação dos vários torneios
que animam neste momento o espaço virtual, numa altura em que todos apresentam as
últimas provas.
ECOS
DO TORNEIO DO CINQUENTENÁRIO
Já é
conhecido o décimo-segundo (e último) problema do Torneio do Cinquentenário de
“Mistério Policiário”, cujo prazo de apresentação de propostas de solução
expira na última badalada do ano 2025, que decidirá finalmente tudo.
Pergunta-se: 1) Será que a Detetive Jeremias confirmará a
vitória nas vertentes de Decifração e de As Melhores Soluções, que lidera estas
classificações desde o início da prova, sempre perseguida de perto por
Inspector Aranha, e também acossada por mais um grupo de perseguidores de grande
respeito? 2) Quem secundará Mali, a virtual vencedora d´As Mais Originais, na
respetiva Tabela Final: Detective Jeremias, Dona Sopas, Arjacasa ou Vic Key? 3) Quem erguerá o
troféu de vencedor da vertente de Produção, entre os doze produtores que contribuíram
de forma decisiva para o sucesso alcançado por esta iniciativa?
ECOS
DO TORNEIO “QUEM É?”
Dentro
de cinco dias será também conhecido o último teste do Torneio “Quem É?”, cujo
prazo de envio de respostas termina igualmente no último segundo do ano em
curso, deixando para os primeiros dias de 2026 a divulgação das pontuações
obtidas pelos concorrentes, que definirão o derradeiro escalonamento da
classificação geral, que neste momento continua a ser comandada por um quarteto
composto por Rodriguda, Detective Jeremias, Mandrake Mágico e Inspetor
Moscardo, tendo como adversários mais diretos Bernie Leceiro e Arjicasa, a 2
pontos de distância.
ECOS
DO TORNEIO “PORTUGUÊS SUAVE”
Serão conhecidos, entre 16 e 18 de dezembro, os resultados do derradeiro problema do Torneio “Português Suave”, numa altura em que a prova é liderada por um trio composto por Arjacasa, Inspetor Boavida e O Gráfico, enquanto a “revelação do ano”, Detective Verdinha, espreita por alguns pequenos deslizes destes seus mais diretos opositores para se sagrar a grande vencedora.
TORNEIO DO CINQUENTENÁRIO
“MISTÉRIO… POLICIÁRIO” – MA/MP (1975 – 2025)
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PROBLEMA Nº 12
O ROUBO DOS
DIAMANTES
Autor: Inspector
Pevides
O inspector
Lourenço levantou-se nesse dia um pouco zonzo. Na noite anterior havia cometido
alguns excessos quer na comida quer na bebida.
- Dias, não são
dias! Pensava entre dentes.
Bem. Entre
dentes não se pensa, mas…
O facto é que os
copos tinham produzido um efeito que não lhe trazia grande lucidez.
Ligou a rádio, a
telefonia que nunca dispensava e o noticiário lá ia arengando as últimas:
“O novo filme de
Charlie Chaplin, Luzes da Ribalta espera-se que estreie em breve …”
“Baptista
Pereira (não sei quê…) um recorde de permanência…”
“Houve ontem um
terramoto na Califórnia que provocou doze mortos…”
“Os Jogos
Olímpicos continuam e Zátopek é favorito às medalhas que aliás já ganhou em
jogos anteriores.”
Enquanto
escutava, iniciou as rotinas habituais: higiene, pequeno-almoço, etc…
O telefone
retiniu: - Lourenço?
Resmungou entre
dentes (agora já foi bem aplicado) - quem havia de ser?
Ouviu o recado
urgente. Tinha de ir a Évora tratar de um caso de roubo. Continuou a resmungar.
Não gostava do nome que lhe tinham dado. Mania dos antigos de dar o nome do
santo do dia! Quarenta anos feitos ontem. Daí os copos a mais … bom, vamos à
vida.
De Lisboa a
Évora era viagem longa e cheia de peripécias naqueles tempos. O agente Mértola
foi quem conduziu a viatura policial. Apesar de tudo chegaram a tempo de
almoçar e pouco depois já interrogavam a presumível vítima do roubo.
Era um sujeito
estranho, de má catadura, semblante fechado e mal disposto, que vivia num
casarão isolado e rodeado de criadagem que, habitualmente lhe servia também de
guarda-costas ou seguranças como se queira entender.
Dedicava-se ao
comércio (legal) de diamantes. Tudo fiscalizado e de contas em dia. Limitava-se
a comprar e a vender.
Apurou-se que
era uma referência, um “expert” no assunto e depois de interrogado, limitou-se
a descrever o assalto de que tinha sido alvo.
Falou então:
Ontem à noite,
estava a escolher pedras a fim de lhes fixar preço, quando dois homens entraram
subitamente no meu gabinete. Logo por azar tinha dado folga aos meus criados
mais decididos. Ficou apenas um velhote que já dormia e não deu por nada.
Os homens vinham
com a cara tapada. Barretes negros esburacados no sítio dos olhos e armados de
caçadeiras. Confesso que me assustei e não consegui reagir.
Levaram todas as
pedras que estavam, felizmente, no seguro por 320 contos de réis. No entanto,
depois de as analisar, considerei o seu valor em pelo menos 400.
Quando saíram,
espreitei pela janela e vi-os de roupas escuras dirigirem-se para um automóvel
azul-escuro, tipo americano, grande banheira, talvez Dodge ou Pontiac. A noite
estava estrelada e limpa e o luar ajudou-me a distinguir estes pormenores.
Fim de
depoimento.
As peritagens
que foram mais tarde efectuadas, mostraram que havia marcas de dois pares de
botas de sola de borracha em ambas direcções do percurso entre os sulcos de
pneus acerca de cinquenta metros da casa e o gabinete. Os acessos de terra
batida ajudavam a imprimir vestígios quer das botas quer dos pneus.
O rasto dos
pneumáticos do referido automóvel, apesar de misturados com outros, puderam ser
identificados, mas perdiam-se ao entrar na estrada alcatroada. Impossível saber
para onde se dirigiam.
Perguntas:
- Roubo real
ou simulado?
- Justifique.
NOTA FINAL
:
Os
projectos de solução a este problema, deverão ser
enviados impreterivelmente até ás 24h00 de 31 de dezembro de 2025,
via electrónica (WEB), para o endereço de e-mail: viroli@sapo.pt
ou
por via
Postal (CTT) para: Luís Manuel Felizardo Rodrigues (O Gráfico),
Praceta Bartolomeu Constantino n.º 14 – 2.º esq.º FEIJÓ | 2810 – 032 ALMADA.